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Professor de Língua Portuguesa na Rede Estadual de Ensino - Governo do Paraná

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

DENUNCIADA PELA PF Ibama multa Sanepar em R$ 38 milhões por poluição


OPERAÇÃO ÁGUA GRANDE

Jonathan Campos/Gazeta do Povo
Jonathan Campos/Gazeta do Povo / Águas do Iguaçu ficam mais sujas após passarem pela Estação de Tratamento Belém, na capitalÁguas do Iguaçu ficam mais sujas após passarem pela Estação de Tratamento Belém, na capital
CRIME AMBIENTAL

Polícia indicia a cúpula da Sanepar por causa de poluição no Rio Iguaçu

Investigação conclui que esgoto não tratado pela companhia polui o principal rio do Paraná. Ibama multa a empresa em R$ 38 milhões.
Opinião
Expedição pelo Iguaçu em 2011 revelou tragédia ambiental
João Rodrigo Maroni, editor do projeto Águas do Amanhã e da Gazeta do Povo
Entre as inúmeras iniciativas desenvolvidas pelo projeto Águas do Amanhã [2010 a 2011] para conscientizar os paranaenses sobre a importância de se preservar o principal rio do estado, a mais marcante foi a expedição que percorreu, de carro e de barco, os principais trechos do Iguaçu – de Curitiba a Foz. Embarquei juntamente com outros colegas de imprensa e técnicos da UFPR em uma jornada de cinco dias, em abril do ano passado.
Durante a expedição, coletamos amostras de água para avaliação técnica. O resultado que a sonda mostrava apenas reiterava o que nossos olhos e narizes sentiam. Na região de Curitiba, o Iguaçu é um rio morto. E fede como tal. Quase não há peixes. Os poucos corajosos que resistem, precisam respirar junto à lâmina d’água, onde o pouco oxigênio que sobra se concentra. Uma das medições ocorreu em um ponto logo abaixo de onde a estação de tratamento de esgoto Cachoeira, da Sanepar, em Araucária, despeja o efluente teoricamente tratado. O índice de oxigênio dissolvido na água ali é de 2,6 miligramas por litro (mg/l), quando o ideal é de, no mínimo, 5 mg/l. Outros fatores que indicam poluição, como a concentração de clorofila, nitrato e a turbidez da água, também estavam altos naquele ponto e em outros dentro da Região Metropolitana de Curitiba.
É bom lembrar, no entanto, que a poluição do Iguaçu tem origem complexa. Vem do lixo jogado direta ou indiretamente no rio, de esgotos clandestinos – mesmo quando há rede de coleta disponível – e até do desmatamento das margens provocado pela ocupação desordenada, além, claro, do tratamento ineficiente do esgoto coletado.
A boa notícia é que o Iguaçu, ao longo de seu trajeto natural até as soberbas Cataratas, ainda tem a capacidade de se autorregenerar. Por quanto tempo não sabemos. Para quem vive nos arredores de Curitiba, sobrou conviver com o desastre ambiental, o risco de doenças, o mau cheiro e a vergonha de viver em uma sociedade que deu as costas para seu maior patrimônio natural. Puxou a descarga e deixou para lá.
Repercussão
Ministério Público Estadual vai investigar se Sanepar lesa consumidor
Diego Antonelli
O Ministério Público (MP) do Paraná vai instaurar inquérito civil público para investigar a prestação de serviços da Sanepar. O procedimento visa a apurar se a companhia cobra dos consumidores pelo tratamento de esgoto, mas não executa os serviços, conforme denunciado pela Polícia Federal.
A Sanepar atende 345 dos 399 municípios do Paraná. A companhia informa em seu site oficial que 6 milhões de pessoas são atendidas com o tratamento de esgoto, somando mais de 1,5 milhão de ligações em todo o estado. Isso significa que aproximadamente 60% dos 10,5 milhões de paranaenses contam com o serviço da empresa. A Sanepar ainda relata que o índice de tratamento dos resíduos chega a até 99,4%. O custo de manutenção dos equipamentos gira em torno de R$ 1 bilhão ao ano.
O procedimento investigatório é de autoria dos promotores de Defesa do Consumidor de Curitiba Maximiliano Ribeiro Deliberador e Michele Rocio Maia Zardo.

  • Águas do Amanhã
Confira vídeos, fotos e dados da expedição pelo Rio Iguaçu no site do projeto Águas do Amanhã.

A poluição do principal rio do Paraná salta aos olhos, agride as narinas e agora foi comprovada por três importantes laboratórios em uma investigação da Polícia Federal (PF) em parceria com o Ibama. A água que sai das estações de tratamento de esgoto da Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar) e também amostras recolhidas antes de passarem pelas unidades foram analisadas e revelaram que dejetos não tratados estão sendo despejados no Rio Iguaçu. Os dados embasaram a operação policial “Água Grande” (tradução da palavra indígena Iguaçu) e resultaram em uma multa de R$ 38 milhões à empresa aplicada pelo Ibama.
Trinta pessoas da cúpula da companhia foram indiciadas pela PF por crimes ambientais e também por delitos como estelionato – já que a companhia estaria cobrando por um serviço que não é efetivamente prestado. “A Sanepar é uma empresa de fachada”, declarou o delegado Rubens Lopes da Silva, responsável pela investigação.
Sete pessoas foram presas em flagrante – seis motoristas de caminhões do tipo limpa-fossa, que estavam despejando esgoto, e o responsável pela Estação de Tratamento de Esgoto do Belém, em Curitiba.
Apesar de a investigação ter começado em 2008, apenas os atuais diretores da Sanepar foram indiciados, entre eles o diretor-presidente, Fernando Ghignone, licenciado do cargo desde o mês passado. As amostras que comprovariam as irregularidades foram colhidas em 2011 e 2012. A partir dos documentos apreendidos ontem, a PF vai decidir se também indicia ex-gestores da Sanepar. A Justiça autorizou 30 mandados de busca e apreensão em 19 cidades do Paraná. Foram recolhidos relatórios sigilosos, que agora serão analisados. Documentos pedidos pelo Ibama e não repassados pela Sanepar resultam em multas diárias de R$ 20 mil à companhia desde 2009.
Estudo técnico
Outros levantamentos, como os feitos pelo Tribunal de Contas do Estado e pela Agência Nacional de Águas, já haviam indicado alto nível de poluição por esgoto no Rio Iguaçu. O destaque, desta vez, é a análise química feita por laboratórios da Universidade de Campinas (Unicamp), da empresa Tasqa e da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb). De acordo com os relatórios, a água tem mais qualidade antes de passar ao lado da estação e piora assim que recebe os despejos da Sanepar. De acordo com o dicionário, sanear significar tratar, reparar, mas o esgoto tratado pela empresa estaria poluindo o rio. Todas as 225 estações da Sanepar no estado estariam atuando de forma irregular e 20% seriam clandestinas, ou seja, funcionariam sem licença ambiental.
Os argumentos da PF foram aceitos pelo Ministério Público e pela Justiça Fe­derais. A procuradora Mônica Bora e a juíza Pepita Durski Tramontini entenderam que havia indícios suficientes da prática de crimes apontados pela investigação. O rio foi observado de cima, por helicóptero, das margens, por expedições a pé e de carro e, diretamente no leito, de barco. A apuração concluiu, baseada em dados próprios e outros estudos, que cerca de 80% da poluição do Iguaçu é decorrente de esgoto doméstico. Aproximadamente 13% seriam resultado de dejetos industriais. Além da companhia de saneamento, outros 180 suspeitos de degradarem o rio estão sendo investigados. “Contudo, a Sanepar é a maior poluidora”, disse o delegado.

