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sábado, 7 de abril de 2012

As 14 capelas do santuário de Bento


Templo construído por um imigrante português, nos Campos Gerais, tem entrada gratuita e faz parte do turismo religioso da região.

Ao longo de um corredor de grama baixa, cercado por muitas árvores, 14 capelinhas feitas de pedra contam a história de um imigrante português que viveu no Paraná. Elas, durante o ano todo, fazem parte do roteiro religioso de várias excursões. Dispostas na forma de uma grande cruz deitada, as construções compõem o Santuário do Senhor Bom Jesus do Monte, localizado em Vieiras, comunidade situada a 35 quilômetros de Palmeira, nos Campos Gerais.
Biografia
Uma história transmitida de geração em geração
A busca de Bento Luís da Costa por uma vida melhor começou cedo. Nascido em 1884, aos 12 anos de idade, ele saiu da Vila de Sampaio de Merlin, em Portugal, e veio para o Brasil. Seu destino era Curitiba, onde trabalharia com o tio. “Antes de embarcar, ele recebeu da mãe um rosário que ela sempre usava no pescoço e, da irmã, um lencinho com uma mensagem de carinho bordada”, conta a biógrafa de Bento, Marilis do Rocio Costa, casada com um dos netos dele.
Em Curitiba, Bento logo começou a trabalhar na Fábrica de Chapéos e Chapéos de Sol Bento Braga e Cia, localizada na Rua XV de Novembro, 47. “Ele apanhava muito desse tio. No final da adolescência, revoltado com a situação, ele chegou a se esconder nas Ruínas de São Francisco. Numa ocasião, ele quase foi para o Rio de Janeiro, onde embarcaria para Portugal tão pobre como quando chegou”, conta Marilis, que finaliza um livro sobre a vida do imigrante.
Entretanto, Bento foi convidado para trabalhar com Amadeu Teixeira Pinto, dono de um armazém em outra localidade. “Os dois pegaram o trem e foram para Vieiras”, lembra a biógrafa. Além de patrão, Bento considerava Amadeu como um irmão. Com ele, o jovem português aprimorou a leitura e a escrita e ainda teve lições de administração que levou para a vida toda. Nos Campos Gerais, Bento montou o próprio comércio e teve uma serraria.
Nome mantido
Já idoso, ele voltou com a família para Curitiba. Bento faleceu em 1974, aos 90 anos. Segundo Marilis, ele pediu a toda a família que o nome dele fosse perpetuado pelas gerações. “Eu sou nora do Bento Filho, casada com o Bento Neto, mãe do Bento Bisneto. Já o meu neto, achamos por bem recomeçar tudo. O nome dele é igual ao do trisavô: Bento Luís da Costa”, salienta. São os familiares que conservam o santuário em Vieiras.
Curiosidades
Cada construção guarda fatos que marcaram a vida do imigrante
Bento Luís da Costa procurou manifestar a gratidão por suas conquistas nas capelas que ergueu no santuário de Vieiras. Algumas delas chegam a ser curiosas, como a dedicada à Nossa Senhora das Graças, inaugurada em 13 de abril de 1952, em que comemora os 50 anos da conquista do primeiro lugar em duas corridas de bicicleta em Curitiba.
