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segunda-feira, 2 de abril de 2012

Adultos com autismo à mercê da sorte


Hugo Harada / Gazeta do Povo / Aos 26 anos, Vinícius está em seu primeiro emprego e tem o incentivo do patrão, AlessandroAos 26 anos, Vinícius está em seu primeiro emprego e tem o incentivo do patrão, Alessandro
POLÍTICAS PÚBLICAS

Crianças com a síndrome recebem diagnóstico cada vez mais cedo, lutando pela inclusão escolar, mas na vida adulta falta atendimento.

O autismo foi descrito pela literatura médica pela primeira vez em 1943, pelo psiquiatra norte-americano Leo Kranner. Pesquisas demonstram que a prevalência da síndrome é cada vez maior (a quantidade de portadores aumentou dez vezes em quatro décadas). Semana passada, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC, na sigla em inglês), divulgou a estimativa de portadores do Transtorno do Espectro Autista: uma em cada 88 crianças apresentam sintomas, sendo a prevalência cinco vezes mais comum em meninos.
Uma das explicações para o aumento das estatísticas é a melhora no diagnóstico, que acontece cada vez mais cedo e evoluiu de forma a reconhecer até mesmo os sinais mais sutis da síndrome. Mesmo antes de ser estudado pela Psiquiatria, o autismo já apresentava significativa incidência. Milhares de portadores hoje são adultos ou idosos. Sem cadastro, sem diagnóstico, sem atendimento especializado.
Hugo Harada/ Gazeta do Povo
Hugo Harada/ Gazeta do Povo / Rosana não consegue atendimento para o filho, LincolnAmpliar imagem
Rosana não consegue atendimento para o filho, Lincoln
Projeto trata síndrome como especialidade
No Dia Mundial de Consci­entização do Autismo, comemorado hoje, o plenário da Assembleia Legislativa do Paraná recebe associações, pais e profissionais da saúde envolvidos com a causa. A expectativa é que na tarde de hoje seja apresentado um projeto de lei que trata do reconhecimento do Transtorno do Espectro Autista como uma especialidade. Com isso, seria aberto espaço para a criação de políticas de atendimento aos portadores, inclusão no ensino regular e atenção às necessidades relacionadas ao autismo.
No próximo dia 25, a partir das 9 horas, o tema volta ao plenário da Assembleia em uma audiência pública, proposta pelo deputado Péricles de Holleben Mello (PT). Na ocasião, devem ser discutidas questões como o diagnóstico precoce, a oferta de atendimento especializado por parte do Estado e outras políticas públicas que favoreçam a inclusão e a chance de os portadores desenvolverem suas capacidades. As audiências públicas são abertas para a participação de toda a comunidade.
Celebração
Hoje o mundo amanheceu azul. Pelo movimento mundial “Light it Up Blue”, centenas de edifícios de vários países passarão o dia com iluminação especial em comemoração ao Dia Mundial de Conscientização do Autismo. No Brasil, assim como o Cristo Redentor no Rio de Janeiro e a Ponte Estaiada (Octávio Frias de Oliveira) em São Paulo, a Assembleia Legislativa do Paraná e a torre de transmissão da RPCTV, em Curitiba, aderiram à causa.
“Onde estão os adultos autistas? Estão em entidades de assistência social, em casas de repouso, em poucas escolas. Ou em casa, tratados como alguém com inabilidade intelectual, o que chamávamos de deficiência mental. Muitos estão sem atendimento, sem trabalho laboral adequado”, afirma o neuropediatra Sérgio Antoniuk, coordenador do Centro de Neuropediatria do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Não há vagas
