Segundo a pesquisa, 71% dos moradores da capital estão satisfeitos com o próprio corpo e apenas 20% admitem almejar alguma mudança, mas 42% confirmam estar um pouco acima do peso ou até mesmo obesos. A boa forma física é vista por 62% dos entrevistados como um fator indispensável para a saúde, no entanto, apenas 33% deles confirmam praticar algum exercício regularmente.
Entre os motivos que levam os moradores de Curitiba a não adotarem hábitos que melhorem sua saúde física estão, principalmente, a falta de tempo. Mas a preguiça e a escassez de dinheiro vêm em seguida no rol das justificativas. Somente 11% dos entrevistados não pretendem mudar seu estilo de vida.
Apesar da boa auto-imagem do curitibano demonstrada pelo levantamento, a pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) do Ministério da Saúde constatou, em 2011, que em Curitiba 50% dos pesquisados estão acima do peso, ou seja, com Índice de Massa Corporal (IMC) superior a 25, o que coloca o município como a oitava capital brasileira com maior porcentual de moradores acima do peso. O IMC é calculado pela divisão do peso do indivíduo pela sua altura ao quadrado.
Exemplo
O professor de ioga Adilson Pagan é vegetariano e praticante da ioga há 30 anos. Ele defende um estilo de vida saudável em meio à correria do cotidiano, o consumo abundante de água e uma respiração correta para manter uma vida saudável. “Eu acredito que a saúde depende muito do equilíbrio físico, mental e espiritual. Neste sentido, eu sinto que muitas pessoas estão desequilibradas”, aponta.
Desde os 17 anos Adilson aboliu a carne do seu cardápio e sente-se mais tranquilo e, ao mesmo tempo, animado para as atividades do cotidiano. Na ioga, ele encontrou a solução para os músculos. “A atividade física é de fundamental importância, mas é necessário trabalhar força, equilíbrio e flexibilidade. As pessoas procuram muito as academias em busca de força, mas só ela não é suficiente.”
Hábitos ainda precisam melhorar
A prática diária de exercícios e o consumo de uma dieta equilibrada são os ideais defendidos por um educador físico e uma nutricionista ouvidos pela reportagem. Para eles, o curitibano ainda precisa melhorar seus hábitos para ter mais qualidade de vida.
Conforme o Instituto Paraná Pesquisas, 52% dos entrevistados não fazem exercícios físicos, 46% não comem frutas diariamente e 34% não incluem verduras e legumes na alimentação diária.
O coordenador do departamento de Esportes da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Luiz Carlos Py Flores, lembra que as porcentagens são preocupantes ao considerar que a pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) do Ministério da Saúde levantou que 50% dos moradores de Curitiba estão com sobrepeso.
Para a nutricionista clínica do Conselho Regional de Nutricionistas Eda Maria Arruda Scur, é preciso ainda avaliar a qualidade do consumo de frutas e de hortaliças. “A pessoa pode comer uma folha de alface e uma fatia de tomate por dia e dizer que consome salada todos os dias.”
Barreiras
Flores é membro do Grupo de Pesquisa em Atividade Física e Qualidade de Vida da PUCPR e diz que sete barreiras foram identificadas para favorecer o sedentarismo: o clima, a falta de segurança, a precariedade do entorno onde se pratica o exercício, a distância da academia ou do clube em relação à residência, a falta de tempo, a falta de dinheiro e, por último, o suporte social, que é a desmotivação de parentes e amigos. As barreiras, no entanto, podem ser vencidas.
“Se a pessoa tiver que pegar o carro e atravessar a cidade para ir a uma academia, por exemplo, ela vai desistir com o tempo. Por isso, é importante escolher algo perto de casa. É importante ela chamar um familiar ou um amigo para fazer o exercício, porque aí um ajuda o outro. Muitas pessoas usam a falta de tempo como desculpa, mas às vezes, passam horas em frente a um computador nas redes sociais”, comenta.
Eda lembra que é preciso livrar-se da tentação dos regimes milagrosos. “Eles podem até ajudar, mas sozinhos não mudam nada, é preciso ter uma alimentação bem equilibrada. O emagrecimento tem que ser saudável”, afirma.