Bento dedicou outra capelinha à Santa Amélia e ao cinquentenário da chegada de sua esposa, Amélia, a Vieiras. Na parede, um texto de 1941, copiado do antigo Almanaque Ross, diz: “Ai do homem que faça chorar uma mulher boa, porque Deus conta suas lágrimas”.
Contudo, não apenas para a sua família e para a sua história Bento reservou as capelas. Na construção dedicada a São Benedito, inaugurada em 13 de maio de 1962, um dos aniversários da abolição da escravatura, o imigrante português presta uma homenagem aos escravos e manifesta a sua indignação pela humilhação sofrida por eles durante séculos no Brasil.
O santuário foi idealizado por Bento Luís da Costa, falecido há 27 anos. Essa foi a forma que ele encontrou para agradecer as graças que recebeu durante os cerca de 50 anos que viveu em Vieiras. Dedicada a Bom Jesus do Monte, a mais antiga e a maior das capelas foi inaugurada em 29 de janeiro de 1935. Ela faz referência ao santuário português de mesmo nome situado na cidade de Braga, visitado por Costa quando menino – local que também inspirou a construção do Santuário Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas (MG).
As demais capelas, propositalmente iguais, foram erguidas no entorno da primeira. As construções comportam, sem esbarrões, no máximo três pessoas. Cada uma guarda particularidades religiosas e parte da vida do imigrante português. Uma história que pode ser conhecida por qualquer visitante, já que o santuário tem entrada franca e as portas das capelas nunca são trancadas. Não há dificuldade para saber a que as capelas se referem. Costa deixou o significado de todas registrado nas paredes.
História pessoal
A inauguração da primeira capela, por exemplo, coincide com os 25 anos do casamento de Bento com Amélia Wood Costa (leia sobre as outras capelas nesta página). Um manuscrito amarelado conta que, por se tratar de uma propriedade particular, a missa de Bodas de Prata não poderia ser celebrada lá sem o consentimento do arcebispo de Curitiba, Dom Ático da Rocha. Como era amigo do arcebispo, Bento conseguiu a autorização.
Bento e Amélia tiveram seis filhos. Aos 92 anos, Othília Costa Cordeiro é a única viva. “Ele [Bento] era um homem muito generoso. Jamais esqueceu o que a mãe e o pai lhe ensinaram”, lembra a filha.
O santuário também reserva espaço para os dons artísticos da família. Duas pinturas – uma de São Francisco Sales e outra de Nossa Senhora Aparecida – mostram uma técnica que preserva um brilho que salta aos olhos. “Isso é resultado da técnica que nós utilizamos. A pintura foi feita sobre uma folha de papel alumínio que foi amassada e depois aberta. Aprendemos isso com as irmãs do Colégio Sant’Ana, em Ponta Grossa”, explica Othília, autora de uma das obras.

