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sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Cresce apoio à revista de alunos em escolas do PR


Vida e Cidadania

Sexta-feira, 03/08/2012
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SEGURANÇA PÚBLICA

Cresce apoio à revista de alunos em escolas do PR

Pesquisa revela que 87% dos cidadãos são favoráveis à prática para coibir a entrada de drogas e armas no ambiente escolar.
Os paranaenses estão cada vez mais preocupados com a entrada de armas e drogas no ambiente escolar. É o que revela um novo levantamento da Paraná Pesquisas para a Gazeta do Povo. Há um ano, 80,5% dos entrevistados disseram concordar que os alunos passem por revista antes de entrar no colégio. Esse índice, que já era alto, agora aumentou – 86,6% são favoráveis à prática. Apesar da aprovação popular, especialistas não acreditam na eficácia da medida no combate à violência nas escolas.
Outro dado que chama a atenção na pesquisa, em que foram ouvidos 1.505 paranaenses em 80 municípios do estado, é o alto índice de preocupação dos pais: quando os filhos estão na escola, 53,93% deles não se sentem tranquilos. Essa insegurança, somada à alta aprovação de medidas como a revista nas escolas, mostra que, quando se trata da segurança dos filhos, as pessoas parecem estar mais condescendentes com atitudes extremas de autoridade.
Legislação
Lei descarta revista sem suspeita
Na Lei Processual Penal, a realização da revista pessoal está condicionada à presença de alguns requisitos. De acordo com o artigo 244, “a busca pessoal independerá de mandado, no caso de prisão ou quando houver fundada suspeita de que a pessoa esteja na posse de arma proibida ou de objetos ou papéis que constituam corpo de delito, ou quando a medida for determinada no curso de busca domiciliar”.
Para que haja justificativa para realização de uma revista pessoal, portanto, deve haver, no mínimo, uma fundada suspeita de que a pessoa esteja portando armas ou drogas, o que descarta a autorização para realização de uma revista indiscriminada em todos os alunos.
Na Constituição Federal, o artigo 5º, dentre outros, assegura a inviolabilidade dos direitos à intimidade, imagem e honra de todo e qualquer cidadão, tornando arbitrária e ilegal qualquer autorização judicial.
Como a revista escolar tem como alvo crianças e adolescentes, ainda pesa sobre ela a lei do Estatuto da Criança e do Adolescente, que visa a preservá-los de “qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão”, sendo ainda “punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais”.
Experiência
Patrulha escolar faz “buscas preventivas” com apoio dos pais
Há quatro anos, a Patrulha Escolar Comunitária da Polícia Militar, em parceria com a Secretaria Estadual de Educação (SEED), vem desenvolvendo atividades de prevenção nas escolas de todo o Paraná. As revistas, chamadas de buscas preventivas, são feitas pela patrulha de duas formas, coletiva ou individual.
Filhos cientes
A busca coletiva é feita em todos os alunos a partir de uma solicitação da escola, com autorização dos pais, do Conselho Escolar e mandado judicial. “Quando os pais autorizam, os filhos ficam cientes que podem passar pela busca. Essa já é uma forma de prevenção”, explica a coordenadora da Patrulha Escolar na SEED, Ligia Berg Camargo. Já as buscas individuais são feitas por fundada suspeita, quando uma denúncia chega ao Batalhão da Patrulha Escolar pelo telefone do Narcodenúncia.
Segundo Ligia, essas revistas não infringem os direitos de crianças e adolescentes porque são feitas quando há indícios ou com a concordância dos pais, das escolas e da Justiça. “Os pais se sentem mais seguros e, nas escolas em que há essa necessidade, têm diminuído os problemas com armas e drogas”, afirma. Além das revistas, o trabalho preventivo também é realizado por meio de palestras com pais, alunos e professores. (JG)
Ajuda ou atrapalha?
Revistar alunos aumenta a segurança ou criminaliza os estudantes?
Para a pesquisadora do Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (NEV-USP) Caren Ruotti, a tolerância a medidas mais drásticas se alastra pela sociedade à medida que a violência se aproxima delas. “Mas coibir o tráfico, por exemplo, não é função da escola. Quando se fala em escola, eu só posso pensar em trabalho educativo e preventivo”, pondera. Para ela, se drogas e armas chegam até as escolas, é porque o combate está falho do lado de fora. “Essa repressão [revista] na escola, além de ineficiente, pode ser prejudicial para o ambiente educacional”, avalia a pesquisadora.
As revistas normalmente são realizadas a pedido da direção da escola e com a autorização do Estado, dos pais e até da Justiça. Sob o pretexto de coibir o ingresso de armas e drogas, são feitas, muitas vezes, de maneira indiscriminada em todos os alunos.
O promotor de justiça Olympio de Sá Sotto Maior Neto, especialista em legislação infantil considera que essa medida torna a escola um espaço opressor, quando deveria deve ser libertário. Segundo ele, dependendo de como é feita, a revista pode, inclusive, violar o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que garante que eles sejam tratados com dignidade e respeito.
O promotor aceita a prática da revista apenas quando existe uma suspeita fundada de que o aluno está portando algo ilícito. “Nesse caso, o próprio professor tem autoridade para fazer a revista. Mas a polícia pode ser chamada”, explica. No entanto, Neto ressalva que essa postura não pode ser feita indiscriminadamente, o que transferiria a autoridade da escola para a polícia. “É preocupante quando o sistema escolar abre mão de sua autoridade”, avalia. “A polícia deve ser o último recurso”, afirma o promotor.
Despreparo
A socióloga Miriam Abramovay, que coordena pesquisas sobre violência e juventude na América Latina, vê a postura repressora como falta de preparo para lidar com o assunto. “Quando não se sabe o que fazer, a primeira resposta é a repressão”, afirma. Nas pesquisas, segundo ela, as soluções que surgem diante da violência nas escolas são sempre repressivas: grades, catracas, câmeras, polícia. “É mais fácil recorrer a isso do que pensar em políticas públicas”, diz. Ela afirma que nem sempre os estados têm políticas públicas para a violência nas escolas. “O tema só vem à tona quando ocorre um crime”, afirma.
Fim da violência passa por criação de plano de convivência
As medidas de repressão comumente adotadas pelas escolas no combate à violência nas escolas, para a socióloga Miriam Abramovay, mais atrapalham do que ajudam. “Pesquisas mostram que, quanto mais se coloca aparatos de segurança, pior fica a situação”, afirma. Novamente baseada em pesquisas, a especialista afirma que a revista aos alunos não só não evita a entrada de armas e drogas nas escolas, como aumenta.
Segundo a socióloga, drogas e armas estão presentes em um número muito pequeno de escolas. O problema maior, e que deveria ser o foco das preocupações, diz ela, é a violência nos relacionamentos escolares. “Há violência entre alunos, entre professores e alunos e entre pais e professores. A discussão deve ser sobre o tipo de violência existente”, diz.
Ela aponta três passos para combater a violência no ambiente escolar: o primeiro é o diagnóstico sobre a violência, que deve ser feito por estados e municípios: saber onde, como e com quem ela ocorre. Depois elaborar-se um plano de convivência escolar. “Em outros países, há exemplos de planos que reduzem a violência e melhoram a qualidade do aprendizado”. O terceiro passo seria a avaliação do processo.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Chá, um amigo da dieta e da juventude