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Qual cenário melhor representa Curitiba? Envie sua foto!


Vinícius Tanaka/Leitor /

Uma enquete encomendada pela Gazeta do Povo ao Instituto Paraná Pesquisas revela que metade dos curitibanos disseram que o que mais gostam na cidade é a beleza de parques, de outros locais de lazer e também dos ícones da arquitetura local. Você também acha? Em sua opinião, qual cenário melhor representa Curitiba?
Envie uma foto para a Gazeta do Povo, utilizando o formulário abaixo, e participe da nossa interatividade. As melhores imagens serão publicadas no jornal e no site neste domingo (23).
Fonte: Instituto Paraná Pesquisas
Metodologia: o Instituto Paraná Pesquisas ouviu, entre 26 e 29 de julho, 410 moradores de Curitiba de todas as regiões da cidade. Não se trata de pesquisa eleitoral, conforme previsto na Lei nº 9.504/97, e sim de enquete sem a utilização de método científico e controle de amostra, dependendo exclusivamente da participação espontânea do entrevistado.

Em defesa do papel


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COMPORTAMENTO

Em defesa do papel

Apesar do crescente domínio do virtual entre os documentos corporativos, os papéis são um estímulo maior à organização e ao cumprimento de tarefas.
O papel ainda tem sua importância. O frequente barulho das impressoras nos escritórios – apesar da internet, do Microsoft Word, das mídias sociais, scanners, aplicativos de smartphones e arquivos PDF – é uma prova disso. Podemos utilizá-lo menos que costumávamos, mas ler e escrever em papel cumpre uma função que, para muitos trabalhadores, uma tela não pode replicar.
O papel, segundo o especialista em produtividade David Allen, fica “na sua cara”. Sua presença física pode ser um estímulo para completar as tarefas, enquanto os arquivos no computador são fáceis de serem ocultados e esquecidos, disse ele. Alguns de seus clientes estão voltando ao planejamento com papel por esse exato motivo, acrescentou.
A necessidade do impresso
O papel, segundo Steve Leveen, cofundador e presidente da Levenger, “pode ser uma coisa agradável e bonita – do mesmo modo que apreciamos vinho e gastronomia, podemos apreciar a tinta e o que ela faz por nós”.
O papel nos lembra que “somos seres físicos, apesar de termos de lidar com um mundo cada vez mais virtual”, ele disse. As pessoas reclamam que escrever à mão é demorado, mas isso pode ser algo bom para o pensamento e a criação, segundo ele: “Porque nos faz ir mais devagar, para pensar, contemplar, revisar e refazer”.
As canetas para computador, chamadas stylus, também podem “forçar você a pensar com mais cuidado nas palavras que está usando e como você planeja o que irá dizer”, disse Harper. Mas, segundo ele, um stylus não é capaz de substituir a experiência física de levar a caneta de verdade ao papel.
O stylus, bem como as telas de computador, tem a vantagem de cortar o uso desnecessário de papel. E isso é uma boa notícia para as árvores.
Como uma nação, “nós estamos fazendo mais com menos papel e reciclando mais daquilo que utilizamos”, disse Joel Makower, presidente e editor executivo do Grupo GreenBiz, que visa auxiliar empresários a se tornarem mais responsáveis com o meio ambiente.
Makower não escreve muito em papel porque tem problemas para ler sua própria caligrafia. E ele é mais organizado com seus arquivos no computador do que com papel.
“Eu não sei onde pôr as coisas no mundo real”, disse ele, “mas eu sei exatamente onde pô-las no computador”.
Mas ele diz que sabe que algumas pessoas são o oposto disso e que ainda há espaço para o papel no escritório. Embora conduza a maior parte de sua pesquisa digitalmente, ele ainda imprime o seu relatório do Estado das Empresas Verdes – que neste ano tem mais de 80 páginas – para seu grupo revisar.
“Eu consigo trabalhar muito bem no computador, mas existe algo no ato de fazer a leitura numa cópia impressa”, segundo Makower, que, para ele, facilita para entender melhor o que se está lendo.
Contemplação
O cofundador e presidente da Levenger, empresa norte-americana de materiais para escritório e organização em geral, Steve Leveen acredita que a tecnologia digital é melhor para socializar e compartilhar, enquanto o papel é melhor para a contemplação em silêncio.
Allen, autor de A arte de fazer acontecer, escreve boa parte de seus textos no computador, mas ainda há vezes em que escrever com uma caneta-tinteiro num bloco de notas lhe permite “pôr a cabeça no lugar”, ele disse.
Cópias impressas também cumprem uma função importante, segundo ele. Para textos longos, o papel pode ajudar um leitor a compreender melhor a relação entre as seções do texto. E handouts de papel (folhetos com material informativo) ainda estão presentes em reuniões em parte porque também são úteis para se fazer anotações.
]Ler um documento longo no papel, em vez da tela de um computador, auxilia as pessoas a “compreenderem melhor a geografia dos argumentos apresentados”, disse Richard H. R. Harper, um dos principais pesquisadores para a Microsoft de Cambridge, na Inglaterra, e coautor de O mito do escritório sem papel, publicado em 2001.
Os trabalhadores de hoje muitas vezes lidam com múltiplos objetos de maneiras complexas e criam novos documentos também, segundo Harper. Usar mais de uma tela de computador pode ser útil para esse malabarismo cognitivo. Mas, quando os trabalhadores ficam indo e voltando entre pontos diferentes de um documento mais longo, pode ser que seja mais eficaz lê-lo em papel, ele disse.
Um estudo publicado em 1997 demonstrou que a compreensão das pessoas é superior quando leem os textos no papel em vez de on-line, disse Harper. Essa descoberta, é claro, não leva em consideração as vastas melhorias na tecnologia por trás dos monitores que ocorreram desde então, dentre elas, a invenção dos leitores de livros digitais (e-books).
Harper pesquisa leitores de livros digitais, usados agora predominantemente para leituras por prazer. No futuro, os funcionários de escritório poderão fazer maior uso desses leitores “junto de outros aparelhos para leitura e criação, e isso acrescentará mais itens aos acessórios colaterais ao monitor espalhados sobre a mesa”, sem que a leitura se torne necessariamente mais eficaz, segundo ele.
Steve Leveen, cofundador e presidente da Levenger, mantém sua posição de que a tecnologia digital é melhor para socializar e compartilhar, enquanto o papel é melhor para a contemplação em silêncio. Sua empresa está envolvida no projeto de promover o papel como uma experiência estética, oferecendo cadernos, diários e canetas de maior qualidade, mesmo enquanto expande suas atividades para incluir a venda de itens como mesas de laptop e capas para smartphones.

