Páginas

Quem sou eu

Minha foto
Professor de Língua Portuguesa na Rede Estadual de Ensino - Governo do Paraná

domingo, 20 de maio de 2012

Delegacias desativadas ainda consomem recursos


 Albari Rosa/ Gazeta do Povo / Fechada há 10 anos, esta casa de madeira é a delegacia de Guaraqueçaba. Ainda assim, o fundo rotativo da Polícia Civil destinou R$ 153 mil em 8 anos para manter a unidade na cidadeFechada há 10 anos, esta casa de madeira é a delegacia de Guaraqueçaba. Ainda assim, o fundo rotativo da Polícia Civil destinou R$ 153 mil em 8 anos para manter a unidade na cidade
SEGURANÇA PÚBLICA

Polícia Civil gasta por ano R$ 2,8 milhões em cidades onde não há um único policial. Muitas unidades estão abandonadas há anos.

Há 10 anos, apenas insetos e animais peçonhentos frequentam a casa de madeira tomada pelo matagal entre as ruas Getúlio Vargas e João Vidal, em Guaraqueçaba, no Litoral do Paraná. As janelas sem vidro inteiro, as tábuas caiadas, o mato crescido, tudo confere ao lugar um aspecto mal assombrado. Mas o que assombra não é a visão da estrutura prestes a desabar e sim o sumiço do dinheiro direcionado à manutenção dessa repartição pública. A casinha de aparência macabra deixou de ser uma delegacia há uma década, mas ainda assim consumiu R$ 153 mil do fundo rotativo da Polícia Civil nos últimos oito anos.
Albari Rosa/ Gazeta do Povo
 Albari Rosa/ Gazeta do Povo / Delegacia de Cruzeiro do Sul: desativada, mas com dinheiroAmpliar imagem
Delegacia de Cruzeiro do Sul: desativada, mas com dinheiro
Manutenção
Fundo foi criado há 20 anos para dar mais autonomia aos delegados
O fundo rotativo foi criado pela Lei Estadual nº 10.050, de 16 de julho de 1992, para dar alguma autonomia às delegacias distantes da sede da Polícia Civil, em Curitiba. Destina recursos para manutenção das unidades do interior, com aquisição de alimentos para os presos, combustíveis, lubrificantes e outros materiais de consumo, manutenção das viaturas e pequenos serviços ou reparos. É regido ainda por dois decretos estaduais e uma resolução da Secretaria da Segurança Pública – todos proíbem gastos com pessoal e material permanente.
O controle interno dos recursos do fundo é feito pelo Grupo Auxiliar Financeiro (GAF) da Polícia Civil e o controle externo, pelo Tribunal de Contas do Estado. O gestor do fundo (delegado subdivisional, lotado em uma cidade-polo e responsável pelas delegacias próximas) deve fazer uma análise mensal de consumo de combustível por viatura para evitar distorções e consumo excessivo. Também deve elaborar relatório semestral das atividades feitas com os recursos do fundo. Ao analisar a prestação de contas, o GAF pode requisitar diligências para esclarecer dúvidas ou sanar falhas.
Em caso de irregularidade, o gestor pode ser afastado. O descumprimento do disposto no decreto e em suas normas disciplinadoras será considerado transgressão funcional, sujeitando os responsáveis a sanções administrativas, civis e penais. Cabe ao Conselho da Polícia Civil propor as medidas legais aplicáveis.
Dinheiro sai da conta, mas não chega
O dinheiro do fundo rotativo da Polícia Civil não chega às 16 delegacias visitadas entre março e abril pela reportagem da Gazeta do Povo nas regiões Leste, Oeste, Norte e Noroeste do Paraná. Policiais militares que suprem a ausência de policiais civis nessas unidades não sabem confirmar o valor nem o repasse dos recursos. “Existe [verba de manutenção], mas eu não sei explicar. Eu não sei quanto vem e para onde vai. Se fica na subdivisão [da Polícia Civil] ou na sede de comarca. Nunca tive acesso”, disse um policial militar de Jardim Olinda, no Noroeste.
Participe, denuncie
Você sabe de alguma irregularidade envolvendo recursos públicos da Polícia Civil em sua cidade?
  • Saiba mais
O casebre de Guaraqueçaba é uma das dezenas de delegacias fantasmas do Paraná, onde a única coisa real é o dinheiro a elas destinado. Os recursos saem dos cofres da Polícia Civil, mas não chegam ao destino final. Metade dos 399 municípios do estado não tem um único policial civil. Placas desbotadas e distintivos pintados na parede dão pistas de que se trata de uma delegacia. E só. Em muitas cidades, ela está abandonada há anos ou simplesmente não existe, embora o dinheiro para sua manutenção continue saindo do fundo rotativo. E não é pouco: foram R$ 22,6 milhões nos últimos oito anos, média de R$ 2,8 milhões anuais.
Em Guaraqueçaba, de 8 mil habitantes, poucos sabem que aquele casebre de aspecto sombrio já foi uma delegacia. “Falaram que iriam construir outra delegacia, mas nunca aconteceu. Às vezes a gente precisa da Polícia Civil”, diz uma vizinha da unidade. Quem precisa desses serviços tem de recorrer a Antonina, em uma viagem de 100 quilômetros em estrada de terra ou em duas horas de barco pelo mar. A delegacia ainda funcionou por algum tempo em uma sala emprestada pelo quartel da Polícia Militar, mas foi desativada há três anos. Nem assim o repasse do fundo rotativo foi interrompido.
Investigação
Durante cinco meses, quatro jornalistas da Gazeta do Povo investigaram as contas da Polícia Civil, tiveram acesso a documentos secretos e percorreram 5 mil quilômetros em diversas regiões do Paraná para comprovar o sumiço do dinheiro que deveria ser usado para manter as delegacias abertas. As informações foram catalogadas em um banco de dados disponível para acesso público no site especialwww.gazetadopovo.com.br/policiaforadalei. Nele é possível ver quanto cada delegacia recebeu por ano desde 2004, o número de policiais nas unidades (e a ausência deles em 205 cidades), além da produtividade da polícia medida pela quantidade de inquéritos instaurados.
Guaraqueçaba não é exceção, antes uma regra. Em São Pedro do Ivaí, no Noroeste do estado, prefeitura e comerciantes juntaram dinheiro para ajudar os policiais militares a erguer a nova delegacia, pois a anterior não tinha condições de uso. Ninguém nem sequer sabia da existência dos R$ 164.630 que nos últimos oito anos deveriam ter sido destinados à manutenção da antiga unidade. Em Calógeras, distrito de Arapoti, na região Norte do estado, uma família mora na delegacia desativada. Em Cruzeiro do Sul, cidade de 4,5 mil habitantes na região Noroeste, mais indícios de irregularidades nos repasses do fundo rotativo.
O prédio de tijolo à vista ostenta na entrada uma placa metálica onde se lê Delegacia da Polícia Civil. Apesar de o portão branco enferrujado permanecer aberto, não há motivos para passar por ele. Há seis anos os serviços policiais estão suspensos em Cruzeiro do Sul. O mato com mais de um metro de altura na frente, a ferrugem na grade e alguns vidros estilhaçados retratam o abandono. Nem móveis existem.
Moradores atestam: desde 2006 não há um único policial civil ou militar lotado na cidade. Falta estrutura e pessoal para registrar um simples boletim de ocorrência, ato mais elementar da atividade policial. As rondas são feitas uma ou duas vezes por dia por policiais militares da vizinha Paranacity, sede da comarca. Mesmo fechada há anos, o dinheiro para o funcionamento da delegacia continua saindo das contas da Polícia Civil. Foram R$ 75.635 entre 2004 e 2011, média de R$ 9.454,38 por ano. A despeito dos gastos, nenhum inquérito foi instaurado entre 2008 e 2011 na cidade.
Apesar de não existir na prática e de não dispor de uma viatura sequer, a delegacia de Cruzeiro do Sul recebe por mês uma cota de 400 litros de álcool, conforme relatório do Grupo Auxiliar Financeiro da Polícia Civil, documento reservado obtido pela Gazeta do Povo. Sem polícia, casos de violência típicos de cidade grande dão o clima de insegurança. São casos como o do dono de uma farinheira cuja casa foi invadida e a família ficou refém dos bandidos, do universitário sequestrado ao descer do ônibus, das arruaças nos fins de semana.
VIDA E CIDADANIA | 5:10

