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Professor de Língua Portuguesa na Rede Estadual de Ensino - Governo do Paraná

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Questionar: do verbo esclarecer ou atrapalhar?


Aniele Nascimento / Gazeta do Povo / O professor Tomás Barreiros estimula a participação dos seus alunosO professor Tomás Barreiros estimula a participação dos seus alunos
NO CÂMPUS

Questionar: do verbo esclarecer ou atrapalhar?

Fazer perguntas durante uma aula depende da postura do professor, da cultura da turma e do conteúdo dado.
Perguntas fazem parte da rotina de qualquer turma. Contudo, o que é comum em algumas classes pode ser um problema em outras, atrapalhando o plano de aula e até tirando a concentração dos alunos. Nessa hora, cabe ao professor fazer com que os jovens sejam receptivos à dúvida do colega ou redirecionar o assunto para a aula, em casos de perguntas inadequadas.
Segundo a coordenadora do curso de Pedagogia da Universidade Tuiuti do Paraná, Maria Iolanda Fontana, dúvidas fazem com que o docente perceba se a aula está sendo clara e é papel do professor incentivar a participação dos alunos. “A pergunta é uma habilidade importante que o aluno deve desenvolver. Ela nem sempre vem adequada e o professor deve orientar sobre a elaboração da pergunta, o que é um exercício interessante”, afirma.
Perguntar não ofende
Confira duas dicas para que os questionamentos não atrapalhem a aula e contribuam com o aprendizado:
• Não deixe de perguntar por vergonha. Veja qual a melhor maneira para expor sua dúvida. Muitas perguntas deixadas para o fim da aula ficam de lado.
• Ignore provocações ou piadas relacionada às suas perguntas ou ao seu comportamento questionador. Se a dúvida é pertinente, pergunte sem medo.
• Se as perguntas livres estão perturbando o andamento da aula, dá para experimentar o método da inscrição de perguntas. Desta forma, as perguntas são organizadas e feitas após a explicação do professor, que pode recebê-las por bilhetes e fazer uma pré-seleção, excluindo questionamentos repetidos.
• Preste atenção no perfil do professor e da disciplina. É uma aula prática ou teórica? Aulas práticas devem ser interrompidas enquanto o exercício está sendo demonstrado ou durante o exercício, já as teóricas podem não receber bem comentários e perguntas se estes interromperem a reflexão do professor.
Dê a sua opinião
Qual a sua estratégia para tirar dúvidas durante uma aula? Você se preocupa com a opinião dos colegas?
Por outro lado, há professores que preferem não abrir espaço para perguntas durante a aula. É o caso de Paulo Henrique da Costa, professor de Direito da Faculdade Opet. Ele leciona Filosofia do Direito, História do Direito e Ciência Política e acredita que interrupções atrapalham conteúdos teóricos como esses. “Percebi com a experiência que perguntas mal-formuladas são nocivas e que o melhor é aguardar o fim da aula para perguntar. Há pedagogos que não gostam desse tipo de método, mas os alunos concordam e apreciam depois de um tempo”, diz.
Participação
Um dos alunos de Costa, Tomás Eon Barreiros, coordenador do curso de Jornalismo do Centro Universitário Uninter, conta que esse método funciona nas aulas teóricas, mas ele, como professor de Jornalismo, prefere outra metodologia. “Para mim, a interrupção é sempre boa. A educação funciona com o diálogo. Prefiro dar 50% do conteúdo e ter alunos com mais vontade de aprender do que dar 100% e a aprendizagem morrer ali”, diz.
Outro adepto às aulas participativas é Sérgio Czajkowski Júnior, professor de Publicidade e Propaganda da Universidade Positivo e do Centro Universitário Curitiba (Unicuritiba). Como começou a dar aulas cedo, com 23 anos, ele lembra que era comum ter de lidar com perguntas feitas para testá-lo. A experiência fez com que ele aprendesse a lidar com qualquer tipo de questionamento. “Esse aprendizado vem dos alunos, que, com suas dúvidas, me ajudam a conseguir a aula que considero ideal”, diz.
Opinião de estudante
"Quando a pessoa se interessa, pergunta mais. Mas às vezes há perguntas que atrapalham, fogem do assunto, são para tirar dúvidas pessoais ou são óbvias e já foram explicadas. O que mais me irrita são as questões pessoais ou feitas para o conhecimento do professor."
Amanda Cristina de Andrade Levisky, estudante do 2º período do curso de Direito da PUCPR.
"Tem muitos alunos que perguntam bastante na minha sala, mas porque tratamos muito de assuntos de maior complexidade. Metade da turma pergunta, tira dúvidas, mas tem outros que tiram sarro também, os próprios professores brincam com os alunos. Assim como tem perguntas básicas, tem aquelas que ajudam, que acrescentam, aí é legal."
Clever Puma Guimarães Dias, estudante do 4º período de Engenharia Química da PUCPR.

"Eu costumo esperar o fim das aulas, pois prefiro não atrapalhar e também tenho vergonha. Quando tenho alguma dúvida, eu pergunto para algum amigo meu que está por perto e muitas vezes estes respondem. Em sala às vezes os colegas perguntam sobre a letra, outras vezes perguntam coisas que não tem nada a ver, mas na maioria é realmente sobre a matéria em si."
Carolina Pinotti, estudante do 4º ano de Matemática da UFPR.

Provas do Enade 2012 serão realizadas neste domingo


Segundo o Inep, o aluno concluinte que não realizar a prova não receberá o diplomaO Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) vai aplicar, no próximo domingo (25), o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) para estudantes universitários que concluem a graduação em todo país. Devido à greve das instituições de ensino superior, foram dispensados os estudantes que colariam grau em agosto deste ano. Também estão liberados do exame, os alunos matriculados em instituição estrangeira e os calouros (alunos ingressantes em 2012).