Com propriedades antioxidantes, os chás trazem diversas ações positivas ao corpo. Mas é preciso cuidado com as quantidades de cafeína.

Chá de camomila acalma quem o toma e o de marcela acaba com a dor de estômago. Muitos não se esquecem das dicas das avós sobre qual erva é boa para cada problema de saúde. Mas ultimamente certos chás têm chamado a atenção por suas propriedades emagrecedoras, entre eles os da planta Camellia sinensis e o mate(veja abaixo).
Os quatro chás da Camellia sinensis são conhecidos pelos agentes antioxidantes que possuem. “Eles eram utilizados há milhares de anos na China e posteriormente foram trazidos para a América”, explica a professora do curso de Fármacia da PUCPR Joceline Franco. Para a farmacêutica, a grande diferença entre cada um é o sabor. “Eles possuem os mesmos compostos, em concentrações maiores ou menores. Mas o chá branco é o preferido por ser menos amargo.”
Os outros chás que são obtidos da mesma planta são o verde, o preto e o vermelho. Todos apresentam grande quantidade de tanino, substância química que tem características antioxidantes, mas que diminui a capacidade de absorção de ferro.
A cafeína também está pre­­sente em grande quantidades nessas infusões, o que acende o sinal vermelho para pessoas com hipertensão e gastrite. “É bom tomar cuidado e não consumir volumes exagerados. Até um litro por dia é um valor aceitável”, diz Joceline.
Um velho conhecido dos paranaenses, o chá mate tem ganho destaque. “Ele tem revolucionado”, diz a fitoterapeuta Mariza Treis. “Já se tinha o costume de usar, mas recentemente foi descoberto que ele também é antioxidante e ajuda na digestão e no controle do colesterol”, completa.
Preparo
Mariza conta que, ao contrário do se pensa, o chá verde não é tão amargo. De acordo com a fitoteapeuta, ele fica com o sabor desagradável ao paladar porque as pessoas não sabem prepará-lo. “O tempo de infusão não deve passar dos três minutos, e a temperatura deve estar em 70° C”, explica.
A professora da PUCPR Jo­­celine lembra como devem ser preparados os chás vendidos a granel. “A planta deve ser aquecida com a água e, quando começar a ferver, o fogo deve ser desligado. O cuidado deve ser grande, pois as folhas de chá são bastante sensíveis”, afirma.

CHÁ BRANCO
Fotos: Aniele Nascimento / Gazeta do Povo
• Características – É feito da primeira colheita da planta Camellia sinensis, enquanto ainda está em forma de broto. É o de mais fácil obtenção.
• Vantagens– É o menos amargo dos quatro chás dessa planta e possui características que os outros não têm por conta do processo de obtenção. É antioxidante e ajuda a retardar o envelhecimento, além de diminuir as taxas de colesterol ruim.
• Desvantagens – Não possui grandes desvantagens, mas não deve ser tomado em excesso, por causa da cafeína. A indicação é de cerca de um litro por dia.
• Preço – R$ 20 (100 g)

CHÁ VERDE
• Características – É colhido quando a folha da Camellia sinensis já está madura, então é secado rapidamente. Isso rompe processos metabólicos e impede a fermentação.
• Vantagens –Tem ação rejuvenescedora e, após refeições, ajuda na absorção de gordura. Ele também pode diminuir risco de doenças cardiovasculares. É rico em antioxidantes e aumenta a diurese, eliminando mais toxinas do organismo
• Desvantagens – É o mais amargo e, por possuir grande quantidade de cafeína, deve ser utilizado com cuidado por hipertensos, gestantes e lactantes.
• Preço – R$ 9,80 (100g)

CHÁ VERMELHO
• Características – Passa por um processo de fermentação de 60 anos em barris de carvalho, que causam sua coloração avermelhada. Possui um forte aroma por ser preparado com uma mistura das folhas.
• Vantagens – Ele é famoso por acelerar o metabolismo e, assim, ajudar na perda de calorias. Ele contribui na redução de colesterol e facilita a digestão. Por causa da cafeína, consegue manter a pessoa acordada.
• Desvantagens –Como os outros chás da Camellia sinensis, é rico em cafeína, portanto hipertensos, gestantes, lactantes e pessoas com gastrite devem usá-lo em menores quantidades. Por seu longo processo de obtenção, é o mais caro dos chás.
• Preço – R$ 35 (100g)

CHÁ PRETO
• Características– Passa por uma oxidação que o deixa mais cafeinado e depois é secado para barrar a fermentação. É o com sabor mais forte.
• Vantagens – É mais adocicado e age como estimulante por causa da alta concentração de cafeína. Além disso, é o mais barato entre os chás pesquisados.
• Desvantagens – É o mais rico em cafeína e deve ser evitado por hipertensos, gestantes, lactantes e pessoas com gastrite.
• Preço – R$ 3,50 (100g)

