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domingo, 10 de junho de 2012

Desenvolvimento da 1.ª infância vira prioridade no país


Hugo Harada/ Gazeta do Povo / CMEI Affonso Camargo: preocupação constante com a estimulação dos bebêsCMEI Affonso Camargo: preocupação constante com a estimulação dos bebês
EDUCAÇÃO

Ações do governo visam melhorar a assistência e o ensino a crianças de até 6 anos. Mas o modelo proposto não foi bem aceito.

O lançamento do programa Brasil Carinhoso, que prevê investimentos de R$ 10 bilhões até 2014 em ações voltadas a crianças de zero a 6 anos, sinaliza que finalmente o Brasil tratará a primeira infância como prioridade. Motivos para que essa fase do desenvolvimento seja alvo de uma política de governo não faltam.
Hugo Harada/ Gazeta do Povo
Hugo Harada/ Gazeta do Povo / Em Curitiba, 40 mil crianças frequentam  creches públicasAmpliar imagem
Em Curitiba, 40 mil crianças frequentam creches públicas
Pesquisas
Universidades estudam e estimulam bebês
As universidades desenvolvem­­ ações focadas no desenvolvi­­mento dos bebês. Na Universi­­dade Federal do Paraná, como exemplo, o Labebê (Laboratório de Estimulação e Atenção Precoce de Bebês) realiza pesquisas dirigidas à prevenção, promoção do desenvolvimento e atenção precoce de crianças com até 3 anos. Também há trabalhos específicos para estudantes com necessidades especiais. Os estudos são realizados nas salas de aula e envolvem também os pais.
A Universidade Positivo também tem um grupo de estimulação. A dinâmica, neste caso, é outra: mães e filhos participam de encontros semanais em que se procura estimular e avaliar o desenvolvimento dos bebês, identificando precocemente sintomas de transtornos do desenvolvimento. “Procuramos também mostrar para os pais como criar oportunidades para a o desenvolvimento dos filhos mediante brincadeiras, desenhos, música e livros infantis. Além das atividades de estimulação psicomotora, cognitiva e da linguagem, estimulamos a socialização do bebê com outras crianças e adultos”, explica a professora Fernanda Magalhães, que coordena o trabalho. Para participar, basta se inscrever pelo telefone 3317-3169. O serviço é gratuito.
Demora na conclusão de creches é desafio
No Brasil, 18% das crianças com idade entre zero e 3 anos frequentavam creches até 2009. E a cobertura era ainda menor quando consideradas apenas as famílias mais pobres: 10% das crianças de baixa renda estavam em escolas, contra 35% entre os mais ricos. Em 2010, o quadro melhorou: 23,6%, ou cerca de 2 milhões de meninos e meninas, foram matriculados nas redes públicas e particulares.
A oferta, porém, ainda é baixa. Para ampliá-la, o governo federal anunciou a construção de 6 mil creches até 2014. Destas, 3.019 tiveram convênios assinados com as prefeituras, mas nenhuma foi concluída. As ações dão continuidade ao trabalho iniciado com o ProInfância, programa criado em 2007. No total, 2.543 convênios foram assinados com prefeituras, mas só 778 unidades estão prontas.
Em média, uma creche financiada pela União leva 30 meses para ficar pronta. A demora levou o governo a formar um grupo que discute métodos para acelerar as construções, mas os resultados ainda não foram apresentados.
Espera
Em Curitiba, 40 mil crianças são atendidas nas creches da prefeitura, mas há 8 mil nas listas de espera. Segundo a superintendente-executiva da Secretaria da Educação, Daniele Regina dos Santos, a expectativa é que até 2013 sejam construídas mais 14 creches com recursos municipais e 22 com verbas federais – os projetos foram enviados ao governo federal, mas a assinatura dos convênios é esperada só para novembro. Essas 36 unidades devem garantir a abertura de quase 7,5 mil vagas.
Nos últimos dois anos, foram abertas 2.419 vagas na capital. Uma das últimas unidades inauguradas é o Centro Municipal de Educação Infantil Senador Affonso Camargo. No local estudam 150 crianças. A diretora Arceli do Rocio Angelini diz que há toda uma preocupação com a qualidade do atendimento, o que inclui boa infraestrutura, formação dos professores e estimulação constante do desenvolvimento. “Temos uma pauta semanal de observação e sempre que identificamos que a criança está com alguma dificuldade procuramos reforçar atividades que a ajudem a superá-la”, explica.
Interatividade
Você concorda com a proposta de avaliar o desempenho de crianças de até 3 anos?
As cartas selecionadas serão publicadas na Coluna do Leitor.
Seria suficiente dizer que em nenhum outro período da vida o cérebro humano encontra momento mais propício para a evolução. No Brasil há ainda um agravante: a íntima relação entre miséria e infância – o número de crianças que vivem na extrema pobreza corresponde ao dobro da média nacional, que é de 8%.
