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terça-feira, 17 de julho de 2012

EUA aprovam pílula para prevenir aids


AP/AE / O antirretroviral Truvada reduz riscos de infecção pelo HIVO antirretroviral Truvada reduz riscos de infecção pelo HIV
SAÚDE

EUA aprovam pílula para prevenir aids

Antirretroviral Truvada, que reduz em até 78% a transmissão do HIV, poderá ser usado por pessoas não infectadas pelo vírus,.
A FDA – agência americana que regulamenta remédios e alimentos – aprovou­­ ontem a indicação do antirretroviral Truvada como for­­ma de prevenir a infecção­­ pelo HIV. Apesar disso, o De­­partamento de DST/Aids do Ministério da Saúde afirmou que não vai mudar a estratégia de prevenção à doença no Brasil.
A indicação da droga como forma de profilaxia antes da exposição ao vírus vem exatamente um ano depois de dois grandes estudos americanos demonstrarem que o consumo diário de uma dose oral do Truvada pode reduzir em até 78% a transmissão do vírus para pessoas saudáveis que mantêm relações com parceiros de alto risco, entre elas casais sorodiscordantes (em que apenas um deles tem o vírus) e homens que fazem sexo com homens.
Cuidados
Uso do medicamento deve ser restrito, dizem infectologistas
Kamila Mendes Martins
O Truvada como forma de reduzir as chances de contaminação pelo HIV não deve ser utilizado de forma indiscriminada por qualquer pessoa como forma de evitar o contágio. Seu uso deve ser restrito a casais em que os parceiros sejam sorodiscordantes, ou seja, nos casos em que um é portador do vírus e o outro, não. É o que defendem médicos infectologistas.
“Claro que esse medicamento é bem-vindo, pois vai trazer mais tranquilidade aos soro discordantes, quando um é negativo e outro positivo. Mas a utilização de forma irracional do remédio é desaconselhada até porque ele tem efeitos colaterais. E um deles é o comprometimento do rim”, explica o professor de infectologia da UFPR e da PUCPR e membro do Comitê Consultor da Aids do Ministério da Saúde, José Luiz de Andrade Neto.
Além disso, o remédio não é 100% eficaz e, portanto, as pessoas não podem deixar de tomar os mesmos cuidados que tomavam antes, como o uso da camisinha, mesmo que estejam no grupo de risco para o qual a medicação é indicada.
“[A autorização] Não deve mudar em nada o comportamento sexual das pessoas. Cada caso deve ser discutido individualmente com o médico no caso de casal discordante. Além da medicação, há outras medidas necessárias, como, por exemplo, o uso de preservativo”, explica o infectologista do Laboratório Frischmann Aisengart Jaime Rocha. “Não é para manter relação sexual com qualquer um e usar a medicação sem saber se a pessoa é [soro] positiva ou não”, ressalta.
Andrade Neto afirma ainda que o medicamento não é completamente eficaz: “Mais estudos são necessários para dizer que o Truvada pode impedir [o contágio] em 100% das vezes. Sabe-se que diminui o risco, mas ainda não é 100% seguro. É só o vírus do outro parceiro ter resistência ao Truvada, que a infecção pode ocorrer”.
Os dois médicos ressaltam que a melhor maneira de prevenção é a camisinha, que, além de proteger contra o HIV, evita o contágio com outras doenças sexualmente transmissíveis, como a sífilis. “O sexo seguro ainda é a melhor forma de prevenção da doença”, diz Andrade Neto.
O Truvada é a combinação de dois antirretrovirais: tenofovir com emtricitabina. A droga é produzida pelo laboratório Gilead e conseguiu o registro na Agência Nacional de Vigilância Sani­­tária (Anvisa) em maio deste ano. “O Truvada é para ser utilizado na profilaxia prévia à exposição em combinação com práticas de sexo seguro para prevenir as infecções do HIV adquiridas por via sexual em adultos de alto risco”, afirmou a FDA em nota.
Otimismo
A pesquisadora Valdilea Veloso, diretora do Instituto de Pesquisas Clínicas Evandro Chagas da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), diz que o Tru­­vada é uma potencial arma de prevenção da doença, especialmente entre homens que fazem sexo com homens – grupo de alto risco de contaminação. Valdilea diz ver com otimismo a indicação do uso do Truvada como mais uma forma de combate à doença de maneira complementar ao que já existe – como fazer sexo seguro – e não como um substitutivo.
Apesar do otimismo em torno da indicação do uso do­­­­ Truvada como prevenção,­­ Ronaldo Hallal, coordenador de cuidado e qualidade do pro­­­­grama de DST/Aids do Mi­­nistério da Saúde afirmou­­ que­­ o grupo técnico do Mi­­nis­­tério se reuniu recentemen­­te para atualizar as diretrizes, discutiu esse assunto, mas decidiu manter tudo como está, com foco no incentivo ao sexo protegido, no diagnóstico e tratamento e na oferta da profilaxia pós-exposição (para pessoas que fizeram sexo desprotegido com parceiro de risco). “Os estudos demonstram que, se a pessoa doente for tratada corre­­tamente, há uma redução de até 95% na transmissão do vírus. Esse é um resultado bem mais eficaz que os 75% alcançados com a profilaxia pré-exposição”, afirmou Hallal.
Para OMS, arsenal de remédios pode eliminar a aids
AFP
Trinta anos depois da epidemia de aids, ainda não foi encontrada uma cura para a doença, mas um crescente arsenal de remédios poderá, algum dia, ajudar a por fim a novas infecções, afirmou o diretor do Departamento de HIV/Aids da Organização Mundial da Saúde (OMS), Gottfried Hirnschall.
A chave é encontrar a ma­­­­­­neira de administrar melhor­­ os últimos avanços, disse Hirn­schall durante visita­­ a Washington, antes da Confe­­rência Internacional sobre a Aids, que começa nesta cidade no próximo domingo, 22 de julho.
Os remédios antirretrovirais podem reduzir o risco de que as pessoas infectadas transmitam o vírus e evitar que as pessoas saudáveis sejam infectadas através de relações sexuais com parceiros com HIV, apesar dessas novas possibilidades gerarem controvérsia. Esses medicamentos salvaram cerca de 700 mil vidas em todo o mundo só em 2010, algo extraordinário segundo os especialistas.
As conquistas nas pesquisas e o progresso em alguns países “demonstram que é possível avançar muito significativamente na ampliação da resposta e inclui começar a pensar na eliminação das novas infecções”, disse Hirnschall.
O mundo tem agora 26 antirretrovirais (conhecidos como ARV) no mercado e mais em desenvolvimento para o tratamento de pessoas com o vírus da imunodeficiência humana (HIV), que infectou 60 milhões de pessoas e matou 25 milhões desde o início da epidemia.
“Temos um arsenal bem grande de drogas disponíveis”, observou Hirnschall, considerando que os medicamentos são melhores agora do que costumavam ser – menos tóxicos, mais robustos, menos propensos a desencadear resistência e mais toleráveis –, mas ainda não são perfeitos.
Os efeitos colaterais continuam sendo uma preocupação e as autoridades estão vigiando cuidadosamente o surgimento de resistências.
A OMS se prepara para lançar esta semana seu primeiro relatório global sobre resistência aos medicamentos em países de renda baixa e média. Estudos recentes demonstraram os benefícios potenciais de iniciar o tratamento mais cedo, antes que a carga viral seja muito alta, como uma forma de proteger a saúde de uma pessoa infetada e diminuir o risco de transmitir a enfermidade ao parceiro.
Antirretrovirais
Muitas pessoas estão preocupadas com a ética da prescrição de medicamentos contra o HIV a pessoas saudáveis, quando um grande número de pessoas infectadas em todo o mundo ainda não tem acesso a tratamentos que salvam vidas. Alguns grupos de alto risco continuam sendo difíceis de alcançar, como os trabalhadores sexuais e os usuários de drogas injetáveis, muitas vezes excluídos do tratamento devido a leis restritivas.