Serviço

Dia de festa: Palmeira comemora hoje 193 anos. O Santuário do Senhor Bom Jesus do Monte, localizado a 35 quilômetros da cidade, em Vieiras, é uma boa opção para quem estiver pela região. O conjunto de capelas fica a 115 quilômetros de Curitiba, na BR-277, entre Palmeira e Irati. Fica aberto o dia todo, com entrada franca, e dispõe de banheiros e um barracão com mesas e churrasqueiras.

Em Palmeira, a festa ocorre no Complexo Esportivo Municipal, na PR-151, próximo ao posto Guapo. Lá, segue até amanhã a 5ª Expo Palmeira, uma feira de indústria, comércio e agronegócio. A entrada é gratuita e a programação conta com vários shows de duplas sertanejas e outras atrações.

Escolas buscam remédio antiviolência


Especialistas dizem que não bastam políticas públicas para reduzir a criminalidade nas instituições de ensino. É preciso envolvimento total.

Passado um ano do massacre que resultou na morte de 12 crianças em uma escola no bairro de Realengo, zona oeste do Rio, a efetividade da adoção de medidas de segurança – visando a coibir casos de violência de menor gravidade –, é uma preocupação viva em instituições públicas e privadas. Para especialistas, câmeras de segurança, muros, policiamento e empenho apenas das escolas não são suficientes para afastar de vez o perigo.
Para a doutora em Educação e professora da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Araci Asinelli da Luz, faltam políticas integradas de segurança que não envolvam apenas o poder público ou medidas pontuais, mas que tenham a participação de toda a comunidade. “O ideal seria adotar o modelo norte-americando: a comunidade estabelece as medidas de segurança e o governo as financia”, diz ela.
Alternativas
Além de policiamento, dar espaço ao diferente gera mais segurança
Anna Simas e Angélica Favretto, especial para a Gazeta do Povo
O policiamento que se tem hoje nas escolas para combater agressões físicas e psicológicas é insuficiente e as brechas para a violência ainda existem. Embora a Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) não divulgue dados, a percepção de que o ambiente escolar é violento atinge 52% da população, segundo pesquisa divulgada ano passado pela Paraná Pesquisas.
Nas escolas particulares não há regras únicas de segurança, cada instituição tem autonomia para escolher qual medida adotar. Geralmente, elas optam por câmeras e controle rígido de entrada e saída das escolas, mas algumas vão além. “Tentamos bloquear situações de risco, entretanto sabemos do perigo que ronda os espaços próximos à escola”, diz a diretora do Dom Bosco da sede Batel, Célia Bitencourt, citando que recentemente uma mãe que ia buscar as filhas na escola fora assaltada.
Na rede municipal existe o apoio da Guarda Municipal, responsável por manter um agente dentro de cada escola nos horários de aula e que também auxilia no controle do trânsito. Já na rede estadual, a responsável é a Patrulha Escolar, que faz palestras e teatros educativos, além de atender a chamadas pontuais quando ocorre algum caso de violência.
Pontos cegos
Para o advogado especialista em segurança pública e professor da Universidade Positivo (UP) Maicon Guedes apenas o policiamento na porta da escola não é suficiente para manter um ambiente seguro. “Existem pontos cegos na escola, como estacionamento e banheiros isolados, espaços onde pode acontecer violência. Para evitar isso, o ideal é ter monitores que fiscalizem o tempo todo esses locais”.
Porém, para o especialista em política escolar e professor da Faculdade de São Paulo (USP) Roberto da Silva o policiamento e a vigilância rígida são formas de criminalizar a criança e o jovem e não resolvem o problema. “A escola precisa ter um lugar para manifestações daqueles alunos que não são os mais aplicados. Essa falta de espaço para o diferente, para aqueles que não se adequam como exemplos de comportamento, por exemplo, faz com que os alunos que se sentem excluídos gerem violência”.
Realengo ainda carrega feridas do massacre
Folhapress
O dia 7 de abril de 2011 marcou para sempre as famílias de 12 alunos da Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, zona oeste do Rio, assassinados pelo ex-aluno Wellington Menezes de Oliveira, de 23 anos. No massacre, outras 11 crianças foram feridas.
Um ano depois do ataque, 42 alunos ainda recebem atendimento psicológico de uma equipe especial montada pela prefeitura. Elas tentam se recuperar do trauma causado pelo ex-aluno que na manhã de uma quinta-feira invadiu duas salas do 8.º ano atirando com dois revólveres.
Para ajudar os 1.162 alunos a superarem o trauma, a escola foi totalmente reformada. Um prédio novo foi construído ao lado do antigo. Grades substituíram os muros.
Professores também são orientados sobre como conduzir o assunto do massacre dentro e fora da sala de aula. “Nossa meta é continuar trabalhando em conjunto, porque só o coletivo é capaz de conseguir superar essa dor”, disse Luís Marduk, o diretor da escola.
Três psicólogos, dois assistentes sociais e dois professores investem em projetos para tentar apagar as marcas deixadas pelo massacre.
