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segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Centro precisa de limpeza moral e estética


Pichações e sujeira são reflexo da falta de segurança na região central de Curitiba, sobretudo do consumo de drogas.

O Centro de Curitiba é de todos – moradores, comerciantes, trabalhadores, estudantes, turistas. Mas está parecendo terra de ninguém, abandonado. Nas ruas, os pedidos são por mais segurança e mais limpeza, já que imóveis públicos e privados estão sendo vandalizados com um número crescente de pichações.
“Existem câmeras, mas não há monitoramento. Então as pessoas não se sentem mais seguras. De dois anos para cá o turismo diminuiu muito”, diz Claudiney Belgamo, 52 anos, proprietário da galeria de arte Antichità. Para ele, todos os outros problemas nascem da falta de segurança. “Não há controle, então o pessoal vem fumar crack, vem pichar”, relata. A droga assusta porque o usuário assalta para conseguir dinheiro para comprá-la.
Antônio More/ Gazeta do Povo
Antônio More/ Gazeta do Povo / Elza Mendes: cabeças pensantes precisam planejar o CentroAmpliar imagem
Elza Mendes: cabeças pensantes precisam planejar o Centro
Ônibus lotado na hora do rush exige paciência
A aula na universidade começa só às 8 horas, mas a estudante de Publicidade Lilian Santos, 19 anos, precisa pegar o ônibus às 7 da manhã. Ela usa o Ligeirão, e ele realmente faz o trajeto rapidamente, conta. “O problema é esperar um ônibus em que eu consiga entrar. Saio do Xaxim às 7 horas, chego às 7h20 ao Hauer e tenho de esperar passar dois ou três Ligeirões até eu conseguir entrar.”
Gustavo Costa Queiroz, 36 anos, é analista de sistemas e trabalha num prédio no calçadão da XV. Ele prefere fazer hora extra no trabalho à noite para evitar o transporte público na hora do rush. “É melhor entrar no serviço mais tarde e sair mais tarde, porque a estação central fica muito lotada.”
Para a aposentada Elza Maria Mendes, 63 anos, Cu­­ritiba vive um caos de trânsito – muitos veículos para pouco espaço. “Deve ter alguma maneira de fazer com que as pessoas usem mais o ônibus. Mas não sou eu quem vou dizer como fazer. Deve ter cabeças pensantes planejando o futuro da cidade, não é?”
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O que é preciso fazer no Centro de Curitiba?
As cartas selecionadas serão publicadas na Coluna do Leitor
Segundo Belgamo, os prédios públicos são pichados e não há nenhuma providência. “Como é que a prefeitura exige do proprietário de imóvel tombado que mantenha sempre limpa a fachada, bem conservada? Se não fizer isso, a pessoa é multada. Como o governo fica meses sem limpar as pichações? Os deveres deveriam ser iguais.”
De janeiro a junho de 2012, a Guarda Municipal contabilizou uma média de 81 ocorrências de pichação por mês, 36% acima do registrado em 2011. A grande maioria ocorreu na região central.
A reportagem encontrou um grupo de turistas de Ponta Grossa lamentando a sujeira do Belvedere do Alto São Francisco. As pichações estão lá há meses – em 27 de junho, a Gazeta do Povo já havia mostrado a situação, e os rabiscos só aumentaram desde então. Para o grupo, que estava em Curitiba para uma atividade da disciplina de Artes da Universidade Aberta para a Terceira Idade, o descaso com o patrimônio público é muito grande. “A gente sempre considera Curitiba como cidade de primeiro mundo, mas isso que está aí é de terceiro mundo”, acrescentam.
Sem praça
A sujeira também domina as praças centrais de Curitiba. Na João Cândido há um tapete de bitucas de cigarros e cacos de vidro. De acordo com Nicole Lima, 33 anos, moradora do São Francisco, a situação se repete em outras praças da região. Por isso ela prefere ir até a Praça 29 de Março, nas Mercês, para a filha Elis, de 2 anos, brincar com mais segurança.
“O parquinho do Passeio Público até que é limpo, mas há muitos bêbados por lá”, diz Nicole. Ela pretende se mudar em breve, pois acha o São Francisco muito perigoso. “Há pessoas fumando crack­ a qualquer hora do dia. A polícia não faz nada. De vez em quando faz blitz no bar O Torto, mas quem vai ao Torto são pessoas de bem. A polícia vai atrás das pes­­soas erradas”, observa Nicole, professora de Fotografia na Universidade Positivo.
Calçadão
Em direção ao calçadão da Rua XV, a sujeira também incomoda, assim como os batedores de carteira e assaltantes. “Precisamos de mais policiamento, principalmente perto dos bancos”, diz Elza Maria Mendes, 63 anos, aposentada. “No domingo é pior; parece até que a polícia tira folga”, conta Marco Antonio Benatto, 22 anos, analista de sistemas.

sábado, 15 de setembro de 2012

Ibope mostra Ratinho e Ducci em empate técnico


Atual prefeito tem 31% das intenções de voto, contra 30% do candidato do PSC. Gustavo Fruet (PDT) aparece em terceiro, com 16%.

Os números da nova pesquisa Ibope/RPCTV, divulgados ontem, apontam empate técnico entre os candidatos à prefeitura de Curitiba Ratinho Jr. (PSC) e Luciano Ducci (PSB). O atual prefeito e candidato à reeleição tem 31% das intenções de voto, enquanto Ratinho aparece com 30%. Na última pesquisa Ibope, divulgada no dia 24 de agosto, Ducci tinha 23% das intenções de voto e Ratinho, 28%.
Gustavo Fruet (PDT) aparece em terceiro lugar no levantamento divulgado ontem, com 16%, eRafael Greca (PMDB) está com 8%. Na pesquisa anterior, Fruet tinha 21% das intenções e Greca tinha 6%. Brancos e nulos somam 5%, e em agosto eram 10%; não souberam ou não opinaram são 8%; no levantamento anterior, eram 12%. Os demais candidatos tiveram 1% cada ou não pontuaram.