Tomar café de forma moderada é benéfico ao coração.


Jonathan Campos / Gazeta do Povo /
ALIMENTAÇÃO

Um estudo do Centro Médico Beth Israel Deaconess mostrou que os benefícios e os malefícios do café para o coração dependem da quantidade que se ingere da bebida. “Nossos estudos mostraram um possível benefício, mas como tantas outras coisas que consumimos, isso realmente depende da quantidade de café que você toma”, explica a autora da pesquisa, Elizabeth Mostofsky. O estudo aponta ainda que os benefícios do café aumentam até o consumo máximo de dois cafezinhos por dia. No entanto, a proteção começa a diminuir vagarosamente quanto mais café é consumido até o limite de cinco xícaras e, se o consumo for maior do que isso, as chances de sofrer de algum mal do coração se tornam maiores. O estudo publicado no dia 26 de junho na internet no Journal Circulation: Heart Failure revelou também que o consumo moderado de café diminui em até 11% o risco de insuficiência cardíaca.

MENOPAUSA- Reposição de cálcio em discussão


Jonathan Campos/ Gazeta do Povo /
MENOPAUSA

Reposição de cálcio em discussão

Como a perda óssea varia de uma mulher para outra, cada pessoa deve passar por uma avaliação individual para definir se a suplementação do mineral tem mais benefícios do que riscos.
Após anos receitando suplementos de cálcio a mulheres que já passaram da menopausa para evitar fraturas, médicos agora se veem diante de controvérsias a respeito do consumo irrestrito dessa substância. A incerteza veio à tona neste ano quando uma força-tarefa do governo federal norte-americano recomendou que essas mulheres não tomem doses de cálcio e de vitamina D diariamente, por não haver comprovação dos benefícios.
O certo é que apenas tomar cálcio não é garantia de prevenção contra fraturas, já que outros fatores também auxiliam, como cuidados para evitar quedas e atividades físicas frequentes. Baseado nesses fatores, os especialistas norte-americanos afirmam que a ingestão de cálcio por si só não consegue diminuir a incidência de fraturas.
Conte sua história
Você ingere cálcio ou outra forma de suplemento alimentar?