Serão avaliados este ano os cursos de administração, ciências contábeis, ciências econômicas, comunicação social, design, direito, psicologia, relações internacionais, secretariado executivo e turismo. Os cursos superiores de tecnologia das áreas de gestão comercial, gestão de recursos humanos, gestão financeira, logística, marketing e processos gerenciais também serão avaliados.
De acordo com Inep, em 2012 não haverá processo de amostragem. Todos os estudantes que concluem a graduação este ano serão obrigados a fazer a prova. Segundo a autarquia, o aluno concluinte que não realizar a prova não receberá o diploma, já que o Enade é componente curricular obrigatório.
Entre os objetivo do Enade está a avaliação do desempenho dos estudantes com relação aos conteúdos previstos nos cursos de graduação e a aferição do nível de atualização dos estudantes com relação à realidade brasileira e mundial.
Os resultados da avaliação são utilizados em atividades de regulação do ensino superior peloMinistério da Educação (MEC), como a elaboração de conceitos e indicadores de qualidade de instituições de ensino e de seus respectivos cursos. Criado em 2004, o Enade é aplicado anualmente pelo Inep e integra o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes).
A prova será realizada às 13 horas de domingo (hora de Brasília). Para saber o local, o aluno pode consultar o sistema do Enade com o número do CPF. O resultado do exame deve ser divulgado até dia 25 de dezembro.

Confusão sobre idade para entrar no ensino fundamental completa 6 anos


Criado por lei em 2006, o ensino de 9 anos ainda provoca dúvidas nos municípios do Paraná, que adotam normas próprias para as matrículas das crianças.

Instituído em 2006 pela Lei Federal 11.274, o ensino fundamental obrigatório de 9 anos, com início aos 6 anos de idade da criança, teve até 2010 para ser implantado. Mas entre ações judiciais, leis locais e resoluções conflitantes ainda há dúvidas a respeito da data correta para ingresso no 1.° ano dessa etapa de escolaridade. Um novo capítulo dessa história foi iniciado em outubro, com a divulgação do último parecer do Conselho Estadual de Educação do Paraná (CEE). Pelo documento, que orienta escolas públicas e privadas do Paraná, crianças que completam 6 anos até 31 de março devem obrigatoriamente ser matriculadas no 1.° ano do fundamental em 2013. Todas as que completam 6 anos desta data até 31 de dezembro devem continuar mais um ano na educação infantil, a menos que os pais façam uma manifestação expressa solicitando “antecipação” da matrícula.
A orientação do CEE foi mo­­tivada por uma consulta feita pela União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), que tem recebido muitos questionamentos de municípios paranaenses sobre as matrículas no fundamental. “No Paraná a questão está complicada e essa confusão prejudica crianças e suas famílias”, afirma a presidente da Undime, Cleuza Repulho. A dúvida das escolas é pertinente: apesar de o CEE e o Conselho Nacional de Educação (CNE) defenderem a diferenciação pelo aniversário dos estudantes, há uma lei estadual (16.049/09) que derruba essa data de corte e dá às crianças o direito de frequentar o 1.° ano independentemente do dia em que completam seis anos.
Marcelo Elias/Gazeta do Povo
Marcelo Elias/Gazeta do Povo / <b>“Ela já está alfabetizada” -</b> Em 2013 Sophia vai direto para o 1.° ano de uma escola particular. A menina completa 6 anos somente em setembro, mas, segundo a mãe, já está alfabetizada e pode ir para o ensino fundamental. “Não tive conversas com a escola, pois ela começou a estudar lá com 4 anos, no infantil 4, e agora é natural que vá para o 1.° ano depois do infantil 5. Ela já está alfabetizada e continuar na educação infantil ia ser maçante”, diz Fabiane Bonafini Zanatta Flizikowski, de 37 anos. Mas o ingresso no ensino de 9 anos se torna uma preocupação para Fabiane quando o assunto é a filha caçula, que tem 2 anos. “Ela faz aniversário dia 8 de janeiro e estará na turma com crianças que farão 6 anos só no fim do ano. Ela será a mais velha e a mais madura”, contaAmpliar imagem
“Ela já está alfabetizada” - Em 2013 Sophia vai direto para o 1.° ano de uma escola particular. A menina completa 6 anos somente em setembro, mas, segundo a mãe, já está alfabetizada e pode ir para o ensino fundamental. “Não tive conversas com a escola, pois ela começou a estudar lá com 4 anos, no infantil 4, e agora é natural que vá para o 1.° ano depois do infantil 5. Ela já está alfabetizada e continuar na educação infantil ia ser maçante”, diz Fabiane Bonafini Zanatta Flizikowski, de 37 anos. Mas o ingresso no ensino de 9 anos se torna uma preocupação para Fabiane quando o assunto é a filha caçula, que tem 2 anos. “Ela faz aniversário dia 8 de janeiro e estará na turma com crianças que farão 6 anos só no fim do ano. Ela será a mais velha e a mais madura”, conta
Liminar
Antes da lei, o Ministério Público do Paraná (MP-PR) já havia obtido na Justiça, em 2007, uma liminar determinando que as escolas fizessem a matrícula de todas as crianças que completassem 6 anos no decorrer do 1.° ano. Segundo o MP-PR, antes disso muitas famílias reclamavam por não conseguirem vaga. No ano passado, o Ministério Público Federal no Paraná (MPF/PR) também recomendou que os estabelecimentos de ensino desconsiderassem totalmente uma restrição do CNE, de 2010 (que seguia no mesmo sentido que o parecer do CEE), por entender que a orientação viola a Lei Nacional de Diretrizes e Bases da Educação (LDB).
Sem saber se seguem a recomendação dos conselhos estadual e nacional ou se obedecem à decisão judicial, as escolas se veem divididas e a matrícula das crianças acaba sendo definida de acordo com a postura do município onde moram. “O município não tem espaço para negociação. Ainda que discorde da liminar, ele se vê em situação complexa, pois está passível de processo jurídico”, afirma a doutora em Educação Catarina Moro.
Preocupações pedagógicas
As primeiras orientações do Ministério da Educação consideravam a pedagogia para o 1.º ano adequada a crianças de 6 anos completos, e não incompletos, afirma a doutora em Educação Catarina Moro, que concorda com a data de corte.
Por outro lado, a mestre e doutoranda em Educação Cristina Cardoso considera a liminar do MP justa, pois a criança com 6 anos tem de ter acesso ao fundamental. Com essa questão resolvida, ela afirma que se deve partir para a qualidade da proposta pedagógica. “Se fôssemos antes preparar a escola, quanto tempo iria levar?”, questiona.
A possível imaturidade­­ de uma criança pode ser uma condição que muda rapi­­da­­­­­­­­mente, segundo Fátima Chueire Hollanda, assessora pe­­dagógica do Sindicato das Escolas Particulares do Pa­­raná. “Uma criança que fica na educação infantil pode per­­ceber que no 1.º ano está muito grande em relação aos colegas.”
Para Ministério Público, data de corte confronta decisão judicial
Para a promotora Hermínia Dorigan de Matos Diniz, do MP-PR, o último parecer do CEE confronta decisão judicial e está sendo analisado. Ela rechaça a data de corte de 31 de março e diz que os pais não devem ser os responsáveis pela escolha entre educação fundamental e infantil. “O ensino fundamental é considerado uma etapa obrigatória e tem de ter critério objetivo. Não cabe a mim como mãe, leiga pedagógica e juridicamente, decidir se vou matricular ou não no 1.° ano", diz. "No ano em que a criança completa seis anos, a escola tem a obrigação de recebê-la e os pais têm a obrigação de matriculá-la”, ressalta. Hermínia recomenda aos pais que não conseguirem matricular o filho com seis anos incompletos no 1.° ano que procurem o Conselho Tutelar ou o MP.
Segundo o vice-presidente do CEE, José Dourival Peres, o posicionamento do conselho não vai contra a lei estadual ou a liminar do MP. Ele lembra que a Lei Federal 11.494/07 permite que as crianças permaneçam na pré-escola até o término do ano em que completam seis anos. “Nenhuma lei obriga a permanência da criança na educação infantil ou a matrícula no ensino fundamental, então cabe aos pais a decisão. A família também tem de opinar e, se decidir pela matrícula, o município tem de aceitar”, conta. Para Peres, ao antecipar o ingresso de crianças com seis anos incompletos no 1.° ano, há a possibilidade de os alunos terem problemas de adaptação. Por isso, os pais devem assinar um termo de responsabilidade. A exigência é considerada equivocada pelo MP, que deve se pronunciar nos próximos dias a respeito da nova resolução do CEE.

