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Professor de Língua Portuguesa na Rede Estadual de Ensino - Governo do Paraná

sábado, 8 de dezembro de 2012

A comicidade dentro da tragédia



Sábado, 08/12/2012
Hugo Harada/Gazeta do Povo
Hugo Harada/Gazeta do Povo / Sua Incelença, Ricardo III, de Gabriel Villela, fez chanchada da tragédia sanguinolenta de ShakespeareSua Incelença, Ricardo III, de Gabriel Villela, fez chanchada da tragédia sanguinolenta de Shakespeare
G IDEIAS

A comicidade dentro da tragédia

Peças de Samuel Beckett e Shakespeare revelam mistura de gêneros, com o humor permeando a tragédia humana e vice-versa.
“Fazer rir é mais difícil do que fazer chorar.” A máxima, utilizada por gente de teatro ligada à comédia, soa curiosa porque o gênero recebia valor menor entre os primeiros dramaturgos e encenadores, na Grécia Antiga. E não é raro também hoje o cômico ser desvalorizado em comparação com “peças sérias”. O G Ideias deste sábado investiga a seguir essa contradição, a partir da experiência de encenadores e pesquisadores.
“Vejo na comédia os dois lados. Ela só existe por conta da tragédia”, defende o diretor e ator Mauro Zanatta. “Para entendê-la é preciso transitar pela tragédia, e ela sempre envolve a desgraça de alguém, o preconceito contra o outro.”
 / “Vejo na comédia os dois lados. Ela só existe por conta da tragédia. Para entendê-la é preciso transitar pela tragédia, e ela sempre envolve a desgraça de alguém, o preconceito contra o outro.” Mauro Zanatta, diretor e atorAmpliar imagem
“Vejo na comédia os dois lados. Ela só existe por conta da tragédia. Para entendê-la é preciso transitar pela tragédia, e ela sempre envolve a desgraça de alguém, o preconceito contra o outro.” Mauro Zanatta, diretor e ator
Curiosidade
O contexto histórico pode “deslocar” um espetáculo entre diferentes gêneros. O Mercador de Veneza, escrito por Shakespeare nos últimos anos do século 16, funcionava como uma comédia até o Holocausto, quando a fábula em o mesquinho Shylock, judeu, exige um pedaço da carne de um devedor que não honrou sua dívida, depois vê o jogo virar contra ele e é salvo pela graça da nobre Pórcia. Após os horrores da Segunda Guerra, a trama passou a ser considerada ofensiva e antissemita.
Público de stand-up em Curitiba é mais exigente
A julgar pela fama de conservador que o curitibano nutre, era de se imaginar que, por aqui, o show de humor, escrachado por definição, sofresse restrições. Não é assim, conforme conta Joca Madalosso, sócio-proprietário do bar Curitiba Comedy Club, que há quase três anos chama público com apresentações de stand-up. Pelo contrário, diz, aqui é onde os comediantes testam suas piadas novas. Se der certo, dará certo em qualquer cidade do país. “Quem vem sabe que é tudo piada. É raro reclamarem”, diz. As críticas contra os shows de humor pegaram fogo depois que o ex-CQC Rafinha Bastos pegou pesado com o tema do estupro e irritou a cantora Wanessa Camargo. Os limites do humor são o tema do documentário O Riso dos Outros, de Pedro Arantes, que nesta semana rodou as redes sociais.
Assista
Veja o documentário O Riso dos Outros, de Pedro Arantes.

  • Um exemplo dessa união, citado pelo ator Otávio Linhares (em cartaz com o monólogo Saliva), é Esperando Godot, de Samuel Beckett, visto por muitos como um grito melancólico a respeito da condição humana, no contexto do pós-guerra. “É como Fim de Partida. São peças geniais e são comédias, não tragédias. Beckett defendia o clown, e via nele a tragédia do homem”, diz Linhares.
Coincidentemente, foi Esperando Godot o ponto máximo da carreira de Zanatta – na opinião do próprio, que estreou sua versão da peça em 2008 ao lado de Rosana Stavis. “Em meio à dramaturgia cômica, Beckett colocava sua crítica política”, opina Linhares.
Unem-se, portanto, o “cômico” e o “sério”, e outro excelente exemplo é Shakespeare. O próprio Hamlet, protagonista da peça considerada por muitos como a tragédia máxima do autor, já foi lido como um clown, menos melancólico do que jocoso, graças às tiradas que faz em meio à angústia dos solilóquios, fingindo-se de louco.
Talvez inspirado nessa multiplicidade do texto shakespeariano, o encenador Gabriel Villela vem extraindo humor de personagens como Ricardo III e até das três fantasmagóricas irmãs de Macbeth.
No caso do primeiro, o tratamento despudorado e jocoso dado a uma tragédia baseada num rei sanguinário em Sua Incelença, Ricardo III chocou parte da crítica. Estudiosa do bardo, a professora de Literatura da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Liana Leão aprovou o resultado. “É uma tropicalização de Shakespeare. Recicla o texto, mistura arte popular, faz paralelismos entre a figura medieval e o cangaço brasileiro.”
O grupo potiguar Clowns de Shakespeare, que estreou a montagem no Festival de Curitiba de 2011, entregou-se à chanchada por inteiro – um dos requisitos apontados pelos especialistas para provocar o riso.
Exposição pessoal
“A comédia exige um grau de exposição pessoal muito grande do comediante. Ela só funciona quando existe uma comunicação direta com o público. E se o ator está resguardado, cuidadoso, não consegue provocar o riso”, explica Zanatta. Como comparação, na tragédia seria possível “trabalhar sozinho”, sem essa resposta da plateia.
Nos oitos anos em que manteve sua escola de atores cômicos, Zanatta percebeu o quanto o comediante se vale de seus próprios conteúdos para se comunicar. E só vai adiante quem lida bem com essa exposição.
Um exemplo recente de espetáculo trazido à capital paranaense com essa carga é Minha Mãe É uma Peça, em que o ator Paulo Gustavo se valeu de trejeitos e histórias da mãe para homenageá-la.
Para liberar os atores de suas travas, Zanatta buscou “resgatar uma atividade da vida que é o jogo. Pelo racionalismo, acabamos perdendo a capacidade de jogar, que é um elemento não racional”, conta.
A partir de brincadeiras como o improviso, ele conta ter visto surgirem questões pessoais dos atores que precisavam ser trabalhadas, como o medo do ridículo e as “máscaras” por trás das quais o artista se esconde.
O jogo tem servido de instrumento para muitos outros grupos, e alguns têm levado ao palco experiências como essa. A criadora do humorístico Terça Insana, Grace Gianoukas, se diz contra essa tendência. “É apenas um exercício de curso de teatro, mas virou show”, disse à reportagem por ocasião de sua passagem por Curitiba, no mês passado.