O Ibope também pesquisou três possíveis cenários para o segundo turno em Curitiba. No primeiro, Ratinho Junior tem 41% das intenções de voto contra 38% de Luciano Ducci. No segundo cenário, Ratinho tem 42% dos votos e Fruet, 31%. Na última simulação, a disputa é entre Ducci, que tem 43% das intenções, e Fruet, que apresenta 31%.
Segundo turno e rejeição
Entre os índices de rejeição, Rafael Greca tem 23%, Luciano Ducci 20% e Ratinho Junior tem 17%. 18% dos entrevistados não votariam em Alzimara Bacellar, 16% em Bruno Meirinho, 14% em Carlos Moraes e 14% rejeitam Avanílson Araújo. Gustavo Fruet tem um índice de rejeição de 9%. 18% dos pesquisados disseram que poderiam votar em qualquer um dos candidatos e 9% não souberam ou não responderam.
Análise
Para o diretor do instituto Paraná Pesquisas, Murilo Hidalgo, o resultado não indica mais um “sinal vermelho” para Fruet, mas “preto”. “O ‘sinal laranja’ era para o Ducci, agora é para o Ratinho”, diz.
Hidalgo também comentou a pesquisa Datafolha divulgada anteontem, quando Ratinho teve 32% das intenções de voto, Ducci 26% e Fruet 16%. “Ratinho cresceu fora da margem de erro, Ducci está estável e Fruet caiu fora da margem de erro”, aponta. O diretor ressalta que não se podem comparar resultados de pesquisas de institutos diferentes, como o Ibope e o Datafolha, mas que isso modifica o ânimo das campanhas (a pesquisa Datafolha divulgado em 13 de setembro ouviu 958 eleitores e foi registrada com o número 00148/2012. A margem de erro é de 3 pontos porcentuais.).

Curitiba diminui ritmo de favelização


Henry Milleo/Gazeta do Povo / O casal de aposentados Laurentino Silva e Irene dos Passos da Silva está na fila por uma casa da CohabO casal de aposentados Laurentino Silva e Irene dos Passos da Silva está na fila por uma casa da Cohab
HABITAÇÃO