A professora da rede municipal de Curitiba Rosana de Fátima Cordeiro, 43 anos, está há dois meses afastada do trabalho por estresse. Quando for liberada pelo médico para voltar ao trabalho, não sabe o que vai fazer com o filho Lincoln, 20 anos, que tem autismo e não consegue atendimento em Curitiba. “Quando consigo entrevista, a primeira coisa que perguntam é se ele está calmo. Mas sem escola ele está cada vez mais ansioso, com agressividade e instabilidade. A resposta que escuto é sempre ‘não’, porque ele tem autismo. É desesperador”, conta.
Lincoln teve características tidas como normais até os 4 anos. A partir daí, veio o isolamento, a interrupção da fala, as autoagressões e a dependência para toda e qualquer tarefa. “Ele consegue apagar a luz, mas não sabe passar sabonete no corpo. Quando era pequeno, a gente dava conta, mas não imaginava o que ia passar quando ele crescesse. Vejo que faltou alguma coisa lá atrás, quando o neuropediatra pediu um monte de exames e não apareceu nada. Ficamos sem orientação, sem ajuda”, diz.
Uma das clínicas que têm Lincoln na lista de espera é o Centro Conviver, que de forma particular atende 80 pessoas entre crianças e adultos. Não há estrutura ou profissionais especializados para ampliar o atendimento. A diretora, Luciene Vianna, diz que a cada semana recebe ao menos quatro famílias para avaliações de autismo, mas não tem como recebê-las. “Quando é um adolescente ou adulto, a situação é bem mais complicada. Pelo sistema público não há perspectiva de futuro, amparo, moradia, oficina de treinamento para o trabalho ou para a vida”, diz.
Sem incentivo, primeiro emprego se torna desafio
Com um ar de timidez e certa relutância em cumprimentar desconhecidos, Vinícius Ceccon, 26 anos, transita atarefado entre as mesas do restaurante Outback, no Shopping Curitiba. Ele foi diagnosticado com autismo na infância e frequentou uma clínica particular por alguns anos. Por indicação da clínica, conseguiu o emprego, há quase dois anos. Vai trabalhar de ônibus e gasta parte do salário com viagens, como a que fez no verão, para o Nordeste. O portador de autismo severo diz que não precisa mais de psicólogos, agora que tem um trabalho.
No início, Vinícius apenas polia talheres, um tanto incomodado com o grande fluxo de pessoas à sua volta. Hoje, tem a mesma responsabilidade dos outros auxiliares de atendente e, com o incentivo dos colegas, já se acostumou com a grande movimentação e barulho do restaurante. “Quando ele fica ansioso com alguma coisa, vai pra um espaço mais reservado que temos aqui e passa alguns minutos lá até se acalmar. Depois volta e continua com seu trabalho normalmente. Levou um tempo, mas ele encontrou essa forma de se acalmar”, conta o proprietário do Outback, Alessandro Ilkiu. Ele diz que clientes valorizam a presença de Vinícius no local e a iniciativa do restaurante.
Hoje, a contratação de pessoas com autismo ainda não têm incentivo do governo e elas não podem ser encaixadas nas vagas destinadas a pessoas com necessidades especiais, a menos que tenham deficiência mental ou inabilidade intelectual associada. Isso representa cerca de 40% dos portadores de autismo, segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC).
Considerado por muito tempo um prisioneiro de seu próprio mundo, alheio a tudo que o cerca, o portador do autismo é visto hoje como alguém que precisa de ajuda para se desenvolver e se relacionar. Com um diagnóstico cada vez mais precoce e atendimento específico de multiprofissionais, até os casos mais severos podem ter avanços e alcançar algum grau de independência. Em casos com menor comprometimento, como os que têm a chamada Síndrome de Asperger, as altas habilidades, como grande capacidade de concentração, memória e foco, podem tornar essas pessoas bastante atrativas para determinadas áreas, como as ciências exatas.