Deficientes pedem atenção para falta de acessibilidade


Hugo Harada/ Gazeta do Povo / O paratleta Moisés Batista conta que teve dificuldade para ir até a urna na eleição passadaO paratleta Moisés Batista conta que teve dificuldade para ir até a urna na eleição passada
INCLUSÃO SOCIAL

Deficientes pedem atenção para falta de acessibilidade

Eleitores portadores de deficiência afirmam que candidatos prestam pouca atenção a problemas de mobilidade existentes em Curitiba.

O primeiro empecilho para o exercício da cidadania dos deficientes físicos de Curitiba está no próprio momento da eleição. Para chegar ao local em que está a urna e poderem votar, muitas vezes os cadeirantes e pessoas com outras dificuldades de mobilidade precisam de ajuda, ou nem mesmo conseguem votar. Ao se deparar com a urna, porém, enfrentam um segundo problema: encontrar candidatos com propostas sérias para resolver os problemas de mobilidade e acessibilidade. O tema ainda não é tratado com a devida importância, dizem os próprios portadores de deficiência.
Propostas
Veja o que os candidatos propõem para a área em Curitiba:
O candidato do PDT, Gustavo Fruet, defende a autonomia de portadores de deficiência, priorizando a segurança e o acesso a ruas, calçadas, transporte coletivo e equipamentos urbanos. Fruet pretende investir na educação especializada e capacitação de profissionais para garantir um atendimento qualificado em escolas comuns e especiais. Para o setor de transportes, o candidato falou em ampliação do atendimento do Sistema Integrado de Transporte Especial (Sites) e no aumento de linhas diretas para que os alunos com deficiência passem o menor tempo possível no trânsito. Em seu plano de governo, há a previsão de construir um ginásio paraolímpico.
Entre as propostas previstas pelo candidato à reeleição, Luciano Ducci (PSB), estão a criação do Centro Municipal de Atendimento Especializado para Transtornos de Conduta e Autismo na nova escola da Vila Torres; construção de dois Centros Municipais de Atendimento Especializado no Cajuru e no Bairro Novo; construção de duas Escolas Especiais, no Tatuquara e na CIC e criação de um segundo terminal do Sistema Integrado de Transporte do Ensino Especial (SITES), na Região Sul.
Para o candidato Ratinho Júnior (PSC), é preciso ajustar as calçadas, terminais e espaços públicos ou privados aos padrões legais a fim de garatir a acessibilidade dos portadores de deficiência. Ratinho falou em capacitação dos profissionais para atender essa faixa da população. O candidato também apresentou como proposta a necessidade de adequar as escolas aos padrões legalmente estabelecidos quanto ao atendimento aos deficientes e implementar políticas que propiciam sua formação profissional e acesso ao mundo do trabalho, lazer, esporte e cultura.
Entre as propostas de Bruno Meirinho (PSol) estão a oficialização da Língua Brasileira de Sinais (Libras), permitindo a regulamentação da atuação profissional de intérprete e disponibilização de atendimento público nos equipamentos municipais. Pretende investir na acessibilidade física dos ambientes escolares e capacitação de professores. Meirinho defende a educação especial integral a criação de escolas municipais bilíngues. Outra proposta é a desprivatização do Sites.
Na mesma linha, a candidata Alzimara quer implementar ações de conscientização em escolas, hospitais e sindicatos, por exemplo. Ela defende a ampliação da acessibilidade em escolas e equipamentos públicos, com a construção de rampas ou elevadores específicos. Outras propostas são a garantia de ingressos gratuitos em espetáculos culturais e esportivos e fortalecimento do Conselho Municipal dos Portadores de Necessidades Especiais.
O candidato do PRTB, Carlos Moraes, defende a criação de um gabinete exclusivo para reivindicações de deficientes físicos. “Vamos criar, dentro da Universidade Digital do Professor de Curitiba, salas especiais para formar portadores de qualquer tipo de deficiência que tenham capacidade de aprender ou desenvolver algo”, afirma. Moraes também pretende implantar atendimento de saúde a domicílio com profissionais especializados.
Avanilson apresenta como propostas a criação de centros de referência social nos bairros que integrem portadores de necessidades especiais, capacitação de professores, sinalização de escolas e adaptação arquitetônica de espaços públicos e privados no auxílio da acessibilidade.
O candidato Rafael Greca (PMDB) não respondeu a questão.
Moisés Batista, 35 anos, tem paralisia congênita. Há 16 anos trabalha na Associação de Deficientes Físicos do Paraná. O curitibano, que é paratleta e presidente do Clube Esportivo dos Deficientes, diz que há algum tempo enfrenta dificuldades de locomoção na capital, principalmente pela falta de calçadas adaptadas e de serviços que tenham acessibilidade. Nas últimas eleições, Moisés teve problemas para chegar até o local onde vota, mas não deixou de usufruir o direito à participação política. Agora, espera um pouco mais de atenção com o portador de qualquer tipo de deficiência.
No Brasil, 45,6 milhões de pessoas possuem algum tipo de deficiência e em Curitiba, o número chega a 464.595 mil portadores deficiência permanente, segundo o Censo de 2010 do IBGE. No entanto, ainda existe carência de políticas públicas voltadas para esse segmento da população.
De acordo com a presidente do Instituto Efort, Maria Regina Cazzaniga Maciel, qualquer cidade precisa ampliar a sinalização sonora nos sinais, para garantir segurança aos deficientes, além de discutir a questão da acessibilidade nas ruas – como rampas que permitam a cadeirantes descer das calçadas. Segundo a presidente, em Curitiba a facilidade no acesso a espaços públicos acontece no Centro, mas não nos bairros.