Curitiba diminui ritmo de favelização

Segundo dados do Censo de 2010 recentemente divulgados, 49.706 famílias vivem nas chamadas aglomerações subnormais na capital.
A auxiliar de serviços gerais Jorgina Vidal dos Santos Alves, 33 anos, deu à luz o último dos seus quatro filhos há sete anos, exatamente no momento em que chegava à Vila Icaraí, um dos locais mais violentos do bolsão Audi-União, no Uberaba. Ali, ela é apenas uma das dezenas de pessoas que esperam o reassentamento realizado pela Companhia de Habitação Popular de Curitiba (Cohab) no bairro com o objetivo de reduzir o número atual de 49.706 domicílios em aglomerados subnormais de Curitiba.
Comportamento
Cuidado com as novas casas varia no Uberaba
Em meio a ruas pavimentadas, com escola e creche já entregues, e a promessa da formação de uma cooperativa no local, os moradores das casas entregues pela Cohab há cerca de três anos já convivem com imóveis depredados ou mal cuidados. Muitas vezes, porém, isso ocorre por falta de opção ou pela própria desestruturação familiar.
O catador Gerson Alves de Oliveira, por exemplo, mudou-se para as novas casas da Cohab há três anos, após viver cinco anos em um casebre de madeira no Uberaba. Na antiga moradia, a filha, então com 23 anos, entregou-se às promessas de traficantes e hoje é dependente de crack. “Toda semana o Centro de Referência em Assistência Social vem aqui ou eu vou lá, mas não tem jeito”, conta Oliveira, 58, cuja casa está sem janelas e rodeada de material reciclado.
Já Liversina Rodrigues, 66, recebeu há três anos uma casa da Cohab. O imóvel tem fachada pintada de roxo, horta e cerâmica em todos os cômodos. Tudo feito com o dinheiro que ela recebe da aposentadoria.
Na fila
Da madeira à alvenaria: o sonho da Vila Icaraí
Entre placas de madeiras encaixadas e sobre ripas frouxas e encharcadas pela água dos córregos que correm sob suas casas, os moradores da Vila Icaraí olham todos os dias para a numeração nas fachadas de suas casas que corresponde ao cadastro que mantêm na Cohab.
Esse é o caso do casal de aposentados Irene dos Passos da Silva, 69, e Laurentino Souza da Silva, 66, que vivem há dez anos em uma casa de madeira pintada de cor-de-rosa no Uberaba e ostentam o número 23 na fachada do imóvel. “Nossa casa está caindo, como a maioria aqui. Mas deveríamos ter prioridade, pois já faz tempo que fizemos o cadastro”, reclama Irene.
O protesto se dava enquanto ela observava Silva cozinhando doce de banana no improvisado fogão à lenha. Baiano de nascimento, ele troca material reciclado por verduras em um posto da prefeitura e, assim, alimenta suas receitas.
191 aglomerados
No Paraná, 13 municípios contam com 191 aglomerados subnormais, sendo Curitiba (126), Ponta Grossa (19), Foz do Iguaçu e Almirante Tamandaré, com dez cada, as cidades que mais concentram áreas nessas condições.
Subnormal
O conceito de aglomerado subnormal leva em conta áreas com mais de 50 domicílios, que estejam ocupadas de forma ilegal e que possuam urbanização fora dos padrões, definida por vias estreitas e de alinhamento irregular ou pela precariedade de serviços públicos essenciais, como abastecimento de água, esgoto, coleta de lixo e fornecimento de energia elétrica.
Essa quantidade foi levantada em 2010 pelos técnicos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e mostrou que a capital paranaense ganhou, na década passada, 21.467 domicílios em áreas irregulares e sem infraestrutura básica. A conta leva em consideração apenas áreas com mais de 50 casas.
Apesar desse crescimento, os números do IBGE mostram que o ritmo anual vem diminuindo à medida que os programas de urbanização de favelas e reassentamentos avançam. Em 1991, Curitiba tinha 28.239 domicílios em aglomerados subnormais, número que pulou para 32.196 em 1996 (alta de 2,97% por ano), depois para 37.752 no início dos anos 2000 (3,67%), para chegar em 2010 às 49.706 mil famílias vivendo nessas condições (2,79%).
O bairro em que Jorgina vive, o Uberaba, é um dos que tiveram o maior crescimento no número de domicílios em aglomerados subnormais. Se em 1991, pouco mais de cem famílias viviam ali nessas condições, o último Censo mostrou que esse número pulou para 2.680.
Parentes e amigos
Segundo Teresa Elvira Gomes de Oliveira, diretora técnica da Cohab, essa movimentação pode estar ligada ao adensamento das próprias áreas. “Essas regiões não são ocupações tão recentes e as pessoas acabam trazendo parentes e amigos”, justifica.
Outra explicação pode estar na saturação de outros bairros da capital. Apesar de reunirem em números absolutos as maiores concentrações de domicílios, a Cidade Industrial, o Cajuru e o Sítio Cercado já não apresentam a mesma velocidade de crescimento. “São áreas que já se consolidaram como zonas de ocupação ou de habitação de interesse social. Além disso, são bairros sem grande impacto do investimento imobiliário”, afirma Teresa, que admite, porém, que essa situação pode mudar com projetos do Minha Casa Minha Vida.
É justamente a especulação do mercado que molda a movimentação das ocupações em aglomerados urbanos, segundo Zulma Schüssel, professora de Planejamento Urbano e Regional da Pon­tifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). “Nas áreas em que o valor [do metro quadrado] não é tão alto geralmente há ocupação desordenada”, diz a arquiteta.
População
Crescimento de famílias em favelas também vem diminuindo em 20 anos
O ritmo de crescimento de aglomerados subnormais está diminuindo e o de habitantes nessas situações mais ainda – seguindo o ritmo de crescimento da população brasileira.
De acordo com os dados do IBGE, em 1991 havia 112.956 moradores de casas em aglomerados subnormais e cinco anos depois esse número saltou para 131.354 – crescimento de 3,06%. Já na comparação do início da década passada e com o final, o aumento foi de apenas 1,18% (145.242 habitantes em 2000 ante 163.301 dez anos depois).
Segundo Lourival Peyerl, supervisor de informações do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba, esses números revelam a preocupação das pessoas com o planejamento familiar. “Com o acesso a métodos contraceptivos, a decisão de ter ou não ter filhos é mais pensada, mesmo em áreas de menor renda”, argumenta.
No país, existem 3,2 milhões de domicílios particulares ocupados em aglomerados subnormais, abrigando 11,4 milhões de habitantes – média de 3,54 pessoas por imóvel. No Paraná, são 61.817 casas nessa condição com 217.223 moradores (3,51).
Casas novas
Promessa da Cohab é reassentar mais 2.644 famílias até 2013
Segundo a Cohab, mais 208 casas serão construídas até abril de 2013 no Uberaba para realocar a população que vive em barracos à beira da obra do futuro Parque da Imigração Japonesa. Essas obras fazem parte de um pacote de 2.644 imóveis que serão construídos até o fim de 2013 visando o reassentamento de famílias que vivem em situação de risco em Curitiba.
De acordo com a Cohab, 5,5 mil famílias foram reassentadas entre 2009 e agosto de 2012. “Nosso trabalho começou em 2005, mas ganhou ímpeto em 2007, quando apresentamos para o Programa de Aceleração do Crescimento, do governo federal, um projeto de urbanização de favelas em 43 vilas”, diz Teresa Gomes de Oliveira, diretora técnica da Cohab.
Com a nova ação, a prefeitura espera retirar 6.453 da beira de rios. “Distribuímos o projeto a partir de bacias hidrográficas, onde está a maior parte das ocupações. Com isso, recuperaremos também essas bacias”, afirma Teresa, que explica as três linhas de ação da pasta: urbanizar com infraestrutura, legalizar e reassentar, priorizando as áreas públicas e ocupações antigas.

Imóveis vizinhos à Arena começam a ser demolidos


Ivonaldo Alexandre / Gazeta do Povo
Ivonaldo Alexandre / Gazeta do Povo / Casa na Rua Buenos Aires é um dos três primeiros imóveis que começaram a ser demolidos para as obras na ArenaCasa na Rua Buenos Aires é um dos três primeiros imóveis que começaram a ser demolidos para as obras na Arena
DESAPROPRIAÇÕES

Imóveis vizinhos à Arena começam a ser demolidos

Três casas no entorno são as primeiras desmanchadas para as obras de adequação no estádio para a Copa de 2014.
Três imóveis desapropriados por causa das obras na Arena da Baixada para a Copa do Mundo de 2014começaram a ser demolidos na quinta-feira (13). Dois deles estão localizados na Rua Buenos Aires e um na Rua Brasílio Itiberê. Outros dois serão desocupados até o final do mês e, assim que isso ocorrer, também serão derrubados.
Ao todo, 16 terrenos vizinhos ao estádio do Atlético foram incluídos no projeto. Destes, os proprietários de 12 entraram em acordo com a prefeitura de Curitiba para a desapropriação.
“As coisas estão caminhando, dentro da maior legalidade possível”, afirma Luiz de Carvalho, secretário municipal para Assuntos da Copa.
Os quatro restantes optaram por discutir a saída do imóvel na Justiça. Isso não quer dizer que os proprietários poderão permanecer no local. A via judicial foi tomada para contestar os valores de indenização que foram atribuídos pelo município para a transmissão de posse dos terrenos.
No dia 11 de junho o Tribunal de Justiça do Paraná indeferiu em primeira instância liminar a favor dos moradores. Os clientes ainda aguardam o julgamento em primeiro grau de um mandado de segurança contra o decreto que prevê as desapropriações, bem como o julgamento – este em segundo grau – da decisão que indeferiu a liminar. Há ainda três ações de desapropriação esperando avaliação judicial.
Contrapartida
O município gastará cerca de R$ 12,5 milhões nas desapropriações dos terrenos ao redor da Arena. O valor, no entanto, deve ser ressarcido pelo Atlético na forma de imóveis equivalentes a 6.300 m² até dezembro de 2014.
No primeiro convênio não estava bem explicado qual seria a contrapartida do clube, que terá os espaços incorporados ao seu patrimônio. Somente atendendo a uma recomendação do Tribunal de Contas do Paraná (TC-PR), Rubro-Negro e prefeitura assinaram um novo acordo em junho aumentando a compensação pela desapropriação dos 16 terrenos.
A medida foi tomada depois que o Ministério Público do Paraná (MP-PR) emitiu parecer favorável ao posicionamento de seis proprietários que impetraram mandado de segurança na Justiça solicitando a anulação do decreto municipal de desapropriação. O parecer não é vinculante à ação, ou seja, só tem valor opinativo. 