São 37 mil crianças em busca de pais


Hugo Harada / Gazeta do Povo / Os psicólogos Sandra Mara e José Henrique Volpi com os dois filhos: “eles também nos adotaram.”Os psicólogos Sandra Mara e José Henrique Volpi com os dois filhos: “eles também nos adotaram.”
INFÂNCIA

Apesar de a Lei da Adoção limitar em dois anos o período de permanência de meninos e meninas em abrigo, a quantidade de menores sem família só aumenta.

É de mês em mês que um dado desanimador cresce no Brasil: a quantidade de crianças e adolescentes vivendo em abrigos, após o afastamento do convívio familiar. Em maio do ano passado, quando os dados passaram a ser inspecionados pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), eram 30,5 mil. Em agosto de 2011 somavam 33 mil casos e atualmente são 37.240 meninos e meninas que estão sem família.
O aumento pode ser consequência de ações mais efetivas de conselhos tutelares, como a intervenção de casos por maus tratos. Mas o fato é que ativistas na área de adoção esperavam que dois fatores fossem capazes de forçar a diminuição dos números. Um deles é a criação da Lei Nacional de Adoção, de 2009, que limita em dois anos o período de permanência em abrigos; o outro é o Cadastro Nacional de Adoção (CNA), criado em 2008.
ONG quer a criação de uma 4.ª vara
Por acreditar que boa parte da demora no processo de adoção é consequência da falta de condições adequadas no Judiciário, a ONG Recriar quer que uma quarta Vara da Infância e da Juventude seja instalada em Curitiba e, ainda, mais estrutura seja disponibilizada para as varas existentes. Um documento com duas mil assinaturas foi entregue ao presidente do Tribunal de Justiça do Paraná, Miguel Kfouri Neto, o qual se comprometeu a estudar a possibilidade. A ideia do abaixo-assinado partiu do casal Rebeca e Homero Cidade, que está na fila para adotar um grupo de irmãos.
O TJ-PR informou que as Varas da Infância e Juventude do Paraná contarão com mais 75 servidores, sendo 60 deles analistas e 15 técnicos judiciários e que, em três anos, devem ser mais 200 profissionais. A juíza Maria Lúcia de Paula Espíndola, da 2ª Vara da Infância e da Juventude de Curitiba, defende mais estrutura, porém discorda que Curitiba deve ganhar mais uma vara judicial exclusiva para adoção. “Hoje contamos com nove pessoas no cartório e em 2010 eram apenas três. Melhorou e vai andar mais rápido daqui para frente”, explica. A quantidade de psicólogos e assistentes sociais também aumentou. Hoje a equipe é formada por seis psicólogos, três assistentes sociais, três estagiários, dois motoristas e quatro assessores.
Justiça
Mudanças para agilizar o processo no sistema judicial de Curitiba
Algumas alterações já ocorreram no sistema judicial da capital paranaense. Agora existem três Varas da Infância e da Juventude. A terceira trata dos processos de menores em conflito com lei. A primeira e a segunda cuidam de medidas de proteção a menores, de acompanhamento em abrigos, de destituição do poder familiar e de encaminhamento para adoção.
Até janeiro de 2012, o trabalho era separado entre as duas Varas. A primeira era responsável pela destituição familiar e a segunda pelo processo de adoção. Por resolução do Tribunal de Justiça do Paraná, desde o começo do ano ambas têm a atribuição de cuidar do processo todo: retirada da família original, acompanhamento no abrigo e encaminhamento para adoção, dividindo entre elas o número de procedimentos. O entendimento agora é de que o juiz responsável pela destituição do poder familiar deve ser o mesmo que encaminha para adoção.
Conta que não fecha
Para cada seis pessoas dispostas a adotar um filho, há uma criança à espera de novos pais. Se há mais pretendentes do que meninos e meninas aptos à adoção, por que ainda existem menores na fila? Além de fatores como cor da pele, gênero e idade, um dos empecilhos é que muitas crianças têm irmãos e a maioria dos pretendentes não quer essa adoção conjunta. A lei de adoção não permite a separação de irmãos, levando em consideração, principalmente, manter o vínculo familiar existente.