Governo e estudiosos concordam que essa prioridade é fundamental. Não há consenso, porém, em relação às ferramentas utilizadas. O ponto mais polêmico é a aplicação de um teste para monitorar o desempenho de crianças de 2 meses a 5 anos, que está sendo testado no Rio de Janeiro. A iniciativa faz parte do Programa Único de Atenção Integral à Primeira Infância, desenhado pela Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE).
O Ages & Stages Ques­­tionnaires-3 (ASQ-3) é composto por 21 questionários que buscam identificar a capacidade de a criança realizar um conjunto de marcos do desenvolvimento infantil. Com base nas respostas, o ASQ permite avaliar a evolução ao longo de sete dimensões: coordenação motora ampla, coordenação motora fina, comunicação, resolução de problemas, pessoal-social e socioemocional. O método foi criado nos Estados Unidos e é utilizado em 18 países, entre eles França, Espanha, China, Dinamarca, Chile e Equador.
Esse teste é criticado por pedagogos e motivou uma moção de repúdio da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação. As principais críticas são de que ele se fundamenta em indicadores restritos; pode ser usado para rotular crianças e considera que todas devem apresentar um desenvolvimento linear. Rosane Mendonça, diretora da Subsecretaria de Ações Estratégicas, diz que há outros mecanismos que poderiam ser usados. O ASQ, porém, é o que se apresenta mais viável. “Ele tem baixo custo, é rápido de ser usado e não exige preparação específica, podendo ser aplicado pelas professoras e educadoras das creches. A única condição é que a pessoa conheça a criança”, resume.
Já a professora Maria Au­­­­­gus­­ta Bolsanello, coorde­­na­­­dora do Laboratório de Es­­­timulação e Atenção Pre­co­­ce de Bebês (Labebê) da Uni­­versidade Federal do Paraná, con­­sidera temerário colocar um instrumento de avaliação nas mãos de pessoas despreparadas. Ela cita um trabalho feito em creches de Curitiba que re­­velou dificuldades de professores para identificar alunos com problemas de aprendizagem. “As professoras apontaram como bons alunos os que ficavam quietinhos e como os que apresentavam problemas quem era muito agitado, quando deveriam fazer o inverso.” Além disso, a pesquisadora reclama que faltam informações sobre o que será feito com os resultados desses questionários.
Rosane Mendonça informa que, junto com os formulários, os professores recebem dicas de atividades para estimular as crianças. Ela diz ainda que não há um cronograma sobre quando esse instrumento será utilizado em larga escala no Brasil. “Primeiro precisamos chegar a um consenso sobre o uso do ASQ-3.”
Estímulo é essencial
Crianças pequenas desenvolvem a inteligência, a afetividade, a motricidade e a linguagem agindo sobre o ambiente onde elas se encontram. Essa evolução se dá essencialmente por meio da interação com adultos e outras crianças, pela liberdade de movimentação e na manipulação de objetos e brinquedos.
Nenhuma criança é igual à outra em seu desenvolvimento. Devemos respeitar o ritmo próprio de cada uma e evitar comparações. O estímulo ao desenvolvimento, porém, é importante e necessário.
Veja a seguir algumas orientações para favorecer esse processo:
• Os pais e familiares devem aproveitar os momentos livres ou mesmo quando estiverem fazendo alguma tarefa, para envolver a criança nas atividades, seja junto com eles ou paralelamente.
• É muito importante que bebês tenham objetos para brincar e manusear. Não é necessário que sejam brinquedos específicos, podem ser improvisados (potes de plástico com tampa, colheres, tampas de panela, panos coloridos, etc).
• Leve sempre a criança para passear pelas redondezas. Pode ser com os pais, os avós, os irmãos mais velhos, ou mesmo os vizinhos. Assim, ela se acostumará com as pessoas, a ver coisas novas, a ouvir sons novos, tomar ar fresco, etc.
• Elogie sempre quando o bebê fizer alguma coisa adequada (dar um beijo, um abraço, dizer “muito bem!”, dar um brinquedo). Já quando ele fizer algo inadequado, o melhor é ignorar e fazer expressão facial de desagrado.
• Sempre que possível, coloque a criança no colo e mostre-lhe qualquer revista com gravuras e vá “lendo” para ela, mostrando as figuras e nomeando: “mamãe”, “criança”, “gato”, etc.
• Ajude-a a ficar em pé, apoiando-a em cadeiras, camas ou outro móvel.
• Não dê objetos ou brinquedos diretamente na mão da criança, sempre deixe perto para que ela mesma possa pegar.
• Dê-lhe um objeto pequeno e logo depois outro, de modo que as duas mãos fiquem ocupadas. Dê-lhe um terceiro objeto e deixe que a criança “solucione o problema”: terá que pegar duas coisas com uma mão ou deixar uma.