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Mulher de meio corpo desafia a Medicina e é mãe de dois filhos saudáveis


Rose se recusou a abortar mesmo sabendo que as chances de sobrevivência dos filhos eram mínimas

Publicado em 8/9/2012 às 15h38: atualizado em: 8/9/2012 às 15h49
Do R7
Reprodução Daily MailRose amputou metade do corpo, mas conseguiu ter dois filhos
Rosemary Siggins, mais conhecida como Rose, nasceu com agenesia sacral, doença rara que provoca anomalias na coluna vertebral. Em decorrência do quadro, a mulher teve que remover a metade inferior do corpo quando tinha apenas dois anos de idade. As informações são do Daily Mail.
Apesar da condição física, Rose é mãe de Lucas, de 13 anos, e Shelby, de seis, e leva-os à escola todos os dias em seu carro especialmente adaptado.
— Meu skate é muito importante para mim. É a diferença entre se sentir preso e livre.
Durante a adolescência, Rose tornou-se uma pessoa insegura e preocupada de nunca ter um namorado ou poder construir sua própria família. Mas, em 1997, ela conheceu Dave Siggins —funcionário de uma loja de peças de carro.
— Houve uma atração imediata de ambas as partes. Ele me tratou como qualquer outra mulher e disse que eu era bonita. Oito meses depois, começamos a namorar.
Após um ano de relacionamento, Rose ficou grávida. Apesar de a doença causar danos no sistema reprodutivo, o casal diz ter uma vida sexual normal.
— O médico desaconselhou a gravidez porque o bebê poderia esmagar os meus órgãos internos. Mesmo sabendo que as chances de sobrevivência eram quase nulas, recusei o aborto. Por sorte, foi uma gravidez fácil e Lucas nasceu saudável por cesariana.
Quando o garoto completou seis anos, Rose descobriu sua segunda gravidez, mas admite que desta vez foi mais complicado.  
— Eu tinha sangramento, problemas respiratórios e dores abdominais. Mas na segunda cesariana também precisei remover o apêndice e a vesícula biliar.
Desafios diários
Apesar de valente, Rose percebeu que tem limitações e admite que sua saúde piorou nos últimos anos. Ela conta que sente as mãos e braços desgastados e está preocupada a ser forçada a usar uma cadeira de rodas. Mesmo assim, não desiste da vida.
— Por toda a minha vida enfrentei diferentes desafios, mas sou grata de ter dois filhos fantásticos e um marido amoroso. Meus filhos adoram ter a menor mãe do mundo!

Governo paga R$ 30 milhões referentes ao aumento concedido aos professores


Institucional

13/09/2012

O governador Beto Richa autorizou o pagamento para esta sexta-feira (14/09), em folha complementar, dos 6,6% de aumento concedidos aos 75 mil professores da rede estadual de ensino. A medida representa um desembolso de mais de R$ 30 milhões e faz parte do processo de equiparação salarial do magistério aos demais servidores estaduais de nível superior.


O pagamento autorizado por Richa é retroativo aos meses de julho e agosto. No salário de outubro, os professores receberão outra parcela de 6,65% de aumento. “O processo de equiparação salarial dos professores da educação básica da rede estadual aos demais servidores que possuem ensino superior, bem como a adequação ao Piso Nacional dos Professores, é um compromisso assumido pelo governo e que está sendo cumprido”, afirmou o governador.

Richa ressaltou que o aumento no salário dos professores estaduais chega a 34,85% em apenas dois anos de governo. “Um ensino público de excelência só se faz com investimento e valorização dos professores. No Paraná avançamos muito na melhoria das condições de trabalho e estamos corrigindo uma defasagem salarial histórica”, enfatizou o governador.

CONQUISTA - O processo de equiparação salarial dos professores começou no ano passado. Em 2011, o reajuste aplicado foi de 12,8%, se somados os percentuais aplicados em maio, agosto e outubro. Em maio, assim como os demais servidores do Estado, os professores receberam 6,5% de aumento. Parte da parcela de outubro, de 5,91%, foi antecipada para agosto, com a aplicação de um índice de 3% e outros 2,83% foram pagos no salário de outubro.

Neste ano, o reajuste acumulado chega a 19,55%, considerando os 5,1% aplicados em maio para o conjunto das categorias profissionais do quadro dos servidores públicos. A partir de julho, passou a ser contabilizado o índice de 6,66% e, em outubro, haverá mais 6,65% de aumento.

“O reajuste de julho se refere à segunda parcela da equiparação salarial e o de outubro à antecipação da terceira parcela, que estava prevista para ser paga no ano que vem”, explica o vice-governador e secretário da Educação, Flávio Arns.

OUTROS AVANÇOS - Paralelamente aos avanços na recomposição salarial, outras ações foram realizadas para valorizar os professores e profissionais da educação. Foram contratados 17.261 servidores para a educação e será realizado concurso público para a contratação de 13.771 professores e pedagogos.

Mais de 2,3 mil professores estão participando de cursos de Mestrado, Doutorado e Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE), sem prejuízo aos vencimentos. Além disso, 100 mil servidores da Secretaria da Educação garantiram 400 mil participações em programas de formação continuada.