Síndrome do pânico, dificuldade de guardar informações, baixo desempenho escolar, depressão e insônia são alguns dos efeitos relatados.
Até aquele dia, a estudante Thayane Tavares Monteiro era um talento promissor no salto em distância. O atirador a atingiu quatro vezes e Thayane ficou paraplégica. “O maior salto que eu dei foi ter sobrevivido a quatro tiros”, diz a adolescente.
Alternativa
Atuação da população seria uma das saídas para levar mais segurança às escolas, segundo especialistas. Quem está dentro ou no entorno da escola e vive o problema é quem deve apontar a necessidade de mais portões, câmeras ou ações de combate às drogas ou ao bullying.
Em vez de políticas públicas, segundo Araci, naquele país é incentivado o protagonismo da população. Ou seja, quem está dentro ou no entorno da escola e vive o problema é quem aponta se serão necessários mais portões, câmeras ou ações de combate às drogas ou ao bullying, por exemplo. “Se o tráfico chega em uma escola, é porque a comunidade está vulnerável a ele, então é ela quem deve apontar o que precisa ser feito. De nada adianta a medida vir de fora e a sociedade não se comprometer”, diz.
Esse comprometimento de todos também afasta o bandido do ambiente escolar. À medida que ele conhece o trabalho da escola e suas necessidades, passa a respeitá-la. Nesse sentido o trabalho das lideranças comunitárias é essencial, pois são elas quem tem o papel de divulgar a importância da instituição de ensino.
Soluções
Existem outras medidas que vão além da participação da comunidade. Uma delas seria mudar a forma como o professor encara e trabalha com a violência. Para a coordenadora do projeto Não Violência, Adriana Araújo Bini, o docente precisa conversar mais com os alunos em sala de aula e incentivá-los a serem mais pacíficos, tolerantes e a controlarem a raiva. “Falta incentivo à paz. O professor foca no conteúdo e não diz às crianças e aos jovens como fazer. Se mudássemos isso, a violência reduziria muito”.
Porém, não cabe apenas ao docente o papel de educar contra a violência, até porque ele não é capaz de mapeá-la sozinho. Quando os pais participam da vida escolar dos filhos, ao frequentarem a instituição eles ficam sabendo o que os alunos fazem em horário de aula e até mesmo se seu filho é também um agressor, já que muitas vezes o jovem tem comportamento diferente em casa e na escola. “Há famílias que não vão à escola nem mesmo para pegar o boletim. Sem conhecer como o filho se comporta elas podem estar ajudando a criar pequenos monstros”, diz Cezar Bueno de Lima, sociólogo e pesquisador de políticas públicas da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR).
Esse desconhecimento em relação ao comportamento do filho é um dos grandes geradores de violência não apenas dentro da escola como fora dela.
Instituição ataca a ociosidade e as infrações
O Colégio Estadual Mil­­ton Carneiro, no Alto Bo­­queirão, em Curitiba, tem 941 alunos matriculados e é um exemplo de que o trabalho em comunidade pode gerar bons frutos. Desde agosto de 2010, a escola passou a adotar medidas próprias para conter o vandalismo, a desmotivação do corpo docente e dos alunos, e conseguiu reverter um quadro preocupante. Geneci Gonçalves, diretora da escola há nove meses, atuava, na época, na área pedagógica da instituição e conta que, sem o apoio dos pais, todo o projeto poderia ir por água abaixo. “Antes tínhamos dificuldade em ter os pais presentes em reuniões pedagógicas e por qualquer motivo os alunos faltavam. Com muito trabalho conseguimos mudar essa situação.”
Substituição
Quando por algum motivo um professor falta, outro em hora atividade fica com os alunos em sala, contornando o que ela chama de uma “falha grave do ensino público”, a falta da figura dos professores substitutos imediatos. “Sem professor os alunos vão para o pátio, e ali, por não terem o que fazer, eles podem começar a discutir, a depredar e a pichar.”
Outra ideia que surtiu efeito foi a Sala de Medida Disciplinar. O aluno que é pego faltando aula, pulando muro ou cometendo qualquer outra falta grave, como desrespeitar colegas e professores, vai para uma sala onde é assistido por uma professora. Ali ele faz suas atividades até que o pai seja avisado da situação. “A distância dos colegas e o isolamento têm feito com que os alunos parem de tomar essas atitudes infratoras.”
Marcação cerrada
Para evitar que o aluno saia da sala e fique andando pelo colégio, inspetoras ficam nos corredores durante o período de aula cuidando da circulação. Ir ao banheiro, somente um de cada vez.
Os alunos possuem, tam­­bém, uma ficha onde fica registrado tudo o que acontece com ele no tempo em que está matriculado na escola. Essa ficha é usada em conselhos de classe. Além disso, há um caderno de protocolo assinado pelo estudante toda vez que ele recebe um comunicado da escola dirigido aos pais. A entrada e a saída deles também é observada de perto por inspetores e direção, e a Patrulha Escolar, sempre que possível, está presente.