Estima-se que, quando não havia acompanhamento constante dos casos de abrigamento, aproximadamente 80 mil crianças e adolescentes viviam em instituições no Brasil. O número nos dias atuais teria caído a menos da metade, contudo, por outra triste realidade: as meninas e os meninos atingiram 18 anos e tiveram de deixar os abrigos, sem terem ganhado novos pais. O Paraná ocupa a quinta posição no ranking de números de abrigados, com 2.943 em 131 casas de acolhida.
Aumenta também os registros de crianças e adolescentes aptos à adoção. Eram 4.427 em março de 2011 e são 5.049 atualmente – 14% a mais. O acréscimo até pode ser considerado positivo, porque em mais casos de abrigamento a Justiça agiu, concluindo o complicado processo de destituição do poder familiar e permitindo que se começasse a procura por novos lares para eles.
Estrutura
Para a ONG Recriar, que auxilia pessoas interessadas em adotar, a falta de estrutura suficiente acarreta numa angustiante demora, tanto para as crianças e jovens quanto para os candidatos a pais. Um levantamento em Curitiba apontou que a habilitação de pretendentes a adotar demora cerca de um ano e, depois, são em média mais dois anos de expectativa para quem quer adotar grupos de irmãos; três anos para a adoção de uma criança acima de seis anos e cerca de cinco anos para a adoção de um bebê de até um ano de idade.
A juíza Maria Lúcia de Paula Espíndola, da 2ª Vara da Infância e da Juventude de Curitiba, discorda do cenário apresentado pela ONG. A juíza assegura que o processo de habilitação – em que os pretendentes a pais cumprem as exigências judiciais, como apresentar documentos e participar de cursos e entrevistas – leva em torno de oito meses. “Esse período é essencial para que haja um amadurecimento da decisão de adotar e da percepção do que representa assumir a criança. Às vezes, a família chega aqui querendo um bebê, mas com o passar do tempo entende que o que considerava essencial não é mais”, diz. Ela também garante que, se um casal quer adotar um grupo de irmãos, o processo leva menos de um ano.
Casal conseguiu adotar porque buscou sozinho
O casal Sandra Mara e José Henrique Volpi tinha tudo para concluir o processo de adoção rapidamente. Juntos há 17 anos, os dois psicólogos, que não faziam exigências quanto a gênero, idade e pré-existência de doenças, aceitavam também adotar irmãos. Contudo, mesmo depois de concluído o processo de habilitação, eles não foram incluídos no Cadastro Nacional de Adoção (CNA). “Descobrimos que o nosso processo estava parado no cartório há uns seis meses”, conta Sandra Mara. Em setembro de 2009, ela e o marido iniciaram o processo de adoção. Seis meses depois estavam aptos. Mas nada do telefonema que tanto esperavam do Judiciário.
Foi quando foram informados sobre um casal de irmãos, de 8 e 4 anos, em Santa Catarina, que estava no cadastro para adoção. Rafael e Angélica estavam prestes a serem encaminhados a algum país estrangeiro por causa da suposta falta de interessados no Brasil.
A questão é que, para adotar o casal de irmãos, José Henrique e Sandra Mara deveriam estar no CNA, mas não estavam. “Só ficamos sabendo do caso em Santa Catarina porque uma amiga que sabia da nossa procura nos informou”, relata Sandra. O contato aconteceu em maio de 2010. O CNA foi criado em 2009 justamente para vencer as barreiras geográficas dentro do próprio país.
A psicóloga conhece outros casos de famílias paranaenses que recorreram ao sistema de Santa Catarina porque não aguentaram esperar o desenrolar do processo por aqui. “É muita expectativa. É um tempo doloroso demais. E também é ruim para a criança que está em um abrigo esperando uma família. A demora não deveria ser maior do que um ano”, acredita. Agora, felizes com os dois filhos, Sandra defende a chamada adoção tardia. “Foi muito mais fácil lidar com crianças que tinham consciência de que estavam sendo adotadas. Costumamos dizer que foi uma adoção mútua. Elas também nos adotaram”, resume.