Aposentado, sim. Parado nunca!


Mel Gabardo / Gazeta do Povo /
COMPORTAMENTO

Aposentado, sim. Parado nunca!

Saber usar o tempo livre depois da aposentadoria pode ajudar a descobrir novos talentos, incrementar a vida social e até cuidar da saúde.
Você passa a vida toda trabalhando e, quan­­do se aposenta, encara um dilema: o que fazer com o tempo livre? Algumas pessoas resolvem simplesmente não fazer nada e assumir o estereótipo do aposentado que passa o dia no sofá. Mas não precisa ser assim. Aliás, para o aposentado Armelino Giradi, não deve ser assim.
“A pessoa acha que, quando se aposenta, tudo termina. Eu prefiro dizer que a vida tem dois tempos, assim como uma partida de futebol. Se o primeiro tem 45 minutos, o segundo também deve ter 45”, afirma ele que, há cinco anos, criou o Clube dos Desaposentados, um espaço para os aposentados interagirem e desenvolverem novos interesses.
“É importante ver a apo­­­­sentadoria como uma oportunidade. O clube reúne aposentados que ocupam a mente e o coração com algo que dá prazer. O que não dá é ficar parado. É preciso ter atividades, ter sonhos”, explica Giradi, “desaposentado” há 12 anos. O Clube tem hoje 5 mil filiados, gente interessada em manter a aprendizagem contínua e trocar experiências sobre essa nova fase da vida. “Muito aposentado se isola, especialmente os que viviam apenas no ambiente de trabalho”, revela.
Para a geriatra Gisele dos Santos, manter alguma atividade é fundamental, para manter também a saúde. “Quando a pessoa se aposenta e não tem objetivos de vida, acaba se isolando, o que gera redução, tanto da atividade física quanto do estímulo psicossocial”, explica.
Com o tempo, a diminuição da atividade física e mental aumenta o risco de várias doenças, mas o principal dano causado é psicológico. “Hoje, quando nos aposentamos, não estamos perto do fim das nossas vidas. E ficar 20 anos esperando pela morte, não dá!”, diz Gisele. Segundo ela, a falta de vida social pode ocasionar diversos transtornos do humor, como por exemplo a depressão. “A pessoa acha que não tem mais valor, que não serve para mais nada. Também prejudica a memória.” Nesses casos, o acompanhamento médico e psicológico é fundamental, mas o remédio pode ser mais simples do que parece: manter-se ativo.
Vida nova
Foi o que fez Geraldina Galléas. Ela resolveu aproveitar o tempo livre para fazer cursos, aprender coisas novas, e acabou descobrindo um talento. Aos 82 anos, tornou-se uma premiada pintora. Detalhe: Geraldina começou a pintar aos 62.
Dona de casa, cinco filhos, 11 netos, a pintura surgiu como um passatempo. Experiente, ela sabe que uma nova ocupação pode trazer fôlego novo à vida de quem se aposenta. “A gente fica mais jovem, não envelhece. Se ficar pensando na idade, em doenças, a gente vegeta”, revela. Alegre, falante e extremamente ativa, Geraldina é um exemplo de que o tempo pode ser um aliado. Se a vida é mesmo um jogo, que ela jogue a nosso favor.

Mortalidade infantil cai 73% no Brasil em duas décadas


Brasil está em quarto no ranking de avanços, atrás apenas da Turquia, do Peru e de El Salvador na relação das nações que mais obtiveram conquistas na prevenção de doenças infantis.

Brasília – No Brasil, o número de mortes de crianças com menos de 5 anos caiu 73% nas últimas duas décadas, segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). Os dados do Brasil colocam o país em quarto no ranking de avanços, atrás apenas da Turquia, do Peru e de El Salvador na relação das nações que mais obtiveram conquistas na prevenção de doenças infantis.
Em 1990, foram registradas 58 mortes em cada grupo de mil crianças. Já em 2011, foram registradas 16 mortes para cada mil crianças. No entanto, no Brasil as famílias ainda perdem muitos bebês devido às chamadas causas neonatais – problemas ocorridos no pós-parto.
Os dados estão no Relatório de Progresso 2012, intitulado O Compromisso com a Sobrevivência da Criança: Uma Promessa Renovada. A publicação também menciona o elevado número de mortes de crianças devido à diarreia e à pneumonia, assim como a doenças sem definições específicas.
A assessoria do Unicef informou que os números oficiais de cada país nem sempre são iguais aos usados pelo organismo, pois há uma adequação técnica para fazer a comparação entre as nações. O relatório pode ser lido na íntegra no site do Unicef.
Nos últimos 20 anos, houve queda da mortalidade infantil na maior parte dos países examinados pelo Unicef, segundo a publicação. Os dados mostram que as mortes de crianças com menos de 5 anos caíram de 12 milhões, em 1990, para 6,9 milhões, em 2011.

Pai super protetor, filho inseguro


Ensino

Sexta-feira, 14/09/2012
Daniel Castellano/Gazeta do Povo
Daniel Castellano/Gazeta do Povo / Para Paola e Rodrigo Fiorin – na foto com os filhos, Ana Luisa e Rodrigo Júnior – existe um meio-termo saudável entre a rigidez e a negligênciaPara Paola e Rodrigo Fiorin – na foto com os filhos, Ana Luisa e Rodrigo Júnior – existe um meio-termo saudável entre a rigidez e a negligência
COMPORTAMENTO

Pai super protetor, filho inseguro

Pais erram ao assumir tarefas que os filhos já teriam condições de fazer, impedindo o seu desenvolvimento emocional e social.