Curitiba: começa a demolição do Hospital Bom Retiro


Andre Rodrigues/Agencia de Noticias Gazeta do Povo / Os trabalhos de demolição do Hospital Bom Retiro, em Curitiba, começaram neste sábado (8)Os trabalhos de demolição do Hospital Bom Retiro, em Curitiba, começaram neste sábado (8)
PATRIMÔNIO

Curitiba: começa a demolição do Hospital Bom Retiro

Duas máquinas retroescavadeiras e dezenas de operários realizam o trabalho previsto para ser finalizado no domingo (9). Prédio do hospital funcionou de 1945 até este ano.
Começou na manhã deste sábado (8) a demolição do edifício que abrigou de 1945 até este ano oHospital Psiquiátrico Bom Retiro, localizado no bairro de mesmo nome, na Rua Nilo Peçanha, em Curitiba. Duas máquinas retroescavadeiras e dezenas de operários realizam o trabalho previsto para ser finalizado no domingo (09).
Ao saber que o prédio estava sendo demolindo uma ex-paciente do hospital, que ficou internada 17 vezes no estabelecimento, foi acompanhar a demolição. Acompanhada das duas filhas, ela – que não quis ter o nome divulgado – disse que ficou curada de depressão e transtorno bipolar no hospital. “Foi ali que me tratei e me curei. Não podiam demolir esse espaço. Ele tinha que ser preservado”, disse.
Em outubro deste ano, a prefeitura de Curitiba chegou a cancelar o alvará de demolição do antigo hospital. Devido à pressão popular, uma comissão iria avaliar se o imóvel deveria ser considerado Unidade de Interesse de Preservação – edificação que, por apresentar importância histórica ou arquitetura relevante precisa ser conservada, seja em sua integralidade ou apenas em sua fachada. A nova proprietária do terreno é a empresa Invespark.
Procurada pela reportagem, a assessoria de imprensa da prefeitura não atendeu aos telefonemas.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Sensação térmica passa dos 50ºC no Litoral do PR


Walter Alves/Gazeta do Povo / Em Guaratuba, a sensação térmica chegou aos 46ºC nesta sexta-feira (7)Em Guaratuba, a sensação térmica chegou aos 46ºC nesta sexta-feira (7)
CALOR

Sensação térmica passa dos 50ºC no Litoral do PR

Em Guaraqueçaba, sensação térmica chegou a 51,1ºC. Calor no litoral paranaense é maior do que o sentido por banhistas cariocas.
Litoral do Paraná enfrenta, nesta sexta-feira (7), um calor de dar inveja ao Rio de Janeiro. A sensação térmica (que leva em conta a temperatura e a umidade) ultrapassou os 50ºC em algumas praias paranaenses. Segundo o Instituto Tecnológico Simepar, a elevação da umidade, que esteve sempre acima dos 60% nesta sexta-feira, foi a responsável pelo tempo abafado e pelo calor excessivo. “A umidade disparou, elevando a sensação térmica para níveis bem superiores aos que estamos acostumados”, explicou o meteorologista Lizandro Jacobsen.

