Henry Milleo/ Gazeta do Povo
5 passos para achar a escola ideal.
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Transição não deve eliminar ações lúdicas
Para os pais de crianças que vão sair da educação infantil e ingressar no 1.º ano do ensino fundamental, a escolha da escola requer mais atenção. Como se trata de uma fase que tem um nível maior de exigência, os filhos podem se sentir inseguros se a mudança for brusca. “A escola não pode focar só na alfabetização. É preciso que haja espaço para o lúdico, que ela possa brincar bastante, ir ao parque”, diz a professora do Departamento de Educação da Universidade Federal do Paraná Adriane Knoblauch.
Um dos problemas que podem ocorrer nessa transição é o aluno não ter sua individualidade atendida – como acontecia na pré-escola –, já que a dinâmica do ensino torna-se outra. Por isso, de acordo com a coordenadora de educação infantil da Escola Ursinho Pimpão, Renata Reiz, o professor precisa estabelecer um vínculo afetivo e transmitir segurança e confiança. “Se houver muita discrepância entre o trabalho entre a antiga e a nova escola o aluno pode ter dificuldade em se integrar à nova rotina.”
Escolha criteriosa
Pensando nisso a pedagoga Andrea Mara Bella Cruz visitou sete escolas para seu filho Pedro, 6 anos, que começa no ensino fundamental ano que vem. “Queria algo que se assemelhasse ao ambiente que encontrei na educação infantil, ou seja, um lugar em que ele fosse estimulado, mas que ao mesmo tempo fosse respeitado em sua individualidade.”
Andrea também fez algo muito indicado pelos educadores, conversou com pais que tinham filhos nas instituições de interesse. Isso importa porque nem sempre pedagogos e diretores cumprem o que prometem nas entrevistas.
Indicadores
Os indicadores de desempenho, como o Índice de Educação Básica (Ideb), podem ser levados em conta na hora de escolher o melhor colégio. Escola com bom desempenho revela um bom trabalho. Entretanto os especialistas recomendam que a família não se prenda pelo melhor desempenho, ou seja, queira apenas a escola que ficou em primeiro lugar, já que as provas não conseguem refletir toda a realidade de uma escola.
Se arrependimento matasse...
Quais os itens que você não reparou na busca pela escola do seu filho e que você sente falta agora? E o que você indica como critério para que uma escola seja considerada boa?
O primeiro ponto a ser levado em conta – e o mais importante segundo os educadores – é o tipo de valor moral que a escola transmite, a sua ideologia. É importante que seja a mesma dada em casa pela família, para que os discursos não sejam contraditórios e não confunda a criança. Para saber quais são esses valores, é preciso descobrir a proposta pedagógica da instituição, conversando com o diretor e pedagogo.
Segundo a professora do Departamento de Educação da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Adriane Knoblauch, se os pais forem religiosos e desejarem que a religião esteja presente na educação formal, as escolas confessionais são o ideal. Vale lembrar que nem todas as dirigidas por religiosos são confessionais, é preciso que o assunto esteja no currículo.
Se a família valoriza a competitividade e quer que a criança seja preparada desde cedo para o mercado e aprenda a se superar e a superar os outros, vale ficar de olho em instituições que premiam os melhores alunos. “Observe os murais: se apenas poucos trabalhos estiverem lá – e não de todos os alunos – é um sinal de que ela privilegia o desempenho”, diz Adriane. Porém se a criança for ansiosa, a competição pode estimular esse sentimento, causar estresse precoce, afetar seu desempenho e causar baixa autoestima, como explica o pesquisador e doutor em Educação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) João Malheiro.
Perto ou longe?
As opções de boas escolas são muitas e estão por toda a cidade. Então é comum ficar em dúvida se é melhor deixar a criança estudar perto de casa ou se vale a pena investir em uma mais longe, que seja preciso atravessar a cidade. A orientação é que a família observe se os horários disponíveis dos pais ou responsáveis irão bater com o do filho, para que dê tempo de levá-lo e buscá-lo sem que ele chegue atrasado. “Atrasos frequentes geram atritos na família”, comenta a professora da Escola de Educação e Humanidades da PUCPR Joana Romanowski. No caso dos que vão de transporte escolar, os pais precisam calcular se ele não ficará mais de uma hora dentro do veículo, o que deixa a criança cansada e menos disposta a aprender.
De olho na sala e na segurança
Muitas instituições apostam em belas e suntuosas estruturas para chamar a atenção da família. Mas é importante ter em mente que tecnologia de última geração, piscina e fachada impecável não são relevantes para o aprendizado. O importante é, segundo Adriane, observar a sala de aula. É lá que o aluno vai passar a maior parte do tempo. Por isso perceba se é bem arejada – para evitar que a criança sinta sono –, se as atividades de artes ficam expostas – o que significa que a professora valoriza o trabalho dos alunos – e, no caso das turmas de alfabetização, se há recursos visuais que incentivem o aprendizado. “É um ponto a favor a instituição ter salas temáticas, como de geografia, ciências e matemática”, diz.
Quanto ao espaço externo, é bom olhar os parques, ver se há área verde, se existem brinquedos seguros e condizentes com a idade das crianças. A segurança é outro item relevante e uma das grandes dúvidas dos pais segundo a diretora da sede Batel do Colégio Dom Bosco, Célia Bitencourt. O ideal é que o colégio controle a entrada de pessoas nos horários de aula, que saiba como a criança vai embora e que só a entregue ao responsável.
Deixe a criança desempatar
Além de todas as características, durante uma visita à escola é importante observar como estão os alunos que estudam ali. Se estão felizes e soltos ou apreensivos e desanimados. Isso será uma amostra de como as crianças se sentem naquele ambiente. Uma dica: depois de separar pelo menos três escolas que agradem, os pais devem levar o filho para conhecê-las e deixar que ele desempate. “A família tem de ter em mente que mesmo que ele observe todos os fatores, não é ela que vai ficar ali, mas a criança. Então o lugar tem de ser agradável para ela acima de tudo. É ela quem tem de olhar e dizer: é aqui que eu quero ficar”, explica Joana.
Para um bom resultado, precisa existir uma identidade entre aluno e escola. Os educadores são unânimes em falar que se a criança não gostar do local, não se sentir bem lá e estimulada, terá dificuldade em aprender.
Extras
Uma parte do que se aprende na escola está no currículo básico que é estabelecido pelo Ministério da Educação (MEC) e, portanto, vale para todos os colégios. Outra parte vai depender do plano pedagógico da instituição, que pode incluir desde dança e natação na educação física, até disciplinas como empreendedorismo. Nesse caso os pais devem ter em mente o que desejam para o filho e conversar na escola sobre como são trabalhados os conteúdos extracurriculares. Dentro deles estão também as festas, eventos e feiras de ciências. “Isso incentiva a atividade em grupo e mostra que a escola não prioriza conteúdo, mas formação”, fala Célia. Mas para dar conta de tudo isso é imprescindível um profissional qualificado e competente. Claro que é o dia a dia que permite uma conclusão, mas existe uma técnica simples que pode ser usada durante as visitas, sugerida pela gestora do Colégio Bom Jesus Nossa Senhora de Lurdes, Cleide Barbosa: pedir que o diretor mostre a quantidade de professores com formação, especialização, mestrado e doutorado. Esse é um bom indicativo de qualidade.
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