Metade do Paraná sem Polícia Civil

A Polícia Civil do Paraná gastou nos últimos oito anos R$ 23 milhões para manter as delegacias das 205 cidades do estado onde não há um policial civil sequer. Em parte delas, o dinheiro não chega. Nessas localidades, PM tem de improvisar.
VIDA E CIDADANIA | 2:15

Dinheiro real para delegacia fantasma

Guaraqueçaba não tem Polícia Civil. A antiga delegacia está abandonada há 10 anos, mas o dinheiro para a manutenção de uma unidade na cidade continua saindo dos cofres da corporação. Foram R$ 153 mil nos últimos 8 anos, R$ 31 mil só em 2011.
VIDA E CIDADANIA | 2:47

Polícia gasta R$ 7 mil em placa para delegacia fantasma

O delegado de Antonina, responsável por Guaraqueçaba, conta que Polícia Civil já pediu fabricação da placa de identificação da unidade. A delegacia fantasma de Guaraqueçaba recebeu R$ 31 mil em 2011. A verba para a compra da placa foi liberada há um ano.

Professor homossexual: sem kit, escola silenciou sobre homofobia


Rubenilson Araujo utiliza livros para debater a diversidade sexual em uma escola pública do Tocantins. Foto: Arquivo Pessoal/Divulgação
Rubenilson Araujo utiliza livros para debater a diversidade sexual em uma escola pública do Tocantins
Foto: Arquivo Pessoal/Divulgação
ANGELA CHAGAS
Homossexual assumido, Rubenilson Araujo é o único professor da escola estadual Frei José Maria Audrin, em Porto Nacional (TO), que tem "coragem", como ele mesmo define, de discutir a homofobia na sala de aula. Segundo ele, a posição da presidente Dilma Rousseff ao vetar o kit que seria distribuído em escolas públicas há um ano foi responsável por um grande retrocesso no combate ao preconceito contra gays, bissexuais, travestis e transexuais nas escolas. "A gente nota que os professores já viam o tema como tabu e a posição da presidente contra o material reforçou ainda mais isso. As escolas silenciaram completamente e ninguém mais cogita falar em homofobia", afirma.
Para o professor de português, qualquer posição da presidente da República tem um impacto grande sobre a população, ainda mais quando o tema é considerado "difícil". "Todos silenciaram, mas o problema só agravou. O número de crianças e adolescentes vítimas da discriminação nas nossas escolas aumenta a cada dia", afirma o educador, que desenvolve atividades nas turmas de 8º e 9º ano do ensino fundamental para que os alunos aprendam a respeitar a diversidade.
Araujo tenta ajudar a mudar as estatísticas de violência contra os homossexuais porque sabe muito bem o sofrimento causado pelo preconceito por "ser diferente". "Fui vítima de homofobia durante toda a minha vida escolar. Chegava em casa com marcas, porque apanhava muito na escola. Meu refúgio foi estudar", conta o professor de 36 anos, que apresentou sua tese de mestrado sobre diversidade sexual no final de 2011 na Universidade Federal do Tocantins (UFT). "Quando escolhi ser professor, também enfrentei preconceito e até hoje enfrento de algumas pessoas. Mas meus alunos aprenderam a me respeitar".
Nas aulas de português da escola, além dos clássicos de Machado de Assis e Aluísio Azevedo, os alunos passaram a se dedicar à literatura infanto-juvenil, com obras que abordam a temática da diversidade sexual.Olivia tem dois papais, de Márcia Leite, e O gato que gostava de cenoura, de Rubem Alves, são alguns exemplos de livros que fazem parte das atividades em sala de aula. "Os alunos leem e depois promovemos um debate para discutir a questão da identidade, do respeito às diferenças", conta o professor, que leciona há 17 anos.
Araujo diz que todos os alunos sabem da sua orientação sexual. "Nos debates eles já me perguntaram: 'professor você é gay?'. Eu expliquei que era homossexual e um deles me respondeu que queria ser meu amigo. É uma relação harmoniosa, eles aprenderam a respeitar", comemora. O educador conta que desde que o trabalho começou a ser feito na escola, ele percebe que o convívio entre os colegas melhorou. "No 8º ano tenho um aluno que enfrentava violência verbal por ser muito próximo das meninas. Ele estava sempre com as garotas no intervalo e os outros incomodavam. Percebo que isso começou a mudar, os outros passaram a respeitá-lo mais e houve até uma integração maior entre os colegas", afirma.
O educador diz ainda que tem conquistado o apoio da direção da escola para o seu trabalho. "Eu apresento um relatório quinzenal das atividades que desenvolvo e nunca tive nenhum problema", diz. Apesar disso, Araujo sente falta de um maior engajamento dos outros docentes. "Uma professora das séries iniciais até se interessou pelo meu trabalho, principalmente porque os livros têm uma linguagem bem infantil, mas disse que não teria coragem de discutir isso com os alunos. Às vezes sinto que estou sozinho nessa luta", completa.
Qualificação dos professores
Para o professor do Instituto de Psicologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Pedro Paulo Bicalho, a falta de interesse dos educadores em discutir a homofobia é resultado do despreparo para tratar temas considerados difíceis. "Os professores não só se sentem despreparados, como não existe nenhum tipo de discussão com eles. A LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação) coloca a diversidade como um tema transversal, mas o que nos vemos ocorrer é que isso é trabalhado de maneira muito iniciante por um professor de ciências, como um tema biologizante, da sexualidade com fins reprodutivos".
Bicalho coordena o curso de extensão em Diversidade Sexual nas Escolas promovido pela UFRJ para capacitar educadores para lidar com a homofobia. "O curso existe desde 2006 e temos capacitado uma média de 600 professores por ano", afirma ao destacar que faltam vagas devido ao interesse. "A grande questão é que a homofobia está batendo na porta do professor e ele não sabe como reagir. Muitas enfrentam o problema em casa também, com os seus filhos", comenta. Segundo ele, infelizmente o trabalho feito pela UFRJ ainda é muito pequeno se comparado à necessidade do País. "A capacitação dos professores para tratar da diversidade sexual e do respeito aos direitos humanos deveria ser uma política de Estado. Deveria fazer parte de toda a educação formal do Brasil", diz o professor.

sábado, 19 de maio de 2012

Resquícios e controvérsias da Ditadura


Ilustração: Osvalter Urbinati Filho
Ilustração: Osvalter Urbinati Filho /
DITADURA EM PAUTA