“Os gestores devem pensar em sinal dos ônibus em braile nos pontos, para pessoas cegas, por exemplo. Eliminar as barreiras arquitetônicas, estabelecer mais linhas que os deficientes possam usar e que sejam adaptáveis também são ações simples e necessárias”, explica. Ela diz que, em geral, essas políticas públicas se tornam secundárias, pois os gestores priorizam áreas que consideram mais emergenciais e que atendem um maior número de pessoas.
Apesar de alguns estabelecimentos públicos ou comerciais oferecerem acessibilidade estrutural ou de vagas de emprego reservadas para essas pessoas, com base na Lei de Cotas, ainda é pequeno o número de projetos na área. O trabalho de inclusão social fica restrito às organizações e associações sem fins lucrativos existentes.
Willian Lobo trabalha na Associação de Pais e Amigos do Deficiente Visual (Apadevi), em Ponta Grossa, e explica a importância de trabalhar com infraestrutura adaptada para portadores de deficiência. “A acessibilidade é respeitada porque é uma obrigação, mas deveria haver uma consulta às pessoas interessadas. O lazer e a segurança também são importantes para essas pessoas. Se o local que escolhem para passar o dia não possui as condições mínimas, poderá haver riscos até para a integridade física, isso sem falar na parte emocional”, diz.
Para Moisés, algumas dificuldades de portadores de necessidades podem ser tema das discussões políticas, por ser um momento de planejamento do futuro da cidade. “As pessoas costumam dizer que para nos representarem precisaríamos eleger alguém com alguma deficiência. Claro que isso é importante, mas, independentemente do candidato, ele precisa dar atenção às pessoas com dificuldades”, afirma o paratleta.

Dê sua opinião
Quais seriam as ações mais importantes a ser tomadas para aumentar a acessibilidade?

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Colégio Estadual Ambrósio Bini


Felipe Rosa/ Gazeta do Povo / Alunos fazem fila na hora da merenda no Colégio Estadual Ambrósio Bini: cardápio inclui frutas, verduras e produtos integraisAlunos fazem fila na hora da merenda no Colégio Estadual Ambrósio Bini: cardápio inclui frutas, verduras e produtos integrais
SAÚDE ALIMENTAR

Sobrepeso afeta 25% dos alunos do Paraná

Pesquisa feita em escolas estaduais revela aumento no índice de estudantes obesos. Má alimentação é uma das causas.
Os alunos da rede estadual de ensino do Paraná ficaram um pouco mais gordos. Cerca de 25,4% dos estudantes estão acima do peso ideal, o que significa que um a cada quatro tem, no mínimo, sobrepeso. Os dados são da 2.ª Pesquisa de Monitoramento Nutricional, realizada desde 2010 pela Secretaria de Estado da Educação (Seed), que consultou 931.596 estudantes em 32 núcleos regionais de educação no ano passado. Há dois anos, esse índice era de 24,9%.
Pesquisa
Estudo norte-americano associa bisfenol a obesidade em crianças
Agência Estado
Um ano depois de a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ter proibido a fabricação e a importação de mamadeiras que continham bisfenol A em sua composição, um estudo associou a presença da substância no organismo de crianças e adolescentes com um risco maior de obesidade. O bisfenol aparece no plástico de garrafas e de embalagens de alimentos. Também é usado no revestimento de latas.
Pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade de Nova York avaliaram 2.838 pessoas de 6 a 19 anos. A urina dos participantes foi analisada para quantificar a presença do bisfenol. Eles foram, então, divididos em quatro grupos, de acordo com a quantidade encontrada.
No grupo com menos bisfenol na urina, havia 10,3% de crianças e adolescentes obesos. Já no grupo com maior quantidade da substância, 22,3% dos participantes estavam com obesidade. O estudo será publicado hoje no Journal of The American Medical Association (Jama).
Estudos em laboratório já tinham detectado uma relação entre o bisfenol e a obesidade. Essa é, porém, a primeira pesquisa em crianças e adolescentes a avaliar essa hipótese.
Rede privada
Manual orienta donos de cantinas a oferecer comida mais saudável
Para promover melhorias na qualidade dos lanches oferecidos na rede particular de ensino, o Ministério da Saúde lançou, em parceria com a Federação Nacional das Escolas Particulares (Fenep), o Manual das Cantinas Escolares Saudáveis: Promovendo a Alimentação Saudável. O livreto traz dicas de como montar cardápios atraentes e nutritivos.
Ademar Batista Pereira, presidente do Sindicato das Escolas Particulares do Paraná (Sinepe-PR), diz que que cada escola desenvolve um trabalho específico sobre alimentação saudável, mas ressalta que a mudança deve começar em casa. “A escola pode contribuir e cuidar para que, dentro do espaço escolar, a criança não tenha contato com alimentos não saudáveis, mas não pode mudar os hábitos das famílias”, pondera.
Na Escola Atuação, os estudantes do período integral recebem cinco refeições ao longo do dia – café da manhã, almoço e jantar com sobremesa, além de outros dois lanches – cujo cardápio fica disponível no site da escola. Segundo Letícia Pesch, nutricionista da instituição,os estudantes são estimulados a consumir mais frutas e a cantina vende produtos saudáveis. “Peso não é só estética, é questão de saúde, e a escola pode ajudar na prevenção das complicações do excesso de peso”, diz. (FT)
A Lei federal 11.947
regulamentou o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) que determina a compra de produtos da agricultura familiar. No Paraná, 87% das escolas já contam com esse tipo de alimento e a meta é universalizar o acesso no ano que vem.
Dê sua opinião
Como convencer as crianças a trocar salgadinhos e refrigerantes por saladas e suco de frutas?