Em outras regiões do estado, o tempo também esteve abafado. A sensação térmica ultrapassou 41ºC no Oeste (em Foz do Iguaçu), 40,5ºC no Norte (em Cianorte) e 34ºC em Curitiba.Em Guaraqueçaba, a temperatura do ar atingiu 39,9ºC, elevando a sensação térmica para 51,1ºC. Em Antonina, a sensação térmica chegou a 50,1ºC. Em Paranaguá Guaratuba, o índice foi de 47ºC e 46ºC, respectivamente. O calor sentido pelos banhistas no Litoral do Paraná nesta sexta-feira foi maior que os cariocas enfrentaram. No Rio de Janeiro, a sensação térmica foi de 45ºC.
Além da alta umidade, a falta de chuvas significativas também contribuíram para a maior sensação de calor. “Essas chuvas que caem principalmente no fim da tarde atuam como um regulador, fazendo com que a temperatura caia um pouco”, explica Jacobsen. O abafamento deve começar a diminuir no sábado (8), pois estão previstas pancadas esparsas de chuva em todo o estado. A expectativa é de que, no domingo, a sensação térmica esteja próximo do padrão do estado.

Escolas de assentamentos do PR se destacam no Ideb


Hugo Harada/Gazeta do Povo / Escolas superam dificuldades para atender assentadosEscolas superam dificuldades para atender assentados
EDUCAÇÃO

Escolas de assentamentos do PR se destacam no Ideb

Três colégios para filhos de assentados tiram média superior à dos próprios municípios onde estão localizados.
A sala de aula pode não ser a mais confortável, a infraestrutura da escola deixa a desejar e as vias de acesso nem sempre estão em condições favoráveis. Mas a regra é uma só: educar e ensinar, apesar dos obstáculos. É assim que três escolas de assentamentos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) vêm operando milagres. De um total de 22 escolas de assentamentos avaliadas pelo Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) de 2011 no Paraná, elas foram as únicas que conseguiram atingir média superior à de seus municípios. As fórmulas utilizadas pelas instituições são, em parte, distintas. Mas o desejo de ver os alunos aprendendo e transformando o conhecimento em práticas do dia a dia é o mesmo.
Em Querência do Norte (Noroeste do estado), a Escola Municipal Chico Mendes, no assentamento Pontal do Tigre, atingiu a maior nota do Ideb de toda a cidade no fim da primeira etapa do ensino fundamental (5.º ano). Segundo a educadora Osmara de Souza, os 6,2 obtidos pela escola são reflexo de diversos dribles nas dificuldades que apareceram ao longo do ano. “A infraestrutura daqui não é favorável. Além disso, o acesso até a escola é complicado”, afirma. Ao todo, 12 educadores trabalham na instituição, que tem 256 estudantes em 12 turmas. A média do município foi de 4,9.
Diferencial
Turmas com poucos alunos são o segredo em Rio Bonito do Iguaçu
Outra escola que superou a média municipal está no assentamento rural Ireno Alves dos Santos, em Rio Bonito do Iguaçu. A Escola Vanderlei das Neves obteve nota 5,6 contra os 5,2 da rede municipal.
O segredo da instituição é manter uma média de poucos alunos por turma. “O projeto pedagógico que a escola segue é o mesmo das demais. A diferença é que lá são poucos alunos por turma. A média é de 18 estudantes para cada uma das nove turmas”, afirma a secretária municipal de Educação, Elenice Viola.
Corpo docente
Outro ponto considerado fundamental para o melhor desempenho da escola é o fato de os professores estarem há três anos lecionando na instituição. “Isso cria um vínculo maior com o aluno e com a família dele, e reflete no aprendizado”, salienta. (DA)
80 alunos
serão formados nos dois cursos de nível superior (Agroecologia e Pedagogia do Campo) e em um curso técnico (Agroecologia) promovidos pelo Incra no Paraná neste ano. Os cursos fazem parte do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera) e são promovidos pelo Incra.
Dê sua opinião
O que precisa melhorar em termos de infraestrutura nas escolas de assentamentos?
As cartas selecionadas serão publicadas na Coluna do Leitor.
O método de ensino é baseado nos ensinamentos de Paulo Freire. Anualmente é realizada uma pesquisa com os moradores do assentamento, que debatem o tema a ser discutido em sala de aula. “A gente trabalha assuntos que a comunidade julga importantes e vamos detalhando em diversos subtemas”, explica. Paralelamente, são trabalhados assuntos voltados ao trabalho no campo. Outro ponto que Osmara destaca é a formação continuada para os professores do campo.
Improviso
Outra escola que superou a média do município no Ideb fica no assentamento 8 de Abril, em Jardim Alegre (Região Central). Com nota 5,0 (apenas 1 décimo acima da média municipal), a Escola José Clarimundo Filho ainda não tem estrutura própria. Segundo a secretária de Educação, Simone Moreira Colombo, a escola funciona em um barracão adaptado pela prefeitura. Os 267 alunos e 17 professores encaram essa realidade desde 2001. “Mesmo não sendo o ideal, o espaço está dando conta de ofertar um ensino de qualidade”, diz Simone.
O projeto pedagógico de Jardim Alegre opta por proporcionar uma ligação entre a história cultural dos alunos e as disciplinas. “Isso ajuda eles a entender melhor os assuntos e a valorizar o papel deles no meio rural”, afirma.
Assentados têm a chance de frequentar curso superior
O Instituto Nacional de Re­forma Agrária (Incra) realiza no Paraná um curso técnico e dois em nível superior para os assentados. Neste ano, o Incra investiu R$ 1,5 milhão nos três cursos que estão em andamento. Juntos, eles devem formar 80 estudantes. Os cursos fazem parte do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera).
O curso técnico em Agro­ecologia funciona em parceria com o Instituto Federal do Paraná (IFPR), no município de São Miguel do Iguaçu, e formará 21 alunos. O superior de Agroecologia, também em parceria com o IFPR, acontece na Lapa e deve formar 24 alunos. Já o de Pedagogia do Campo, em parceria com a Universidade do Oeste do Paraná (Unioeste), irá formar 45 alunos.
Segundo o superintendente estadual do Incra no Paraná, Nilton Bezerra Guedes, o objetivo é capacitar os jovens para que eles possam se dedicar e aperfeiçoar o trabalho nos assentamentos. “Esses estudantes serão os difusores de conhecimento para os demais moradores. Queremos dar condições para melhorar a qualidade de vida de todas essas famílias”, afirma. (DA)

