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terça-feira, 21 de maio de 2013

Boicote afeta Jogos Escolares


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Boicote afeta Jogos Escolares

Redução do número de aulas de Educação Física na grade curricular motivou o protesto. Professores alegam que não há tempo para treinar.
Um boicote organizado por professores de Educação Física da rede estadual de ensino comprometeu a participação de estudantes na 60.ª edição dos Jogos Escolares do Paraná em pelo menos quatro regionais do estado. Os docentes deixaram de inscrever os alunos na competição como forma de protesto pela redução do número de aulas de sua disciplina na matriz curricular do ensino fundamental – mudança feita pela Secretaria de Estado da Educação (Seed) no início deste ano.
O movimento foi incentivado pelo Sindicato dos Trabalhadores da Educação do Paraná (APP-Sindicato). A entidade não tem números sobre a adesão ao boicote. Por outro lado, a coordenadora-geral dos jogos, Márcia Tomadon, confirma a queda no número de escolas participantes nas regionais de Assis Chateaubriand, Irati, Guarapuava e Laranjeiras do Sul. Em Irati, por exemplo, 19 escolas estaduais participaram da primeira fase dos jogos neste ano. Em 2012, foram 36 escolas na mesma etapa.
Medalha de ouro no peito
O aluno José Felipe Gomes Dugenski (foto), 14 anos, guarda a competição com carinho na memória. Estudante do 5.º ano do ensino fundamental na Escola Municipal Elizabeth Werka, de Araucária (Grande Curitiba), ele tem orgulho da medalha de ouro que conquistou no mês passado. Na prova de atletismo, foi o mais rápido na corrida de 100 metros livres. “Quando cheguei para correr, alguns pareciam bem melhores do que eu, mas no fim ganhei sem esforço. Acho que aguentava mais”, conta.
Depois das fases locais, regionais e macrorregionais, as provas finais dos Jogos para a categoria de 12 a 14 anos serão promovidas em julho, em Guarapuava. Para os alunos de 15 a 17 anos, as finais ocorrem em agosto, em Foz.
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O que você acha do boicote organizado pelos professores de Educação Física? Como os alunos são prejudicados?
Iniciado em 26 de abril, o torneio envolve cerca de 660 escolas das redes pública e privada do estado. Participam alunos de 12 a 17 anos divididos em duas categorias. Como tradicionalmente são os professores de Educação Física os responsáveis pela inscrição das escolas, montagem dos times e treinamento dos atletas, o boicote trouxe algumas dificuldades à Secretaria de Estado do Esporte, que organiza os jogos. “Tentamos fazer os professores enxergarem a importância da competição para os alunos. Como a faixa etária é limitada, alguns teriam apenas este ano para participar”, diz Márcia.
Internet
O movimento ganhou força por meio das redes sociais. No Facebook, um grupo de discussão contrário aos jogos havia agregado 190 membros até ontem. Segundo o professor de Educação Física e secretário de Organização do APP-Sindicato, Hermes Leão, o boicote aos jogos foi aprovado pela categoria em 9 de março. Dez dias depois foram encaminhadas orientações sobre como articular o movimento em cada regional. Entre os tópicos, havia o apelo por diálogo com a direção, a busca de apoio das escolas particulares e a crítica à alternativa de designar professores de outras áreas para acompanhar os times.
“Educação Física foi a disciplina que mais perdeu com essa reforma imposta de modo autoritário pela Seed”, afirma Leão. Segundo ele, como as escolas possuíam relativa autonomia sobre sua grade curricular, algumas instituições chegavam a oferecer até quatro aulas de Educação Física por semana. Com a mudança, todos os alunos do ensino fundamental passaram a ter apenas duas aulas.
Embora a redução seja o motivo principal do boicote, os manifestantes reclamam também de problemas na organização do evento. Leão diz que é comum professores levarem alunos com o próprio carro por não haver transporte e a falta de equipamentos adequados para treino nas escolas obrigaria os docentes a improvisarem as aulas com frequência.
Entusiasmo
Esporte é importante para a formação integral dos alunos
Distantes do impasse entre professores e o governo do estado, estudantes que competem nos Jogos Escolares veem a competição como um momento de entusiasmo e integração com colegas de outras escolas. Ainda que as fases municipais e regionais não possam ser vistas como práticas do esporte de alto rendimento, a educação para o esporte é importante para a formação integral de todo estudante, diz a coordenadora dos jogos, Márcia Tomadon.
“Em todo o estado há famílias, alunos e professores apaixonados pelo torneio, que esperam o ano todo para ter a chance de competir”, diz Márcia. Em agosto, na fase final dos jogos, será lançado um livro com a história da competição, em comemoração aos 60 anos do torneio.
Aumento de hora-treinamento é solução encontrada pelo governo
Conforme explica o professor de Educação Física da rede estadual de ensino Hiderson Marciano, o problema da redução no número de aulas não é financeiro, já que o salário dos professores não foi afetado, mas tem relação com a falta de tempo para ministrar aulas com qualidade e ainda preparar os alunos para os Jogos Escolares. Como nem todos os estudantes são atletas, os professores precisam preparar uma aula destinada a toda a turma e, paralelamente, treinar aqueles que representarão a escola no torneio. “Em apenas duas aulas por semana isso é impossível.”
A proposta da Seed para solucionar o problema foi a ampliação das chamadas hora-aula treinamento, tempo a ser usado por profissionais da Educação Física para o treino de estudantes que participam de competições esportivas. Em abril, 900 escolas do estado passaram a contar com quatro horas-aula a mais para esse fim. Em 21 de março, na ocasião do anúncio dessa expansão, a secretaria informou que, depois dessa primeira etapa de implantação, a opção estaria disponível às escolas que manifestassem interesse junto aos Núcleos Regionais de Educação.
Crítica
O APP-Sindicato elogiou a proposta, mas não abre mão do aumento no número de aulas na matriz curricular. Segundo o professor Hermes Leão, uma questão que a hora-treinamento não resolve é a necessidade de os professores assumirem aulas em várias escolas para completarem a carga horária semanal. “Há professores que estavam na mesma comunidade escolar há anos e agora têm de dar aula em três escolas diferentes”, reclama.
Segundo Leão, a categoria não espera alterações para este ano letivo, mas vai insistir para uma nova mudança na matriz curricular em 2014.

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