Apesar de manter praticamente a mesma proporção da primeira edição do estudo na relação entre sobrepeso e magreza, os números são preocupantes porque revelam o tamanho do desafio que é estimular a alimentação saudável entre os alunos. O número de obesos em sala de aula, por exemplo, passou de 7,9% para 8,2%. Já a quantidade de estudantes com sobrepeso ficou praticamente estável: de 17% para 17,2%. Os quilos em excesso trazem prejuízos para a saúde e o desenvolvimento do aluno que vão além da questão estética.
Apenas cinco dos 32 núcleos de educação conseguiram reduzir o porcentual de alunos acima do peso entre 2010 e 2011. Nas regionais de Dois Vizinhos (Região Sudoeste), Cianorte (Norte) e União da Vitória (Sul) houve uma diminuição nos números de sobrepeso, mas a quantidade de obesos aumentou. Já os núcleos de Laranjeiras do Sul e Irati (ambos na Região Central) registraram reduções nas duas categorias.
Segundo a diretora de infraestrutura e logística da Su­­perintendência de De­­sen­­volvimento Edu­ca­­cio­­nal da Seed, Márcia Cris­tina Stolarski, ainda não é possível determinar se os alunos que já apresentavam um quadro de sobrepeso em 2010 passaram a ser obesos em 2011. Ela diz que os números são preocupantes e que é preciso implementar ações que colaborem com a conscientização alimentar.
Fase de crescimento
A obesidade não tem uma causa única: genética, hábitos da família, má alimentação e falta de exercícios podem influenciar no quadro. A endocrinologista pediátrica e médica do Hospital Pequeno Príncipe de Curitiba Gabriela Kraemer lembra que o metabolismo das crianças é diferente do de adultos, fazendo com que elas queimem as calorias com muito mais facilidade. Mas quando isso não acontece, explica Gabriela, os pais devem tomar providências para evitar que um quadro de obesidade se perpetue.
Segundo a médica, uma criança que é obesa até os 4 anos tem 30% de chance de se tornar um adulto obeso. Se o quadro é mantido até os 10 anos, a possibilidade sobe para 50%. No entanto, ao ultrapassar essa faixa etária e manter o quadro de obesidade, a probabilidade de se tornar um adulto obeso é de 80%.
A criança obesa tende a ter as mesmas doenças de um adulto com excesso de peso: altos níveis de colesterol e triglicerídeos, diabete tipo 2 e hipertensão arterial. Além disso, há risco de entrarem na puberdade precocemente, por causa de alterações na produção de hormônios.
A obesidade infantil ainda causa problemas ortopédicos nos joelhos, coluna, quadril e tornozelo. Também não se pode desconsiderar a parte emocional: ansiedade, depressão e timidez podem ser sinais de problema. “Essas crianças acabam sofrendo com o bullying justamente numa fase em que a autoestima é formada”, afirma Gabriela.
Cardápio
Escola reduz estatísticas com merenda mais verde
A falta de estrutura não foi um impeditivo para o Colégio Estadual Ambrósio Bini, em Almirante Tamandaré (Grande Curitiba) zerar o índice de obesos e reduzir os casos de sobrepeso entre os alunos. A instituição está instalada provisoriamente em um imóvel do município, mas já passou por outros endereços desde que perdeu seu prédio, em 2002.
Apesar de o colégio não ter refeitório e os alunos muitas vezes comerem de pé, a diretora Ivana Maria Barbosa conta que a qualidade da merenda e o apetite dos alunos melhorou bastante desde meados de 2011, com a inclusão de itens da agricultura familiar. “Recebemos muita fruta, verdura, pães caseiros. A merenda enriqueceu muito”, afirma ela, que també passou a receber produtos integrais, como barras de cereal e biscoitos.
Ivana explica que a mudança na qualidade da merenda influenciou as crianças, que passaram a comer melhor. No começo da semana, a equipe de merendeiras define o cardápio levando em conta os alimentos frescos que foram recebidos. Geralmente são servidos três lanches salgados e dois doces por semana. A merendeira Adriana Holm conta que raramente sobra alguma coisa.
Aprovação
Na tarde em que a reportagem visitou a escola, o menu incluía farofa de repolho com carne suína (que ainda é enlatada), salada de alface, maçã e um suco de caixinha para cada aluno. O prato agradou a Lucas Schanoski, de 12 anos. Aluno do Ambrósio Bini desde o início desse ano, ele conta que a merenda é melhor que a da escola municipal onde estudava antes. O garoto diz que o repolho foi uma das coisas que aprendeu a comer e gostar por causa do lanche da escola e que já pede até para a mãe preparar o prato em casa.