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Exemplos de amor ao Magistério.


Em Curitiba, 35,7% das escolas da rede pública estão localizadas em áreas carentes, com renda familiar de até R$ 700 por pessoa, segundo o IBGE. Além da rotina normal de aulas – que nem sempre é fácil –, professores desses colégios têm de conviver com problemas de uma realidade comum a ambientes mais pobres: violência, tráfico de drogas, ausência dos pais na educação dos filhos e crianças que, muitas vezes, nem sequer têm o que comer em casa. Esses são alguns dos obstáculos que persistem mesmo diante de políticas públicas e que colocam à prova o amor de professores à profissão. Mas, é comum encontrar aqueles que estão dispostos a fazer mais do que o ofício exige, como comprar material escolar e comida para os alunos com dinheiro do próprio bolso. Conheça abaixo as histórias de três mulheres que abraçaram o magistério como causa de vida

Uma pitada de maternidade e carinho
Aos 34 anos, Adriana Al­ves (foto) deixou de ser dona de casa para virar professora. Hoje, depois de sete anos de profissão, aprendeu na prática que, para dar certo, é preciso ter em sala de aula a mesma atenção, preocupação e o carinho que tem em casa, com os filhos.
Pode parecer simples e até um pouco abstrato, mas ela – que fez opção por sempre trabalhar em escola pública – acredita que em muitos casos só cumprir o papel de professor não basta. É necessário ter também função de mãe.
Quando começou no ensino básico, pegou turmas com crianças de 3 anos, muitas ainda em fase de alfabetização. Por serem de regiões carentes, era quase rotina irem à escola sem caderno, lápis, borracha ou qualquer material.
Cobrança
Antes de perceber que isso ocorria, cobrava das crianças os utensílios que faltavam. A resposta que ouvia era sempre a mesma: “Professora, minha mãe não tem dinheiro”. Então, para resolver de vez o problema, antes de ir para a escola, passava em uma papelaria e comprava 30 lápis, cadernos e borrachas.
Muito mais do que dar o material, ela considera que também é preciso atenção. Grande parte dos pais não sabe nem se o filho está na aula; não tem qualquer envolvimento com a rotina escolar.
Por isso, Adriana tem cum­­prido esse duplo papel, apesar de receber muitos conselhos de colegas mais velhos. “Os que estão há tempo na profissão me avisaram que eu não posso fazer isso porque, senão, vai ser sempre assim. Em todo colégio que eu for existirão crianças precisando e eu nunca conseguirei dar conta de todas.”
Solidariedade também conta para educar
Envolver pais e professores não é tarefa fácil, principalmente quando a escola fica em uma região de risco. Apesar da dificuldade, a professora Edumeia Coelho da Silva (foto), 39 anos, encarou o problema de frente e mudou essa realidade. Na direção de um colégio no Pinheirinho, ela percebeu que famílias e escola tinham uma relação inadequada para promover um bom aprendizado. Edumeia adotou uma tática nada convencional e que deu certo: mobilizou os professores e levou-os para conhecer a casa de cada aluno. O objetivo era fazer com que os colegas conhecessem e entendessem a realidade daquelas crianças – muitas vindas de áreas de invasão – e adotassem uma postura mais solidária em sala de aula.
A solidariedade que a professora espalhou também foi empregada em casos que marcaram a sua carreira. Em um deles, Edumeia fez um trabalho de formiguinha para convencer os pais de um aluno de que a criança precisava de acompanhamento para tratar problemas psicológicos e comportamentais graves. Em outras situações, ela fez com que jovens envolvidos com drogas passassem a gostar da escola. “Um deles não tinha o menor interesse em estudar. Me aproximei e, com carinho e atenção, consegui que ele mudasse um pouco. Até o pai dele veio me agradecer e contar que agora o garoto até falava da escola, coisa que nunca tinha feito.”
A professora ainda cumpriu diversas vezes um papel que seria do governo. Levou comida e roupa para as famílias dos alunos. Mesmo que tivesse de usar seu salário, ia lá e ajudava. Com 22 anos de profissão, não sabe ser diferente. “Acredito que não temos de esperar vir ajuda do poder público. Temos que ir lá e fazer.”
“É isso que me faz bem e não pretendo mudar”
Daniella Gallas Mariath Costa (foto), 29 anos, entrou no magistério ao acaso, mas firmou com ele uma grande relação de amor. Graduada em Química, a ideia era fazer bacharelado, mas, ainda na graduação, percebeu o gosto pela docência. O que faz dela uma professora especial é o trabalho que desenvolve com alunos com deficiência física.
Mesmo sem experiência na área, foi indicada pela diretora do colégio onde trabalha, o Poty Lazzarotto, para dar aulas na Associação dos Deficientes Físicos do Paraná. “Quando me falaram que eu ia para lá, a primeira coisa que perguntei é se eles não iam morrer. Eu tinha muito medo da perda, pois sabia que ia me apegar”, conta.
Lá, ela faz mais do que ensinar jovens e adultos. Virou amiga deles. Escuta problemas, medos e histórias de quem está boa parte do tempo entre clínicas médicas e de fisioterapia. O envolvimento é tanto que, mesmo com um salário curto, chegou a emprestar dinheiro para um aluno comprar remédio e deu um maiô para outra que precisava fazer natação. E a ajuda não para por aí. Quase todo dia, Daniella e outras duas professoras compram guloseimas para o lanche da tarde dos alunos.
Foram as três que, no ano passado, organizaram a formatura das turmas da escola. Essas pequenas coisas – que para os alunos são enormes – dão a Daniella força e vontade para atuar em uma área que exige mais persistência e dedicação do que o normal. “Eu caí lá por acaso, mas descobri que é isso que me faz bem e por isso não pretendo mudar de área. Pelo contrário, agora quero fazer um mestrado em Educação Especial”, diz.