Tratamento de pacientes com câncer deve ser iniciado em 60 dias


É o que prevê a Lei 12.732, publicada hoje (23) no Diário Oficial da União. Projeto foi aprovado em outubro e tem o apoio do Instituto Nacional do Câncer (Inca).

Pacientes com neoplasia maligna (tumor maligno) deverão iniciar o tratamento no Sistema Único de Saúde (SUS) no prazo máximo de 60 dias, contados a partir do diagnóstico. É o que prevê a Lei 12.732, publicada hoje (23) no Diário Oficial da União.
O projeto foi aprovado em outubro deste ano pelo Senado e tem o apoio do Instituto Nacional do Câncer (Inca). Para o diretor-geral do órgão, Luiz Antônio Santini, a iniciativa vai melhorar a eficácia da prestação de serviços no tratamento da doença.
De acordo com a publicação, o prazo de 60 dias será considerado cumprido quando o tratamento for efetivamente iniciado, seja por meio de cirurgia, radioterapia ou quimioterapia. Em casos mais graves, o prazo poderá ser inferior ao estabelecido.
Pacientes acometidos por manifestações dolorosas consequentes de tumores malignos terão tratamento privilegiado no que diz respeito ao acesso a prescrições e a analgésicos opiáceos e correlatos.
O texto prevê ainda que a padronização de terapias contra o câncer, cirúrgicas e clínicas, deverá ser revista, republicada e atualizada sempre que se fizer necessário, para que se adeque ao conhecimento científico e à disponibilidade de novos tratamentos.
Estados brasileiros que apresentarem grandes espaços territoriais sem serviços especializados em oncologia deverão produzir planos regionais para a instalação desse tipo de unidade. O descumprimento acarretará penalidades administrativas a gestores direta e indiretamente responsáveis.
A lei entra em vigor 180 dias após sua publicação

Paraná confirma animal com agente causador de vaca louca


Governo estadual, no entanto, reforçou a posição do Ministério da Agricultura e negou que o bicho tenha desenvolvido a doença e morrido em razão dela.

O secretário de Agricultura e Abastecimento, Norberto Ortigara, confirmou, nesta sexta-feira (7), que um animal do rebanho paranaense foi diagnosticado com o agente patogênico que causa a doença da vaca louca, embora o bicho não tenha desenvolvido a doença nem morrido em razão dela. A posição reforça a nota oficial divulgada, mais cedo, pelo Ministério da Agricultura.
A declaração de Ortigara foi dada durante um encontro estadual de cooperativas, autoridades sanitárias do estado e representantes do setor agropecuário, que ocorre em Curitiba.
Doença foi descoberta em 1920
A Doença de Creutzfeldt-Jakob (conhecida como vaca louca) ataca o sistema nervoso central e geralmente é caracterizada por demência rapidamente pro­­gressiva, associada a contrações musculares involuntárias. Foi inicialmente descrita na Alemanha, em 1920, e desde então a incidência aproximada de um caso para cada 1 milhão de pessoas tem sido registrada, segundo dados do Ministério da Saúde.
Em 1996, o governo inglês declarou a possível existência de conexão entre a EEB e o desenvolvimento de uma nova forma da DCJ. Desde o registro dos primeiros casos dessa variante, de 1994 a 2000, foram identificados 91 casos prováveis ou confirmados, dos quais 87 são procedentes do Reino Unido, três da França e um da Irlanda. Em nenhum país das Américas, incluindo o Brasil, houve registro de casos humanos da doença.