Cerca de 5 mil pessoas participam da Procissão do Senhor Morto


Fiéis caminharam rumo à Catedral de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais na tarde desta sexta-feira

Cerca de 5 mil pessoas participaram da Procissão do Senhor Morto em Curitiba nesta sexta-feira (6), segundo estimativas de agentes da Secretaria Municipal do Trânsito (Setran) que acompanharam o caminhada. As ruas do Centro foram tomadas pela tradicional manifestação de católicos na Sexta-Feira Santa. Músicas e orações celebraram a data no trajeto entre diversas igrejas e a Catedral de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais, próxima à Praça Tiradentes.
Perto das 16 horas, grupos saíram das igrejas do Perpétuo Socorro, do Bom Jesus e de Nossa Senhora do Guadalupe. Eles se encontraram na altura do cruzamento da avenida Marechal Floriano com a Marechal Deodoro.
Algumas vias do centro da cidade ficaram interditadas por minutos, enquanto os fiéis passavam, sendo acompanhados por agentes da Setran.

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Bullying religioso cresce nas escolas do País, diz líder ateu


O presidente da Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos (Atea), Daniel Sottomaior, denuncia que os casos de bullying religiosos dentro de instituições de ensino estão cada vez mais comuns "e acontecem todos os dias nas escolas do País". "Na maioria das vezes somos procurados por jovens que sofrem preconceito em sala de aula e não sabem como agir. Passamos orientações e alguns embasamentos. Infelizmente, os próprios educadores não estão cientes das leis e acabam discriminando esses estudantes", disse.
O caso mais recente e que tomou repercussão nacional na última semana foi o do estudante Ciel Vieira, 17 anos, aluno da Escola Estadual Santo Antônio, que fica na cidade de Miraí, região da Zona da Mata de Minas Gerais. Em vídeos postados no Youtube, ele relatou ter sido discriminado por professores e colegas pelo fato de não acreditar em Deus. O Terra conversou com Ciel e a mãe dele, Márcia Cristina Vieira.
"Tudo teve início quando uma professora de geografia disse que faria orações antes de começar suas aulas. Eu, por ser ateu, ficava em silêncio e ela começou a notar e disse que 'quem não tem Deus no coração, não será nada na vida.' Eu achei um absurdo o que ela falou, mas fiquei na minha. Depois, procurei a Atea para relatar o que havia acontecido. Então, eles me enviaram parte da Constituição que fala que o Estado é laico e ela não poderia pregar em instituição pública. Mostrei a ela, que disse desconhecer esta lei, e resolvi fazer o vídeo como forma de protesto", disse Ciel.
"Quando somos procurados, tentamos orientar e nos colocar a disposição para dar outros tipos de andamentos, como por exemplo entrar com ação no Ministério Público, se for da vontade da pessoa", afirmou Sottomaior. Ciel postou dois vídeos na internet nas duas últimas semanas. No primeiro, relatou, com uma gravação feita por ele dentro de sala de aula, que durante a oração do pai-nosso, os colegas o hostilizaram dizendo: "mas livrai-nos do Ciel. Amém".
"Sou kardecista e há dois anos, depois de muito estudar, ele resolveu ser ateu. Não vejo nada de errado. Cada um tem suas opiniões e essas precisam ser respeitadas. Fiquei muito triste com a situação porque colegas começaram a dizer que ele tinha parte com o demônio. Ele é um garoto que sempre foi muito respeitoso e íntegro e fiquei chateada pelo ocorrido", afirmou a mãe dele, Márcia Cristina.
Terra tentou várias vezes contato com a direção da escola, que não quis se pronunciar sobre o caso. A professora citada por Ciel não foi localizada. A Secretaria Estadual de Educação de Minas Gerais (SEE-MG) informou que ainda apura o que aconteceu para tomar medidas.
A mãe do estudante esteve na escola na última sexta-feira para conversar com a direção sobre o ocorrido. "Ele (o diretor) disse que ia mudar a professora de horário, porque ela só faz orações no primeiro período. Mesmo assim, falei que ele poderia rever alguns conceitos. Eles se mantiveram um pouco irredutíveis quanto às orações, talvez por desconhecerem a lei. Acho que poderiam falar sobre bulliyng de uma maneira mais esclarecedora aos estudantes e não da forma como foi", relatou ela.
Em 2009 outro caso parecido ganhou repercussão em Minas Gerais. Foi na cidade de Aimorés, no Vale do Rio Doce. Um estudante teria sido retirado de sala de aula por não querer tirar o boné durante uma oração. O estudante, de 17 anos, foi levado até a sala da direção e gravou o momento em que conversava com uma mulher, que seria vice-diretora. Ela exigia que não usasse o acessório no momento das orações.