domingo, 1 de abril de 2012

Cultura e pensamento: o declínio da Grande Arte


A capela Sistina, no Vaticano, foi criada por Michelangelo. Foto: AFP

VOLTAIRE SCHILLING
O Estado e a Religião, por séculos, foram os verdadeiros patrões das artes, pelo menos da Grande Arte. Das pirâmides de Gizé ao Pártenon de Atenas, do palácio de Dario em Persépolis à catedral de São Pedro em Roma, da escultura de Zeus em Olímpia à estátua eqüestre de Marco Aurélio, dos murais de Giotto no Santuário de Assis à pintura da Capela Sixtina do Vaticano feita por Miguel Ângelo, todas elas foram expressão estética da grandeza do Estado ou o da Religião. Será possível ambicionar-se que a Grande Arte possa vir algum dia a ocorrer em sociedades democráticas em que aqueles dois poderes não existem mais na mesma dimensão?
O artista, o estado e a religião
Não foi somente os que lidavam com cinzéis, pincéis e formões, como se deu no caso dos escultores e pintores tais como Fídias, Policleto , Agatarco, Appeles, quem se avassalou frente ao Estado e à Religião, pois quem empunhava a pena e o papel também o fizeram. O poeta Homero eternizou os príncipes bárbaros da Grécia Arcaica, os filósofos Platão e Aristóteles redigiram constituições para tiranos e reis: o orador Cícero serviu à República Romana, o magistral Dante criou a epopéia do cristianismo enquanto Shakespeare encenou a crônica trágica dos reis bretões. Das mãos e dos cérebros deles é que se gerou a Grande Arte, aquele que atravessou os tempos e imortalizou seus autores e patrocinadores.
Da arte popular, aquela feita pelo povo para o seu usufruto, o tempo, o vento e a areia trataram de fazer desaparecer. Aqui e ali, nas escavações arqueológicas no Egito, na Turquia, na Grécia ou na Itália, encontra-se uma ânfora, um vaso, um copo de estanho, uma lasca de cerâmica, quase mais nada. Bem pouco disso é relevante sob o ponto de vista da estética e da própria historia da arte.
Houve, assim, ao longo da história, uma íntima relação entre os dois maiores patrocinadores, o imperador e o papa, com a Grande Arte, que é a realmente significativa e que se mostrou capaz de sobreviver aos vandalismos, às guerras e às demais agressões das intempéries. A quem, pois, estaria a Grande Arte a serviço quando tais colossos do Ocidente, a coroa e a mitra, começaram a declinar juntamente com o poder da aristocracia? A quais novos patrocinadores o artista se colocaria então à disposição?
A Era da Soberania do Artista
A revolução Francesa, é consenso, inaugurou uma nova era na história ocidental. Do mesmo modo que emancipou o servo das obrigações feudais e o vassalo em relação ao suserano, emancipou por igual o artista dos seus patrocinadores históricos: o Estado e a Religião.
O contraditório da nova situação deles na modernidade viu-se pelo fato de que pela primeira vez em que os artistas ficaram totalmente livres dos seus antigos patronos, inaugurando a Era da Soberania do Artista, eles sentiram-se totalmente desamparados (a triste fama do artistas solitário, esfaimado e meio doido, tipo Van Gogh, Gauguin ou Modigliani, destruídos pelo álcool e pela incompreensão, surgiu justo naquele época). A liberdade estética deles cobrou seu preço, reduzindo muitos deles a uma vida de privações e doenças.O sentimento de orfandade os acompanhou para sempre.
Nietzsche enxergou nisso o maior perigo para a Grande Arte pois a ausência dos patrocinadores históricos, obrigava o artista a seguir o gosto popular, abrindo assim o caminho para o mau gosto: o império do kitsh.
Duas tentações passaram desde então a rondar os artistas contemporâneos. De um lado, a exigência de dedicarem-se à arte engajada, de colocar o seu métier "a serviço das causas sociais", transformando o artista em "companheiro de viagem" dos novos evangelistas, em defensores das reivindicações dos operários e dos pobres em geral (o ápice desse comprometimento da arte com uma ideologia político-social foi atingido durante os regimes totalitários do século 20 , como por exemplo foi o caso do "realismo socialista" dos stalinistas, e da "arte ariana" dos nazi-fascistas, ambos com pretensões de expressarem a estética do povo comum).
Hermético, incompreensível, inatingível
A outra alternativa era alienar-se das coisas da política. Manter-se à inteira disposição do mercado, em atender aos inconstantes gostos, crescentes e insaciáveis, da sociedade de consumo. Fazer da arte uma mercadoria (como Andy Warhol fez com o seu pôster da sopa Campbell, de 1968) ou um entretenimento ligeiro, como é o caso da novela policial e da historinha de amor.
Os que se negaram a seguir a "Causa" ou ao Mercado, entregues a si mesmo, posam como eremitas modernos, caso foi o caso de Marcel Duchamp. Estes se refugiam numa espécie de limbo estético crescentemente inacessível ao público usual de arte, cultivando um conceptualismo hermético e cada vez mais indecifrável.
Seja como for a Grande Arte parece ter-se ido para sempre do cenário artístico do Ocidente.(**)
(**)A famosa crítica que George Steiner fez em relação aos Estados Unidos, como um país incapaz de produzir a Grande Arte, procede mas com a atenuante de que na América do Norte nunca houve um estado forte como o absolutismo ou uma igreja dominante com deu-se com o catolicismo na Europa Medieval. A falta desse dois grandes patrocinadores das artes fez com que os Estados Unidos se destacassem na cultura de massas, naquilo que é descartável: Hollywood e a Disneylândia.