Resquícios e controvérsias

A criação da Comissão da Verdade incitou novos debates no Brasil sobre o regime militar, discussão que havia desaparecido ao longo dos anos.
O período da ditadura militar (1964-1985) no Brasil voltou para a roda de discussão na sociedade brasileira: a posse dos integrantes da Comissão da Verdade na última semana – depois de seis meses da aprovação da lei – e os protestos de jovens, batizados de “esculachos”, contra agentes ligados à ditadura na segunda-feira passada, são alguns exemplos de movimentos que trouxeram o assunto novamente à tona. Porém, analisando a opinião de especialistas consultados pela reportagem da Gazeta do Povo, é perceptível uma divisão de pensamento sobre a ação da presidente Dilma Rousseff. Há os que acreditam que rever e tornar pública essa história é essencial, e outros creem que esses acontecimentos fazem parte do passado, e a preocupação com os direitos humanos contemporâneos é mais urgente.
Memórias
Confira os depoimentos de algumas pessoas que viveram o período da ditadura no Brasil
“A tortura, bem como o autoritarismo das pessoas que detêm algum tipo de poder, são um legado da ditadura. A falta de transparência dos órgãos públicos é outro ponto, qualquer ditadura trabalha com a ideia de opacidade.”
Glenda Mezzaroba, cientista política e pesquisadora da Unicamp.
“O processo de reconstituição histórica é fundamental para compreensão do país, desde que não esteja desligada do presente. Não vejo esforço em estabelecer ligação entre a tortura praticada pelos militares e a que é feita hoje nos estabelecimentos policiais e prisionais.”
Dennison de Oliveira, professor de História da UFPR.
Reprodução
Reprodução / O Que é Isso, Companheiro?Ampliar imagem
O Que é Isso, Companheiro?
Biblioteca Básica
Conheça alguns títulos que ajudam a compreender a ditadura militar no Brasil:
• O Que é Isso, Companheiro? 
Fernando Gabeira Companhia das Letras. 216 págs., R$ 21,50. Memórias.
Relato do atual deputado federal Fernando Gabeira, que envolveu-se na guerrilha urbana e tornou-se um dos homens mais procurados do país. Originalmente lançado em 1979, a narrativa é uma busca de Gabeira para compreender as suas experiências na luta armada, a militância, a prisão e seu exílio.
• Zero 
Ignácio de Loyola Brandão. Global Editora. 288 págs., R$ 42. Romance.
Considerado um dos melhores romances do século 20 pelo jornal O Globo, a obra é, de acordo com a crítica, a que melhor descreve os anos de chumbo no Brasil. Foi publicado na Itália em 1974 e apenas em 1975 no Brasil. No entanto, o livro foi proibido – atitude que impulsionou escritores a se manifestarem contra a ditadura. Foi liberado em 1979, e já está na 12ª edição.
• A Ditadura Envergonhada, A Ditadura Escancarada, A Ditadura Encurralada e A Ditadura Derrotada 
Elio Gaspari. Companhia das Letras. De R$ 70 a R$ 75,50. História.
Os quatro volumes são fruto de uma extensa pesquisa do jornalista e retratam fatos marcantes como o golpe de 31 de março de 1964, a deposição de João Goulart, a Guerrilha do Araguaia, O Ato Institucional Nº 5, entre outros. Mais do que isso, os volumes explicam as crises dentro do regime e o fim do governo de Ernesto Geisel, em 1979.
• 1968 – Ditadura Abaixo 
Teresa Urban. Quadrinhos de Guilherme Caldas. Arte & Letra. 252 págs., R$ 40. HQ. 
O livro retrata o movimento estudantil em Curitiba usando o formato de histórias em quadrinhos, maneira encontrada pela autora de transmitir a história aos seus netos e, por consequência, para outras crianças. Mostra o cotidiano vigiado, a censura e uma constante busca pela liberdade de aprender e opinar dos jovens que viveram a ditadura militar.
Nesta semana, uma das integrantes da Comissão da Verdade, a advogada Rosa Maria Cardoso da Cunha, declarou não considerar impossível que o país reveja a Lei da Anistia (de 1979), que perdoou crimes políticos, possibilidade logo descartada pela própria presidente. O texto da lei foi considerado válido pelo Supremo Tribunal Federal em um julgamento em 2010, mas a Corte Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA) não aceita a interpretação, e afirma que não é empecilho para que agentes sejam responsabilizados. “O Brasil deveria responder à OEA em um ano. Até hoje, nada foi feito”, ressalta a psicóloga e vice-presidente do grupo Tortura Nunca Mais RJ, Cecilia Maria Bouças Coimbra.
Para ela, a lógica seguida dentro da Comissão da Verdade não será de punição, mas de responsabilização, interpretação apoiada pelo Tortura Nunca Mais. Entretanto, a entrega do relatório final (que será encaminhado ao Arquivo Nacional para integrar o projeto Memórias Reveladas), crê Cecilia, deveria ir ao Judiciário, acredita. “O que tivemos no período de 1964 até 1985 foi terrorismo de Estado, tortura como instrumento oficial do Estado brasileiro. A comissão não poder ir somente até a página 10 desta história.”
Interpretação