POESIA AFRICANA



Poesia africana produzida antes e depois da Independência das antigas colônias portuguesas e de poetas africanos que migraram para Portugal e Brasil é o que pretendemos incluir na presente seção, com a colaboração de especialistas. Poesia combativa, telúrica e/ou universal na língua comum que nos une, em culturas que se interpenetram e que requerem nossa atenção permanente.


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SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE
SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE

Veja as cidades que decretaram feriado no Dia 20 de novembro


Conheça as cidades, onde é decretado feriado

Denise Porfírio
No Brasil, o dia 20 de novembro representa um importante momento da história, especialmente para 52% da população brasileira, que é representada por pretos e pardos. A data lembra a morte do líder Zumbi dos Palmares, que lutou pela libertação dos negros escravizados, durante o período colonial no país. Apesar da data ter sido instituída como o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra pela Lei 12.519/2011, ainda não é considerada feriado nacional.
A adesão ao feriado ou instituição de ponto facultativo é decisão legal de cada estado ou município. Mais de 700 cidades já adotaram feriado, no Dia da Consciência Negra. A data é considerada como uma ação afirmativa de promoção da igualdade racial e uma referência para a população afrodescendente dedicada à reflexão sobre as consequências do racismo e sobre a inserção do negro na sociedade brasileira.  
Caso seja sancionado pela presidente Dilma Rousseff, o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, será o primeiro feriado do país originário da mobilização do movimento negro e o nono feriado nacional, juntamente com as seguintes datas: 1º de janeiro (Confraternização Universal), 21 de abril (Tiradentes), 1º de maio (Dia do Trabalho), 7 de setembro (Independência do Brasil), 12 de outubro (Nossa Senhora Aparecida), 2 de novembro (Finados), 15 de novembro (Proclamação da República) e 25 de dezembro (Natal).
Há ainda quatro datas comemorativas flexíveis, as quais, embora popularmente conhecidas como feriados nacionais, não são reconhecidas pela legislação brasileira – Terça-feira de Carnaval, Sexta-feira da Paixão, Domingo de Páscoa e o Corpus Christi.
Celebrações - As atividades alusivas a este dia, são celebradas ao longo de todo mês de novembro, ampliando os espaços de discussão sobre as questões raciais. Um número cada vez mais significativo de entidades da sociedade civil, principalmente o movimento negro, tem se mobilizado em todo o país, em torno da participação do negro nas diferentes áreas da sociedade: emprego, educação, segurança, saúde, entre outras.
Zumbi - Zumbi foi um dos principais líderes do Quilombo do Palmares, em Alagoas, área usada pelos escravos para fugir do domínio dos senhores de engenho. As primeiras referências à Palmares são de 1580, na região da Serra da Barriga, onde fica hoje o Parque Memorial Quilombo dos Palmares.  Há estimativas de que o quilombo resistiu mais de 100 anos.
O líder do Quilombo dos Palmares, no final do século XV, era Ganga Zumba, tio de Zumbi. Em 1678, o governador da Capitania de Pernambuco ofereceu um acordo de paz a Ganga Zumba, que aceitou, mas nem todos concordaram. Aconteceu, então, uma rebelião, liderada por Zumbi, que governou o grupo por 15 anos. Foram necessárias 18 expedições do governo português, liderados por bandeirantes, para erradicar Palmares.
Zumbi adotou uma estratégia de defesa baseada em táticas de guerrilha. Os bandeirantes descobriram, através de um delator, o esconderijo do líder. E em 20 de novembro de 1695, eles mataram Zumbi em uma emboscada. Sem outra liderança, Palmares sobreviveu até 1710, quando se desfez. Desde 1995, Zumbi faz parte do panteão de Herois da Pátria.
Hoje, os quilombolas, nome dado aos descendentes dos moradores dos antigos quilombos, são reconhecidos e suas áreas são demarcadas, a fim de protegê-los, contribuindo para a manutenção das tradições e a ancestralidade da cultura negra. Atualmente, 2002 comunidades remanescentes dos quilombos estão certificadas pela Fundação Palmares e 1711 certidões foram emitidas.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Aprenda a se proteger do sol