Apesar de afastar a possibilidade de haver a doença no estado, Ortigara confirmou que o agente patogênico que causa a doença - o príon (proteína neurodegenerativa causadora da patologia) - foi encontrado em amostras coletadas de um animal no Paraná em 2010. A causa da morte do bovino, no entanto, teria sido a raiva, segundo ele, e não a presença do príon.
“A identificação desse tipo de lesões é uma coisa normal, que aconteceu recentemente na Europa e nos Estados Unidos”, minimizou o secretário. Ele falou com os jornalistas apenas depois de ligar para o diretor-presidente da Agência de Defesa Agropecuária (Adapar), Inácio Afonso Kroetz, que está em Brasília, noMinistério da Agricultura, acompanhando a divulgação de informações sobre o caso.
Com relação a uma possível influência no mercado, Ortigara reforçou o posicionamento de ausência da doença no Paraná. “O Estado não tem nenhum problema classificado como anormal no rebanho. É um fato lamentável, mas não expõe a risco o rebanho do estado. Isso não deve interferir nas exportações de carne bovina brasileira”, disse.
Sobre a demora no anúncio do resultado das análises, que começaram a ser feitas há mais de dois anos, o secretário atribuiu a responsabilidade ao governo federal. “Estamos acompanhando o caso desde dezembro de 2010, fizemos todos os exames necessários, a coleta de amostras como determina o protocolo, e encaminhamos para análise. Infelizmente, isso demorou muito na esfera do Ministério da Agricultura, por isso foi divulgado só agora.”
Repercussão
Gerente técnico e econômico da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), Flávio Turra avalia que a consequência da notícia vai depender da reação dos países importadores. "O Paraná não importa ou exporta praticamente nada [no mercado de carne bovina]. Mas, se a carne do Mato Grosso não puder ser exportada e ficar no mercado interno, o país pode ter uma queda acentuada nos preços do produto", avaliou.
Conforme informações do jornal Folha de São Paulo, publicadas nesta sexta-feira (7), exames foram feitos no Reino Unido para confirmar a ocorrência da doença. Segundo a publicação, a carne brasileira pode sofrer restrições em alguns mercados, fato que pode ser minimizado pela incidência isolada do caso e de ter ocorrido há dois anos.
Organização Mundial para a Saúde Animal (OIE) considera o país, segundo o jornal, como local com risco “insignificante” para a doença da vaca louca. Outros países da América Latina, como Argentina e Chile, estão no mesmo patamar do Brasil nesta classificação.
Nota oficial
Leia abaixo, na íntegra, a nota oficial divulgada pelo Ministério da Agricultura, às 8h52 desta sexta-feira, a respeito do caso.
"Em relação às matérias veiculadas em alguns veículos de comunicação, no dia de hoje, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento esclarece que:
Com relação à morte de uma fêmea bovina ocorrida no estado do Paraná, em 2010:
1) Trata-se de um caso antigo, de 2010, ocorrido no Paraná;
2) O que foi detectado é que o animal possuía o agente causador da EEB, porém, não manifestou a doença e nem morreu por esta causa;
3) O episódio não reflete risco algum à saúde pública ou à sanidade animal, considerando o que o animal não morreu em função da referida doença;
4) A OIE (Organização Mundial de Saúde Animal), em comunicação oficial mantém a classificação do Brasil como país de risco insignificante para EEB;
5) O Brasil não tem EEB."

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

A Copa sai dos gramados e invade a sala de aula


Walter Alves/Gazeta do Povo / Futebol será ponto de partida para discutir outros assuntos em sala de aulaFutebol será ponto de partida para discutir outros assuntos em sala de aula
CONTEÚDO

A Copa sai dos gramados e invade a sala de aula

Cartilha da Seed orienta escolas a usarem o Mundial de futebol como tema interdisciplinar, mas assunto deve ser trabalhado com cautela.
A partir de 2013, as escolas da rede estadual estão orientadas a trabalhar em todas as séries dos ensinos fundamental e médio assuntos voltados à Copa do Mundo de 2014. Para isso, a Secretaria de Estado da Educação (Seed) elaborou uma cartilha, que será distribuída nos colégios, com sugestões de exercícios que podem ser usados por professores de todas as disciplinas, desde Educação Física até aquelas mais distantes do tema, como Ensino Religioso e Química.
A ideia é que a Copa funcione como um tema transversal, que são aqueles que permeiam várias disciplinas ao mesmo tempo e fazem parte da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) desde 1997. Os mais comuns – e que já são discutidos em grande parte das disciplinas – são os relacionados à ética, ao meio ambiente, à orientação sexual e à pluralidade cultural, mas a proposta é que a escola traga para dentro da sala de aula todo tema importante que esteja em discussão na sociedade.
Exercícios
Entre as sugestões apresentadas em novembro pela Secretaria de Estado da Educação, durante o anúncio da cartilha sobre a Copa do Mundo, estão atividades para todas as disciplinas. Em Geografia, por exemplo, uma das dicas é “identificar as relações de poder que envolvem a disputa entre os países para sediar grandes eventos esportivos”. Em Química, a sugestão é trabalhar a composição da bola de futebol, relacionando a evolução do objeto com o “avanço da síntese de polímeros”. Nem Ensino Religioso escapou. A dica é “identificar as relações do esporte com o Sagrado nas diversas tradições religiosas”.
Outro caso
Cartilha usa o futebol para discutir cidadania
Além da rede pública, outras escolas também aproveitarão a Copa do Mundo para discutirem com seus alunos assuntos que envolvam cidadania. No Colégio Expoente, por exemplo, o Mundial será o tema da vez de um projeto que, a cada dois anos, elege um tópico para ser tratado em todas as turmas. A proposta é que cada docente explore aspectos que normalmente não teriam espaço na grade curricular e que também são relevantes para a formação do aluno. Para 2013 e 2014, o tema escolhido é “Limites, Respeito e Superação” para trabalhar os limites territoriais de cada nação, seus hábitos e culturas, assim como os focos de violência que ocorrem nos estádios e histórias de superação proporcionadas pelo esporte. Assim como a Seed, o Expoente elabora uma apostila para guiar o professor com ideias de trabalhos, questões e discussões. Esse material é usado por cerca de 300 colégios do país inteiro conveniados com a escola. “Cada um aborda o assunto dentro do seu olhar, levando em conta o programa da disciplina e o projeto pedagógico da escola”, diz a gerente do Centro de Excelência em Educação do Expoente, Sandra Pioli.
Dê a sua opinião
O que você acha dessa orientação da secretaria? Como a Copa do Mundo pode ser usada nas escolas?