Membro da ONG Desaparecidos Políticos, Criméia Alice Schmidt Almeida, que foi integrante da Guerrilha do Araguaia (movimento guerrilheiro na região amazônica, criado pelo Partido Comunista do Brasil) acredita que há uma leitura errônea na lei, de “autoanistia”. “O ditador faz o que bem entende e depois faz uma lei para ficar anistiado. É cômodo”. Segundo o professor de História Dennison de Oliveira, da Universidade Federal do Paraná, que desenvolve uma pesquisa sobre filmes brasileiros que retratam o regime, os militares “tomaram o cuidado de impor uma lei que os pusesse a salvo de responder seus crimes em um futuro contexto democrático.” Apesar disso, revisá-la ou aboli-la não é um bom caminho. “Isso pode revelar dois lados. Se for possível processar torturadores, também será possível processar membros da luta armada travada pela esquerda. A palavra anistia tem origem grega, e remete ao esquecimento. Em disciplina de História, nada poder ser esquecido. Mas, em uma sociedade complexa como a nossa, faz sentido não cultivar antigos ódios.” Para ele, a comissão não deve avançar consideravelmente nas buscas. “A verdade está em livros, filmes e documentos há décadas. O tema é intensamente dramático, passional e muito provavelmente, será tratado de forma subjetiva.”
Coordenador do Centro de Pesquisas Estratégicas da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Ricardo Vélez Rodrigues é contrário ao fato de os nomes terem sido indicados pela presidente. “A verdade histórica é patrimônio da nação e não pode ser sonegada. Somente os regimes totalitários se arrogam o direito de reescrever a história. Mas, uma comissão instaurada pelo governo e com figuras nomeadas por ele, certamente não é a melhor forma de indagar.” Já a cientista política, pesquisadora da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e especialista em Justiça de Transição, Glenda Mezzaroba, é otimista. “A comissão fará um trabalho digno e edificante, tenho certeza que o relatório será tornado público, o texto da lei prevê uma ação conjunta com autoridades competentes. Esse descrédito me incomoda, é um pensamento que entra na lógica de impunidade da ditadura.”
Sobras
A prática difundida da tortura, a truculência policial, a falta de transparência dentro de órgãos públicos e um certo esquecimento da história do governo repressor são alguns dos resquícios do regime que insistem em permanecer, e que deixaram no Brasil uma cultura de violência e impunidade. No artigo “Tortura e Sintoma Social”, um dos textos do livro O Que Resta da Ditadura (Boitempo), organizado por Edson Telles e Vladimir Safatle, a integrante da Comissão da Verdade e psicanalista Maria Rita Kehl diz que o ressentimento ficou presente nas pessoas que recuaram sem lutar e perdoaram sem exigir reparação. E que o esquecimento da tortura é um “grave sintoma social no Brasil”, o que reflete na repetição de barbáries. Para o filósofo Edson Telles, um dos organizadores da obra e que foi preso aos 4 anos de idade junto com os pais, militantes do Partido Comunista, a ditadura brasileira encontrou maneiras de se manter. “A estrutura das Forças Armadas e da segurança pública no Brasil é quase a mesma dos anos de ditadura. As PMs continuam agindo com truculência, sendo cotidianamente denunciadas por violações de direitos. Nossa polícia é a que mais mata civis na América Latina”, salienta.
Telles lembra que há pouco tempo ainda havia uma lei de imprensa cerceadora, mas que o maior malefício deixado pela ditadura é a prática de tortura, “disseminada nas delegacias e presídios.” Outra postura recorrente hoje que é vestígio da época, diz Glenda, são alguns clichês de que no regime militar não havia corrupção, ou que os direitos humanos “defendem bandidos”. “É um legado e um ranço que existe, que ocorre porque não fizemos um trabalho de memória, patamar que irá mudar com a comissão. A corrupção existia na ditadura, mas não era conhecida, ao contrário da democracia atual.” O tabu para falar do tema também permanece, sobretudo nas gerações que viveram o período. “Percebo que elas são temerosas e receosas. Só estamos conseguindo lidar com isso com a renovação das gerações.”
A postura de alienação presente na época, sobretudo dentro da classe média, empolgada com o bom momento econômico, ainda é perpetuada. A despeito do debate recente, ao longo dos anos, o assunto frequentemente é deixado em um plano menor. O professor Dennison de Oliveira crê que essa atitude se deva a uma questão da escala – se compararmos o número de mortes no Brasil (cerca de 500), com os assassinatos no Chile (19 mil) e na Argentina (30 mil). “Felizmente, não ocorreu no Brasil a matança dos países vizinhos. Mas, para quem foi torturado, falar em ‘ditabranda’ é inaceitável. Mas, muito pior é comparar a ditadura com a atual ‘democracia’. Nunca antes o Brasil teve um problema tão grave de direitos humanos quanto hoje, com mortes pela PM, ocupação militar de áreas inteiras na infâmia das UPPs e UPS e imposição de toque de recolher, cínico desrespeito aos direitos legais do cidadão.”
O procurador do Estado do Paraná e professor da PUCPR, Carlos Frederico Marés de Souza Filho, que ficou exilado durante 10 anos, diz que o Brasil não fez sua “lição de casa”. Mas, que é melhor existir uma comissão que ele considera “tardia”, do que nenhuma, e que o processo pelo qual o país passa, com a volta do assunto, ajudará o Brasil a reencontrar sua identidade. “Tivemos esse movimento no começo do século 20, com a Semana de Arte Moderna, mas a ditadura afastou. Nossa ditadura não foi mansa, e não devem ser usados eufemismos para falar sobre ela.”
CADERNO G | 3:52