Chega de salto alto
O salto alto não faz mais parte da vida da professora aposentada Marisa Ramalho Ghenov (foto), 64 anos. Essa é apenas uma das medidas que ela tomou depois que parou de ingerir hormônios na pós-menopausa e se viu com problemas ósseos há cerca de cinco anos. Desde então Marisa passou a seguir recomendações para prevenir quedas, como acender a luz ao sair da cama à noite e tirar tapetes que provocam escorregões. “Eu tinha muito medo de fazer exercícios físicos e cair”, conta. A suplementação de cálcio também ajudou. Dois comprimidos diários não a fizeram se despreocupar com a prevenção, por outro lado mostraram fazer a diferença nos exames. A alimentação mudou pouco, mas Marisa ingere sempre que possível leite e derivados. “A osteoporose não se cura, mas, no meu caso, já apresentou uma melhora significativa nos exames.”
Riscos
A ingestão diária de cálcio por quem precisa de suplementação varia, geralmente, entre 500 e 1.500 mg, dependendo da idade da pessoa e da ocorrência de problemas ósseos. Mas altas doses do mineral também podem trazer efeitos indesejados.
• Cálculo renal: como a excreção do cálcio é feita pelos rins, pessoas propensas a terem as chamadas “pedras” nesses órgãos devem cuidar com as quantidades do mineral.
• Problemas gastrointestinais: gastrite e intestino preso são reações adversas comuns da alta dosagem de cálcio.
• Risco de enfarte: a relação da ingestão excessiva de cálcio com enfartes ainda não foi comprovada, já que ao mesmo tempo muitos estudos mostram que os riscos aumentam, outros desmistificam essa possibilidade.
Fonte: André Vianna, endocrinologista do Hospital Nossa Senhora das Graças, e Mark Deeke, ortopedista do Hospital Marcelino Champagnat.
Mas o endocrinologista do Hospital Nossa Senhora das Graças André Vianna explica que já é comprovado que o consumo de cálcio é benefício, sim, ao menos em uma situação: no caso de mulheres que têm problemas ósseos e que já passaram pela menopausa. “O que é controverso é a necessidade de suplementação para mulheres que ainda não apresentaram osteopenia [perda óssea] ou osteoporose”, diz.
Esses dois problemas podem surgir, porque no período pós-menopausa, especialmente nos primeiros anos, a mulher tem perda óssea pela falta de estrogênio circulando no sangue, segundo o professor de ginecologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e membro da Comissão Científica da Sociedade Brasileira do Climatério, Jaime Kulak Junior.
Como a perda óssea varia de uma mulher para outra, cada pessoa deve passar por uma avaliação individual com o médico para definir se a suplementação de cálcio tem mais benefícios do que riscos, explica o ortopedista do Hospital Marcelino Champagnat Mark Deeke. A preocupação maior é com mulheres que sofrem com problemas ósseos, já que, nesses casos, após a ocorrência de um trauma, há aumento de morbidade. “Para as mulheres que estão perdendo cálcio e fazem parte do grupo de risco, são magras e sedentárias, provavelmente a relação custo benefício do cálcio apontará para a suplementação”, diz Deeke. Ele destaca também que a ingestão tem de ser a mais natural possível, o que facilita a absorção, mas nem sempre a dieta consegue abranger todas as necessidades. Nesses casos, os comprimidos entram em cena.
Além disso, os médicos afirmam que somente a ingestão do cálcio não é suficiente para fixá-lo nos ossos. A vitamina D (leia mais ao lado), a exposição ao sol e a atividade física, principalmente o reforço muscular isométrico – contração muscular sem movimento –, são peças chave para que o cálcio se mantenha e melhore a qualidade da massa óssea.
Recuperação
A regeneração óssea é importante para a melhora das fraturas. Ter osteoporose não aumenta o tempo de recuperação, mas altera a qualidade do novo osso que é formado. “A velocidade é a mesma para quem tem e quem não tem osteoporose, a diferença é que o osso formado não será tão resistente, podendo quebrar no mesmo lugar novamente”, diz Deeke.
Agravantes
A fixação do cálcio nos ossos sofre com outros fatores que competem com essa absorção, fazendo com que a substância seja eliminada do organismo. Entre eles está o tabagismo, remédios para pressão alta, diuréticos, cortisona e, especialmente, o sedentarismo.
Vitamina D
Somente a ingestão de cálcio não é suficiente para aumentar a massa óssea. É necessário que haja vitamina D circulante no sangue, já que a absorção do mineral é diretamente proporcional à quantidade da vitamina no organismo. Entretanto, ela não é facilmente encontrada na alimentação. Apenas leite, ovos e alguns peixes, como o salmão, a possuem. Além disso, para que seja absorvida pelo organismo, é preciso que a pessoa tome sol. Quando a necessidade dela aumenta, o paciente pode precisar de suplementação.

Norma freia abertura de leitos para gestação de alto risco


Vida e Cidadania

Terça-feira, 17/07/2012
Jonathan Campos/ Gazeta do Povo
Jonathan Campos/ Gazeta do Povo /
SAÚDE