De acordo com o técnico pedagógico de Educação Física do Departamento de Educação Básica da Seed e responsável pela cartilha, Aluízio da Rosa, não é obrigatório que o docente aborde o tema dentro da sua disciplina. Trata-se apenas de uma sugestão. “O conteúdo que faz parte do programa não deixará de ser cumprido, mas o docente poderá aproveitar as ideias de abordagem e exercícios que damos para trabalhar com os alunos quando achar conveniente”, diz.
Cuidado
Embora a ideia de trabalhar a Copa como tema transversal seja positiva, educadores alertam para um cuidado: é necessário tratar o assunto de forma crítica e não apenas enaltecer o futebol. A professora do setor de Educação da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Luciane Paiva explica que é comum que o tema encante professores e alunos, mas o papel da escola de formar pessoas com capacidade de análise não pode ficar de lado. “É fundamental que sejam tratados em sala os custos financeiros e sociais de uma Copa do Mundo no Brasil, ver o que isso representa para o país e dar ao aluno capacidade de avaliar o que é divulgado a respeito na mídia.”
A educadora aponta outro cuidado a ser tomado pelas escolas: não se pode reforçar a veneração de ídolos, de figuras que acabam por serem copiadas pelas crianças e jovens sem que eles parem para refletir.
Vantagens
Precauções à parte, trazer para a sala de aula um assunto que é discutido na­­­­cionalmente e que movimenta paixões no mundo inteiro é uma forma de conectar o conteúdo curricular à realidade e incentivar o aluno a se interessar por assuntos que, dados normalmente, parecem chatos e difíceis.
O material da Seed traz, por exemplo, um exercício de Matemática que envolve o cálculo de volume de sólidos geométricos – que à primeira vista assusta os alunos –, usando uma bola de futebol.

Governo vai destinar 100% de verba dos royalties de novos campos para educação


A obrigatoriedade deve constar na medida provisória que será enviada ao Congresso, conforme afirmou nesta sexta o ministro Aloizio Mercadante.

Ao anunciar nesta sexta-feira (30) o veto ao artigo da lei aprovado pelo Congresso que previa redistribuição mais igualitária dos royalties do petróleo, o governo confirmou que vai destinar 100% das receitas dos novos campos para a área de educação. A obrigatoriedade deve constar na medida provisória que será enviada ao Congresso, conforme afirmou nesta sexta-feira (30) o ministro Aloizio Mercadante (Educação).
Pelo texto da medida provisória, o governo destina toda receita dos royalties da União, dos Estados e dos municípios para educação. Com isso, a presidente Dilma Rousseff viabiliza a proposta de investir no setor 10% do PIB (Produto Interno Bruto), que havia sido alterada pela Câmara.

Pela nova regra, 50% vai obrigatoriamente para a educação e o restante será usado em projetos de saúde, meio ambiente.
A Medida Provisória também muda o destino dos recursos do Fundo Social, criado para garantir investimentos dos recursos do pré-sal em diferentes áreas do governo federal.
Veto
A presidente Dilma vetou artigo da lei aprovado pelo Congresso que previa redistribuição mais igualitária dos royalties do petróleo de áreas em exploração e já licitadas. Com a decisão, a presidente atende a pressão de Estados produtores de petróleo, como Rio de Janeiro e Espírito Santo.
Para os futuros campos dentro e fora da área do pré-sal, Dilma decidiu encaminhar ao Congresso medida provisória mantendo as novas porcentagens previstas na lei aprovada pela Câmara há duas semanas.
A próxima rodada de licitações está prevista para maio, quando a medida provisória já deve ter sido discutida e aprovada.