Doutrina da Igreja é "irrevogável", diz papa


O papa Bento XVI reagiu com vigor nesta quinta ao Apelo à Desobediência, um manifesto assinado por um grupo de padres austríacos que, em junho do ano passado, decidiu adotar iniciativas contrárias à orientação de Roma para forçar mudanças na Igreja Católica. O papa citou a ordenação de mulheres, uma das reivindicações do grupo, como exemplo de rebeldia contra uma doutrina “irrevogável”.

Bento XVI fez as declarações na homilia da Missa do Crisma, da Quinta-feira Santa, dia dedicado à instituição do sacerdócio e da eucaristia.
O papa adiantou que quer dar crédito aos autores do apelo “quando afirmam estar convencidos de que se deve enfrentar a lentidão das instituições com meios drásticos para abrir novos caminhos, para colocar a Igreja à altura dos tempos de hoje”, mas questionou se a desobediência é o caminho para renovar a Igreja.
No manifesto, interpretado pelo arcebispo de Viena, cardeal Christoph Schönborn, os 337 signatários (de um total de 4 mil padres austríacos) estabelecem sete pontos para forçar mudanças.
Entre eles, destacam-se a ordenação sacerdotal de mulheres e de homens casados, assim como a distribuição da eucaristia para divorciados que vivem em nova união.

Bairros também têm Paixão de Cristo


Marcelo Andrade/ Gazeta do Povo / O produtor cênico Rafael Bloom e Adrian Esposito: voluntários na encenação no OrleansO produtor cênico Rafael Bloom e Adrian Esposito: voluntários na encenação no Orleans
RELIGIOSIDADE

Grupos de voluntários dedicam tempo e recursos na preparação das encenações; paróquia e locais públicos recebem espetáculos.