Depoimento de quem viveu a ditadura

Carlos Frederico Marés de Souza Filho, procurador do estado do Paraná, conta como foi a juventude durante a ditadura e conta um pouco de como foi o período de exílio

Tremor deixa rachaduras em casas de cidade mineira


De acordo com o 7º Batalhão da Polícia Militar, não houve nenhum desmoronamento ou feridos com o sismo que atingiu a cidade por volta das 10h50 deste sábado.

Cerca de 40 solicitações para vistorias em edificações que sofreram algum tipo de rachadura foram registradas neste sábado (19) pelo Corpo de Bombeiros de Montes Claros, norte de Minas Gerais, após tremor com cerca de 4 pontos de magnitude.
De acordo com o 7º Batalhão da Polícia Militar, não houve nenhum desmoronamento ou feridos com o sismo que atingiu a cidade por volta das 10h50 deste sábado.
Os bombeiros informam que entre as principais ocorrências de rachaduras, estão a Universidade Estadual de Montes Claros e o Shopping Popular, no centro da cidade. Essas edificações estão sendo vistoriadas pelas equipes de bombeiros e a Defesa Civil do município.
Foram registradas rachaduras em residências dos seguintes bairros: Vila Atlântida, Nova Morada, São José, Vilage, Bela Paisagem, Vila Áurea, Todos os Santos, Santos Reis, Renascença, Maracanã, Vila São Francisco de Assis, além da região central da cidade.
O chefe do Observatório Sismológico da Universidade de Brasília (UnB), Lucas Barros, informou ao estadão.com.br que a intensidade do abalo pode ter atingido 4 graus na escala Richter. Mas Barros afirma que não é possível precisar o índice, uma vez que as estações de medição da universidade pararam de coletar dados no momento do tremor.

Manifestantes fazem protesto contra Código Florestal neste sábado


Cerca de 900 pessoas confirmaram presença, pelo Facebook, na manifestação que pede o veto da presidente.

Na manhã de sábado (19), manifestantes contrários ao novo Código Florestal vão se reunir naBoca Maldita, no Centro de Curitiba, para mais um protesto da campanha "Veta Dilma". Os manifestantes pedem que a presidente Dilma Rousseff vete, na íntegra, o documento aprovado em abril de 2012 pela Câmara dos Deputados.
No começo da noite desta sexta-feira (18), os organizadores do movimento fazem a distribuição de panfletos e exposição de faixas para convocar mais participantes. Até as 18h desta sexta-feira, pela página no Facebook, cerca de 900 pessoas já haviam confirmado presença no movimento.
A intenção dos organizadores é, após a concentração na Boca Maldita, fazer uma passeata até a Praça Santos Andrade, em frente ao Prédio Histórico da Universidade Federal do Paraná (UFPR). A manifestação é encabeçada pelo movimento SOS Florestas, que reúne 40 organizações não-governamentais e outros movimentos em prol do veto ao código florestal.
A presidente Dilma Rousseff tem até o próximo dia 25 de maio para decidir sobre o futuro do Código Florestal.