Henry Milleo/ Gazeta do Povo
Henry Milleo/ Gazeta do Povo / Josele faz tudo pela filha, Maria CarolineAmpliar imagem
Josele faz tudo pela filha, Maria Caroline
Na medida certa
Confira dicas de especialistas para incentivar a autonomia e independência dos filhos:
- Observe o comportamento de seu filho ao liberá-lo para novas experiências, mesmo que isso signifique acompanhá-lo a distância nas primeiras iniciativas – como, por exemplo, quando que ele for à panificadora sozinho.
- Não exija da criança um comportamento exemplar nas primeiras tentativas. Ao aparecerem os erros, oriente, apoie e incentive.
- Se perceber que seu filho ficará triste se permanecer na reserva durante um jogo, não o impeça de participar e o estimule a treinar mais.
- Pergunte ao seu cônjuge, familiares e amigos se eles o consideram protetor demais. Reflita a respeito e converse com o seu filho sobre suas preocupações, mostrando que confia nele.
- Avalie se as preocupações com o seu filho o afastam do seu parceiro e atrapalham seu sono ou trabalho. Se a resposta for positiva, repensar suas prioridades trará benefícios não só para o seu filho, mas para toda a família.
Exame de consciência
Veja algumas características dos personagens das famílias nas quais reina a superproteção:
O pai superprotetor
- Costuma justificar seus atos com frases como: “Meu filho não precisa passar por isso” ou “Ninguém cuida dele tão bem quanto eu”.
- Não considera a opinião das crianças, dirige suas escolhas e tem medo de que elas errem e sofram por causa disso.
- Prefere que o filho não se exponha a situações que possam feri-lo, como uma competição esportiva. Ao ver o filho em atividades físicas, dá orientações excessivas para que ele não se machuque.
- Geralmente se enquadra no perfil de pessoas que foram pais mais velhos, que adota ou que tiveram um filho único ou prematuro, assim como os que sentem culpa por trabalhar muito.
Os filhos superprotegidos
- Podem crescer ansiosos, perfeccionistas, competitivos, dependentes e indecisos.
- Na adolescência costumam ser mais desafiadores e irresponsáveis, acham que todos têm de satisfazer suas vontades.
- Demoram mais tempo para sair da casa dos pais, têm problemas de relacionamento em casa e no trabalho. A falta de capacidade de lidar com problemas faz com que se sintam incompreendidos e injustiçados.
1,8 filho
é a quantidade média por família no Brasil, segundo o IBGE. Pais com poucos filhos costumam ser mais superprotetores.

Eles ganharam o apelido de “pais helicóptero”, termo criado nos Estados Unidos para definir os chefes de famílias nas quais os filhos são criados sob vigilância próxima, constante e barulhenta. A comparação faz sentido, uma vez que alguns pais gastam energias tentando poupar crianças e adolescentes de perigos e frustrações, preocupados em excesso com a sua proteção. Es­ta atitude, de acordo com psicólogos, mais atrapalha do que colabora.
Apesar de terem conceitos opostos, negligência e superproteção se igualam se considerados seus riscos para o desenvolvimento emocio­nal, social e até físico dos pequenos. Pais superprotetores não só limitam as experiências do filho na tentativa de proibir tudo que possa pôr em risco sua integridade como prejudicam a sua auto­nomia ao assumir tarefas que o filho já teria condições de desempenhar.
O fato de que há cada vez mais famílias com filhos únicos e pais tardios piora esse quadro. Nessas circunstâncias, em muitos ca­­sos as crianças são aguardadas ansiosamente e vistas como um projeto no qual se exige demais que elas sejam bem preparadas e mais bem sucedidas para enfrentar o dia a dia de uma sociedade altamente competitiva. Ao mesmo tempo, o medo de que o filho sofra algum tipo de violência agrava a tendência paternal de impedi-lo de arriscar-se em situações normais da vida.
Para evitar esses exageros, é preciso buscar o bom senso, explica a psicóloga Graziela Sapienza, professora de Psi­cologia da Pontifícia Uni­versidade Ca­tó­lica do Pa­raná (PUCPR). “Os pais devem proteger os filhos de situações estressantes e perigosas, porém é importante que os filhos passem por situações frustrantes e as superem com o apoio dos pais”, afirma.
Curso natural
A aprendizagem ao longo da vida ocorre por “tentativa e erro”, por meio de experiências e também de regras e limites externos. Nesse cenário, os pais que utilizam exclusivamente a terceira forma para ensinar os filhos devem ter em conta que, se seguir os conselhos ou ordens de outras pessoas pode diminuir a probabilidade de algo dar errado, este comportamen­to limita ao mesmo tempo as possibilidades de ação e criatividade. “Regras são importantes e devem fazer parte da educação, mas pais superprotetores tendem a usar apenas essa forma de ‘ensinar’, não permitindo que os filhos entrem em contato com as contingências ou aprendam na prática como se rela­cionar com o mundo”, diz a psicóloga Silvia Aparecida Fornazari, do Departamento de Psicologia Geral e Análise do Comportamento da Uni­­versidade Estadual de Lon­drina (UEL).
Os prejuízos dessa maneira de educar também atingem os pais. Próximo de uma criança superprotegida há geralmente um pai sobrecarregado e frustrado. “Se minha autoestima não está bem, arranjo uma desculpa não consciente para es­tar sempre de olho em meu filho e assim não prestar atenção às minhas necessidades e inseguranças”, exemplifica a psicóloga e terapeuta de família Carla Cramer. Con­fira nos quadros ao lado as conse­quências que uma educação superprotetora sobre as crianças e dicas das especialistas para reverter essa situação.
Sem desligar das crianças
Na casa de Ana Luiza, 7 anos, internet só com restrição de conteúdo. O celular terá de esperar a adolescência e, por enquanto, nada de dormir na casa de colegas ou tomar refrigerante. Como a menina nasceu prematura, os pais, Rodrigo e Paola Fiorin, contam que o cuidado redobrado nos primeiros meses de vida acabou gerando o comportamento considerado por alguns como superprotetor.
“Dizem que somos muito rígidos, mas achamos que os outros é que são desligados com as crianças”, diz Ro­­drigo, que tem 31 anos e é professor universitário. O ca­­sal também tem Rodrigo, 1 ano e meio, mas conta que com ele não está tão fácil ficar de marcação cerrada. “Não sei se é porque ele é menino ou se é porque estamos no segundo filho”, conta.
Outra superprotetora assumida, a fisioterapeuta Josele Ribas conta que até esquece que a filha, Maria Caroline, 6 anos, já não é mais bebê. “Faço tudo para ela, dou banho e às vezes dou até comida na boca. As raríssimas vezes em que ela saiu sem mim, fiquei ligando toda hora”, conta. À medida que a filha cresce, contudo, acaba mostrando para a mãe que pode se virar sozinha. “Quando ela foi para a escolinha pela primeira vez e depois quando começou a ir de van ela ficou numa boa, feliz da vida. Eu é que fiquei frustrada por ela nem sentir minha falta”, diz.