Início das aulas na UFPR é marcado por clima de readaptação


Henry Milleo / Gazeta do Povo / Para Caio Henrique, do curso de Ciências Sociais, as reivindicações que causaram a greve dos professores são legítimasPara Caio Henrique, do curso de Ciências Sociais, as reivindicações que causaram a greve dos professores são legítimas
RETOMADA AO TRABALHO

Início das aulas na UFPR é marcado por clima de readaptação

Muitos professores retomaram as atividades acadêmicas explicando como funcionará o novo calendário.
O primeiro dia de aulas na Universidade Federal do Paraná (UFPR), após quatro meses em greve, nesta terça-feira (18), foi de readaptação. Os campi não estavam cheios como de costume, mas muitos professores estiveram em sala e não houve nenhuma reclamação formal quanto à falta de aulas, segundo informou a assessoria de imprensa da instituição. Para alguns alunos, contudo, o novo calendário ainda causa confusão e há ainda aqueles que estão aguardando a comunicação formal dos professores via e-mail para confirmar o retorno. “Disseram que não seríamos obrigados a ir para a aula até que o calendário fosse oficial e uma professora minha se comprometeu a avisar por escrito”, afirmou a estudante de Letras, Bruna Sandrini, de 24 anos.
Na Reitoria, alguns cursos retomaram os conteúdos do primeiro semestre e muitos professores explicaram como funcionará o novo calendário. “Os professores têm autonomia para organizar seus conteúdos e a conversa de hoje cedo foi para podermos ajeitar as próximas aulas”, contou Mariana Parmigiane, de 20 anos, aluna do curso de Pedagogia, que mescla conteúdos semestrais e anuais. A preocupação da estudante é em relação ao estágio nas escolas, já que a matéria pertence ao segundo semestre, que vai começar em meados de outubro. “Nesse período as escolas estão quase em férias e não sabemos como será. Mas em relação ao nosso aprendizado, acho que tudo vai dar certo”, comenta. No campus Juvevê, onde funciona o curso de Comunicação Social, a estudante de Publicidade e Propaganda, Steffania Okido, de 20 anos, disse o movimento foi normal e que os professores continuaram o conteúdo de onde pararam antes da greve.

Os alunos entrevistados na Reitoria se mostraram favoráveis à greve. De acordo com eles, esse é uma situação que precisa existir para que os professores consigam melhores condições de trabalho. “Para mim as reivindicações são legítimas e a greve só teve fim pelo desgaste causado pelo próprio governo em não atender os servidores. Vai ser mais corrido, mas esse é o único jeito de concluirmos o semestre”, afirmou Caio Henrique, de 23 anos, estudante do curso de Ciências Sociais. Tiago Roks, de 25 anos, aluno do mesmo curso, se mostrou preocupado com os colegas que precisarão do certificado e que podem não conseguir retirar o documento a tempo para os concursos públicos.Balanço
Histórico
A greve nacional dos professores começou em 17 de maio e teve seu fim oficial anunciado neste domingo (16), pelo Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes). A paralisação, que chegou a reunir 57 das 59 universidades federais do país, perdeu força nas últimas semanas, quando o governo reafirmou que não iria mais negociar com os docentes e mais da metade das instituições resolveu retomar as atividades.
Na UFPR, a suspensão da greve foi decidida antes, na última quinta-feira (13), quando a maioria dos 400 docentes participantes de uma assembleia sindical no Teatro da Reitoria votou pelo fim da paralisação a partir desta segunda.

Alimente-se sem culpa


Jonathan Campos / Gazeta do Povo / Erminia e Maria Fineschi Abe: boa alimentação se aprende em casaErminia e Maria Fineschi Abe: boa alimentação se aprende em casa
ESPECIAL

Alimente-se sem culpa

Comer bem é uma prática tanto saudável quanto prazerosa. Conheça pessoas que fazem disso um estilo de vida.
Para muitos, a boca é como um portão eletrônico em pane, que se abre para qualquer visitante perigoso, desde que ele seja atraente. Atração composta, muito provavelmente, por caldas açucaradas, cremes de chantilly e frituras sequinhas. Controlar a entrada desse portão, questionando a procedência e o valor dos alimentos, é ainda uma atitude pouco frequente, mas que ganha cada vez mais adeptos. Afinal, mudanças nos hábitos alimentares geram reflexos reais na saúde das pessoas. “Se no início do século 20 a Medicina percebeu que 85% das doenças eram provocadas pela falta da higienização das mãos, hoje o enfoque para a prevenção de doenças está na nutrição”, reflete o médico e professor da universidade Tuiuti Walib Salomão Mousfi. Quem aumenta o consumo de frutas, vegetais, cereais e reduz a ingestão de alimentos industrializados, refinados e ricos em colesterol, ganha também mais longevidade e qualidade de vida, destaca Mousfi.
Caminhos
Aprenda a receita do nhoque de inhame preparado por Tamara Rezende:
Ingredientes:
- 8 inhames médios descascados e cortados em 4 partes para facilitar o cozimento;
- 1 xícara de farinha de milho
Modo de preparo:
Cozinhe o inhame no vapor até ele ficar bem macio. Retire, amasse com um garfo e misture a farinha até dar o ponto. A massa deve desgrudar da mão.
Dê a forma de cilindros e depois corte em quadradinhos.
Coloque o nhoque em uma panela com água fervente e, assim que as bolinhas subirem, retire-as com uma escumadeira.
O nhoque está pronto para ser servido com o molho que preferir.
Seja com uma dieta macrobiótica, vegetariana ou onívora, a busca por uma alimentação saudável pode ser trilhada por vários caminhos. Porém, tal percurso não deve ser feito às cegas. O nutricionista e médico Daniel Boarim, autor de livros como A Dieta que Evita o Câncer, ressalta que toda dieta precisa ser planejada de maneira individual e com a supervisão de um especialista. “A questão é balancear a alimentação. Porque você pode comer carne e ter anemia ou, então, ser vegetariano, mas exagerar no açúcar e na gordura”, observa Boarim.
Segundo os especialistas, longe de ser um esforço sofrido, a adoção de hábitos alimentares saudáveis precisa ser encarada como uma prática prazerosa. Sorridentes, os donos das “bocas seletivas” vistos a seguir são prova disso.