Opinião

A via-crúcis de um intérprete de Jesus
Esta época do ano já se tornou uma verdadeira cruz para mim, mas minha peregrinação é diferente da de Jesus: em vez de encarar 40 dias no deserto, tenho que dividir meu tempo entre faculdade, trabalho e ensaios nos fins de semana. O texto é decorado no ônibus, o único tempo que me sobra. Apesar disso, a vivência da Paixão de Cristo é uma experiência de crescimento pessoal.
Na minha primeira participação, em 2008, atuei como soldado, sem falas. Um ano depois, fui convocado para ser o protagonista, isso com apenas 17 anos. Passados três anos, estou novamente atuando como o Mestre. A cada ensaio me dedico ao máximo, tentando sentir a intensidade daquele sofrimento, mas sabendo que tudo dará certo. Afinal, se Ele me incumbiu de vivê-lo mais uma vez, é porque a cruz pode ser carregada.
Júlio Boll, programador de internet trainee do Gaz+, da Gazeta do Povo, que interpreta Jesus na Paróquia Santo Antônio, Órleans.
Perto de casa
Veja onde ocorrem as apresentações:
Alto Boqueirão: Praça Cabo Nácar (final da Rua Francisco Derosso) – 19h
Bairro Alto: Paróquia Maria Mãe da Igreja (Rua Gastão Cruls, 2.235) – 19 h
Barreirinha: Paróquia Nossa Senhora das Graças e Santa Gema Galgani (Rua Carmelina Cavassin, 90) – 18 h
Órleans: Paróquia Santo Antônio (Rua João Falarz, 220) – 20 h
Pilarzinho: Pedreira Paulo Leminski (Rua João Gava, s/n°) – 19 h
Portão: Paróquia São Jorge (Rua Itacolomí, 1.840) – após a celebração das 19h30
Santa Quitéria: Estádio de Futebol Maurício Fruet (Rua Brasílio Ovídio da Costa, 1830) – 19h30
São Braz: Capela Nossa Senhora das Graças (Rua Carmela Tosato, 11 – São Braz) – 20 h
Sítio Cercado: Rua da Cidadania do Bairro Novo (R. Tijucas do Sul, 1.700) – 20 h
Uberaba: Seminário João Paulo II (Rua Augusto Steembock, 51) – 19 h
Na noite de hoje, grupos de teatro amador vão levar as cenas da Paixão de Cristo às paróquias e praças de toda a cidade. Motivados pelo desejo de evangelizar ou apenas levando adiante uma antiga tradição popular, os grupos formados quase exclusivamente por voluntários doam tempo, recursos e muito esforço para contar todos os anos a história das últimas horas de Jesus.
Nas igrejas, a iniciativa é geralmente liderada por grupos de jovens, que dão um jeito de encaixar na rotina corrida um horário para ensaios. “Todos têm faculdade, trabalho, cursinho, então a gente dedica os sábados e domingos à preparação”, conta Rafael Bloom, 20 anos, produtor cênico da apresentação que ocorre há oito anos no pátio da Paróquia Santo Antônio, no bairro Orleans.
Conseguir elenco o suficiente não parece ser problema para quem leva o projeto adiante. “Anunciamos que precisamos de gente nas missas, convidamos pessoas de outras pastorais e no fim sempre conseguimos uma boa equipe”, diz Eliana Domingos de Jesus, 29, que participará da encenação promovida pela Paróquia Maria Mãe da Igreja, no Bairro Alto. Pela primeira vez, a comunidade vai sair da igreja às 19 h acompanhando a Via-Sacra e se reunir no Centro Cultural Vilinha, próximo da paróquia, onde ocorrerá a apresentação.
Roteiro
A maioria dos grupos usa como roteiro ou a sequência de fatos narrados pelos evangelhos, ou copia os modelos adotados por grupos de maior destaque, como o Lanteri, que se apresenta na Pedreira Paulo Leminski. O grupo Stellum, no entanto, aproveita a oportunidade para dar explicações catequéticas no decorrer da peça. “Em alguns momentos congelamos a cena e um de nós explica para o público o que significa algum ato ou fala”, diz Rafael Jauch, 27, que faz o papel de Jesus há dez anos. O Stellum fará a apresentação dividida em três dias – de sexta a domingo – na Paróquia São Jorge, no Portão.
Doações e editais financiam eventos
Apesar do entusiasmo com a apresentação, bancar os gastos com figurino, cenário, som e iluminação é o maior desafio para os voluntários.
No Uberaba, todos os anos o Grupo Teatral Ágora usa o salão da Paróquia Nossa Senhora Aparecida para promover algum evento e levantar fundos. “Dessa vez fizemos uma festa do pastel e conseguimos bancar o figurino”, diz Anderson Luiz Alves, 38, coordenador do grupo.
A alternativa mais desejada pelos grupos teatrais, no entanto, são os fundos liberados pela Fundação Cultural de Curitiba, que financiam seis propostas. Um dos grupos que participou do edital e obteve R$ 15 mil foi o Jubac, vinculado à Capela Sagrado Coração de Jesus, no Alto Boqueirão. O grupo existe há 22 anos, tem um elenco de 200 pessoas e se apresenta na Praça Cabo Nácar. No ano passado cerca de 3 mil pessoas assistiram à encenação.
No Sítio Cercado, o espetáculo montado pelo Grupo de Teatro Arte e Vida, da Paróquia Profeta Elias, também conseguiu o financiamento da FCC e escolheu a Rua da Cidadania do Bairro Novo como palco. Além da ajuda da FCC, o grupo conta com contribuições de pequenas empresas locais.