PR terá sistema próprio de avaliação educacional a partir deste ano


Ensino

Sexta-feira, 14/09/2012
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EDUCAÇÃO BÁSICA

PR terá sistema próprio de avaliação educacional a partir deste ano

Em novembro, estudantes farão provas de Português e Matemática. Exame será aplicado para alunos do 9º ano do ensino fundamental e 3º ano do médio.
Assim como já ocorre em São Paulo, Minas Gerais e outros estados, o Paraná contará com a sua própria avaliação de desempenho educacional. A Secretaria de Estado da Educação (Seed) vai aplicar, no dia 22 de novembro deste ano, uma prova em todas as escolas estaduais. Além de medir a aprendizagem dos alunos, o sistema será composto por questionários sobre práticas pedagógicas e de gestão, que devem ser respondidos por professores e diretores, respectivamente.
O Sistema de Avaliação da Educação Básica do Paraná (Saep), financiado pelo Banco Mundial, funcionará de modo semelhante à Prova Brasil – realizada em âmbito nacional –, mas pretende ser mais específico. Construído a partir das diretrizes educacionais do estado, o exame, segundo a Seed, não será usado, a princípio, para definir políticas de intervenção nas escolas com baixos rendimentos. “Não queremos interferir no planejamento, ou naquilo que a escola já tem de autônomo, mas queremos oferecer subsídios à prática docente”, diz Fernanda Scaciota, diretora de Políticas e Programas Educacionais.
Análise
Especialistas lamentam falta de inovação
Apesar do consenso sobre os benefícios que um diagnóstico da aprendizagem na educação básica pode trazer, analistas que tiveram contato com o projeto do Saep criticam aspectos do sistema, como o custo que trará aos cofres públicos, e alertam para os riscos do mau uso de seus resultados.
Para o doutor em Políticas Educacionais Ângelo Ricardo de Souza, membro do Núcleo de Pesquisa em Políticas Educacionais da Universidade Federal do Paraná (UFPR), a prova poderia ir além do que se propõe. “Pensei que a Seed iria incluir outras disciplinas e conteúdos, ou que faria o exame por amostragem, usando outros instrumentos além da prova”, lamenta.
Segundo Souza, o Saep fará o mesmo que o Ministério da Educação já faz com a Prova Brasil e o Saeb. Para ele, se os resultados dessas duas provas nacionais fossem mais estudados, o novo exame esta­dual seria dispensável, evitando os custos de impressão e distribuição dos mais de 600 mil cadernos de questões.
Já a coordenadora do curso de Pedagogia das Faculdades Integradas do Brasil (UniBrasil), Paulla Helena de Carvalho, vê o risco de que o exame seja utilizado para promover apenas uma preparação à Prova Brasil e ao Enem, com o objetivo de que as escolas do estado alcancem melhores colocações em rankings nacionais.
Outro ponto levantado pelos entrevistados é a confusão que pode ocorrer quando as notas dos exames nacionais e estaduais, aplicados às mesmas séries, forem comparadas. “Se uma escola tira 3,8 no exame nacional, mas fica com 6,8 na nota estadual, em quem um pai de aluno deve acreditar?”, questiona o consultor em educação Renato Casagrande.
O especialista afirma ser favorável a exames de medição de desempenho, mas considera que já existem informações suficientes sobre a situação da educação no estado.
Exemplos
Existem hoje três iniciativas nacionais para medir a aprendizagem. Na década de 90, o governo criou o Saeb, que avalia apenas uma mostra dos estudantes do 5º e do 9º ano do ensino fundamental e do 3º ano do médio, de escolas públicas e privadas.Em 2005, surgiu a Prova Brasil, aplicada a todos os alunos de 5º e 9º anos da rede pública. Já o Enem é voluntário e direciona-se ao último ano do ensino médio.
Boa ideia?
A criação de um exame próprio para avaliar os estudantes das escolas estaduais do Paraná é uma boa ideia?
As cartas selecionadas serão publicadas na Coluna do Leitor.
De acordo com Fernanda, cada escola receberá material de orientação para interpretar os resultados e, dessa forma, cada professor poderá aperfeiçoar por conta própria sua prática docente conforme a necessidade revelada pelos números.
Semelhanças
Apesar da preocupação da Seed em afastar o estereótipo intervencionista do Saep, na prática as provas serão muito parecidas com outros exames estaduais e com o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). A formulação do Saep também seguirá a Teoria de Resposta ao Item (TRI), método pelo qual a nota não é calculada apenas com base no número de acertos do aluno e as questões apresentam pontuações diferentes de acordo com o grau de dificuldade de cada uma.
Assim como na Prova Brasil, os estudantes serão avaliados somente em duas áreas do conhecimento. Serão 52 questões: 26 de Língua Portuguesa e 26 de Matemática. As primeiras séries a serem avaliadas serão o 9.º ano do ensino fundamental (antiga 8.ª série) e o 3.º ano do ensino médio. O exame também será aplicado a outras séries, ainda não definidas, no início do ano que vem. A partir de 2013 o Saep deve ser realizado duas vezes ao ano.
A divulgação dos resultados do primeiro exame está prevista para o dia 27 de fevereiro de 2013. As notas por escola e município estarão disponíveis a toda a população na internet, e as escolas poderão acessar os resultados por aluno. Participarão do exame 2.024 escolas, totalizando cerca de 600 mil alunos ao fim das duas primeiras aplicações.
Já o questionário direcionado aos professores e diretores servirá para colher informações sobre o corpo docente da rede estadual. Serão solicitados dados sobre acesso à informática, nível socioeconômico, métodos usados em sala de aula e detalhes sobre a gestão escolar. A consulta deve chegar a todos os diretores das escolas avaliadas, a pouco mais de 9,3 mil professores de Língua Portuguesa e a 8,8 mil professores de Matemática.
Demora dos resultados do Ideb justificaria outro sistema
De acordo com a Seed, o Paraná é um dos poucos estados brasileiros que ainda não apresenta um sistema de avaliação próprio. O Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (Saresp), por exemplo, existe desde 1996 e está em sua 15.ª edição. Exames semelhantes também são adotados por municípios muito populosos, como é o caso da Prova Rio, aplicada a todas as escolas municipais da capital carioca.
Entre as justificativas para a adoção de um sistema local está a demora na divulgação dos dados, já que o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb – composto pelos resultados da Prova Brasil e pelos índices de aprovação dos alunos) é divulgado pelo MEC a cada dois anos. “É fundamental ter uma avaliação mais ágil. Dois anos é tempo demais para receber informações sobre o aprendizado de uma criança”, diz Claudia Costin, secretária municipal de Educação do Rio de Janeiro.
Além disso, as provas nacionais tenderiam a ser mais abrangentes e, por isso, nem sempre incluiriam tópicos das diretrizes curriculares de cada estado. A possibilidade de filtragens mais específicas também é um atrativo para as secretarias de educação que adotam exames próprios. No caso do Saep, além da nota por aluno pretende-se obter resultados por escolas, turmas e municípios.
Expansão
Por se tratar da primeira edição, o Saep de 2012 alcançará apenas as escolas estaduais, mas a experiência paulista permite que se cogite uma expansão futura. O Saresp é oferecido a todas as redes municipais que se interessem em participar. As despesas são pagas pelo governo do estado. Escolas particulares também podem aderir, desde que paguem os custos de impressão e distribuição das provas.
Outro aspecto que não está incluído na proposta do Saep, mas é comum em outras avaliações locais, é a vinculação de bons desempenhos a prêmios. No Rio de Janeiro, todos os funcionários das escolas que alcançam a meta estabelecida ganham um salário a mais. Se a escola estiver localizada em uma área considerada violenta, o prêmio é de um salário e meio a mais.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Tatu-bola, o primeiro convocado