De mãe para filha
Com 2 anos, Maria Fineschi Abe já tem o maior prazer em comer verduras. Ainda mais quando colhe os vegetais da horta da sua mãe Erminia, dona da loja Organic Lovers, especializada em produtos orgânicos. Segundo Erminia, a loja foi concebida pensando em atender sobretudo crianças e mães feito ela. Formada em Agronomia, Erminia conhece os processos de uma agricultura convencional, que abusa de técnicas que podem ser nocivas à saúde. Justamente por isso, sua loja oferece alimentos livres de agrotóxicos e hormônios, que têm efeito cumulativo no organismo. Transgênicos também passam longe dali. “Não existem pesquisas conclusivas, mas na dúvida, é melhor não colocar a saúde em risco.” E para que as novas gerações, tal como Maria, aprendam a gostar de alimentos saudáveis, Erminia dá conselhos simples. “Se a mãe não tem prazer em cozinhar, a criança não vai ter prazer em comer. Além disso, os pais precisam dar o exemplo e consumir mais verduras. Também é importante deixar a criança pequena brincar com esse tipo de comida. Afinal eles precisam desse contato. Por mais que eles se sujem e façam bagunça, depois vão comer.”
Da cidade para o campo
Colher o alimento direto da terra não é privilégio só de agricultores. Desde 2000, com a criação da Associação dos Consumidores de Produtos Orgânicos (Acopa), seus integrantes organizam visitas de consumidores às fazendas de orgânicos em torno de Curitiba. “O objetivo é aproximar os consumidores e produtores, e mostrar a diferença dessa produção orgânica do ponto de vista ambiental”, diz o agrônomo Ivo Melão, 60 anos, presidente da Acopa. Ele divulga o trabalho da ONG e a importância da alimentação saudável a quem passar por sua barraca na feira do Passeio Público, aos sábados.
Nos passeios da Acopa, um dos destinos é a chácara de Claudia Capeletti, localizada na Colônia Faria, em Colombo. Na propriedade, sua família cultiva produtos agrícolas e produz quitutes vendidos com a marca Amábile. Para Cláudia, receber a visita dos consumidores é muito positivo. “Eles ganham mais confiança na gente quando conhecem a nossa chácara. É também um momento em que aproveitamos para conscientizar sobre a produção orgânica, que respeita o tempo dos vegetais. Muita gente acha, por exemplo, que o tomate cresce o ano todo e, então, lembramos da importância de aprender a consumir o que é de época.”


Prazer de cozinhar com saúde
Alimentos saudáveis como taioba, raiz de lótus e inhame fazem parte da dieta cotidiana da funcionária pública Tamara Rezende, 24 anos. Mas nem sempre foi assim. Até 2007, ela mantinha distância de legumes e verduras. “Depois de ter alguns problemas de saúde, decidi mudar meus hábitos”, diz Tamara. Inicialmente, ela seguiu a macrobiótica, dieta de origem japonesa que prescreve uma alimentação natural, equilibrada pelo yin e o yang. “Nessa época descobri muitos legumes que não conhecia e incorporei na dieta o arroz integral. Também comecei a sentir mais o sabor dos alimentos, porque na macrobiótica se usa pouco tempero.”
Apesar dos benefícios, Tamara não se sentia à vontade em um regime tão restrito e, assim, deixou a macrobiótica para adotar uma dieta mais livre e próxima do vegetarianismo – também por influência da ioga, que passou a praticar. “Eu ainda como peixe e tento deixar de consumir leite. Mas há mais de um ano eu não como carne vermelha ou de frango e, desde então, me sinto mais saudável e disposta.” Por meio de cursos de culinária vegetariana, ela também redescobriu o prazer de cozinhar e hoje explora receitas de pratos saudáveis, muitos deles tão saborosos quanto fáceis de fazer. Quem a conhece sabe que o nhoque de inhame é uma de suas especialidades.
Iara segue a feira
A ilustradora Iara Beatriz Moreira, 51 anos, mora no São Braz. Mas, semanalmente, faz questão de ir ao Seminário, à Praça da Ucrânia e ao Passeio Público para fazer compras na feira de orgânicos, que passa por esses e outros itinerários. Diante das barracas, conhece os feirantes pelo nome, assim como é reconhecida por eles – tal relação seria impensável em um supermercado. “Faz 20 anos que procuro comprar alimentos orgânicos. Afinal, é uma forma de comer com mais qualidade e vitalidade. Você sente o reflexo na sua pele”, diz ela, enquanto coloca em seu carrinho uma porção de verduras compradas do agricultor Ludovico Carachenski. Beatriz também aproveita para levar semanalmente carnes orgânicas da feira. “É um pouco mais caro, mas a diferença no sabor é muito grande”, diz ela, enquanto é atendida por Robert Jukovski, do açougue Taurino’s.

Audição: cuide deste sentido



Mel Gabardo / Gazeta do Povo
Mel Gabardo / Gazeta do Povo / Helena de Godoy Correa escuta apenas do lado direito, por causa de uma infecção na infância: problema exige cuidado redobrado com a audiçãoHelena de Godoy Correa escuta apenas do lado direito, por causa de uma infecção na infância: problema exige cuidado redobrado com a audição
SAÚDE

A ciência está vencendo a batalha contra a surdez, mas a prevenção é a melhor arma para evitar a perda auditiva.