Como grandes empresas iluminam a vida de quem mais precisa


COMUNIDADE

Marcelo Andrade/Gazeta do Povo
Marcelo Andrade/Gazeta do Povo / Da roda de capoeira, projeto da Volvo, participam 400 alunos de escolas públicasDa roda de capoeira, projeto da Volvo, participam 400 alunos de escolas públicas
CIDADANIA

Como grandes empresas iluminam a vida de quem mais precisa

Com sede em Curitiba, Volvo e ALL realizam sonhos de pessoas de comunidades de baixa renda ao oferecer cultura e educação.
Talvez os jovens da Vila São José, na Cidade Industrial de Curitiba (CIC), nunca tenham imaginado que uma empresa criada há 85 anos na fria cidade sueca de Gotemburgo pudesse transformar suas vidas com o ensino de uma arte-marcial afro-brasileira. Mas isso vem ocorrendo há seis anos com o projeto Capoeira e Cidadania, do grupo Volvo, um dos exemplos de projetos sociais de multinacionais com sedes na região da capital paranaense.
Volkswagen
Empresa alemã cria projeto de leitura em São José dos Pinhais
Além da Volvo e da ALL, outros grandes conglomerados internacionais instalados na região de Curitiba também mantêm projetos para ajudar a desenvolver as comunidades que vivem em seus entornos, seja por meio de ações para capacitação de renda ou educacionais.
A alemã Volkswagen é um desses exemplos. Instalada em São José dos Pinhais, a empresa criou neste ano um projeto de incentivo à leitura. Batizado de Entre na Roda, a ação distribuiu baús com 100 livros cada a 120 educadores e professores de escolas da região.
Além disso, a multinacional premia, com dinheiro e um curso de gestão, projetos sociais indicados por funcionários. Neste ano, o Pequeno Cotolengo, instituição de Campo Magro que atende pessoas com deficiências múltiplas abandonadas pela família, foi uma das vencedoras. (RM)
Gata de Trapo
Após oficina, bancária abre ateliê e página virtual
Afastada de um banco por motivos de saúde, a ex-bancária Luciana Capato Rossa, 29 anos, decidiu fazer as oficinas de costura e patchwork da Volvo para relaxar. “Mas logo depois, percebi que dava para usar aqueles conhecimentos como minha fonte de renda”, afirma. Após quatro meses de oficinas, Luciana comprou uma máquina de costura doméstica e passou a vender itens de patchwork. Para isso, abriu um ateliê em Campo Largo e uma página no Facebook, a “Gata de Trapo”. “Nesta semana, recebi um pedido de um enxoval”, comemora Luciana.
O Valdinei Ribeiro da Silva, por exemplo. Ele nem sequer tinha um sonho. “Na comunidade, as pessoas não costumam planejar o futuro”, diz o estudante de 22 anos. Há sete anos, quando ainda cursava o ensino médio, soube do projeto de capoeira da Volvo. “Nas aulas, conheci pessoas de comunidades como a minha que entraram na universidade. Isso foi um estímulo”, conta o jovem.
Nas aulas ao som do berimbau, Silva teve o empurrão que faltava para iniciar a graduação em educação física. Sem dinheiro para pagar as mensalidades, porém, ele fez bicos em uma serralheria e como servente de pedreiro, até ser contratado como monitor do projeto. Hoje, está no penúltimo semestre do curso.
Sonho
História parecida tem Aline Fernandes Gomes, 22. “Entrei na Volvo como menor aprendiz na área de mecânica, mas tomei gosto pelo projeto e fui atrás do sonho de fazer educação física”, conta a moradora do CIC. O bairro acusa a pior renda mensal entre os chefes de família de Curitiba segundo projeção da UTFPR com base em dados do IBGE e Ippuc – R$ 1.291.
O projeto de capoeira da Volvo atende atualmente mais de 400 jovens de seis escolas públicas de Curitiba. Mas ele não é o único. Além da arte-marcial, a fábrica automobilística mantém diversas oficinas, como a de costura, artesanato, teatro e violino. No total, mais de 3 mil pessoas são atendidas por essas ações todo ano. “Exigimos presença na escola e boas notas para que eles tenham futuro”, diz Solange Fusco, gerente de comunicação da Volvo.
Vagões
A multinacional brasileira ALL, que tem sede no bairro curitibano Cajuru, também observou a necessidade de estreitar laços com a comunidade paranaense. Em 2008, depois de campanhas voltadas para a segurança, como a que alerta para os perigos do “surf” ferroviário, a empresa criou o Instituto ALL de Cultura e Educação – que neste ano já atendeu mais de 6 mil pessoas em Curitiba.
“Temos projetos realizados em vagões itinerantes voltados à educação ambiental, que privilegiam aspectos da cultura local e passa por cidades do Rio Grande do Sul ao Mato Grosso”, explica Patrícia Cobra, coordenadora do instituto.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Morre no Rio o arquiteto Oscar Niemeyer




Morre no Rio o arquiteto Oscar 




Niemeyer


Arquiteto de 104 anos estava internado desde 2 de novembro em Botafogo.
Reconhecido internacionalmente, ele faria 105 anos em 15 de dezembro.