Animal tipicamente brasileiro é anunciado pela Fifa como a mascote para a Copa'2014. Ambientalistas veem indicação como bandeira para reduzir risco de extinção da espécie

CBF/DIVULGAçãO/AE
Um bicho tipicamente brasileiro, como a caatinga e o cerrado, seus habitats naturais, está confirmado pela Fifa como a mascote oficial da Copa’2014. O tatu-bola, coberto por uma carapaça formada de três cintas móveis – de onde vem seu nome científico, Tolypeutes tricinctus –, tem hábitos noturnos, não mais que 50 centímetros de porte e, num piscar de olhos, é capaz de se blindar diante de predadores. As semelhanças com peculiaridades do futebol e do anfitrião, Brasil, legitimam a escolha.

Apresentando em imagens preto e branco e em 3D no escritório europeu de patentes pela entidade maior do esporte bretão, o animal que promete se tornar o centro das atenções em todo o mundo daqui a menos de dois anos ainda não tem nome – será definido por meio de votação na internet, a exemplo da bola Brazuca.

A indicação chama a atenção para um problema grave: o risco de extinção da espécie. Foram as chances de levar adiante um plano de conservação para o bicho, além da óbvia semelhança do tatu com a pelota, que levaram a ONG cearense Associação Caatinga a sugerir a adoção do ícone ao Ministério do Esporte e o Comitê Organizador Local (COL), em fevereiro. Aprovado, o tatu-bola – que vive também nas regiões Nordeste e Noroeste de Minas Gerais – pode ganhar força para ser salvo. “Ele é uma espécie endêmica, que só existe no Brasil, e representará o país dando visibilidade à nossa fauna. A presença na Copa vai dar o devido destaque a um ser bastante particular, mas que está ameaçado por ser alvo de vários tipos de pressões humanas como a diminuição das áreas de mata e a caça”, alerta a biológa e coordenadora técnica da ONG, Liana Sena.

As características da carapaça, acrescenta a especialista, permitem que o bicho se defenda de animais, embora possa ser facilmente capturado pelo homem. ““É a única espécie capaz de se enrolar completamente, formando uma bola quando se sente ameaçada, mas se está protegido de predadores naturais, ao mesmo tempo fica vulnerável aos seres humanos.”

Fundação Biodiversitas
O tatuzinho é típico da caatinga e do cerrado, sendo encontrado também no Nordeste e Noroeste de Minas Gerais
Bandeira O tatu-bola se alimenta de cupins, formigas, frutas e aproveita tocas abandonadas de outros animais, em vez de escavar seu próprio buraco. Colocá-lo em foco é visto com bons olhos pelo professor do Departamento de Biologia Geral do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG Flávio Rodrigues. Para ele, o fato de existirem somente duas variações do animal no Brasil (a outra é a Tolypeutes matacus, comum no Pantanal, mas em maior número) poderá servir como alerta. “A escolha da mascote é mais uma bandeira que se levanta para mostrar a necessidade de conservação das espécies. A partir daí poderemos alavancar recursos e gerar a atenção necessária”, defende. Rodrigues acredita, porém, que grande parte da preocupação sobre o problema venha do exterior. “O tatu-bola é ainda menos conhecido fora do Brasil. Como nosso representante na Copa, ele vai se tornar uma causa em todo o mundo”, salienta.

Apesar do risco de ser extinto, não há registro de apreensões de tatu-bola capturado ilegalmente no estado, segundo levantamento do Ibama. Ele será a 13º mascote de Copas desde o leão Willie, do Mundial de 1966, na Inglaterra.