CHÁ MATE
• Características – Após a colheita, as folhas da erva mate são secas, o que faz com que os açúcares passem por um processo de metabolização que dá o sabor característico de mate. O chá é geralmente feito com mate tostado, que passa por torrefação e altera o sabor.
• Vantagens – Ajuda a inibir a absorção do colesterol e possui propriedades antioxidantes, que combatem os radicais livres. Também contribui para uma menor produção de glicose. É um dos mais baratos.
• Desvantagens – É bastante amargo e pode ter efeitos colaterais em pessoas mais sensíveis a erva. Entre eles, dor de estômago, irritação, insônia e taquicardia.
• Preço – R$ 4,40 (100g)

Primeira vacina contra a dengue imuniza contra três cepas virais


Daniel Castellano/Gazeta do Povo /

Primeira vacina contra a doença foi desenvolvida pelo laboratório francês Sanofi e não oferece proteção contra apenas uma cepa.
A primeira vacina do mundo contra a dengue, desenvolvida pelo laboratório francês Sanofi SA, demonstrou a capacidade de proteger contra três das quatro cepas virais causadoras da doença, de acordo com resultados de um aguardado teste clínico na Tailândia.
A Sanofi disse nesta quarta-feira (25) que a prova de eficiência é um marco importante nestas sete décadas de luta para desenvolver uma vacina viável contra a dengue, e que os resultados também confirmam que a fórmula é segura.
Outros laboratórios estão trabalhando em vacinas contra a doença, mas o produto da Sanofi está anos à frente.
A dengue, transmitida por mosquito, ameaça quase 3 bilhões de pessoas no mundo, sendo milhões delas no Brasil. A contaminação por uma cepa viral não garante imunidade contra as outras três.
A vacina da Sanofi gerou uma resposta imunológica às quatro cepas, mas só houve comprovação da sua eficácia contra três delas. A Sanofi disse estar realizando análises para entender a resistência do quarto tipo, e que a Fase 3 do teste clínico poderá indicar se isso tem relação com alguma situação específica da Tailândia.
O estudo da Fase 2B, envolvendo 4.002 crianças tailandesas de 4 a 11 anos, foi realizado durante um surto de dengue, o que pode explicar o resultado inesperado.
O analista Mark Clark, do Deutsche Bank, disse que a falta de proteção contra o quarto tipo do vírus significa que o lançamento comercial da vacina é mais provável em 2015 do que em 2014, pois a Sanofi aguardará a Fase 3 antes de protocolar o pedido de registro em alguns países.
"Mais positivamente, como a proteção contra pelo menos três dos quatro tipos virais foi demonstrada, os dados amparam a possibilidade de lançamento dessa enorme necessidade clínica não-atendida", disse Clark em nota de pesquisa.
A Sanofi Pasteur, unidade de vacinas do laboratório, já investiu 350 milhões de euros (423 milhões de dólares) em uma nova fábrica na França para produzir a vacina, que é administrada em três doses. A empresa prevê um faturamento anual de 1 bilhão de euros com o produto.
Os dados completos do estudo ainda estão sendo revistos por especialistas e autoridades de saúde, e devem ser divulgados ainda neste ano. A Fase 3 do estudo, com 31 mil participantes, está sendo realizada em dez países da Ásia e América Latina.
Nos últimos 50 anos, o número de casos da dengue no mundo se multiplicou por 30. A Organização Mundial da Saúde estima que haja 50 a 100 milhões de novos casos por ano, mas muitos especialistas avaliam que essa cifra, da década de 1990, está subestimada.
A doença mata cerca de 20 mil pessoas por ano, especialmente crianças.

Hospitais ignoram governo e recusam internamento de doentes mentais


Portarias determinam que pacientes psiquiátricos ou dependentes químicos sejam atendidos em instituições do SUS, mas regra é descumprida.