sxc.hu /
PREVENÇÃO

Aprenda a se proteger do sol

Com o auxílio de uma dermatologista, tiramos cinco dúvidas frequentes sobre protetores solar.
É preciso não se iludir. Para se proteger do sol não basta passar um pouquinho de um protetor qualquer. Causadores de queimaduras, envelhecimento e até de câncer de pele, os raios UVA e UVB são impiedosos e exigem produtos de qualidade.
Além disso, o protetor deve se adequar ao tipo de pele de cada um. “O ideal é que um dermatologista indique o produto mais adequado para prevenir desde alergias a doenças como vitiligo. E quem possui histórico familiar de câncer de pele não pode usar um cosmético qualquer”, ressalta a dermatologista Annia Cordeiro.

Com o auxílio da médica, respondemos, a seguir, cinco perguntas frequentes sobre os protetores. As repostas orientam, mas não substituem os conselhos e a avaliação de um dermatologista, que deve ser consultado anualmente.

Existe diferença entre protetor e bloqueador solar?
“O termo bloqueador passa a ideia de que o produto é mais potente, mas nenhum creme bloqueia 100% o sol”, responde Annia. A partir desse ano, as empresas de cosméticos não podem mais usar o termo “bloqueador”. A denominação deverá ser trocada para “protetor” ou “filtro” até 2014, seguindo novas normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
É realmente necessário usar o filtro solar todos os dias, mesmo fora do verão ou em períodos chuvosos?
“Sim, pois, sem o protetor, aumenta a exposição aos raios UVA, que atravessam nuvens e até o vidro. A intensidade desses raios é constante em todas as estações do ano e horários, seja às 7h ou ao meio-dia. Esses raios tem efeito cumulativo e provocam envelhecimento e até melanoma”.

É verdade que não há diferença entre os fatores de proteção (FPS) acima do nível 30?
“A diferença existe. Mas só um nível alto de FPS, relativo aos raios UVB, que provocam queimaduras, não basta como proteção efetiva se o produto não for usado na quantidade certa. Ou então se a pessoa remove o produto da pele sem perceber. Além disso, se o produto não for de qualidade, o número no rótulo não garante nada e é preciso que o creme proteja a pele também contra raios UVA, algo indicado pela sigla “PPD” ou por sinais de “+””.

No rosto é preciso aplicar um protetor diferente?
“O principal é observar a compatibilidade do protetor em relação à oleosidade do rosto. Quem possui acne, por exemplo, não pode usar um creme oleoso.”

Quanto tempo antes da exposição ao sol o protetor deve ser aplicado e qual é a sua durabilidade, também em relação ao contato com água?
“A aplicação deve ser feita meia hora antes do contato com o sol e a replicação depende da quantidade passada inicialmente. Em geral, no dia a dia da cidade, é recomendável passar uma camada grossa pela manhã e outra no almoço.
A durabilidade do efeito também se relaciona com o índice de FPS. Um fator 60, por exemplo, permite que a pessoa fique 60 vezes mais tempo exposta ao sol do que o normal. Já em relação à água, há produtos mais resistentes, mas o líquido sempre remove uma parte do creme, que precisa ser reaplicado”.

Dia da Consciência Negra



Zumbi líder do quilombo dos Palmares
Zumbi foi o grande líder do quilombo dos Palmares, respeitado herói da resistência antiescravagista. Pesquisas e estudos indicam que nasceu em 1655, sendo descendente de guerreiros angolanos. Em um dos povoados do quilombo, foi capturado quando garoto por soldados e entregue ao padre Antonio Melo, de Porto Calvo. Criado e educado por este padre, o futuro líder do Quilombo dos Palmares já tinha apreciável noção de Português e Latim aos 12 anos de idade, sendo batizado com o nome de Francisco. Padre Antônio Melo escreveu várias cartas a um amigo, exaltando a inteligência de Zumbi (Francisco). Em 1670, com quinze anos, Zumbi fugiu e voltou para o Quilombo. Tornou-se um dos líderes mais famosos de Palmares. "Zumbi" significa: a força do espírito presente. Baluarte da luta negra contra a escravidão, Zumbi foi o último chefe do Quilombo dos Palmares.
O nome Palmares foi dado pelos portugueses, em razão do grande número de palmeiras encontradas na região da Serra da Barriga, ao sul da capitania de Pernambuco, hoje, estado de Alagoas. Os que lá viviam chamavam o quilombo de Angola Janga (Angola Pequena). Palmares constituiu-se como abrigo não só de negros, mas também de brancos pobres, índios e mestiços extorquidos pelo colonizador. Os quilombos, que na língua banto significam "povoação", funcionavam como núcleos habitacionais e comerciais, além de local de resistência à escravidão, já que abrigavam escravos fugidos de fazendas. No Brasil, o mais famoso deles foi Palmares.
O Quilombo dos Palmares existiu por um período de quase cem anos, entre 1600 e 1695. No Quilombo de Palmares (o maior em extensão), viviam cerca de vinte mil habitantes. Nos engenhos e senzalas, Palmares era parecido com a Terra Prometida, e Zumbi, era tido como eterno e imortal, e era reconhecido como um protetor leal e corajoso. Zumbi era um extraordinário e talentoso dirigente militar. Explorava com inteligência as peculiaridades da região. No Quilombo de Palmares plantavam-se frutas, milho, mandioca, feijão, cana, legumes, batatas. Em meados do século XVII, calculavam-se cerca de onze povoados. A capital era Macaco, na Serra da Barriga.
A Domingos Jorge Velho, um bandeirante paulista, vulto de triste lembrança da história do Brasil, foi atribuído a tarefa de destruir Palmares. Para o domínio colonial, aniquilar Palmares era mais que um imperativo atribuído, era uma questão de honra. Em 1694, com uma legião de 9.000 homens, armados com canhões, Domingos Jorge Velho começou a empreitada que levaria à derrota de Macaco, principal povoado de Palmares. Segundo Paiva de Oliveira, Zumbi foi localizado no dia 20 de novembro de 1695, vítima da traição de Antônio Soares. “O corpo perfurado por balas e punhaladas foi levado a Porto Calvo. A sua cabeça foi decepada e remetida para Recife onde, foi coberta por sal fino e espetada em um poste até ser consumida pelo tempo”.
O Quilombo dos Palmares foi defendido no século XVII durante anos por Zumbi contra as expedições militares que pretendiam trazer os negros fugidos novamente para a escravidão. O Dia da Consciência Negra é celebrado em 20 de novembro no Brasil e é dedicado à reflexão sobre a inserção do negro na sociedade brasileira. A data foi escolhida por coincidir com o dia da morte de Zumbi dos Palmares, em 1695.
A lei 10.639, de 9 de janeiro de 2003, incluiu o dia 20 de novembro no calendário escolar, data em que comemoramos o Dia Nacional da Consciência Negra. A mesma lei também tornou obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira. Nas escolas as aulas sobre os temas: História da África e dos africanos, luta dos negros no Brasil, cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, propiciarão o resgate das contribuições dos povos negros nas áreas social, econômica e política ao longo da história do país.