Norma freia abertura de leitos para gestação de alto risco

Ministério da Saúde exige que índice de cesáreas seja inferior a 40% do total de partos feitos. No Paraná, só sete hospitais atingem essa meta.
Uma portaria do Ministério da Saúde de 1998, que tinha como intenção estimular a realização do parto normal no país, está dificultando o credenciamento de novos leitos obstetrícios de alto risco. A legislação determina que apenas hospitais com índice de partos cesáreos inferior a 40% podem ser habilitados pelo governo federal. No entanto, a taxa média de cesarianas no Brasil é de 50% – na rede privada, o índice chega a 82%. No Paraná, o índice é de 58%.
Somente sete hospitais paranaenses atendem à exigência legal e estão credenciados a receber recursos do ministério para essa área. Como a norma não é cumprida pelos demais estabelecimentos de saúde, o governo do estado adotou um mecanismo próprio para complementar a rede de atendimento a gestantes de alto risco. Por ano, R$ 11,5 milhões são destinados a 24 hospitais, com repasse fixo mensal de R$ 40 mil a cada estabelecimento, para que a cobertura do Sistema Único de Saúde (SUS) não seja prejudicada.
SUS
Brasil perdeu 5,3 mil leitos obstétricos em sete anos
De 2005 a 2012, o Brasil perdeu 5.386 leitos obstétricos – incluindo baixa, média e alta complexidade. Em 2005, segundo o banco de dados do Sistema Único de Saúde (DataSus), o país tinha 63.933 e até abril deste ano constavam no sistema apenas 58.547 leitos. A tendência também é verificada no Paraná – no mesmo período foram desativados 474 leitos, passando de 4.058 para 3.584.
Para o presidente da Comissão Nacional Especializada em Gestação de Alto Risco da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), Dênis José Nascimento, o número de leitos no país é insuficiente para a demanda, principalmente para o atendimento de gestantes de alto risco. Ele cita como exemplo o Hospital das Clínicas de Curitiba, que mesmo não sendo credenciado pelo Ministério da Saúde realiza atendimento de alto risco.
Atualização
O Ministério da Saúde informou, via assessoria de imprensa, que nos últimos anos os dados do DataSus passaram por atualizações e, por isso, há um menor número de leitos obstétricos em relação a 2005.
Em relação ao atendimento às gestantes de alto risco, o ministério informa que nos últimos três anos foram habilitadas 28 novas maternidades em todo o país – sendo 12 em 2009, seis em 2010 e 10 em 2011. (DA)
Final feliz para gravidez arriscada
Por não conseguir vaga no SUS e apresentar um quadro de saúde delicado, a bancária Francislaine Wiczneski, de 30 anos, grávida da segunda filha, decidiu buscar atendimento na rede privada. No dia 25 do mês passado, Alana nasceu prematura, com seis meses de gestação, no Hospital Nossa Senhora das Graças, em Curitiba.
Como Francislaine é portadora de hipertensão pulmonar, os médicos chegaram a recomendar que ela não tivesse a filha. A bancária, que já era mãe de Amanda, de 5 anos, e o marido, Caio Marcelo, não deram ouvidos aos médicos e seguiram com a gravidez – apontada pelos médicos como de alto risco para mãe e bebê. “Foi uma grande dificuldade, mas não queria tirar minha filha”, conta.
O parto teve de ser cesariana. Após 30 minutos de cirurgia, Alana veio ao mundo pesando 1,165 quilos. “Foi um parto muito complicado. Tive de ficar inalando óxido nítrico e a anestesia foi aplicada aos poucos. Na hora estavam presentes vários profissionais, como pneumologista e cardiologista”, relata. Assim que deu à luz, Francislaine seguiu para o repouso e Alana, para a UTI neonatal a fim de ganhar peso. “Estou me recuperando em casa e ela, no hospital. Todo dia vou visitá-la”, afirma. (DA)
Dê sua opinião
O Ministério da Saúde deveria rever a exigência de 40% de partos cesáreas para habilitar novos hospitais? Por quê?
No relatório anual do ano passado, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) relata a dificuldade em credenciar novos leitos de atendimento à gestação de média e alta complexidade. O objetivo era credenciar quatro unidades do tipo secundário (intermediário) e duas do tipo terciário (risco elevado), mas apenas duas do tipo secundário foram habilitadas pelo Ministério da Saúde. De acordo com o relatório, os hospitais não demonstram interesse na habilitação, já que na maioria deles o porcentual de césareas é superior a 40%.
Segundo a superintendente de Atenção à Saúde da Sesa, Márcia Huçulak, foi necessário estipular um repasse estadual para não inviabilizar a cobertura às gestantes de alto risco. “Buscamos garantir pelo menos uma referência regional em todo o estado. Como o ministério não arreda o pé do índice de 40%, temos de buscar outras alternativas”, explica. Ela ressalta que o único motivo para que outros estabelecimentos não sejam credenciados é o índice de cesáreas ser superior ao estipulado. “Os hospitais que recebem o benefício estadual possuem leitos de unidades de terapia intensiva (UTIs) adulta e neonatal e têm uma equipe ideal para esse tipo de atendimento”, completa.
Debate
Para Dênis José Nas­ci­mento, presidente da Co­­­missão Nacional Es­­pe­­cia­­lizada em Gestação de Al­­to Risco da Federação Bra­­sileira das Asso­ciações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), a exigência do ministério precisa ser reavaliada. “Há um excesso de gestantes de alto risco, o que leva a um aumento de cesarianas”, diz, ao justificar porque muitos hospitais não conseguem atingir a meta.
O médico obstetra Marcelo Guimarães, que trabalha no Hospital Evangélico de Curitiba – o único da capital credenciado pelo governo – o porcentual estipulado pelo ministério é muito difícil de ser cumprido. “Um índice de 50% seria mais aceitável para garantir o atendimento gratuito a um número maior de pessoas. Em muitos pacientes de alto risco, por exemplo, a chance de ocorrer uma cesárea é maior”, explica.
Nem todo caso de risco resulta em cesárea
Nem sempre uma gestação de alto risco resulta em cesariana. O médico obstetra Francisco Furtado Filho, do Hospital Nossa Senhora das Graças, de Curitiba, esclarece que, apesar de a chance de um parto cesárea ser maior, isso não é obrigatório. “Mesmo diante de quadros clínicos considerados de alto risco, o parto normal pode ser realizado.
Uma cesárea é indicada para casos mais urgentes, quando o procedimento precisa ser mais rápido”, explica. Além disso, segundo ele, deve-se levar em conta o quadro clínico da gestante durante o parto. “Varia conforme a avaliação da paciente. Há casos em que o melhor a se fazer é o parto normal”, ressalta Furtado.
O obstetra Marcelo Gui­marães, do Hopital Evangélico, afirma que sempre que possível é preciso priorizar o parto normal. “O risco de hemorragia e de sangramento excessivo é menor. Só é recomendável fazer cesárea em casos de alto risco em que o procedimento deve ser rápido.”
Porém, entre as mulheres, a preferência pela cesariana é maior, diz Dênis José Nascimento, da Febrasgo. “Hoje, as mulheres não querem passar pela dor do parto normal. Mas vale lembrar que a recuperação de uma cesárea é mais lenta.”

Uma pílula para perder a memória



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NEUROCIÊNCIA

Versão avançada de substância que bloqueia proteína pode fazer com que os cientistas consigam apagar lembranças específicas armazenadas no cérebro humano.