Onze anos após a implantação da reforma psiquiátrica, os hospitais gerais, como são chamados aqueles conveniados ao Sistema Único de Saúde (SUS), ainda descumprem a determinação de internar doentes mentais e dependentes químicos. Hoje, esses pacientes são atendidos em hospitais de referência ou nos especializados. Desde a reforma, em 2001, que fechou manicômios em todo o país, portarias publicadas pelo Ministério da Saúde continham essa determinação. A última portaria é do fim de julho e estabelece a oferta de até 15% dos leitos dos hospitais para o atendimento a esses pacientes.
Porém, a resistência existe até mesmo nos hospitais regionais administrados pela Secretaria da Saúde do Paraná. O Hospital Regional de Ponta Grossa, inaugurado em 2010, não tem uma ala específica para esse público. Os hospitais regionais do Noroeste (em Paranavaí) e Norte Pioneiro (Santo Antônio da Platina) também encaminham os casos para os hospitais de referência.
Josué Teixeira/Gazeta do Povo
Josué Teixeira/Gazeta do Povo / O Hospital São Camilo, em Ponta Grossa, recebe pacientes que deveriam ir a outros hospitaisAmpliar imagem
O Hospital São Camilo, em Ponta Grossa, recebe pacientes que deveriam ir a outros hospitais
Pioneirismo
Universidades se unem para inibir transtornos mentais em adolescentes
Da Redação
Estudos indicam que é na adolescência que surgem transtornos como depressão, esquizofrenia e transtorno bipolar, as doenças crônicas que mais afetam a população na faixa etária de 10 a 24 anos no mundo. Entre 50% e 75% desses transtornos teriam início na adolescência.
Com base nessa constatação, países como a Austrália e o Canadá criaram centros de prevenção voltados a jovens, de modo a diagnosticar adolescentes que apresentam ou que estão expostos a fatores de risco que potencializam o desenvolvimento de adições, estados depressivos e transtornos mentais graves como esquizofrenia e transtorno afetivo bipolar.
Agora a ideia de replicar essa experiência no Brasil tem reunido pesquisadores dos departamentos de Psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), da Universidade de São Paulo (USP) e da Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto (FMRP). O objetivo é criar em São Paulo um centro de convivência de jovens com maior probabilidade de desenvolver transtornos do neurodesenvolvimento, agindo na prevenção. As informações são da Agência Fapesp.
Segundo Jair de Jesus Mari, professor do Departamento de Psiquiatria da Unifesp e coordenador da iniciativa, a ideia é inibir ou retardar surtos e mudar o comportamento em relação a fatores de risco, como o uso de maconha, álcool, drogas, tabaco e exposição a traumas.
Atendimento
Confira o que determina a portaria nº 1.615, do Ministério da Saúde, publicada em julho passado:
- O número de leitos deve ser de até 15% do total de leitos do hospital até o limite de 25 leitos;
- É instituído um incentivo financeiro de R$ 4 mil por leito;
- Para receber a verba, o hospital deve ter entre quatro e 25 leitos;
- O incentivo poderá ser usado em equipamentos, instalações físicas, capacitação e atualização de equipes;
- O recurso extra será autorizado pelo Ministério da Saúde após aprovação de projetos enviados pelas secretarias estaduais e municipais de saúde;
- O serviço deve ser implantado em até 180 dias.
Solução
Como ampliar a rede de atendimento a pacientes psiquiátricos?
As cartas selecionadas serão publicadas na Coluna do Leitor
211 leitos
psiquiátricos dos 2,4 mil disponíveis no Paraná, ficam em hospitais gerais, segundo a Secretaria de Estado da Saúde.
Os pacientes dos Campos Gerais são atendidos em estabelecimentos de Curitiba e no Hospital São Camilo em Ponta Grossa, que funciona no prédio do extinto Franco da Rocha – hospital especializado que fechou em 2004 após a reforma psiquiátrica. Hoje o São Camilo tem 35 leitos gerais e 31 psiquiátricos, e mais 30 psiquiátricos são preparados para entrar em funcionamento nos próximos meses.
Concentração imprópria
Para o promotor da área de saúde em Ponta Grossa Fuad Faraj, a concentração do atendimento no São Camilo é “imprópria” porque o atendimento deve ser descentralizado. Ele afirma que pretende obrigar os hospitais gerais do Paraná a cumprir as portarias do Ministério da Saúde, seja através de um termo de ajustamento de conduta ou de uma ação civil pública. Por enquanto, comenta o promotor, quem não conseguir atendimento em hospitais gerais pode procurar o Ministério Público de sua cidade para viabilizar a oferta do serviço.
A coordenadora da Divi­são de Saúde Mental da Secretaria Estadual de Saúde, Larissa Yamaguchi, afirma que os hospitais gerais que ainda não se adaptaram às exigências estão se estruturando para atender às portarias, inclusive os regionais. Em alguns casos, segundo ela, o atendimento é prestado, porém, não é classificado como atendimento psiquiátrico e se encaixa em outras especialidades. “Há casos de agressão ou de tentativas de suicídio que envolvem pacientes com transtornos mentais ou com o uso de álcool e drogas”, diz.
Desde a reforma psiquiátrica, a internação passou a ser vista como o último recurso para o tratamento do doente mental ou do dependente químico. “É preciso ter um atendimento em rede, que seja realizado desde a unidade básica de saúde até o Caps.” O Caps é o Centro de Atenção Psicossocial, que presta atendimento contínuo à pessoa com transtorno mental, porém, não realiza internamentos. A disposição de um leito hospitalar, conforme o presidente da Sociedade Paranaense de Psiquiatria, André Rotta Burkiewicz, é importante em caso de emergências psiquiátricas, como surtos. “Mas os hospitais gerais não atendem. Primeiro, porque é preciso ter uma equipe especializada desde o técnico em enfermagem até o médico e segundo porque há um estigma quanto ao paciente de saúde mental.”
Incentivo não amplia número de leitos
Em dezembro, o Ministério da Saúde lançou o programa “Crack, é possível vencer” que prevê a criação de 3,5 mil leitos psiquiátricos no país com o investimento de R$ 670 milhões. A mais recente portaria destina R$ 4 mil por leito psiquiátrico aberto nos hospitais após o envio do projeto e a aprovação pelo ministério.
Porém, as vagas na área con­­tinuariam aquém da oferta ideal. A Organização Mundial da Saúde (OMS) preconiza a existência de um leito psiquiátrico para cada grupo de mil pessoas. O Brasil tem hoje somente 32,6 mil vagas e o Paraná, 2,4 mil. O acesso a esses leitos é feito mediante indicação médica. Se o parâmetro da OMS fosse considerado seria preciso criar mais 158 mil leitos no país e 7,8 mil no Paraná.
Mesmo antes da reforma psiquiátrica, essa meta não era seguida: em 2001 existiam 68,8 mil leitos no país e 5 mil no Paraná. A reforma psiquiátrica foi implantada em abril de 2001 com a Lei 10.216. A lei passou por 12 anos de discussão antes de ser efetivada. A demora ocorreu pela falta de consenso entre os movimentos antimanicomiais e os psiquiatras, que defendiam os modelos tradicionais de tratamento. Com a reforma se estabeleceu o fim do modelo asilar, ou seja, que colocava o doente mental em hospitais fechados, em tratamento contínuo, segregando-os do convívio familiar.
Descentralização
A concentração dos leitos psiquiátricos existentes hoje se dá nos hospitais de referência e nos especializados. No Paraná, segundo a Secretaria da Saúde, somente 211 leitos estão distribuídos nos hospitais gerais. A descentralização é oportuna, na opinião do psiquiatra e professor da área, Luiz Ernesto Lima de Mello. “Um paciente de transtorno mental que precisa de um exame mais detalhado tem tratamento mais acessível em um hospital geral do que em um hospital especializado, que não tem a mesma estrutura de equipamentos”, diz.
Conforme o presidente da Sociedade Paranaense de Psiquiatria, André Burkiewicz, a estimativa é de que pelo menos um terço da população precise de atendimento psiquiátrico. Com o avanço do crack e outras drogas, que podem desencadear problemas psíquicos, a necessidade do atendimento especializado deve crescer. Segundo o secretário-geral da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), Luiz Carlos Coronel, a orientação do Ministério da Saúde seria aniquilar o internamento de dependentes químicos. “Metade dos Caps não tem médicos e só com análise não tratamos os doentes mentais e os dependentes”, opina.