Niemeyer piora com nova hemorragia digestiva, diz hospital


Jornal de Brasília /

O arquiteto está internado no Hospital Samaritano, no Rio, desde o dia 2 de novembro.
O estado clínico de Oscar Niemeyer, 104, "apresentou agravamento" nesta segunda-feira (19), segundo boletim médico da assessoria do Hospital Samaritano, em Botafogo, zona sul do Rio, onde o arquiteto está internado desde o dia 2 de novembro.

O médico Fernando Gjorup afirmou em nota que Niemeyer está com "insuficiência renal e teve um novo episódio de hemorragia digestiva, já controlada". Ele está na Unidade Coronariana, lúcido e segue com a fisioterapia respiratória.

O arquiteto foi internado no início do mês por causa de uma desidratação, mesmo motivo que o levara, no início de outubro, a passar duas semanas no mesmo hospital.
Desta vez, ao ser hospitalizado, ele recebeu uma sonda gástrica, usada para alimentação. Nos dias posteriores, segundo o boletim, houve piora das funções renais e ele foi transferido para a Unidade Intermediária (UI).

É a terceira vez que Niemeyer é internado neste ano. Em outubro, ele havia ficado duas semanas no hospital por causa de uma desidratação. Recebeu alta no último dia 27.
Em maio, o arquiteto deu entrada com desidratação e pneumonia, com passagem pela UTI. Recebeu alta depois de 16 dias. Em abril de 2011, foi submetido a cirurgias para a retirada da vesícula e de um tumor no intestino. Na ocasião, ele ficou internado por 12 dias por causa de uma infecção urinária.

PM vai instaurar sindicância para apurar se houve abuso contra torcedora


 / PM vai apurar se houve abuso dos policiais do Bope na abordagem à torcedora

Procedimento a ser aberto terça-feira vai avaliar se policiais da Rone procederam de forma incorreta na abordagem.
A Polícia Militar vai instaurar nesta terça-feira procedimento administrativo para averiguar se houve excesso dos policiais que abordaram a estudante Ana Paula de Lima, de 18 anos, no caminho da torcida do Coritiba ao Estádio Couto Pereira para acompanhar a partida contra o Vasco, no último sábado. A abordagem dos PMs da Rone (Rondas Ostensivas de Natureza Especial) foi filmada. Pelas imagens, um dos policiais joga a moça, que não apresentava ameaça, contra a porta de uma loja. Após poucos segundos, a autora do vídeo é impedida de continuar a filmagem por um terceiro policial.
O tenente-coronel Nerino Mariano de Brito, responsável pela abertura da sindicância, informou que aguarda para esta segunda-feira o relatório elaborado pelo comandante que chefiou a ocorrência para iniciar o processo. “Amanhã [terça-feira] o procedimento já estará instaurado”, garante Brito.

Corpo de delito
Ainda segundo o oficial, o prazo para entrega do resultado é de, no máximo, 30 dias úteis. Nesse período, será feita uma perícia técnica do vídeo divulgado pela torcedora, escuta de testemunhas e avaliação dos fatos. “Diante dos elementos, podemos ir do arquivamento à punição”, concluiu o tenente.
Ana Paula esteve na manhã desta segunda no Instituto Médico Legal (IML) para fazer o exame de corpo de delito. A jovem, que ainda reclama das dores provocadas pela agressão, foi acompanhada do pai, e aguarda resultado para incluir no procedimento da PM.
Assista ao vídeo:

O uso da cannabis sativa para tratar doenças


Jose Luis Gonzalez/ Reuters / Duas substâncias que compõem a cannabis, a tetrahidro­canabinol (THC) e o canabidiol, teriam uso terapêuticoDuas substâncias que compõem a cannabis, a tetrahidro­canabinol (THC) e o canabidiol, teriam uso terapêutico
DESCOBERTAS