Quem já passou por alguma situação traumática, como a perda de uma pessoa próxima, um acidente grave ou um assalto, sabe que não é fácil enfrentar a situação, tampouco se lembrar dela. Mas uma pesquisa realizada pelo neurologista da Universidade de Columbia (EUA) Todd Sacktor, juntamente com cientistas do Instituto de Ciência Weizmann, em Israel, pode ser o primeiro passo para que a medicina consiga tirar as lembranças ruins da memória humana.
O estudo teve início ainda na década de 1980, quando Sacktor descobriu que a proteína PKMzeta, uma substância fortalecedora das sinapses (estímulos responsáveis pela troca de informações entre os neurônios), também era importante para a manutenção das lembranças. Com a descoberta, o cientista concluiu que uma breve interrupção da atividade dessa proteína poderia interromper a manutenção de recordações.
Processo
Para memorizar, precisamos passar por quatro etapas:
Fase 1 – Atenção: aqui, audição, tato, paladar, visão e olfato entram em ação para captar as informações que achamos necessárias. Este primeiro momento é importante porque é onde se inicia todo o processo.
Fase 2 – Compreensão: é quando entendemos a lógica, o verdadeiro sentido daquilo que captamos. É mais fácil memorizar um assunto quando o entendemos.
Fase 3 – Armazenamento: muitas das informações que adquirimos são sedimentadas em nosso cérebro enquanto dormirmos, daí a importância de respeitarmos os limites do nosso sono. Geralmente, temos acesso a muito mais informações do que o nosso cérebro é capaz de guardar.
Fase 4 – Evocação: significa localizar e resgatar a informação guardada e mantida no cérebro. Depende diretamente do armazenamento. O “branco” que temos, quando não conseguimos nos lembrar de algo, é um problema desta etapa.
Remédio em teste
O Departamento de Medicina da UFPR está selecionando pessoas para participar de testes relacionados a um novo medicamento para auxiliar a memória antes que algum tipo de demência seja diagnosticado. Podem fazer parte da seleção pessoas acima de 45 e abaixo de 85 anos que já tenham percebido algum declínio da memória, mas que sejam produtivos, que não tenham doenças neurológicas e sejam saudáveis. Contato pelo email: graciele@ig.com.br.
Cheiro enjoativo
Para colocar em prática o conceito, os pesquisadores treinaram alguns ratos a associarem o cheiro de um doce a algo enjoativo e, então, evitar o alimento. Depois de adestrados, os animais receberam doses de um inibidor da proteína PKMzeta, chamado de zeta-interactin-protein, ou ZIP, e foram aos poucos esquecendo da repulsa pelo doce até voltar a comê-lo normalmente.
Sônia Brucki, vice-coordenadora do Departamento Científico de Neurologia Cognitiva e do Envelhecimento da Academia Brasileira de Neurologia, afirma que ainda é difícil pensar em resultados concretos para essa pesquisa. “O processo de apagar totalmente uma lembrança seria um procedimento muito complicado, pois há vários mecanismos envolvidos, como a força emocional do evento, as várias memórias onde foram guardadas cada parte do fato. São múltiplas as formas de gravar um episódio, e é difícil mexer em todos os fatores ao mesmo tempo.”
Por enquanto, os tratamentos realizados com o inibidor de PKMzeta são hipotéticos e limitados apenas a ratos de laboratórios. Porém, segundo os pesquisadores, futuramente uma versão avançada da substância pode fazer com que os cientistas consigam apagar memórias específicas armazenadas no cérebro humano.
De acordo com a neurologista e professora adjunta da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Viviane Zétola, ainda que essa droga por enquanto não tenha uma resposta para o uso em pessoas, quando for possível, será aproveitável: “Quando se trata desse tipo avanço, sempre tudo é útil, provavelmente porque o efeito do remédio seria acabar com os nossos piores traumas”.
Cuidados
Remédios não reforçam concentração
Se por um lado existe muita gente que gostaria de não se lembrar de certas situações, outras apelam para várias maneiras de manter a memória o mais ativa possível. Para isso, abusam de chás, café e até mesmo de drogas estimulantes que supostamente dariam ao cérebro mais habilidade. É o caso do metilfenidato, comercialmente conhecido como Ritalina, e usado de forma ilegal por muitos estudantes e pessoas com rotinas que demandam alta concentração.
A substância é indicada apenas para quem sofre do Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) e age como estimulante do sistema nervoso central. Isso não significa que aqueles que não convivem com o TDAH são beneficiados intelectualmente pela utilização do remédio, conforme alerta Sônia Brucki, vice-coordenadora do Departamento Científico de Neurologia Cognitiva e do Envelhecimento da Academia Brasileira de Neurologia. “A Ritalina produz efeito em pessoas que têm déficit de atenção. Não há qualquer outra indicação do medicamento fora isso.”
Alzheimer
Para a neurologista e professora adjunta da UFPR Viviane Zétola, os únicos medicamentos que efetivamente melhoram o desempenho da memória são aqueles usados para tratar a doença de Alzheimer, demência neurodegenerativa que acomete pessoas de idade. Ela explica que nesse caso o remédio não acaba definitivamente com o mal, mas prolonga a qualidade de vida dos portadores.
O uso de café e outros estimulantes naturais, como chás e guaraná em pó, também é largamente adotado para aperfeiçoar os trabalhos do dia a dia, mas eles atuam apenas como estimulantes, sem poder algum de turbinar o cérebro.
Ainda que a ciência seja clara ao afirmar que até agora nenhum remédio tenha sido criado exclusivamente para fazer com que nosso cérebro atinja um nível de inteligência invejável, nem por isso ela deixa de considerar que existe sim uma maneira de aprimorar o cérebro. “Não há nada que se possa fazer para melhorar a memória, a não ser exercício físico. E isso é cientificamente comprovado. Se o físico é melhor, a mente é melhor, pois mente e corpo trabalham juntos”, finaliza Viviane.

Obras alteram itinerário de nove linhas de ônibus em Curitiba


Mudanças começam a valer nesta segunda-feira (16). Quatro obras distintas provocam as alterações na rota dos ônibus.