Paraná registra 33 mortes em decorrência da gripe A


No entanto, a incidência de novos casos da doença vem caindo no estado.

Na última semana, de 20 a 27 de julho, o Paraná contabilizou 87 novos registros de gripe A. Na anterior o aumento tinha sido de 139 casos. Até sábado passado, foram confirmados 986 casos da doença no estado.
O superintendente de vigilância em Saúde, da Sesa, Sezifredo Paz, credita a diminuição no número de novos casos às medidas tomadas pela secretaria e ao comportamento da população. “Esse é o resultado de todas as estratégias tomadas: a vacinação dos grupos prioritários, as medidas passadas à população e o tratamento das pessoas. Estimamos que já tratamos mais de 100 mil pessoas com Tamiflu”, conta.
Na mesma semana, oito mortes causadas em decorrência do vírus foram confirmadas, mas, de acordo com o boletim, apenas três ocorreram no período. As outras cinco haviam ocorrido em semanas anteriores, e ainda precisavam de exames complementares para a conclusão da investigação.
Em 2012, já houve 33 mortes pelo vírus H1N1 já comprovadas no Paraná. “Os óbitos [em decorrência do vírus] vão aparecendo na medida em que investigamos. Tivemos o pico em junho e começamos a ver que isso vai aparecendo. Claro que tivemos três na semana passada e não queremos nenhum. Mas eles vão continuar aparecendo porque os casos ainda estão sendo investigados”, explica.
O superintendente lembra que, dos casos de morte registrados neste ano, 70% das vítimas possuíam outras comorbidades, como cardiopatias, ou, ainda, demoraram para buscar assistência médica mesmo após o aparecimento dos sintomas. “A gente continua mantendo o pedido para que as pessoas procurem o serviço de saúde o mais rapidamente possível. Que não fiquem em casa se automedicando, é preciso ir ao médico para que ele possa prescrever o Tamiflu se houver sintoma de gripe.”
Vacinação
Do lote de 400 mil vacinas que o governo federal ficou de repassar para o Paraná, 240 mil já foram distribuídas aos municípios do estado. As outras 160 mil devem chegar ainda nesta semana, segundo Sezifredo Paz. “A greve da Anvisa nos prejudicou, porque, com ela, o Ministério Saúde teve dificuldade para liberar as vacinas. Desse lote, 240 mil já distribuímos”, diz.
A recomendação continua a mesma: que os municípios priorizem a vacinação de gestantes, idosos e crianças de 2 a menos de 5 anos.

Só as pessoas podem mudar as cidades


Mesa sobre "Como se desenha uma cidade" mostra que a maior dificuldade para deixar as cidades mais inteligentes é o comportamento dos cidadãos.

O conceito de cidades inteligentes é bastante amplo, tem várias definições, e focam no melhoramento das metrópoles por meio de tecnologias, inovação, aprendizado e muito mais. Mesmo assim, direcionamento é quase sempre à estrutura. Na opinião da equipe do C.E.S.A.R - Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife - que participou da mesa "Como se desenha uma cidade inteligente?" neste sábado (28) na edição de Recife da Campus Party, há mais coisas a se observar, como a atuação das pessoas nesses ambientes.
"São as pessoas que definem o uso das coisas", resume Kiev Gama, engenheiro de Sistemas Sênior do C.E.S.A.R. Ele, juntamente com Felipe Ferraz e Eduardo Araujo Oliveira, estudam na organização como as TICs (Tecnologias de Informação e Comunicação) poderiam ajudar a resolver os problemas das cidades, como engarrafamentos, segurança, lixo, energia e outros. "Estimativas da ONU apontam que até 2050 cerca de 70% da população do planeta viverá em cidades. No Brasil, esse número já é de cerca de 80%", afirma Oliveira.

O conceito de cidade inteligente exige o pensamento em diversos setores, como segurança, armazenamento de dados, internet das coisas, análise de contexto, segurança e armazenamento de dados. No C.E.S.A.R. o trabalho está apenas no começo e os engenheiros fizeram até o momento um grande levantamento para completar um quadro de "estado da arte" do que está sendo feito no mundo. Em termos de aplicações mais práticas, adiantam que estão desenhando um projeto que visa o monitoramento do consumo em residências para que empresas do ramo de energia possam direcionar de forma mais eficiente o fluxo de eletricidade para bairros e regiões no período em que há mais necessidade. "Estamos começando a pensar nessas soluções para que num futuro possamos levar para o mercado", diz Oliveira.
Os exemplos de iniciativas e práticas usadas para esse melhoramento são diversos e espalhados. Mas ainda isolados. "Nós estamos estudando uma arquitetura para esse tipo de organização de forma mais global", conta Gama. Os exemplos são, portanto, diversos, e vão de aplicativos como Wazee, um serviço que mistura geolocalização no celular com indicações do fluxo e problemas de trânsito via smartphones, até governamentais, como Centro de Operações da prefeitura do Rio de Janeiro, que integra órgãos que produzem informações úteis sobre a cidade. "No caso do Rio, a maior dificuldade não era tecnológica, mas de pessoas e departamentos conversarem entre si", complemente.
No entanto, é preciso observar, que nada disso é útil se não for pensado o comportamento do cidadão, mesmo enquanto exercício de cidadania, enfatiza o mediador da mesa e pesquisador, H.D. Mabuse. Seja na hora do voto ou fiscalizando o governo e a iniciativa privada. Todos podem pensar em cidades mais inteligentes, "começando por tornar mais inteligentes sua própria empresa, seu condomínio, seu canto."