O uso da maconha para tratar doenças

Em 19 estados norte-americanos o uso da droga é permitido no tratamento de câncer e esclerose múltipla.
Em paralelo ao debate sobre a legalização da maconha, cresce o número de pesquisas a respeito do potencial médico de substâncias presentes na planta. Câncer, glaucoma e esclerose múltipla são algumas das doenças para as quais o uso terapêutico da droga já é permitido em 19 estados dos Estados Unidos. O último deles foi Massachusetts, que aprovou o uso em plebiscito durante as eleições americanas. A ciência, agora, caminha para encontrar outras aplicações para os componentes ativos da maconha.
Entre 400 substâncias que compõem a cannabis, apenas duas têm comprovadamente efeitos terapêuticos: o tetrahidrocanabinol (THC) e o canabidiol. O THC é responsável pelos efeitos conhecidos da maconha, como a vermelhidão dos olhos e alteração na percepção do tempo. Ele é indicado para náuseas e vômitos, induzidos pela quimioterapia do câncer, e dores neuropáticas.
Liberação
Nos Estados Unidos, 18 estados e o distrito de Columbia já aprovaram o uso medicinal da maconha, além de dois, Colorado e Washington, que liberaram também o uso recreativo. No Brasil, existem pesquisas sendo feitas em universidades, mas o uso medicinal é proibido, a não ser em casos específicos que necessitam de autorização. Veja algumas das doenças que podem utilizar a maconha como tratamento adicional nos estados norte-americanos:
• Câncer. Nos efeitos adversos da quimiote­­rapia, como náuseas e vômitos. A maconha seria eficiente em reduzir esses sintomas.
• Esclerose múltipla e outras doenças do sistema nervoso.
• HIV/AIDS e outras doenças que causam caquexia, que é uma perda de peso rápida associada a diversas doenças pulmonares, renais, cardíacas.
• Glaucoma.
• Epilepsia e outros tipos de convulsão.
• Doença de Alzheimer.
Na berlinda
Você é a favor ou contra o uso da maconha para tratamento médico?
As cartas selecionadas serão publicadas na Coluna do Leitor.
Já o canabidiol combate alguns dos efeitos adversos do THC e age como ansiolítico. Um estudo da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP) mostrou que essa substância diminuiu a ansiedade de pacientes com fobia social. “Ele pode ser uma alternativa como medicação para a ansiedade. Ele não causa dependência, tolerância, nem sedação como outros remédios disponíveis que tratam o problema”, diz o psiquiatra e professor do departamento de Neuropsiquiatria da Faculdade de Medicina da USP José Alexandre de Souza Crippa. Ele destaca que o canabidiol não causou nenhum efeito adverso nos pacientes do estudo.
Estudos
Entre as novas pesquisas, Crippa cita as que mostram os efeitos da substância como anti-inflamatório, que poderia ser usado para a asma, e como neuroprotetor, podendo favorecer o tratamento das doenças de Parkinson e, talvez, Alzheimer. “Estamos testando na dependência do tabagismo e temos um estudo importante, em parceria com a Unifesp, para testar também na dependência de crack”, acrescenta.
O psicofarmacologista Elisaldo Carlini , diretor do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid) da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), destaca outros usos da droga. “Além do efeito ansiolítico, outros países estão usando a maconha para pessoas que perderam totalmente o apetite, especialmente as que sofrem com aids ou câncer terminal”, diz. A forma de cigarro, entretanto, encontra resistência em alguns pacientes no exterior. “Pessoas mais idosas não gostam de fumar o cigarro, por causa das alterações mentais.”
Não há justificativa médica, porém, para a recomendação de cigarros de maconha, segundo Crippa. “O efeito de se fumar a maconha depende de uma série de fatores. Não há como saber a concentração dos diferentes compostos naquela amostra e, além disso, o cigarro pode ser cancerígeno”, diz.
Canabidiol zera efeitos adversos do THC
O tetrahidrocanabinol (THC) e o canabidiol, substâncias encontradas na maconha, são usados como princípio ativo em medicamentos de muitos países. Diversas formas do THC já são usadas há anos, inclusive em versão sintética. A substância é responsável pelos efeitos adversos do uso da maconha e doses altas podem induzir ataques de pânico e crises psicóticas. Estudos mostraram, contudo, que o canabidiol tem a capacidade de manter os efeitos benéficos do THC e excluir os ruins.
Um laboratório inglês desenvolveu um spray sublingual com os dois componentes para o tratamento de dores e espasmos musculares, sem os efeitos adversos. “A associação dos dois modifica o efeito do THC, diminuindo a ansiedade e prolongando o tempo de ação”, diz o psicofarmacologista da Unifesp e diretor do Cebrid, Elisaldo Carlini.
Tratamento
Entre os países que liberam o uso médico da maconha estão Estados Unidos, Itália, Canadá, Espanha, Israel e Reino Unido. Na Holanda, existem produtos fabricados com a própria planta in natura, cultivados pelo Ministério da Saúde e distribuído pelas farmácias. Nesse país, são preparados cigarros a partir de receitas médicas controladas, explica Carlini.
No Brasil, a legislação não permite o uso medicinal da planta cannabis nem de medicamentos que contenham em sua composição extratos, mas prevê a possibilidade de autorização para casos específicos.

Astronautas da Estação Espacial Internacional retornam à Terra


EFE/Sergei Remezov /pool / Três astronautas retornaram à Terra nesta segunda-feiraTrês astronautas retornaram à Terra nesta segunda-feira
NAVE ESPACIAL