• Crianças pequenas gostam de brincar e imitar gestos. Facilite, brincando com ela de franzir o nariz, bater palmas, fazer caretas, levantar os braços, etc.
• É muito interessante tanto para a criança quanto para os pais dispor de um “chiqueirinho”, pois neste ambiente ela pode manipular objetos, sentar, engatinhar, ficar de pé e fazer todo exercício e movimentos de que necessita, com segurança e higiene.
• Lembre-se de que é importante que a criança não passe o tempo todo no mesmo lugar da casa e nem fique sempre no carrinho ou cadeirinha. Procure levá-la à cozinha, ao quarto, ao quintal, para que aproveite as conversas dos adultos, o som do rádio, o cheiro da comida cozinhando, etc.
• Os espaços não devem limitar os movimentos, mas é necessário garantir a segurança comalmofadas, travesseiros, proteger cantos e quinas de móveis, evitar objetos perigosos, delimitando o espaço onde a criança possa se movimentar.
• Aproveite sempre para conversar com a criança e fazer-lhe perguntas. “Onde está o papai? Onde está o au-au? Onde está a mamadeira?” Mostre também as pessoas, nomeando-as: “Este é o papai. Esta é a titia”. Deixe que os familiares e amigos se relacionem com a criança.
• Sempre diga o nome das coisas. Não importa que ela não consiga repetir o nome. Mostre a maçã e diga “maçã”. Mostre o ovo e diga “ovo”. Sempre fale de modo correto. Diga “sapato” e não “pato”.
• Coloque os brinquedos da criança dentro de uma caixa de papelão e deixe que ela os manuseie, e os coloque e retire repetidamente. Embrulhe de vez em quando alguns brinquedos e deixe na caixa para que ela mesma os desembrulhe.
• Ofereça brinquedos que possam caber uns dentro dos outros, como caixinhas de diferentes tamanhos. Faça alguns furos em uma caixa de sapato. Tampe a caixa e amarre-a bem para que não se abra. Servirá para a criança colocar coisas pelos buracos.
• Um telefone de brinquedo com disco para discar é útil. Nele a criança poderá girar o disco, colocando o dedo no buraco e também imitar a conversação.
• Cante canções fazendo gestos: aplaudindo, subindo as mãos, acenando, etc.
• Favoreça e elogie todos os esforços da criança em engatinhar, ficar de pé ou caminhar. Ajude segurando-a debaixo dos braços ou deixando-a apoiar-se em móveis ou cadeiras.
• Deixe que ela engatinhe. Se ela não o fizer, coloque-a de barriga para baixo no chão com algum brinquedo diante dela e estimule-a para mover-se e alcançar este brinquedo.
• Se ela tocar o rosto no chão e não conseguir levantar, faça um “rolo” com um cobertor ou use uma bola grande. Coloque a criança em cima e na sua frente coloque um objeto interessante para que ela faça movimentos para alcançá-lo.
• Ofereça objetos variados, de diferentes tamanhos (grandes e médios) e diferentes texturas (plástico, madeira, tecido, etc…), colocando-os em distâncias diferentes em relação ao corpo da criança. Por exemplo, mais perto, mais longe.
• Evite usar o andador, é cômodo para o adulto, porém não permite o movimento livre da criança. É pelo movimento livre que a criança dá força aos seus músculos.
• Brinque de esconde-esconde com a criança. Esconda objetos à vista da criança e a estimule a ir procurá-los. Pode escondê-los com um pano ou uma fralda ou dentro de uma caixa.
• Faça jogos interativos (“cavalinho”, colocar uma fralda em seu rosto e deixar que ela a retire, brincar de “tchau-tchau”, de esconder o rosto atrás de um livro e logo aparecer, etc).
• Aproveite a hora do banho para colocar objetos e brinquedos na água, deixar a criança brincar, massagear o corpo dela com delicadeza, ir falando as partes do corpo (“olha o pezinho, a mãozinha, o dedinho, etc.), enquanto massageia ou seca.
• Sente a criança no colo ou numa cadeira adequada para que possa interagir e participar do ambiente doméstico. Não afaste ela da rotina e do movimento do ambiente doméstico.
• É normal que a criança leve tudo à boca. Com os cuidados higiênicos necessários, deixe que ela morda brinquedos ou panos macios.
• Estabeleça horários de sono e alimentação para formar uma rotina.
• Deixe a própria criança agir, assim ela perceberá as consequências de suas próprias ações.
• Brinque com ela na frente do espelho. Provoque efeitos interessantes, ajudando-a a observar as consequências. Exemplo: acender e apagar a luz.
• Estabeleça contato visual, responda sempre ao chamado da criança, mesmo que não possa atendê-la no momento.
• Imite os balbucios, transformando a situação em brincadeira. Fale com ritmo, repetindo os sons com entonação atrativa e afetuosa. Quando ela diz algo que parece uma palavra, pronuncie corretamente e demonstre que gostou e entendeu, assim voltará a repeti-la.

Fonte: Labebê – Laboratório de Estimulação e Atenção Precoce de Bebês da Universidade Federal do Paraná.

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