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sexta-feira, 20 de abril de 2012

Dançando pela vida


Huho Harada/ Gazeta do Povo
Huho Harada/ Gazeta do Povo / A fisioterapeuta Oliveti Rejane da Costa, 40 anos, encontrou na dança de salão uma aliada para recuperar as energiasA fisioterapeuta Oliveti Rejane da Costa, 40 anos, encontrou na dança de salão uma aliada para recuperar as energias
SAÚDE

Dançando pela vida

Entregue-se ao prazer do ritmo da música. Esse é um remédio que garante saúde mental e física, com um ótimo efeito colateral: diversão garantida.
O filósofo Friedrich Nietz­­­­­­­­­­­­sche (1844-1900), em seu famoso livro Assim Falou Zaratustra, escreveu: “Alguém precisa ter caos em si mesmo para dar luz a uma estrela dançante”. A frase descreve exatamente um período da vida da fisioterapeuta Oliveti Rejane da Costa, de 40 anos. Há cinco anos, sua mãe foi diagnosticada com linfoma, um tipo de câncer que ataca o sistema linfático, importante componente para a manutenção da imunidade do organismo. Em uma rotina que não variava muito além das idas do trabalho para o hospital, Oliveti decidiu que precisava fazer alguma atividade que retomasse sua energia, para poder ajudar a mãe.
Arquivo/ Gazeta do Povo
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Benefícios: força e equilíbrio
Para deficientes, ajuda na autonomia e na conciência corporal
Bailarina, professora universitária e fisioterapeuta, Andrea Bertoldi está desde 2011 na direção do Balé Teatro Guaíra, um dos mais importantes corpos de dança do país. Ela relata experiências em que pessoas com deficiência física se aproximaram da dança como forma de terapia, uma vez que a atividade promove uma consciência corporal e espacial, aumenta a percepção de prazer pelo movimento e favorece a autonomia. “Estudos realizados com estes artistas com deficiência física, que praticam dança contemporânea, demonstraram ganhos na força muscular, flexibilidade articular, equilíbrio estático, bem como na sexualidade”, conta Andrea.
Ela ressalta, no entanto, que para tratar de problemas de saúde há abordagens terapêuticas específicas, nem sempre contempladas pela dança. Para a bailarina, apesar dos benefícios indiretos à saúde, a dança é uma atividade artística e deve, acima de tudo, ser encarada como tal.
A primeira tentativa foi uma aula experimental de dança de salão. Acertou em cheio e nunca mais parou. “Como fisioterapeuta, acredito que o movimento é importante. Sabia dos benefícios da dança, mas não tinha noção de como ia fazer diferença na minha vida”, conta. Ela lembra que, mesmo com a mãe internada, pedia para alguma amiga ficar no hospital durante o horário da aula semanal. “Não me deixei faltar nenhuma aula, eu precisava pelo menos ter aquele tempo para mim, para a minha saúde”.
O que Rejane sentiu reafirma descobertas do departamento de psicologia da Universidade de New England, na Austrália. A dança pesquisada, o tango, reduziu a quantidade de cortisol, o hormônio responsável pelo estresse, no sangue dos participantes e trouxe efeitos emocionais positivos a curto prazo. A interpretação é que uma mente focada pode desativar padrões de pensamento relacionados à ansiedade e à depressão. Resultados semelhantes têm sido alcançados no que diz respeito a outros estilos.
Estudo
Mas os benefícios não são apenas emocionais. No Brasil, o cardiologista e médico do esporte Tales de Carvalho verificou que a atividade controla a pressão arterial, melhora a aptidão física e até a função sexual. Entre as vantagens da atividade está a facilidade de adaptação do organismo: “Cada um consegue facilmente encontrar o seu jeito de dançar, respeitando sua aptidão cardiorrespiratória e eventuais limitações de saúde”, avalia Carvalho. O médico indica a dança para todos os casos em que o exercício físico regular funciona, como doenças cardiovasculares, obesidade, diabetes, depressão, sendo raras as condições de impedimento absoluto.
À lista, a professora Isabel Monteiro, de 53 anos, acrescentaria a labirintite. Há três anos, devido a zumbidos no ouvido, decidiu procurar um otorrinolaringologista e descobriu que tinha o problema. Além de um tratamento clínico, o médico indicou a dança, atividade que Isabel já realizava. “Concluímos que era graças à atividade que eu conseguia me manter em pé, sem tonturas”, lembra. Ela atribui o equilíbrio a dois fatores: “Os rodopios da dança de salão me forçam a buscar o equilíbrio. Por outro lado, o fato de se dançar com um parceiro faz com que haja uma referência constante em casos de tontura”.

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