Obras que são executadas pela prefeitura de Curitiba alteram trechos de diversas linhas dotransporte coletivo da cidade a partir desta segunda-feira (16). Pelo menos nove linhas devem ser afetadas temporariamente pelos trabalhos.
No Centro, obras realizadas na Rua Presidente Faria, na esquina com a XV de Novembro, para a implantação do Ligeirão Norte/Sul, provocam a alteração do itinerário das linhas Hugo Lange, Sagrado Coração, Curitiba/Piraquara (parador), e Curitiba/Piraquara (direto).
Temporariamente, os ônibus vão passar pela Estação Central, usada exclusivamente pelos expressos da linha Santa Cândida/Capão Raso. Nos horários de pico, os ônibus das linhas afetadas pelas obras terão que aguardar ao lado do Correio Velho a liberação das canaletas.
Obras na Rua Augusto Stresser – entre a José de Alencar e a Paraguassu – alteram temporariamente o itinerário das linhas Hugo Lange, Augusto Stresser Interbairros I (sentido anti-horário). Em outro trecho da rua, as linhas Augusto Stresser e Hugo Lange também terão que mudar suas rotas.
Trabalhos que estão sendo feitos na Rua Padre Ladislau Lula, entre a BR-277 e a Rua José Sikorski, desviam o itinerário de ônibus da linha Tuiuti/ Barigui. Obras na Rua Fagundes Varela, próximo a BR-476, causam impacto na linha Reforço Colina, que também terá rota alterada. 

Testes combinados ajudam a medir eficácia do professor


Divulgação /
METODOLOGIA

Testes combinados ajudam a medir eficácia do professor

Thomas Kane, diretor do Centro de Pesquisas em Políticas Educacionais de Harvard e vice-diretor da área de Educação da Fundação Bill & Melinda Gates.
A análise do desempenho dos alunos em testes deve ser uma das ferramentas usadas para avaliar a eficácia dos professores, mesmo que fatores externos à sala de aula influenciem os resultados dos estudantes. Essa é a opinião do diretor do Centro de Pesquisas em Políticas Educacionais de Harvard e vice-diretor da área de Educação da Fundação Bill & Melinda Gates, Thomas Kane. Mas, ele ressalta que não basta olhar as conquistas dos alunos nos exames para saber sobre a eficiência dos profissionais de educação.
Coordenado por Kane, o projeto Medições de um Ensino Eficiente, financiado pela Fundação Gates, analisa o trabalho de 3 mil professores nos Estados Unidos usando também a observação da atuação deles em sala de aula e pesquisas com alunos. O relatório final do projeto ficará pronto em 2013, mas a pesquisa já revelou que perguntar aos estudantes sobre seus professores e colocar observadores dentro de sala de aula são ferramentas úteis para saber mais sobre como os docentes podem melhorar. Confira alguns trechos da entrevista de Kane, que esteve recentemente em São Paulo para ministrar uma palestra:
Dê a sua opinião
Que tipos de testes deveriam ser feitos no Brasil para avaliar o desempenho de professores? O modelo usado nos EUA poderia ser aplicado aqui?
Quão difícil é avaliar um professor?
Ensinar, assim como aprender, é muito complexo. E, como consequência disso, o ensino precisa ser medido de múltiplas maneiras. No projeto Medições de um Ensino Eficiente, nós medimos a eficiência dos professores de várias formas. Olhamos para as melhorias apresentadas pelos alunos, pedimos para os estudantes nos dizerem o que pensam dos professores, observamos o ensino em sala e aplicamos testes que avaliam o conhecimento dos professores sobre o conteúdo. Só quando você combina essas diferentes abordagens é que consegue saber, de forma precisa e justa, o trabalho que os professores estão fazendo.
Mas há uma forma de avaliar que seja mais importante que as outras?
Não sei se existe uma ferramenta mais importante. O fundamental é saber se essas ferramentas vão ajudar a identificar os professores que farão com que os alunos aprendam melhor no ano que vem e nos próximos anos.
É preciso avaliar os alunos no início do ano e no final do ano e não apenas no final do ano?
Sim. O que você quer é focar no crescimento das conquistas alcançadas pelos alunos e não apenas no que eles alcançaram no final do ano. As realizações deles vão depender de como eles estavam quando começaram o ano.
Alguns críticos dizem que estudantes têm experiências diferentes fora da sala de aula e que os resultados deles em exames não refletem diretamente o trabalho do professor...
Isso é verdade. Há fatores fora da sala de aula que afetam os resultados dos alunos. Por isso, é importante medir mais do que apenas as conquistas dos alunos. No entanto, vimos que o professor, individualmente, tem sim um grande impacto nessas conquistas.
O senhor acredita que os professores tendem a treinar os alunos apenas a passar nos testes e a responder perguntas de múltipla escolha?
Isso é um perigo real. E, por isso, é importante avaliar os professores por meio de outras ferramentas. É importante ter a observação da sala de aula e saber o que os alunos pensam dos professores. Aprendemos que, se você perguntar aos alunos questões como “Quando você devolve seu dever de casa, você recebe um retorno útil do professor que vai ajudar você a melhorar?” ou “Você acha que o professor usa bem o tempo na aula?”, os alunos podem ajudar a identificar os professores com quem eles estão aprendendo mais.
Pagar bônus a professores para estimulá-los a melhorar é uma boa medida?
Se você achar que as melhorias dos alunos se devem ao esforço do professor, você tem de dar incentivos financeiros com base nos resultados de testes e em outros fatores. Mas, se você acredita que as diferenças são causadas pelo talento e pelas habilidades, é preciso identificar de maneira mais cuidadosa quem são os professores mais eficientes, logo no início da carreira deles. Nos Estados Unidos, eu acredito que o problema não é o esforço. Para mim, os professores fazem o melhor trabalho que sabem fazer, mas não têm as habilidades que precisam para fazer com que os alunos aprendam. Nesse caso, os incentivos financeiros não vão fazer diferença nos resultados.
Professores com resultados ruins deveriam ser demitidos?
Acho que deveríamos ter cuidado para que apenas os professores mais eficientes fossem efetivados após o período de estágio probatório.
Avaliar professores é algo muito caro?
Medir as melhorias de aprendizagem apresentadas pelos alunos e fazer pesquisas com estudantes não é tão dispendioso. A parte que custa mais dinheiro é ter um adulto para observar o trabalho do professor em sala de aula. Fazer uma avaliação bem feita dos professores custa dinheiro, mas é uma das melhores maneiras de gastá-lo.

