Ivonaldo Alexandre/ Gazeta do Povo
Para acompanhar o filho,mãe mora no hospital
Há quatro anos, um quarto de hospital de 35 m² é o lar de Tazir dos Santos, que não vê a hora de se mudar para a nova casa
Quando Guilherme nasceu, Tazir e o marido moravam em São Bento do Sul, em Santa Catarina. Já nos primeiros meses de vida, o menino, portador da doença mielomeningocele, iniciou o acompanhamento no Pequeno Príncipe. Aos quatro anos, a saúde dele piorou com uma meningite e ele passou quase um ano na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do hospital. Depois vieram as difíceis notícias de que Guilherme precisaria de um respirador para o resto da vida e que também tinha hidrocefalia. A frágil saúde exigiu que Tazir viesse morar em Curitiba para acompanhar o filho.
Novo lar
A família de Guilherme irá morar em uma casa da Cohab que está sendo adaptada para atender todos os requisitos médicos do menino. Estão sendo feitas mudanças nas portas, janelas, no quarto, no banheiro e nas instalações elétricas.Para ficar mais perto da família, o pai de Guilherme se demitiu do emprego de técnico em telefonia em São Bento e virou caminhoneiro na capital. O trabalho exige viagens longas e ele dorme a maior parte do tempo na cabine do caminhão. Aos fins de semana, fica com a mulher e o filho no quarto do hospital. Parte do salário da família é destinada para o pagamento do plano de saúde de Guilherme. Na hora de escolher entre uma casa e a saúde do filho, a dona de casa não teve dúvidas e escolheu oferecer o melhor tratamento possível para o menino.
Novo lar
No quarto do hospital, com cerca de 35 metros quadrados, Tazir dorme em um sofá-cama ou em uma poltrona. O banheiro é também lavanderia para as poucas peças de roupas da família. A única coisa que faz volume no quarto são os DVDs de Guilherme, que, apesar de não se comunicar, gosta de assistir a desenhos. Com o plano de saúde, a dona de casa consegue fazer as refeições diárias no hospital.
Os cuidados diários do filho ficam por conta dela, que dá banho e organiza as refeições, feitas por uma sonda. Como não há espaço, as visitas dos familiares são raras.
Esperança
Diante da situação, Tazir entrou na fila da Companhia de Habitação Popular de Curitiba (Cohab). Após um ano de espera, o menino foi sorteado. A casa está sendo adaptada para atender todos os requisitos médicos do menino. Passam por reforma portas, quarto, banheiro e instalações elétricas. O plano de saúde da família irá montar uma estrutura no local, com respirador e outros equipamentos, além de possibilitar o atendimento médico também na residência.
A mãe espera que a casa fique pronta dentro de 30 a 60 dias. O novo lar é a esperança de uma vida melhor para toda a família. “Tento esquecer a doença e viver um dia de cada vez. O sorriso dele é o mais importante. É o lado positivo”, diz a mãe.
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