EUA oferecem bolsas a estudantes do Programa Ciência sem Fronteiras


A Embaixada dos Estados Unidos, através da Coligação das Entidades de Educação e Cultura Brasil-EUA, destinou 200 mil dólares para bolsas de estudos em cursos intensivos de inglês e cultura americana para estudantes interessados em candidatar-se ao programa Ciência sem Fronteiras, do governo brasileiro. As bolsas inicialmente beneficiarão um mínimo de 125 estudantes de baixa renda com excelência acadêmica e que residam nas cidades de: Belém, Belo Horizonte, Brasília, Campinas, Curitiba, Guarapuava, Londrina, Manaus, Marília, Recife, Ribeirão Preto, Rio de Janeiro, Salvador, São José dos Campos, São Paulo e Sorocaba.
O programa, intitulado English³ (English Cubed ou Inglês ao Cubo), será dividido em três módulos: preparatório de 60 horas-aula para o teste de proficiência em inglês TOEFL, curso de 60 horas-aula de técnicas de redação e apresentação em inglês, e um curso de 30 horas-aula sobre a vida acadêmica e cultural dos EUA.
Os interessados em concorrer à bolsa de estudos devem estar matriculados em um curso superior de tecnologia nas áreas e temas indicados no descritivo do programa Ciência sem Fronteiras, ser brasileiro, ter, no mínimo, 600 pontos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), apresentar bom desempenho acadêmico, ter concluído no mínimo 40% do currículo previsto para o curso de graduação, ter nível intermediário de proficiência em língua inglesa e comprovar a necessidade de auxílio financeiro.
Para mais informações sobre o English³, visite: www.english3.com.br e para o Programa Ciências sem Fronteiras: www.cienciasemfronteiras.gov.br/web/csf.

Universidades podem perguntar a orientação sexual de aluno nos EUA


As universidades estatais da Califórnia (EUA) estudam questionar os alunos sobre sua orientação sexual nos formulários de matrícula do próximo ano letivo para conhecer a percentagem de homossexuais entre os estudantes, segundo publicou nesta sexta-feira o Los Angeles Times em seu site.
A iniciativa, que começou a ser avaliada nos 23 campi do Estado, responde a um relatório da rede de universidades que determina que os alunos gays sofrem maiores taxas de depressão e têm mais propensão a faltar com o respeito que seus companheiros.
O objetivo seria conhecer a dimensão da comunidade gay dentro dos centros de educação superior para poder atender a suas "necessidades específicas para sua segurança e apoio educacional", explicou Christopher Ward, assistente do democrata Marty Block, que impulsionou no ano passado a lei AB 620 contra os abusos escolares a homossexuais.
Em qualquer caso, a resposta à pergunta sobre a orientação sexual será opcional e dependerá de cada aluno revelar oficialmente sua condição.
O republicano Tom Harman, que votou contra a lei AB 620, assegurou que essa medida representará uma "invasão da privacidade" e alertou dos problemas que poderia causar se essa informação pessoal caísse nas mãos erradas.
Uma pesquisa realizada em 2010 entre estudantes universitários na Califórnia determinou que 87% dos consultados eram heterossexuais, 3% se declararam gays ou lésbicas e outros 3% se consideraram bissexuais, enquanto 1% confessou não ter certeza de sua opção. O restante preferiu não responder.