Diferente do tradicional teste de letrinhas, check up dos olhos considerado obrigatório pela maioria das pessoas, a avaliação da audição normalmente é relegada a um segundo plano na lista de prioridades da saúde.
O problema é que, ao contrário da visão, em que a própria pessoa descobre que algo está errado, a deficiência auditiva geralmente só é percebida por outras pessoas. “O indivíduo vai se adaptando e não sente que está perdendo a audição”, alerta o médico Rogério Hamerschmidt, professor de Otorrinolaringologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Fique atento
Confira os principais sintomas de quem sofre de perda auditiva:
- Pede para o outro falar várias vezes ou isola-se socialmente.
- Dificuldade para ouvir em ambientes barulhentos.
- Zumbidos, chiados ou apitos no ouvido.
- Aumenta o volume da tevê e rádio.
- Sensação de ouvido tampado, pressão e estalos no ouvido.
- Irritabilidade.
- Finge que entendeu o que foi conversado, tendo dificuldade em admitir a perda auditiva e procurar ajuda.
- Evita situações comunicativas.
- Dificuldade de ouvir ao telefone.
Para prevenir danos ao sistema de audição, é preciso tomar alguns cuidados. Hamerschmidt recomenda, por exemplo, bom senso no uso de aparelhos de som com fones de ouvido e na frequência a festas fechadas com músicas em volume muito alto. Segundo ele, se muito repetitivas, essas duas situações podem causar perda irreversível de audição.
O otorrinolaringologista Rafael Souza Moraes indica o uso de fones com intensidade sonora compatível com a saúde auditiva. “Ajuste o volume em um local silencioso e, ao permanecer em locais mais barulhentos, resista à tentação de elevar o volume”, afirma. Moraes recomenda ainda que se use fones que cubram toda a orelha, pois fazem uma melhor vedação e bloqueiam os ruídos externos.
Evitar som alto em locais fechados, como dentro de casa, automóveis e salas de ginástica, também é uma atitude preventiva, acrescenta o otorrinolaringologista Luiz Carlos Sava, professor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). E quem já sofre de problemas auditivos precisa tomar cuidados redobrados. É o caso da estudante Helena de Godoy Correa, 16 anos, que escuta apenas do lado direito, por causa de uma infecção no ouvido esquerdo na infância. “Fui orientada, por exemplo, a sempre colocar um volume médio no MP3”, conta.
O otorrinolaringologista Rafael Souza Moraes lembra ainda da importância dos exames periódicos, medidas de tratamento e controle dos fatores de riscos associados. Nos casos de surdez em que há o prejuízo na comunicação, o profissional aconselha a adoção de aparelhos auditivos.
Mas, por mais que tomemos todos os cuidados necessários, o envelhecimento é implacável com a audição. A perda da capacidade auditiva com o passar do tempo se chama presbiacusia e tem início a partir da quinta década de vida, salienta Moraes.

Maurício de Sousa lança gibi com personagens soropositivos


Valter Campanato/ABr / Igor e Vitória são os novos personagens de Maurício de Souza, que ajudarão as crianças a entender o universo de quem é soropositivo.Igor e Vitória são os novos personagens de Maurício de Souza, que ajudarão as crianças a entender o universo de quem é soropositivo.
CONSCIENTIZAÇÃO

Maurício de Sousa lança gibi com personagens soropositivos

Por meio de Igor e Vitória, o criador da Turma da Mônica vai abordar questões como forma de contágio, o que é o vírus, como viver com crianças soropositivas e o impacto social da síndrome.
Brasília - Maurício de Sousa lançou nesta segunda-feira (17/09) seu primeiro gibi com personagens que têm o vírus da imunodeficiência humana (HIV). Por meio de Igor e Vitória, o criador da Turma da Mônica vai abordar questões como forma de contágio, o que é o vírus, como viver com crianças soropositivas e o impacto social da síndrome.
A ideia dos personagens foi da ONG Amigos da Vida, que atua na prevenção e combate ao HIV/aids. Christiano Ramos, presidente da ONG, diz que o trabalho resolve um problema existente nas mídias voltadas para crianças. "O Maurício tem uma linguagem bem acessível, bem leve. Ele vem fazer um papel inédito, que é trabalhar a aids com muita leveza, tranquilidade e naturalidade para as crianças", disse.
Não é a primeira vez que o autor utiliza personagens de seus quadrinhos para levar informação e conscientizar seus leitores. Humberto, que é mudo, Dorinha, que não enxerga, e Luca, que não anda, mostraram que crianças com restrições físicas são crianças normais e devem ser tratadas como tal.
"Vamos usar a credibilidade da Turma da Mônica e nossa técnica de comunicação para espantar esse preconceito, principalmente do adulto, que muitas vezes sugerem medo à criançada. Vamos mostrar que a criança pode ter uma vida normal, com a pequena diferença de ter de tomar remédio a tal hora e, caso venha a se ferir, tem que ter alguém cuidando do ferimento. Fora isso, é uma vida normal", diz Maurício.
O autor diz que Igor e Vitória podem vir a fazer parte do elenco permanente da Turma da Mônica, não necessariamente citando o fato de eles serem soropositivos. Ele explica que o gibi é também voltado para os pais. "É uma revista única no mundo. E também é voltada para os pais. Criança não tem preconceito, são os pais que inoculam", diz.
Cláudia Renata, que é professora, levou seus filhos Maria Teresa e Lourenço para o lançamento. Ela diz que os filhos, antes de lerem o gibi, perguntaram quem eram aqueles novos amiguinhos. Para Lourenço, de 5 anos, são crianças normais. "Eles têm uma doença e têm que tomar um remédio. Só isso."
No gibi, Igor e Vitória, que aparecem ao lado dos personagens da Turma da Mônica, têm habilidades com esportes e levam uma vida saudável. A professora na história é quem explica que eles precisam tomar alguns remédios e que, no caso de se machucarem, um adulto deve ser chamado para tomar os cuidados adequados.
São 30 mil exemplares do gibi, que serão distribuídos gratuitamente nas brinquedotecas do Distrito Federal, na pediatria dos hospitais da Rede Amil (um dos patrocinadores do projeto) e nos hospitais públicos do governo do Distrito Federal.
O objetivo da ONG Amigos da Vida é que em 2012 as histórias de Igor e Vitória cheguem também a São Paulo, ao Rio de Janeiro, a Porto Alegre, a Curitiba, a Salvador e ao Recife.