Curitibano embarca na compra a prazo, mas evita atoleiro


Hugo Harada/Gazeta do Povo / Com renda acima da média, famílias têm mais confiança das instituições financeirasCom renda acima da média, famílias têm mais confiança das instituições financeiras
CONSUMO

Curitibano embarca na compra a prazo, mas evita atoleiro

Pesquisa da Fecomércio-SP mostra que 90% das famílias de Curitiba estavam endividadas em 2011. Por outro lado, contas parceladas consomem 26,5% da renda, proporção considerada baixa.
Curitiba é a cidade com mais famílias endividadas entre as capitais brasileiras, mas isso não significa que os curitibanos estejam com a corda no pescoço. De acordo com a pesquisa “Radiografia do Endividamento das Famílias Brasileiras”, divulgada ontem pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomércio-SP), 90,3% das famílias curitibanas tinham alguma dívida em 2011.
Apesar de ser a capital que mais compra a prazo, Curitiba tinha um dos menores índices de comprometimento de renda: em média, os curitibanos destinavam 26,4% do salário para pagar prestações, índice considerado saudável pelos economistas (veja infográfico). As compras a prazo esfriam o consumo durante 2012, pelo menos para quem prioriza o pagamento das contas antigas (leia texto abaixo).
Compromisso
Dívidas acumuladas reduzem poder de compra de 2012
O endividamento das famílias aponta para um momento de desaquecimento do consumo, à medida que a quitação das contas torna-se prioridade para os brasileiros. De acordo com economistas, os consumidores já acionaram os freios das compras, para colocar seus débidos em dia e postergar novas aquisições.
Gilmar Mendes Lourenço, diretor-presidente do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), ressalta que há estabilidade econômica, mas o endividamento das famílias faz com que, para o consumidor, as perspectivas deste ano sejam piores que as de 2011, data da pesquisa da FecomercioSP. “Os consumidores estão mais cautelosos e prova disso é que não houve resposta para os estímulos de consumo lançados pelo governo. A situação é mais desfavorável que a do ano passado”, compara.
Para o professor de Economia da Universidade Federal do Paraná (UFPR) José Guilherme Vieira, o sinal está vermelho para novas compras. “A capacidade de fazer novas aquisições diminuiu e os consumidores estão se afastando dos bens duráveis. O passo agora é pagar as contas. Não é crise de crédito, mas parada de consumo. Esse vai ser um quadro de problemas para os setores menos essenciais, como o de serviços, que encabeçarão a lista de cortes de gastos da população”, prevê o economista.
Ao todo, 526,7 mil famílias curitibanas possuíam algum tipo de dívida no ano passado. Nesse caso, é considerada uma dívida toda despesa tomada por crédito por opção da pessoa, como financiamentos de automóveis e imóveis, carnês de lojas e cartões de crédito. Não entram como dívidas despesas como aluguel, água e luz.
Essas famílias de curitibanos deviam juntas, em 2011, um montante de R$ 841 milhões, valor 35,6% maior que o registrado em 2010: R$ 620 milhões. Apesar do alto grau do endividamento, a média do valor das dívidas da população de Curitiba caiu entre 2011 e 2010, passando de R$ 1.678 para R$ 1.598, na contramão das demais capitais, que viram suas dívidas aumentarem de R$ 1.470 para R$ 1.543.
Outro sinal do comportamento comedido do curitibano: a quantidade de famílias com dívidas em atraso na capital paranaense caiu na comparação entre os dois anos, passando de 31,4% do total para 24,5%.
Reflexos da crise
A situação de Curitiba é considerada saudável pelo economista Altamiro Carvalho, assessor técnico da Fecomércio-SP. A explicação para o aumento no número de famílias endividadas na capital do Paraná é a oferta de crédito maior na Região Sul como um todo.
Diante da crise financeira internacional de 2009, as instituições financeiras passaram a oferecer, a partir de maio de 2010, crédito para localidades mais seguras. É o caso do Sul do país, que apresentava – e ainda apresenta – renda e remunerações em alta, a combinação buscada por bancos e financiadores na hora de conceder empréstimos.
“Esses dados mostram que o crédito está melhor distribuído e disseminado entre as famílias. O Sul era uma região quase inexplorada e recebeu uma grande oferta de crédito, porém, em dois momentos diferentes: um de expansão na oferta, em 2010, e outro na retração. Se os bancos continuam a emprestar, mesmo em um cenário de contração, é porque a inadimplência é baixa – e é isso o que vemos em Curitiba”, analisa Carvalho.
Há outras razões que fazem a crescente multidão de endividados de Curitiba não preocupar tanto. Uma delas é o salário. Enquanto a renda média mensal das famílias brasileiras é de R$ 5.231,53, em Curitiba chega a R$ 6.049,37. A diferença é de 15,6%, mostrando uma capacidade maior de endividamento no Paraná.
Além disso, apesar do nível de endividamento ter subido, a parcela da renda comprometida com o pagamento das dívidas caiu, o que mostra equilíbrio financeiro. “As famílias curitibanas, em média, estão bastante conscientes e mantendo bem o orçamento doméstico”, ressalta o economista da Fecomércio-SP.