Usando a criatividade para mudar o mundo


Luís Celso Jr./ Gazeta do Povo / Urgate diz que uma nova geração de empreendedores sociais está surgindoUrgate diz que uma nova geração de empreendedores sociais está surgindo
SUSTENTABILIDADE

Usando a criatividade para mudar o mundo

Fundador da ONG chilena "Teto" fala sobre como soluções inovadoras podem alterar a realidade de quem mais precisa. Seu mais recente projeto deve afetar 4 milhões de chilenos.
Julián Ugarte é o nome dele. Fundador e diretor no Centro de Inovação "Teto", uma das maiores ONGs da América Latina, o chileno deu uma aula de empreendedorismo social neste domingo (29), último dia da edição Recife da Campus Party. Com muita vontade de mudar o mundo, Urgate mostrou que a criatividade pode fazer a diferença. Seu mais recente projeto, de inclusão digital, deve afetar mais de 4 milhões de chilenos, cerca de 25% da população do país.

Urgate lembrou que no Chile 30 mil famílias estão morando em favelas e não tem condições. A solução não seria levar para outros lugares. isso só criaria bolsões de pobreza, conta Urgate. O "Teto" se ocupa de melhorar a vida dessas pessoas. "Como equipar essas moradias? Soluções, mobília, equipamentos e a questão do design foram sendo desenvolvidos”, disse.
Durante a apresentação, Urgate usou seu exemplo, sua biografia e as ações realizadas pela ONG para contar a história. Começou falando de sua família e de como sonhava em mudar o mundo. "Gostaria de demonstrar que sou uma pessoa normal e desde garoto eu gosto do espírito de alcançar o máximo, mesmo que pareça impossível”, disse.
O chileno também explicou que as soluções devem ser ter valor agregado para transformar, serem sustentáveis e ter escala, para alcançar o mundo. Ao longo da palestra, Urgate deu vários exemplos de soluções criativas, como duchas manuais para tomar banho, duchas de montagem simples que custam 3 dólares e filtro de água revolucionário. O projeto de maior impacto da ONG é um notebook wi-fi que custa 20 dólares. Hoje o "Teto" está em mais de 20 países.

Hospitais ignoram governo e recusam internamento de doentes mentais


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SAÚDE
Portarias determinam que pacientes psiquiátricos ou dependentes químicos sejam atendidos em instituições do SUS, mas regra é descumpridaOnze anos após a implantação da reforma psiquiátrica, os hospitais gerais, como são chamados aqueles conveniados ao Sistema Único de Saúde (SUS), ainda descumprem a determinação de internar doentes mentais e dependentes químicos. Hoje, esses pacientes são atendidos em hospitais de referência ou nos especializados. Desde a reforma, em 2001, que fechou manicômios em todo o país, portarias publicadas pelo Ministério da Saúde continham essa determinação. A última portaria é do fim de julho e estabelece a oferta de até 15% dos leitos dos hospitais para o atendimento a esses pacientes.
Porém, a resistência existe até mesmo nos hospitais regionais administrados pela Secretaria da Saúde do Paraná. O Hospital Regional de Ponta Grossa, inaugurado em 2010, não tem uma ala específica para esse público. Os hospitais regionais do Noroeste (em Paranavaí) e Norte Pioneiro (Santo Antônio da Platina) também encaminham os casos para os hospitais de referência.