Astronautas da Estação Espacial Internacional retornam à Terra

Cápsula de descida aterrissou na hora e local previstos, nas estepes do Cazaquistão, acompanhada por três aviões e 12 helicópteros.
Três astronautas, um japonês, uma americana e um russo, retornaram hoje à Terra a bordo da nave espacial Soyuz TMA-05M, informou o Centro de Controle de Voos da Rússia.
A cápsula de descida aterrissou na hora e local previstos, nas estepes do Cazaquistão, acompanhada por três aviões e 12 helicópteros.
Pouco depois as equipes de resgate abriram a escotilha e ajudaram os três cosmonautas a deixar a cápsula.
"A tripulação suportou bem o descida e a aterrissagem, os cosmonautas estão de bom humor", informou o comentarista do CCVE.
A bordo da Soyuz TMA-05M retornaram a americana Sunita Williams, o japonês Akihiko Hoshide e o comandante da missão, o russo Yuri Malenchenko.
Na Estação Espacial Internacional (ISS) foram substituídos pelos russos Oleg Novitski e Evgeni Tarelkin e o astronauta Kewin Ford, que partiram da Terra no dia 23 de outubro.
Malénchenko, Williams e Hoshide trabalharam a bordo da ISS desde julho passado.
Durante sua missão foi executada uma caminhada espacial de acordo com o programa russo e outras duas pelo americano, e foram realizados mais de 40 experimentos científicos.
Além disso, foram recebidas as naves automáticas russas Progress, desacoplada a nave europeia ATV-3 "Edoardo Amaldi", e o acoplamento e desacoplamento do cargueiro privado americano Dragon.
Também foi recebida a nave pilotada Soyuz TMA-06M, a bordo da qual chegaram Novitski, Tarelkin e Ford.
No dia 19 de dezembro a partir da base de Baikonur (Cazaquistão) partirá rumo à ISS uma nova expedição.
As naves russas Soyuz são o único meio de transporte de astronautas à ISS desde que terminou o uso das naves americanas e vão continuar sendo pelo menos até 2016.

Mais horas-aula para português e matemática


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REFORMA CURRICULAR

Mais horas-aula para português e matemática

Proposta é ter ainda uma matriz curricular unificada para que as escolas, hoje autônomas nesse assunto, possam terminar o ano letivo sem distorções de horas dedicadas às disciplinas.
Uma proposta de matriz curricular de referência para a educação básica, elaborada pela Secretaria de Estado da Educação (Seed), está sendo analisada e pode ser implantada nas escolas em 2013. Embora as diretrizes curriculares – que discorrem sobre o conteúdo que deve ser ministrado a cada ano letivo – sejam bem claras, as escolas têm autonomia para montar suas grades curriculares, o que pode gerar algumas distorções, como excesso de aulas em uma disciplina e escassez em outras. A medida prevê ainda um aumento na quantidade de aulas semanais de português e matemática.
De acordo com o órgão, o Paraná tem 2,2 mil escolas e 2,1 mil matrizes curriculares, o que dificulta o trabalho da secretaria. Com uma matriz unificada, a intenção da Seed é priorizar as disciplinas que são a base para outras e nortear melhor o trabalho pedagógico. Além disso, português e matemática são as matérias-chave em avaliações de grande porte, como o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) e o Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa).
Mão de obra
Novo formato exige a contratação de mais professores
As possíveis mudanças na matriz curricular do Paraná também remetem a um problema antigo: a falta de professores. De acordo com a superintendente da Educação, Meroujy Cavet, a decisão de propor a mudança no currículo só foi tomada depois da confirmação de realização de um novo concurso público. Nesta semana, deve ser lançado o edital para contratação de 13 mil profissionais em todo o estado, com vagas para todas as disciplinas, não apenas português ou matemática.
A secretaria deve diminuir o número de profissionais contratados pelo Processo Seletivo Simplificado (PSS), que ainda será mantido, por conta da necessidade de afastamento de professores por causa de licenças ou aposentadorias. Para essa prova, a Secretaria de Estado da Educação (Seed) está propondo a realização de um teste objetivo, de uma redação e de uma prova prática, para selecionar profissionais bem qualificados.
Segundo a superintendente da Educação, Meroujy Cavet, uma série de questões levaram a Seed a fazer a proposta, entre elas a qualidade do aprendizado. “Ao final da educação básica, o aluno deve conhecer bem sua língua mãe, escrever um bom texto e estimular o espírito de investigação com a matemática”, explica.
Para aumentar o número de horas dessas disciplinas, outras foram sacrificadas: em alguns anos do ensino fundamental, há redução no número de aulas de artes e ensino religioso. Por outro lado, para poder acomodar uma grade mais robusta, o ensino médio teve sua carga horária semanal aumentada de 25 para 27 horas semanais. Com isso, não haverá prejuízo nas disciplinas de sociologia e filosofia, que fazem parte da base nacional comum de disciplinas. A proposta de matriz curricular foi apresentada para a APP-Sindicato, que representa os profissionais da educação, e o Conselho Estadual de Educação. Agora, as modificações serão discutidas com escolas e municípios, para saber se existe a possibilidade de fazer a alteração para 2013. Segundo a Seed, a ideia é fazer um amplo debate para só então implantar o sistema.
O professor da Uni­­ver­­sidade Tuiuti Joe Garcia, doutor em educação, lembra que, historicamente, o Brasil já passou por uma série de alterações curriculares. A disciplina de Educação Moral e Cívica, por exemplo, já foi obrigatória. “Currículos escolares sempre mudam por necessidades sociais, visões de mundo, razões de conhecimento”, pondera.
Mudança não é garantia de ensino melhor
O aumento da carga horária de disciplinas como matemática e português não é garantia de melhoria na qualidade de ensino. Para especialistas, é preciso fazer uma análise conjuntural detalhada antes de tomar qualquer decisão.
A professora doutora da Universidade Federal do Paraná Monica Ribeiro da Silva, pesquisadora na área de educação básica e ensino médio, diz que a redução da carga horária de outras disciplinas para priorizar matemática e português é equivocada e está na contramão das novas Diretrizes Curriculares Nacionais aprovadas recentemente. “Essas novas diretrizes propõem que se atribua novos sentidos à escola, por meio do reconhecimento da diversidade de interesses dos adolescentes, da escola como espaço de formação privilegiado que ultrapassa o treino na provas, pela integração entre campos disciplinares como forma de atribuir significados mais profundos ao que é ensinado”, explica.
A relação entre carga horária e o desempenho dos estudantes em testes como o Ideb também é questionada. O doutor em educação Joe Garcia, professor da Universidade Tuiuti, lembra que, no começo da década, os brasileiros tinham um desempenho muito fraco em matemática no Pisa, mas que foram recuperando terreno e terminaram a década com resultados melhores. “Não foi o aumento da carga horária que mudou esse quadro, foram as novas metodologias de ensino que foram introduzidas, como era feito no exterior”, afirma.
Interatividade
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