Você sabe por que o Dia da Mentira é comemorado em 1º de abril?


Quem nunca contou uma mentirinha ou fez uma brincadeira com familiares e amigos, que atire a primeira pedra. O Dia da Mentira, também conhecido como Dia dos Bobos ou dos Tolos, é celebrado em 1º de abril e não, não está sendo extinto ou algo parecido.

A data é conhecida por permitir a diversão entre crianças e adultos, pregando peças, contando mentiras e fazendo piadas uns com os outros por puro prazer. Mas você sabe por que esta data é comemorada no primeiro dia do mês de abril? Confira essas e outras curiosidades a seguir.

Como surgiu?

Todo dia 1º de abril é a mesma coisa. Caímos em "pegadinhas" e ouvimos piadas de amigos e parentes aqui e ali. É tradição do Dia da Mentira (ou Dia dos Bobos) contar histórias que não tenham um fundo de verdade para as pessoas e pregar peças em quem estiver por perto. Mas como isso começou?

Dentre tantas explicações, a mais conhecida é a de que o Dia da Mentira surgiu na França, no século 16, quando o Ano-Novo era comemorado no dia 25 de março e as festas duravam uma semana, só terminando no dia 1º de abril.

Em 1564, o Rei Carlos IX adotou oficialmente o calendário gregoriano, que passava o dia de Ano-Novo para 1º de janeiro. Muitos franceses resistiram à nova tradição e ainda comemoravam a data conforme o calendário antigo. Gozadores da época então passaram a ridicularizar estas pessoas, consideradas bobas por seguirem algo que não era verdade, enviando presentes esquisitos e convites para festas que não existiam.

Como veio para o Brasil?

Em 1º de abril de 1848, foi lançado em Pernambuco um periódico chamado "A Mentira", que noticiava o falecimento de Dom Pedro já em sua primeira edição. O artigo foi desmentido no dia seguinte.

O jornal teve sua última publicação no dia 14 de setembro de 1849, na qual convocou todos os credores para um acerto de contas no dia 1º de abril do ano seguinte, dando como referência um local inexistente.

É uma tradição mundial?

Sim. Países do mundo inteiro adotaram o 1º de abril como o Dia da Mentira. Na Itália e na França, as pessoas que caem nas peças pregadas nesta data são chamadas de Peixes de Abril, ouPesce d'Aprile e Poisson d'Avril, respectivamente. Em países de língua inglesa, como Inglaterra e Estados Unidos, o Dia da Mentira costuma ser chamado de April Fool's Day (Dia dos Tolos de Abril).

Sabe-se, porém, que algumas pessoas do oriente desconhecem esse costume ocidental do Dia da Mentira, o que as torna mais vulneráveis às histórias falsas que são contadas na internet.

Até a meia-noite

Muitos são aqueles que acreditam nas superstições sobre o Dia da Mentira ou Dia dos Bobos, mas isto não é universalmente aceito. Dizem, por exemplo, que as mentiras só devem ser contadas até a meia-noite do dia 1º de abril. Caso contrário, o "mentiroso" terá má sorte por um bom tempo. Alguém que não aceita as brincadeiras nesta data ou as leva a sério também deve sofrer com o azar.

Algumas pessoas acreditam que o 1º de abril não é um bom dia para marcar casamentos, formaturas, eventos importantes e datas especiais. Algo pode dar errado, ou, quem sabe, as pessoas podem achar que é uma mentirinha contada aos bobos. Dizem, ainda, que aquele que for enganado por uma mulher bonita será recompensado com o matrimônio ou, pelo menos, uma bela amizade dela.