Plínio de Arruda defende o fim das escolas privadas
Candidato do PSOL à presidência quer tornar sistema educacional totalmente público
Julia Chequer/06.05.2010/R7
Ensino privado
O candidato à presidência da República pelo PSOL, Plínio de Arruda Sampaio, disse em entrevista ao R7 que o fim das escolas particulares é um dos primeiros passos para o fim da desigualdade social no país. O socialista conversou com a reportagem antes do início da campanha eleitoral e falou sobre alguns de seus projetos para a educação no país, caso seja eleito. Veja a seguir os principais trechos:
Plínio de Arruda diz que os imóveis das escolas particulares devem ser desapropriados para que o acesso ao centro se torne universal.
- Desapropria e paga o atraso. Um colégio como o Santa Cruz, por exemplo, tem um superprédio. Isso tem um valor. Então, desapropria o imóvel, paga a congregação que fez isso [mantenedora], mas o colégio vira público. Quem morar nas cercanias pode frequentar o colégio. Seria o correto em uma educação pública. Do mesmo modo como a saúde. Enquanto houver hospital privado, o rico vai receber [atendimento] na hora e o pobre vai levar seis meses para conseguir uma consulta.
Indagado sobre como faria a sociedade apoiar essa medida, o candidato disse que “é uma questão de convencimento”, e que planeja usar seu tempo de propaganda eleitoral na televisão para explicar esse processo ao eleitor.
Remuneração de professores
Para o candidato do PSOL, além de não haver escola privada, os professores devem receber o mesmo salário.
- Todas as escolas têm que ser públicas. Todos os professores têm que pertencer a uma carreira e eles têm que ter um salário igual para trabalho igual. Então, um professor de física de uma escola pública aqui de São Paulo e um da escola pública de uma cidadezinha no Piauí têm que receber a mesma coisa, para poder ter professor competente lá também, senão o menino do Piauí sempre vai perder para o de São Paulo. Então, acho que a educação deveria ser inteiramente pública.
ProUni
O candidato apoia o ProUni (Programa Universidade Para Todos), desenvolvido pelo governo federal, mas afirma que é preciso dar mais atenção ao ensino básico antes de investir muito no universitário.
- [O programa de bolsas] expande o ensino universitário, mas de uma categoria menor. Para seguir a universidade é preciso ter uma base. Senão, você faz um universitário com “pé de barro” – que sempre terá insegurança porque não tem base [educacional].
Cotas nas universidades
- [Ter cotas nas universidades] É de certo modo, um mal necessário. Dada a distância tão grande que se criou nessa sociedade injusta, entre o menino rico e o pobre, é preciso que haja cota. Na verdade não deveria ser racial, deveria ser de pobreza. O menino pobre deveria ter direito de entrar. Aqui se fez com esse aspecto [racial] que eu acho complicado, mas é necessário porque senão não consegue vencer o atraso [educacional]. Numa sociedade justa isso não vai existir.
Educação no campo
Plínio se especializou na questão agrária, e trabalhou em programas de reforma agrária na ONU (Organização das Nações Unidas). Para ele, o sistema de ensino gerido pelo MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra) é um exemplo de como a educação deve ser feita no campo.
- Nunca vi, não conheço nenhum sistema educativo mais eficaz do que o do MST. E tenho testemunhas, porque acompanhei esse pessoal por muitos anos.
Ele cita como exemplo uma moça que, segundo o candidato, poderia "se tornar professora universitária" entre a primeira e a última vez que Plínio a encontrou.
- Ela poderia entrar na universidade. E aprendeu [estudou] no MST.
Religião nas escolas
Para o candidato, as escolas deveriam ser obrigadas a fornecer um curso do pensamento religioso. Os estudantes seriam obrigados a participar, e os pais dos alunos pequenos deveriam ter direito de escolher a religião do professor.
- Nessa aula, os alunos se dividem. O resto é tudo junto: filho de pobre, filho de rico. E é por localização. O menino mora aqui e é filho da cozinheira, ele estuda com o filho do doutor. E o filho do pai ateu convive com o filho do pai religioso. É para ter igualdade no país.
Questionado se a religião poderia tornar-se um tema de segregação entre o povo brasileiro, Plínio admitiu que o risco existe, “mas também existe o intercâmbio” de cultura.
- Na verdade, a educação religiosa é em função da família, não da escola. O que acho que a escola não pode é tentar impor ao aluno a ideologia do Estado.
E acrescentou que a liberdade do pensamento religioso deve ser mantida. O menino ateu e marxista, por exemplo, teria direito de estudar os fundamentos do ateísmo.
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