Josué Teixeira/Gazeta do Povo
Josué Teixeira/Gazeta do Povo / O Hospital São Camilo, em Ponta Grossa, recebe pacientes que deveriam ir a outros hospitais+ ampliar imagem
O Hospital São Camilo, em Ponta Grossa, recebe pacientes que deveriam ir a outros hospitais
Pioneirismo
Universidades se unem para inibir transtornos mentais em adolescentes
Da Redação
Estudos indicam que é na adolescência que surgem transtornos como depressão, esquizofrenia e transtorno bipolar, as doenças crônicas que mais afetam a população na faixa etária de 10 a 24 anos no mundo. Entre 50% e 75% desses transtornos teriam início na adolescência.
Com base nessa constatação, países como a Austrália e o Canadá criaram centros de prevenção voltados a jovens, de modo a diagnosticar adolescentes que apresentam ou que estão expostos a fatores de risco que potencializam o desenvolvimento de adições, estados depressivos e transtornos mentais graves como esquizofrenia e transtorno afetivo bipolar.
Agora a ideia de replicar essa experiência no Brasil tem reunido pesquisadores dos departamentos de Psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), da Universidade de São Paulo (USP) e da Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto (FMRP). O objetivo é criar em São Paulo um centro de convivência de jovens com maior probabilidade de desenvolver transtornos do neurodesenvolvimento, agindo na prevenção. As informações são da Agência Fapesp.
Segundo Jair de Jesus Mari, professor do Departamento de Psiquiatria da Unifesp e coordenador da iniciativa, a ideia é inibir ou retardar surtos e mudar o comportamento em relação a fatores de risco, como o uso de maconha, álcool, drogas, tabaco e exposição a traumas.
Atendimento
Confira o que determina a portaria nº 1.615, do Ministério da Saúde, publicada em julho passado:
- O número de leitos deve ser de até 15% do total de leitos do hospital até o limite de 25 leitos;
- É instituído um incentivo financeiro de R$ 4 mil por leito;
- Para receber a verba, o hospital deve ter entre quatro e 25 leitos;
- O incentivo poderá ser usado em equipamentos, instalações físicas, capacitação e atualização de equipes;
- O recurso extra será autorizado pelo Ministério da Saúde após aprovação de projetos enviados pelas secretarias estaduais e municipais de saúde;
- O serviço deve ser implantado em até 180 dias.
211 leitos
psiquiátricos dos 2,4 mil disponíveis no Paraná, ficam em hospitais gerais, segundo a Secretaria de Estado da Saúde.
Os pacientes dos Campos Gerais são atendidos em estabelecimentos de Curitiba e no Hospital São Camilo em Ponta Grossa, que funciona no prédio do extinto Franco da Rocha – hospital especializado que fechou em 2004 após a reforma psiquiátrica. Hoje o São Camilo tem 35 leitos gerais e 31 psiquiátricos, e mais 30 psiquiátricos são preparados para entrar em funcionamento nos próximos meses.
Concentração imprópria
Para o promotor da área de saúde em Ponta Grossa Fuad Faraj, a concentração do atendimento no São Camilo é “imprópria” porque o atendimento deve ser descentralizado. Ele afirma que pretende obrigar os hospitais gerais do Paraná a cumprir as portarias do Ministério da Saúde, seja através de um termo de ajustamento de conduta ou de uma ação civil pública. Por enquanto, comenta o promotor, quem não conseguir atendimento em hospitais gerais pode procurar o Ministério Público de sua cidade para viabilizar a oferta do serviço.
A coordenadora da Divi­são de Saúde Mental da Secretaria Estadual de Saúde, Larissa Yamaguchi, afirma que os hospitais gerais que ainda não se adaptaram às exigências estão se estruturando para atender às portarias, inclusive os regionais. Em alguns casos, segundo ela, o atendimento é prestado, porém, não é classificado como atendimento psiquiátrico e se encaixa em outras especialidades. “Há casos de agressão ou de tentativas de suicídio que envolvem pacientes com transtornos mentais ou com o uso de álcool e drogas”, diz.
Desde a reforma psiquiátrica, a internação passou a ser vista como o último recurso para o tratamento do doente mental ou do dependente químico. “É preciso ter um atendimento em rede, que seja realizado desde a unidade básica de saúde até o Caps.” O Caps é o Centro de Atenção Psicossocial, que presta atendimento contínuo à pessoa com transtorno mental, porém, não realiza internamentos. A disposição de um leito hospitalar, conforme o presidente da Sociedade Paranaense de Psiquiatria, André Rotta Burkiewicz, é importante em caso de emergências psiquiátricas, como surtos. “Mas os hospitais gerais não atendem. Primeiro, porque é preciso ter uma equipe especializada desde o técnico em enfermagem até o médico e segundo porque há um estigma quanto ao paciente de saúde mental.”
Incentivo não amplia número de leitos
Em dezembro, o Ministério da Saúde lançou o programa “Crack, é possível vencer” que prevê a criação de 3,5 mil leitos psiquiátricos no país com o investimento de R$ 670 milhões. A mais recente portaria destina R$ 4 mil por leito psiquiátrico aberto nos hospitais após o envio do projeto e a aprovação pelo ministério.
Porém, as vagas na área con­­tinuariam aquém da oferta ideal. A Organização Mundial da Saúde (OMS) preconiza a existência de um leito psiquiátrico para cada grupo de mil pessoas. O Brasil tem hoje somente 32,6 mil vagas e o Paraná, 2,4 mil. O acesso a esses leitos é feito mediante indicação médica. Se o parâmetro da OMS fosse considerado seria preciso criar mais 158 mil leitos no país e 7,8 mil no Paraná.
Mesmo antes da reforma psiquiátrica, essa meta não era seguida: em 2001 existiam 68,8 mil leitos no país e 5 mil no Paraná. A reforma psiquiátrica foi implantada em abril de 2001 com a Lei 10.216. A lei passou por 12 anos de discussão antes de ser efetivada. A demora ocorreu pela falta de consenso entre os movimentos antimanicomiais e os psiquiatras, que defendiam os modelos tradicionais de tratamento. Com a reforma se estabeleceu o fim do modelo asilar, ou seja, que colocava o doente mental em hospitais fechados, em tratamento contínuo, segregando-os do convívio familiar.
Descentralização
A concentração dos leitos psiquiátricos existentes hoje se dá nos hospitais de referência e nos especializados. No Paraná, segundo a Secretaria da Saúde, somente 211 leitos estão distribuídos nos hospitais gerais. A descentralização é oportuna, na opinião do psiquiatra e professor da área, Luiz Ernesto Lima de Mello. “Um paciente de transtorno mental que precisa de um exame mais detalhado tem tratamento mais acessível em um hospital geral do que em um hospital especializado, que não tem a mesma estrutura de equipamentos”, diz.
Conforme o presidente da Sociedade Paranaense de Psiquiatria, André Burkiewicz, a estimativa é de que pelo menos um terço da população precise de atendimento psiquiátrico. Com o avanço do crack e outras drogas, que podem desencadear problemas psíquicos, a necessidade do atendimento especializado deve crescer. Segundo o secretário-geral da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), Luiz Carlos Coronel, a orientação do Ministério da Saúde seria aniquilar o internamento de dependentes químicos. “Metade dos Caps não tem médicos e só com análise não tratamos os doentes mentais e os dependentes”, opina.

Ministério encerra negociação com professores universitários


Com sindicatos divididos, governo federal irá encaminhar ao Congresso a proposta feita na semana passada.

governo federal encerrou as negociações com os professores universitários nesta quarta-feira (1) e vai encaminhar ao Congresso Nacional a proposta feita semana passada aos docentes, cujos pontos principais são um reajuste salarial entre 25% e 40% e redução do número de escalas para se chegar ao topo da carreira --de 17 para 13 estepes.
A oferta foi aceita pelo Proifes (Federação de Sindicatos de Professores de Instituições Federais de Ensino Superior), mas rejeitada pelo Andes (Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior), o sindicato com maior representatividade da categoria.
"A entidade que aceitou a proposta não representa a categoria docente. (...) Vamos ver quem tem mais força política junto à sociedade", disse Marinalva Oliveira, presidente do Andes. "O Proifes não é uma entidade que começou agora. É possível chegar a um acordo mesmo que não seja exatamente a que queremos", rebateu Eduardo Rolim, presidente do Proifes.
A federação deve assinar na quinta-feira o acordo com o Ministério do Planejamento. Há duas semanas, a pasta fez a primeira oferta, que previa um reajuste mínimo de 12% e impacto total de R$ 3,9 bilhões (dividido entre os próximos três anos). Sem uma resposta positiva dos docentes, o governo fez uma segunda proposta, que aumentou em 7% o impacto total - subiu para R$ 4,18 bilhões.
Na ocasião, o Proifes recomendou às suas seções sindicais que aceitassem a proposta. A entidade representa sete universidades -- seis delas estão em greve. A UFSCar já indicou que deve encerrar a greve.
O secretário de Educação Superior do MEC, Amaro Lins, afirmou que os professores "vão perceber que é melhor retomar as atividades e evitar prejuízos futuros". Ele acredita que já na próxima semana algumas instituições voltem à normalidade.
Sinasefe(Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica), que também participa da mesa de negociação, rejeitou a oferta do governo. 