Maioria das cidades do PR depende de recursos externos para sobreviver


Levantamento mostra que em 340 municípios do estado a arrecadação própria representa menos de 15% da receita corrente da administração municipal.

Trezentos e quarenta prefeituras do Paraná dependem das transferências constitucionais do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) para sobreviver. Levantamento feito pela Gazeta do Povo mostra que essas cidades participam com menos de 15% de tributação própria no bolo de suas receitas orçamentárias correntes. Em pelo menos 200 dessas cidades – quase a metade das 399 do estado –, os tributos municipais correspondem a menos de 7% do conjunto das receitas.
A maioria dessas cidades tem um perfil parecido, uma população média de menos de 10 mil habitante e pouca atividade econômica. Como o município de Diamante D’Oeste, localizado no Oeste paranaense. A cidade tem 5 mil habitantes, que se dividem entre uma pequena área urbana e a zona rural – que possui dois assentamentos e duas aldeias indígenas. A prefeitura de Diamante D’Oeste depende quase que exclusivamente dos repasses e dos convênios com o estado e a União para equilibrar as contas e manter a estrutura de governo. Os repasses também são a principal fonte de investimento para melhorias na infraestrutura do município.
Arrecadação
200 cidades do Paraná arrecadam menos de 7% do conjunto de receitas do município.
Constituição prevê mesmas atribuições a todos os municípios
Cidades de arrecadação própria reduzida têm de manter estruturas políticas e serviços à população equivalentes aos das maiores
Uma das despesas que mais pesam na conta de Dia­mante D’Oeste é o gasto com pessoal. Neste ano, do orçamento estimado em R$ 12,6 milhões, o qual é reforçado por royalties de Itaipu, boa parte se destina a pagar a folha de pagamento. Pouco mais de R$ 4,2 milhões são consumidos pelos 280 servidores municipais, o equivalente a cerca de 30% do orçamento municipal.
Domínio
O economista André Alencar, do Conselho Na­­cional dos Munícípios (CNH), considera que não é justo dizer que o FPM ou os repasses voluntários da União e dos estados se tratem de assistencialismo com as pequenas prefeituras. “O FPM também é verba do município”, alega.
Para ele, o problema da reduzida arrecadação própria da maioria das cidades nasceu quando a Constituição Federal definiu que o IPTU e o Imposto Sobre Serviços (ISS) seriam os tributos cobrados pelos municípios para compor a arrecadação própria. O professor de Direito Constitucional da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Clèmerson Merlin Clève faz análise semelhante. “Esses são tributos arrecadáveis só em núcleos urbanos consideráveis e exige uma economia sofisticada e tamanho de cidade considerável”, afirma Clève.
O professor explica que só os municípios com mais de 100 mil habitantes e alguns casos particulares de municípios menores conseguem viver com esses recursos. Os tributos mais importantes em termos de arrecadação estão nas mãos da União e dos estados. “Por isso mesmo se criou um fundo de participação dos municípios que são repasses constitucionais. Faz parte da solidariedade federativa”, diz.
No entanto, Clève alerta que este é um motivo a mais pra se repensar o modelo federativo. “Como a União tem excesso de arrecadação extra, ela repassa recursos, por meio de convênios, para estados e municípios com um fator de domínio político importante.”

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Estudantes terão redução de 50% nas tarifas de pedágio


Veto derrubado pelos deputados estaduais nesta semana autoriza o poder Executivo a conceder redução nas tarifas de pedágio a estudantes que moram em uma cidade e estudam em outra; regulamentação da lei ainda depende do DER.

O governo estadual está autorizado a conceder uma redução de 50% no valor das tarifas de pedágio para veículos que transportam estudantes em rodovias pedagiadas do Paraná com destino a escolas e universidades. A autorização foi dada pelos deputados estaduais durante a sessão plenária da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) desta terça-feira (15).

Os parlamentares derrubaram um veto ao projeto de lei nº 242, de 2007, de autoria do deputadoMarcelo Rangel (PPS), por 39 votos a três. O projeto foi vetado em agosto de 2007 pelo então governador Roberto Requião.
Segundo a matéria, que agora está nas mãos da Comissão Executiva da Alep aguardado promulgação pela presidência da Casa, podem ser beneficiadas também empresas que realizam o serviço de transporte de estudantes entre cidades e que passem por rodovias pedagiadas.
A justificativa é de que “sendo de competência do Poder Público Estadual zelar pela frequência à escola, o mínimo que deve-se esperar é que esse seja o facilitador para alcance desta meta”, diz o texto.
Mesmo após a publicação da lei, fica a cargo do Departamento de Estradas de Rodagem (DER) a definição de critérios para a execução da lei, como cadastro dos veículos e de que forma isso será feito, por exemplo.
O DER também ficará responsável pela supervisão da lei e deverá comprovar a matrícula escolar, horário do transporte e local em que os alunos residem. Os veículos cadastrados, segundo o texto, deverão estar em situação regularizada junto ao Detran.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Educação e Saúde no Brasil estão distantes dos padrões internacionais


Na educação, por exemplo, os investimentos públicos representaram 5% do Produto Interno Bruto (PIB). De acordo com o Plano Nacional de Educação, o padrão internacional, que é de 7%, seria alcançado em 2020.

