Páginas

Quem sou eu

Minha foto
Professor de Língua Portuguesa na Rede Estadual de Ensino - Governo do Paraná

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Um novo passo contra a paralisia


Um novo passo contra a paralisia

FDA autoriza o teste em humanos de uma nova técnica cirúrgica que pretende amenizar as consequências de lesões na medula espinhal.
A cura de lesões na medula espinhal ainda é um dos grandes quebra-cabeças da Me­­dicina, por isso, cientistas de várias partes do mundo buscam insistentemente uma solução para o problema. É o caso de pesquisadores do Projeto Miami – centro norte-americano especializado em danos de medula espinhal –, que receberam, no fim do mês passado, a liberação do Food and Drug Administration (FDA) para iniciar a primeira fase de testes em humanos de uma nova técnica cirúrgica que pretende amenizar as consequências dessa complicação.
A prática consiste em transplantar um tipo de célula nervosa da perna para a espinha danificada de pacientes recém-paralisados na tentativa de restaurar algumas funções e sensações. Experimentos iniciais realizados em ratos, porcos e primatas mostraram que, em muitos casos, os animais recuperaram 70% das funções e sensações perdidas.
Cenário nacional
No país há poucas pesquisas sobre lesão medular
“Atualmente, o tratamento das lesões medulares graves continua um desafio para a Medicina, mas já há vários estudos em andamento em grandes centros do mundo, com altos investimentos, que trazem esperança aos pacientes com sequelas neurológicas”, afirma o neurocirurgião dos hospitais Nossa Senhora das Graças, Erasto Gaertner, Cruz Vermelha e São Vicente Rodrigo Leite de Morais. Mas, ainda que muitos pesquisadores estejam debruçados sobre os casos de lesões de medula espinhal para chegar o mais perto possível de um tratamento perfeito, no Brasil o cenário deixa a desejar, conforme explica o professor de ortopedia e traumatologia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) Luiz Roberto Vialle. “Ainda não estamos num nível bom. Os dois centros que mais pesquisam aqui [no Brasil] estão na USP [Universidade de São Paulo] e na nossa PUC. Eventualmente, um ou outro trabalho de mestrado é feito, mas os que têm uma rotina de pesquisa e publicação são mesmo poucos. Falta estudo no país”, afirma.
“É um excelente projeto, que traz novas esperanças para a recuperação neurológica do paciente com lesão medular”, afirma o neurocirurgião do Hospital Nossa Senhora das Graças Rodrigo Leite de Morais. Contudo, ele ressalta que as conclusões esperadas não são definitivas, já que por enquanto tudo “não passa de uma pesquisa científica e não está disponível para tratamento, até mesmo porque é necessário aguardar os resultados”.
Já, segundo o professor de ortopedia e traumatologia da PUC-PR Luiz Roberto Vialle, são poucas as perspectivas em relação ao transplante, pois, para ele, a técnica segue a mesma linha de outras já realizadas anteriormente e que pouco influenciaram na reabilitação do paciente. “Isso foi feito com nervos intercostais, com nervos da perna. Eu mesmo tenho paciente que foi fazer uma cirurgia em outro país, com transplante de nervo intercostal, e a experiência não deu certo. Apesar, claro, de que todo projeto é válido”, argumenta.
Comprimidos
Paralelamente ao estudo do Projeto Miami, pesquisa­­dores ligados à Fundação AOSpine (formada por profissionais que se dedicam a estudar a medula espinhal) deverão colocar em prática ainda neste ano a segunda fase de testes de um medicamento já disponível no mercado para tratar degeneração do tecido nervoso e que, agora, eles acreditam poder utilizá-lo em pacientes com lesão medular.
A pesquisa já passou por um projeto piloto que avaliou a eficácia e a segurança da droga e, nesta segunda fase, propiciará o uso do medicamento para pacientes selecionados que tenham sofrido a lesão recentemente. Aqui no Brasil, a perspectiva é de que o Hospital Universitário Cajuru, da PUC-PR, integre a lista de hospitais participantes, informou Vialle, que também é presidente internacional da Fundação AOSpine.
Uso de células tronco tem resultados
Em 2011, uma experiência li­­derada por pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) da Bahia em parceria com o Centro de Biotecnologia e Terapia Celular do Hospital São Rafael, em Salvador, con­­se­­guiu recuperar parte dos movimentos das pernas do ex-policial baiano Mau­­rí­­cio Ribeiro, que havia ficado paraplégico.
A técnica consistiu em um transplante de células tronco adultas obtidas do próprio paciente na área de lesão na medula espinhal, como explicou a pesquisadora titular da Fiocruz Milena Botelho Pe­­reira Soares. “Este estudo foi baseado em um anterior, no qual testamos a técnica em cães e gatos que tiveram lesões raquimedulares. Como os resultados no estudo em animais foram promissores, esperávamos obter resultados semelhantes em pacientes. Não foi uma grande surpresa.”
A pesquisa, que está em fase final de análise, tratou 14 pacientes com lesão na medula espinhal, e todos apresentaram graus variados de melhoras sensitivas e motoras. O fato, segundo Milena, pode significar um novo caminho para a recuperação de pacientes com a medula lesionada, embora estudos assim ainda enfrentem um cenário não muito favorável. “Apesar de ter havido investimento considerável nas pesquisas com células tronco no Brasil, esses recursos não são comparáveis aos investimentos feitos em vários países da Europa, Ásia e América do Norte”, diz ela.
Na tentativa de reverter es­­se quadro e ampliar o uso da medicina regenerativa na recuperação de pacientes que dependem do SUS para tratamentos como regeneração do coração, movimento das articulações e tratamento da esclerose múltipla, o Ministério da Saúde prometeu, em abril, que em 2012, R$ 15 milhões seriam investidos em terapia celular. Destes, R$ 8 milhões seriam destinados à conclusão da estruturação de 8 Centros de Terapia Celular responsáveis pela produção nacional de pesquisas com células tronco (um deles na PUC-PR).