JULGAMENTO HISTÓRICO


Felipe Sampaio/STF / Toffoli: ministro foi advogado do PT e assessor de José Dirceu. Ele também é namorado de uma advogada que defendeu alguns dos réus. Mas, até agora, não se declarou impedido de julgar o mensalãoToffoli: ministro foi advogado do PT e assessor de José Dirceu. Ele também é namorado de uma advogada que defendeu alguns dos réus. Mas, até agora, não se declarou impedido de julgar o mensalão
POSSÍVEIS ENTRAVES

Desmembramento e suspeição ameaçam atrasar desfecho do caso

Defesa dos réus do mensalão deve pedir que os acusados sem foro não sejam julgados no STF. E procurador ainda avalia se requisitará a Toffoli para não participar do julgamento.
O julgamento da Ação Penal 470, conhecida como o caso do mensalão, começa hoje com um cronograma previsto para se encerrar em aproximadamente seis semanas. Mas já na primeira sessão será possível prever o quanto ele irá durar. Algumas estratégias da defesa e questionamentos do Ministério Público Federal (MPF) podem prolongar o encerramento do caso.
A defesa dos réus tem direito a requerer questões preliminares que podem mudar o andamento do julgamento. A mais provável delas é o pedido para o desmembramento do caso. Dos 38 acusados, três – João Paulo Cunha (PT-SP), Pedro Henry (PP-MT) e Valdemar Costa Neto (PR-SP) – têm foro privilegiado por serem deputados federais. É justamente por esse motivo que todos os demais 35 réus respondem ao mesmo julgamento do STF. “O Supremo já se manifestou neste sentido afirmando que a conexão se dá porque todos os réus estão vinculados em um mesmo crime”, explica Rodrigo Sanchez Rios, professor de Direito Penal da PUCPR.
Por dentro
Clique aqui e confira um mega infográfico com informações dos acusados, dos crimes e de como acontecerá o julgamento
Live Blogging
Gazeta vai fazer transmissão on-line e interativa
Isadora Camargo, especial para a Gazeta do Povo
A Gazeta do Povo irá transmitir hoje aqui no site, por meio do sistema de Live Blogging, o início do julgamento do mensalão, a partir das 14h. No site da Gazeta o julgamento também será transmitido ao vivo pelo canal da TV Justiça.
O jornalista e colunista André Gonçalves, do blog Conexão Brasília, também irá acompanhar diretamente de Brasília os bastidores da primeira sessão, em uma cobertura com análise exclusiva. O leitor poderá interagir com Gonçalves, fazendo perguntas e comentários pelo twitter @conexaobrasilia.
Após a primeira sessão, os ministros do Supremo irão se reunir diariamente até a primeira quinzena do mês para analisar o processo. Em seguida, devem ser realizadas três sessões por semana para continuar a discussão. Cada reunião deve durar cerca de cinco horas.

  • Mas essa posição não é unânime na Corte. O ministro Marco Aurélio Mello defendeu ontem, na véspera do início do julgamento, o desmembramento do processo – ou seja, que apenas os deputados sejam julgados pelo Supremo. O processo referente aos outros acusados teria de ser remetido então à outras instâncias judiciais. O advogado e ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos, que defende o ex-diretor do Banco Rural José Roberto Salgado, já anunciou que tentará tirar hoje seu cliente e outros 34 réus do julgamento do Supremo.
Caso o STF resolva retroceder na decisão de julgar todos os 38 réus, o julgamento do mensalão no Supremo pode ser mais rápido, já que o número de sustentações orais dos advogados diminuirá drasticamente. Mas, neste caso, o processo dos demais pode durar anos, já que terá de ser reiniciado em e outras instâncias.
Outra questão preliminar que pode ser apresentada pela defesa dos réus é o fato de o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, que já havia apresentado suas alegações finais, ter apresentado nos últimos dias uma síntese do caso, uma espécie de memorial da acusação. A defesa pode alegar que não teve acesso em tempo hábil a essa nova peça do processo e com isso adiar o julgamento por alguns dias.
Impedimento
Eventuais questionamentos sobre a participação do ministro do STF José Antonio Dias Toffoli também podem eventualmente atrasar o início do julgamento. O procurador Roberto Gurgel disse ontem que ainda não havia descartado a possibilidade de questionar a participação de Toffoli. Ele tem até o início do julgamento para se pronunciar a respeito.
As causas para que o ministro seja afastado do caso são as relações que Tofolli teve com o PT e pessoas ligadas ao mensalão. Toffoli foi assessor jurídico do PT, assessor na Casa Civil na época em que José Dirceu (um dos réus do mensalão) ocupava a pasta e também foi sócio de um escritório de advocacia que defendeu três dos acusados. Além disso, sua namorada, Roberta Rangel, foi advogada de dois dos acusados.
Toffoli já afirmou que não se considera impedido de participar, mas ainda não se pronunciou oficialmente sobre a possibilidade de se declarar suspeito de participar do julgamento. Ele tem o direito de se declarar impedido a qualquer momento. “Teoricamente o ministro e o procurador devem se pronunciar sobre qualquer impedimento antes de começar o julgamento. Mas motivos de suspeição, ou impedimento, podem aparecer a qualquer momento”, diz o professor Jacinto Nelson de Miranda Coutinho, titular de Direito Processual Penal da UFPR.
Coutinho diz acreditar, porém, que nada deve ocorrer para atrasar o julgamento. “Ele é programado para começar e terminar seguindo o seu rumo, o rito. Mas, lógico, podem ocorrer incidentes. Se um advogado tem um ataque cardíaco no meio do julgamento, por exemplo, é algo que não se pode prever.”
Coutinho comenta que se houver algum pedido que possa gerar a suspensão do julgamento, deve ser analisado pela Corte e, se houver motivos, deve ser suspenso sem receios. “O mais importante é que o julgamento seja correto, que siga o ordenamento político e que os ministros entendam que as ações do Supremo iluminam julgamentos do país inteiro”, diz ele.