Apesar de terem crescido nos últimos dez anos, os investimentos públicos nas áreas de saúde, infraestrutura e educação no país, ainda estão longe de alcançar os padrões internacionais, segundo levantamento apresentado nesta terça-feira (15) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) sobre o ano de 2010.
O estudo Brasil em Desenvolvimento: Estado, Planejamento e Políticas Públicas destaca o papel que as áreas sociais desempenharam, na primeira década dos anos 2000, para sustentação e dinamização da economia.
Na educação, os investimentos públicos representaram 5% do Produto Interno Bruto (PIB). De acordo com o Plano Nacional de Educação, o padrão internacional, que é de 7%, seria alcançado em 2020. Há dez anos, eram investidos cerca de 3% do PIB na educação. Na saúde, os investimentos somaram 3,77% do PIB. Em dez anos, houve crescimento de 1,27 pontos percentuais. “Seria necessário quase dobrar os investimentos para alcançar o padrão internacional de 7%”, explicou Aristides Monteiro Neto, coordenador do estudo.
Os recursos destinados ao setor de infraestrutura de transporte, por sua vez, representaram 0,7% do PIB, enquanto o padrão internacional é 3,4%. Há dez anos, o percentual era 0,2%. Os padrões têm como base os países membros da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que agrupa os países mais industrializados do mundo.
“Temos um caminho ainda de construção de investimento na área social. O desafio é fazer isso sem comprometer as exigências do investimento em infraestrutura”, disse o presidente do Ipea, Marcio Pochmann. Um dos caminhos apontados pelo estudo é estimular investimentos pelo setor privado. De acordo com o estudo, o setor público atuou fortemente no estímulo a atividade produtiva nos últimos anos, mas a capacidade de investimentos já chega a um limite.
Para Monteiro Neto, diante da possibilidade de esgotamento das fontes de recursos, que não permitiria alcançar os patamares internacionais nas áreas sociais em médio prazo, é necessário ter foco na aplicação das políticas. “Países da América do Sul e Ásia que gastam 5% do PIB tem padrões educacionais melhores que o Brasil. Eles nos apontam que nem tudo é recurso financeiro. A melhor utilização do recurso existente pode gerar melhores resultados”.
O estudo mostra, ainda, um crescimento dos investimentos nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, diminuindo a disparidade histórica com o Sul e o Sudeste. “Percebemos uma inflexão do ponto de vista da geografia do investimento. As regiões que eram menos dinâmicas foram as que mais cresceram. A região Centro-Oeste, por exemplo, é onde mais cresceu o setor industrial”, disse Pochmann.

Cataratas faz festa para consagração das Sete Maravilhas do Mundo



Divulgação
Divulgação / Sobrevoo do dirigível da fundação New Seven Wonders abre as comemorações pelo título na fronteira do Brasil e ArgentinaSobrevoo do dirigível da fundação New Seven Wonders abre as comemorações pelo título na fronteira do Brasil e Argentina
Dias 25 e 26 de maio são as datas da festa popular que vai celebrar a inclusão dasCataratas do Iguaçu como uma das Novas Sete Maravilhas do Mundo. A consagração do título será feita no Brasil e na Argentina. A comemoração inclui shows de bandas nacionais e locais e a entrada é gratuita.
A programação começa no início da tarde da sexta-feira, no lado brasileiro. Antes de começar os espetáculos, um dirigível da New Seven Wonders, promotora do concurso, fará um sobrevoo nas Cataratas do Iguaçu, depois de sair do Gramadão da Vila A. A saída está prevista para as 14 horas, com chegada ao lado argentino das Cataratas do Iguaçu às 16 horas. Em seguida, no Gramadão da Vila A, em uma solenidade rápida de premiação, os prefeitos de Foz do Iguaçu e Puerto Iguazu recebem uma placa de bronze com o título. Os shows musicais começam a partir das 18 horas.
No sábado, 26, em Puerto Iguazú, a comemoração será durante a Festa Cataratas 7 Maravilhas da Natureza, no Parque Nacional. O evento coincide com o encerramento do festival Iguazú em Concierto, com a participação de 700 jovens de todo o mundo.
No dia 27, ocorre o Congresso Mundial das Sete Maravilhas da Natureza, com programação dividida entre o Brasil e a Argentina e com a participação de representantes de todas as atrações eleitas no concurso. 

Um ano após veto, ABGLT quer resposta sobre kit anti-homofobia


Imagem mostra trecho do vídeo 'Encontrando Bianca', que faz parte do kit anti-homofobia vetado por Dilma. Foto: Reprodução
Imagem mostra trecho do vídeo 'Encontrando Bianca', que faz parte do kit anti-homofobia vetado por Dilma
Foto: Reprodução