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Separados, mas sempre amigos


Daniel Caron/ Gazeta do Povo / Kylvio Kern e Eliane Reboli: separados há 32 anos, amigos para sempreKylvio Kern e Eliane Reboli: separados há 32 anos, amigos para sempre
COMPORTAMENTO

Separados, mas sempre amigos

O fim de um casamento é um momento de dor. Passada a mágoa, é possível manter um bom relacionamento com o antigo parceiro?
Nem todas as histórias de amor terminam em “felizes para sempre”. Quando algo dá errado, a separação é a opção da maioria dos casais. É uma hora difícil, que envolve várias decisões, inclusive se você vai manter a amizade ou não.
A nutricionista Eliane Reboli não teve dúvidas. Ela ficou quatro anos casada e tem um ótimo relacionamento com o ex-marido, o despachante Kylvio Kern. “Dá para ser amiga, deve ser amiga. Se não for é porque você é uma pessoa rancorosa, que guarda mágoa e vive do passado. Não pode guardar mágoas, nem do ex nem de ninguém”, afirma.
Rancor é algo que não existe no vocabulário de Eliane. Ela tem 63 anos e está separada há 32. São três décadas de amizade. O ex-casal passa as férias junto e convive normalmente, inclusive com os novos parceiros dos dois.
“Ele vem na minha casa com a atual”, conta a nutricionista. “Ninguém é dono de ninguém”. Nesse caso, a amizade dos dois se fortaleceu porque eles têm uma filha. Kylviane, de 36 anos, acredita que o bom relacionamento dos pais fez com que ela tivesse uma infância sem traumas. “Acho triste quando os pais ficam brigando, eu sempre passei as festas junto com os dois. Nunca tive este problema de ter que me dividir”, diz ela.
A psicóloga Josete Túlio, que é mediadora de conflitos familiares no Instituto de Mediação e Arbitragem (IMA), acredita que na hora de discutir a divisão de bens após a separação, é importante manter o olhar voltado para o futuro de todos os envolvidos – principalmente dos filhos. “O casamento acaba, mas os papéis e vínculos de pais devem ser resguardados.”
Para Josete, o relacionamento pós-separação depende de vários fatores: maturidade, capacidade de diálogo e desejo de investir na continuidade. Nem sempre acaba em amizade. “É claro que depende muito do que motivou a separação, se foi uma traição pode trazer um prejuízo maior, principalmente para o cônjuge traído”, diz a psicóloga.
“Nem pintado de ouro”
Esquecer o passado e construir uma nova relação não é tarefa fácil. Para alguns, parece impossível. Rita* terminou um casamento há cinco meses e não quer nenhum tipo de contato com o ex. Foram dois anos de relacionamento e, desde o rompimento, os dois se viram apenas uma vez. “Como é que eu vou manter contato com alguém com quem eu não quero mais nada? Não dá”, diz ela.
Rita, que é advogada, mudou de cidade e tenta reconstruir a vida longe do ex. Para ela, o ideal é cortar relações, mesmo que o rompimento abrupto cause sofrimento. “Senti falta no começo, mas eu prefiro me afastar, não encontrar, não ver, do que ficar alimentando uma ilusão.” Ela não acredita em amizade verdadeira depois do casamento. “Se você fica amiga do ex ou é porque você tem interesse nele ainda ou ele tem interesse em você.”
A psicóloga Daniela Bertoncello, que é terapeuta familiar, acredita que é preciso impor limites para o novo relacionamento. “Este relacionamento que já foi muito íntimo precisará encontrar uma nova fronteira para existir”, afirma.
O advogado João Demétrio é amigo das ex-namoradas mas, apesar disso, admite que são raras as vezes em que a amizade é possível. “Eu acredito em amizade entre homem e mulher, afinal, as pessoas são civilizadas e continuam se conhecendo. Mas é difícil, tem muita carga emocional.”
A dica é avaliar os pontos positivos e negativos dessa nova amizade. Josete Túlio complementa: “Se os problemas do casal puderem ser superados, todos ganham com essa escolha”.

Quase 140 milhões de brasileiros vão às urnas nas eleições municipais de outubro


No dia 21 de agosto começará a propaganda eleitoral gratuita na rádio e televisão. A propaganda se estende até o dia 4 de outubro – três dias antes das eleições.

No dia 7 de outubro, 138.492.811 eleitores de 5.568 municípios irão às urnas para escolher prefeitos, vice-prefeitos e vereadores, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Até essa segunda-feira (16), o sistema do órgão registrou 464.701 candidaturas para os três cargos.
De acordo com a legislação eleitoral, nas cidades com mais de 200 mil eleitores e onde a disputa pela prefeitura tenha mais de dois candidatos, há possibilidade de segundo turno. Nesse caso, a nova votação está marcada para o dia 28 de outubro com os dois candidatos mais votados no primeiro turno.

Pelo calendário eleitoral, até o dia 4 de agosto poderá ser feito o pedido de impugnação de candidaturas. Isso, contudo, não impede que um candidato participe do pleito. Ele poderá concorrer sub judice até que a Justiça decida o caso. No entanto, se ao final do processo a impugnação for confirmada e o candidato tiver sido eleito ele terá que deixar o cargo.
Detentor do maior eleitorado do país, com 31.229.307 pessoas aptas a votar, São Paulo também é o estado com maior número de candidatos inscritos para concorrer nas próximas eleições. Segundo o TSE, 79.467 políticos fizeram o pedido de candidatura, sendo 2.012 para prefeito, 2.016 para vice-prefeito e 75.439 para vereador. Apesar de o prazo para formalizar as candidaturas já ter se encerrado, o tribunal ainda está totalizando os pedidos.
Além disso, conforme o calendário eleitoral, no dia 6 de agosto os partidos políticos, as coligações e os candidatos são obrigados a divulgar na internet relatório discriminado dos recursos recebidos ou estimativa do financiamento da campanha eleitoral e os respectivos gastos. A Justiça Eleitoral irá disponibilizar um portal para divulgação dessas informações.
No dia 21 de agosto começará a propaganda eleitoral gratuita na rádio e televisão. A propaganda se estende até o dia 4 de outubro – três dias das eleições. Os partidos e candidatos poderão fazer campanha paga até o dia 5 de outubro.
Segundo o calendário eleitoral, a conclusão de processo de apuração deve ocorrer até o dia 12 de outubro. No entanto, desde a implementação do sistema informatizado de votação, com o uso da urna eletrônica, é possível conhecer o resultado da eleição na noite do dia da votação. Nos municípios onde houver a necessidade de segundo turno, a partir do dia 13 de outubro começa a propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão, que se estenderá até o dia 26.