O arquiteto Oscar Niemeyer (Foto: Reuters)Arquiteto morreu, aos 104 anos, no Rio de Janeiro (Foto: Reuters)
Infográfico Niemeyer (Foto: Arte/G1)

O arquiteto Oscar Niemeyer, de 104 anos, morreu no Rio. Ele estava internado desde 2 de novembro, no Hospital Samaritano, em Botafogo, na Zona Sul. Reconhecido internacionalmente por suas obras, Niemeyer completaria 105 anos em15 de dezembro. A morte dele foi confirmada às 21h55.
Nesta quarta-feira (5), um boletim médico informava que o estado de saúde do arquiteto havia piorado e era considerado grave.
Ainda segundo o hospital, Niemeyer respirava com a ajuda de aparelhos e encontrava-se sedado por causa de uma infecção respiratória.
O hospital informou também que a piora do quadro clínico do paciente aconteceu após a visita do médico Fernando Gjorup nesta quarta-feira.
Histórico de internações
O arquiteto foi internado várias vezes ao longo dos últimos anos. A última foi em 2 de novembro, quando voltou ao Samaritano, seis dias depois de ter recebido alta. Desta vez, Niemeyer foi submetido a tratamento de hemodiálise e fisioterapia respiratória.
No dia 13 de outubro, o arquiteto deu entrada no Hospital Samaritano após sentir-se mal, apresentando um quadro de desidratação. Ele ficou internado por duas semanas.
Em maio, Niemeyer também esteve internado no mesmo hospital, quando deu entrada com desidratação e pneumonia. Depois de 16 dias, com passagem pela UTI, recebeu alta.
Em abril de 2011, o arquiteto ficou internado por 12 dias por causa de uma infecção urinária. Também já foi submetido a cirurgias para a retirada da vesícula e de um tumor no intestino.
Em 2010, Niemeyer também foi internado em abril, devido a uma infecção urinária.
Em 2009, o arquiteto ficou internado por 24 dias no Samaritano, entre setembro e outubro, após dores abdominais. Ele chegou a passar por uma cirurgia para retirar um tumor no intestino grosso, uma semana depois de ter sido operado para a retirada de um cálculo na vesícula.
Em junho do mesmo ano, o arquiteto foi internado no hospital Cardiotrauma de Ipanema, também na Zona Sul, queixando-se de dores lombares. Ele passou por uma bateria de exames e recebeu alta médica algumas horas depois. Na ocasião, exames de sangue e uma tomografia indicaram que Niemeyer estava apenas com uma lombalgia.
Em 2006, o arquiteto chegou a ficar 11 dias internado, após sofrer uma queda e passar por uma cirurgia.
Filha do arquiteto morreu em junho
A designer Anna Maria Niemeyer, única filha de Oscar Niemeyer, morreu aos 82 anos, em consequência de um enfisema pulmonar, em 6 de junho.
Segundo o administrador Carlos Oscar Niemeyer, filho de Anna, o avô esteve pela última vez com sua mãe, três dias antes, durante uma visita ao Hospital Samaritano, onde Anna Maria ficou mais de 40 dias internada.
Ainda de acordo com Carlos Oscar, durante o tratamento, Anna chegou a receber alta, mas voltou a ser internada no dia 1º de junho. Ela teve cinco filhos,13 netos e quatro bisnetos.
Carlos Oscar contou que sua mãe e o avô eram muito próximos e costumavam se falar todos os dias. Ele disse que Niemeyer ficou muito abalado ao receber a notícia da morte da única filha.
"O pai receber a notícia da morte de um filho é uma coisa extremamente difícil, imagina para um pai de 104 anos, a situação é ainda mais complicada", comentou Carlos, durante o sepultamento de Anna Maria Niemeyer.
Oscar Niemeyer manifestou vontade de ir ao enterro da filha no Cemitério São João Batista, em Botafogo. Mas, de acordo com os parentes, ele não compareceu após os médicos avaliarem que as condições de saúde do arquiteto não eram favoráveis.
Visita à Passarela do Samba
Em fevereiro, Niemeyer fez uma visita ao Sambódromo, durante a fase final das obras de reforma da Passarela do Samba que mantiveram o traçado original que o arquiteto projetou há 30 anos. Ele enfrentou o sol forte de meio-dia e percorreu num carrinho aberto toda a extensão da Avenida.
"Está muito bom. Melhorou muito. Este não é um trabalho só meu, é o trabalho de um grupo. Estou entusiasmado", disse Niemeyer, na ocasião.
O projeto de Niemeyer previa um equilíbrio entre os dois lados da Sapucaí, como se fosse um espelho. Com a obra, a Sapucaí passou a ter 12.500 lugares a mais, podendo acomodar 72.500 pessoas.
Trabalho em ateliê para festejar 104 anos
Autor de mais de 600 projetos arquitetônicos, Niemeyer decidiu festejar os seus 104 anos do jeito que mais gostava: trabalhando em seu ateliê de janelas amplas diante da Praia de Copacabana, na Zona Sul do Rio.
Em agosto de 2011, ele lançou o livro "As igrejas de Oscar Niemeyer" (Editora Nosso Caminho), na galeria de um shopping da Zona Sul do Rio.
Embora ateu convicto, o arquiteto selecionou fotos e desenhos das 16 obras religiosas, entre capelas e igrejas, que realizou ao longo de sua carreira.
"As pessoas se espantam pelo fato de, mesmo sendo comunista, me interessar pelas igrejas. E a coisa é tão natural. Eu morava com meus avós, que eram religiosos. Tinha até missa na minha casa. E eu fui criado num clima assim. Esse passado junto da família me deixou com a ideia de que os católicos são bons, que querem melhorar a vida e fazer um mundo melhor", explicou Niemeyer, na ocasião.