Munidos de bandeiras nas cores do arco-íris, gays, lésbicas, travestis e transexuais de todo o País preparam para esta quarta-feira uma grande marcha em Brasília (DF) para cobrar a criminalização da homofobia e defender que a diversidade sexual seja discutida dentro do ambiente escolar. A marcha ocorre um ano após o veto da presidente Dilma Rousseff ao kit anti-homofobia, material educativo que seria distribuído em escolas públicas pelo Ministério da Educação (MEC).
ANGELA CHAGAS
"Faz um ano que tentamos uma audiência com a presidenta para discutir por que desse veto, mas até agora não conseguimos uma resposta, nem ao menos uma correspondência oficial do governo foi enviada a todas as entidades envolvidas no programa Escola sem Homofobia", afirma o presidente da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), Toni Reis. Ele diz que os representantes esperam ser recebidos por uma equipe do governo ainda hoje para discutir a paralisação do projeto. "A ABGLT existe há 17 anos e desde então conversamos com todos os presidentes. Também queremos ter esse diálogo com Dilma".
O kit de combate à homofobia foi desenvolvido por diversas entidades não governamentais, com a supervisão do Ministério da Educação, para ser distribuído a alunos do ensino médio de 6 mil escolas públicas a partir do segundo semestre de 2011. No entanto, após pressão das bancadas religiosas no Congresso Nacional, a presidente vetou o material - composto por vídeos, cartilhas e manuais de orientação aos professores - em maio do ano passado. Segundo Dilma, o kit era inadequado e fazia propaganda de orientações sexuais.
Toni Reis critica que a decisão de vetar o material tenha ocorrido após reunião com deputados da bancada religiosa. "Ela (Dilma) ouviu apenas um lado, o dos evangélicos fundamentalistas. Não quis saber o que nós temos a dizer sobre a importância desse material para evitar casos de crianças e adolescentes agredidos física e verbalmente nas escolas, e até de suicídio, como de um menino de 12 anos que se matou em Vitória (ES) depois de ser chamado de 'bicha' pelos colegas", diz.
Apesar das críticas, o presidente da ABGLT ainda acredita que o governo vá utilizar o material, que envolveu cerca de 500 profissionais na produção. "O kit está pronto e, de certo modo, cumpriu seu papel porque os vídeos já foram vistos por mais de 50 milhões de pessoas na internet. Mas nós precisamos de um programa oficial, dentro da escola. Queremos falar com a presidenta e ouvir dela o que não gostou nesse trabalho, em que parte está o erro, onde está a propaganda", completou Reis ao destacar que o programa Escola sem Homofobia nunca quis fazer divulgação de orientações sexuais. "O que queremos é cidadania e respeito".
O kit anti-homofobia
O material foi elaborado por especialistas em parceria com a Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade e Inclusão (Secadi) do Ministério da Educação (MEC). De acordo com as entidades responsáveis pelo projeto, o kit integra o projeto Escola Sem Homofobia, que compreende "um conjunto de instrumentos pedagógicos que visam à desconstrução de imagens estereotipadas sobre lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais, e para o convívio democrático com a diferença".
O kit é composto de um caderno com orientações sobre atividades que podem ser desenvolvidas pelos professores em sala de aula; de seis boletins destinados aos estudantes; de cartazes para divulgar o programa na comunidade escolar, de cartas endereçadas a professores, além de três vídeos para serem trabalhados em sala de aula. O convênio para a preparação do material teve um custo total estimado de R$ 1,8 milhão e incluía também pesquisas, seminários e atividades de capacitação para os educadores que fossem utilizá-los nas escolas.
Integram a equipe responsável pelo kit a ONG Pathfinder do Brasil, a Global Alliance for LGBT Education (Gale), a Comunicação em Sexualidade (Ecos), a Soluções Inovadoras em Saúde Sexual e Reprodutiva (Reprolatina) e a ABGLT. Entidades como a Unesco e o Conselho Federal de Psicologia defenderam o conteúdo do material.
Os polêmicos vídeos do kit
O material mais polêmico do kit, e que teria motivado o veto da presidente Dilma Rousseff ao projeto, foram três audiovisuais que contam histórias sobre transexualidade, bissexualidade e a relação entre duas meninas lésbicas dentro do ambiente escolar. Assista:
Torpedo: animação com fotos que mostra o namoro entre duas garotas, Ana Paula e Vanessa, que estudam na mesma escola.
Encontrando Bianca: por meio de uma narrativa em primeira pessoa, José Ricardo (Bianca) revela a descoberta e a busca de sua identidade de travesti, além dos dilemas de sua convivência dentro do ambiente escolar.
Probabilidade: conta a história da atração sexual de Leonardo por Rafael e por Carla. O jovem, que inicialmente sentia-se confuso por ter atração por homens e mulheres, passa a aceitar sua bissexualidade.

Nordeste se consolida como 2º maior empregador do País


Em 2010, o Sudeste ficou 51,1% do pessoal ocupado assalariado no Brasil, enquanto o Nordeste empregou 18,4%, e o Sul concentrou 17,0% da força de trabalho assalariada.

Embora a região Sudeste mantenha a liderança na quantidade de pessoal ocupado nas empresas do País, a região Nordeste se consolidou na segunda posição, desbancando a região Sul mais uma vez, segundo os dados do Cadastro Central de Empresas (CEMPRE) 2010, divulgado nesta quarta-feira (16) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em 2010, o Sudeste ficou 51,1% do pessoal ocupado assalariado no Brasil, enquanto o Nordeste empregou 18,4%, e o Sul concentrou 17,0% da força de trabalho assalariada.
"A região Nordeste emprega mais do que o Sul, mas é a que paga pior", ressaltou Kátia Cilene Medeiros de Carvalho, analista da área de Planejamento, Disseminação e Análise da Gerência do Cempre, no IBGE.
O Nordeste figurou em terceiro lugar no ranking das regiões para a massa de salários paga aos trabalhadores, com uma fatia de 14,1%. O Sudeste liderou a lista, com uma concentração de 55,5% da massa salarial, seguido pelo Sul, que pagou 15,4% da massa salarial do País.
"Mais de 60% dos empregados do Nordeste estão concentrados na faixa de um a dois salários mínimos. Talvez isso aconteça pelas características das atividades da região, que talvez paguem salários um pouco mais baixos", avaliou a pesquisadora do IBGE. "A Construção foi a atividade mais importante na geração de empregos na região Nordeste, por exemplo", notou.
No total do País, a principal atividade geradora de empregos em 2010 foi o Comércio, seguido por Indústria da transformação e Construção. A participação do Comércio nos empregos gerados em 2010 foi de 22,0%, enquanto a Indústria teve uma fatia de 18,6%, e a Construção foi responsável por 13,6% das novas vagas.