Eliane Bilibio acompanha a filha Janaína, 15 anos, em aulas de pilates para estimulá-la
SAÚDEEstímulo contra o sedentarismo
É na escola que a criança vai aprender a gostar de exercícios físicos ou a odiá-los. Professor de Educação Física deve diversificar atividades.
Geralmente, é na escola que a criança tem o primeiro contato com o exercício físico e é lá que ela vai aprender a gostar dele ou a odiá-lo. Por isso, o papel do professor de Educação Física não fica restrito às aulas. Além de tornar as atividades atrativas e estimulantes, o educador deve ficar atento aos alunos com menos interesse e habilidade.
Xô preguiça!
Atenção ao perfil do jovem ajuda a escolher o esporte certo
Nem todas as crianças têm as mesmas aptidões para os esportes. Algumas preferem atividades com mais movimento, outras se interessam por exercícios mais divertidos e ainda há as que são adeptas a algo que exija mais concentração. A professora de Educação Física do Colégio Dom Bosco Rachel Fontoura dos Santos Lima diz que, como regra geral, até os 12 ou 13 anos, elas gostam de atividades em grupo. Depois disso, ficam com mais vergonha e preferem algo com menos exposição, geralmente exercícios individuais. “Aí entram atividades como xadrez, que não exige interação com um grupo. A desvantagem é que ele não exercita o corpo. Só isso não basta”, alerta Raquel. Nesses casos, é importante que os pais escolham mais um exercício para o filho, mas sem forçá-lo a praticar algo de que não goste ou uma atividade em que não tenha habilidade. “Existe um limite para que o jovem saia do período de estranhamento e passe a gostar da atividade. O prazo costuma ser de um mês. Se depois disso ele continuar não gostando, é necessário trocar, pois a atividade será mal feita e vai gerar pouco resultado”, alerta o professor de Educação Física da Escola Atuação Thiago Ribeiro dos Santos. (AS)
Para os menores, com até 5 anos, o estímulo deve ser essencialmente lúdico, com brincadeiras que requerem movimentos. Se a criança não quiser fazer o exercício ou for excluída pelos colegas, é do professor a tarefa de integrá-la para que o desânimo e a falta de interesse por esportes não se reflitam lá na frente.
“As crianças pequenas dão muito valor ao professor. Se ele pegar na mão dela e correr junto, ela vai passar a se interessar pela atividade. Isso vale também para os excluídos. Se a professora os chama para a atividade, os colegas vão fazer o mesmo”, explica Marayna Lechinhoski, professora de Educação Física que aplica avaliação motora em crianças na rede particular de ensino.
No caso dos maiores, o gosto pelo esporte também depende do incentivo do professor, mas de outra forma. O ideal é que o educador leve para os jovens atividades e esportes diferentes dos tradicionais. “Ficar só nessas atividades não cabe mais na escola de hoje. O aluno espera muito mais do docente, principalmente aquele que não gosta de Educação Física. Ele [aluno] precisa ser provocado”, comenta o coordenador do curso de Educação Física da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Paulo César de Barros.
Entre os esportes não tradicionais que podem ser praticados na escola para chamar a atenção dos estudantes estão badminton, frescobol, rúgbi, tênis e beisebol. Segundo Barros, é preciso entender que cada aluno tem uma habilidade diferente. Quanto maior a gama de atividades oferecidas pela escola, maior a chance de o estudante que não gosta de atividade física se interessar por pelo menos uma.
Incentivo
Nas instituições particulares é comum que a escola ofereça uma atividade esportiva fora do horário de aula, geralmente paga. No Colégio Dom Bosco, por exemplo, os pais podem escolher quantas atividades desejarem, como basquete, vôlei, dança, balé e capoeira. Assim, além das duas aulas de Educação Física por semana, o estudante terá pelo menos duas horas a mais.
Na rede pública, essas atividades extracurriculares são oferecidas em contraturno e, eventualmente, o aluno pode fazê-las em outra escola. Os colégios municipais oferecem mais de 20 modalidades e o estudante também é livre para fazer quantas quiser.
Pais devem ser exemplo para que filhos se exercitem
Se dentro da escola o professor é essencial para incentivar a prática esportiva, fora dela esse papel fica a cargo dos pais. Educadores físicos são unânimes em dizer que, principalmente para aquele jovem que não se interessa por esporte, a família pode fazer a diferença. “Se os pais são sedentários, é natural que os filhos sigam os mesmos passos”, diz o professor de Educação Física da Escola Atuação Thiago Ribeiro dos Santos.
Reverter esse quadro não é tão difícil assim. O primeiro passo é começar por passeios que envolvam caminhada ou bicicleta, por exemplo, que possam ser feitos em família, de preferência em parques e praças da cidade. De acordo com Santos, essa é uma forma divertida de a criança se interessar pela atividade e ter vontade de trocar o computador e o videogame por ela.
Outra opção é oferecer ao filho uma variedade de atividades físicas fora da escola, como natação, vôlei, basquete ou algum tipo de dança. Mas cuidado: é importante não obrigá-lo a nada; deixar que ele conheça e se interesse naturalmente por alguma delas. “Depois de escolhido, os pais não podem cobrar deles desempenho perfeito, nem que eles tirem primeiro lugar em campeonato. Cobrança excessiva pode causar desestímulo e até fazer com que eles se tornem adultos que detestam a prática esportiva”, explica a professora de Educação Física do Colégio Dom Bosco Rachel Fontoura dos Santos Lima.
Idade ideal
Existe uma idade ideal para que a criança comece um treino esportivo. Se ela tiver menos que 8 anos, é melhor que pratique até três vezes por semana. Uma frequência maior pode contribuir para que o jovem enjoe e desista da atividade quando chegar à adolescência. Depois disso, se a intenção é que ela se aperfeiçoe na atividade, o exercício pode se tornar diário.
Desde criança, a estudante Janaína Barcella Bilibio, 15 anos, não gosta de exercícios e sempre que pode dá um jeito de fugir das aulas de Educação Física. Depois de os pais testarem todo tipo de atividade, como natação, handebol, academia e ginástica rítmica desportiva, a mãe, Eliane Barcella Bilibio, resolveu fazer uma última tentativa: acompanha a filha em aulas de pilates. “Faz dois meses que começamos e felizmente ela está gostando. Antes disso, ela só queria ficar em casa, no computador. Agora que fazemos as aulas juntas, funcionou.”
Eliane diz acreditar que a sua influência e a do seu marido foram decisivas para que a filha fosse avessa a esportes. Por não gostarem nem praticarem nenhuma atividade física, ela cresceu sem um modelo para se espelhar. A atitude só mudou há pouco tempo, segundo ela, porque todos tomaram consciência da importância do exercício para a saúde.
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