Moradias demoradas, do piso ao teto


Henry Milléo/ Gazeta do Povo / Programa habitacional mudou cenário do Guarituba, em Piraquara, mas novos inquilinos reclamam de rachaduras e goteirasPrograma habitacional mudou cenário do Guarituba, em Piraquara, mas novos inquilinos reclamam de rachaduras e goteiras
HABITAÇÃO

Moradias demoradas, do piso ao teto

Etapa que cabe ao governo do programa Minha Casa, Minha Vida se perde na ineficiência e penaliza população mais pobre. Parte a cargo da iniciativa privada vai bem.
As moradias populares do programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV) voltadas para famílias com renda de até R$ 1,6 mil mensais, chamadas de “faixa 1”, são as que mais demoram para ser concluídas e entregues. O programa é composto por dois pacotes, um lançado há três anos e outro no início de 2011. Nos dois casos, a iniciativa privada, que cuida dos projetos para o público de maior renda, tem sido mais rápida que o poder público na contratação e execução das obras.
Segundo o Ministério das Cidades, o objetivo da parte do programa lançada em 2011 é construir 2 milhões de unidades habitacionais até dezembro de 2014. Até o fim de junho, segundo a Caixa Econômica Federal, já havia 771.354 unidades contratadas em todo país. Dessas, 234.882 são da faixa 1, cujos contratos foram feitos a partir de outubro de 2011. Até agora, apenas 2,1% foram finalizadas, e 1,9%, ocupadas. Entre os empreendimentos voltados para famílias com renda entre R$ 1,6 mil e R$ 5 mil, a taxa de conclusão é de 52%, sendo que 49,8% já foram entregues.

Henry Milléo/ Gazeta do Povo
Henry Milléo/ Gazeta do Povo / O pintor Ivair Ferreira e o muro: cena comumAmpliar imagem
O pintor Ivair Ferreira e o muro: cena comum
A casa cai?
Programas repetem modelo perverso de moradia popular
As habitações de interesse social, como as de Piraquara, padecem de problemas semelhantes em todo o país: em alguns casos, a qualidade da construção é duvidosa, e em outros, as famílias são levadas para um ponto distante, carente de equipamentos públicos. No Conjunto Madre Teresa de Calcutá, três meses após as primeiras casas terem sido entregues já é possível observar rachaduras nas fachadas.Os moradores também reclamam das goteiras. Além disso, algumas casas que já estão prontas, mas ainda não foram ocupadas, têm vidros quebrados e pichações.
Para Marly Namur, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, o modelo de cidade que o Brasil está adotando é muito perverso. “O maior problema é a má localização dos empreendimentos. Você constrói cidades completamente desligadas da cidade que existe”, argumenta. O preço de terrenos mais distantes normalmente é menor e muitas famílias são transferidas para áreas que não possuem estrutura para dar conta de todas as necessidades da população, além de serem retiradas de seu eixo de convivência.
A professora também lembra que, apesar do baixo custo dessas moradias, é possível diversificar as tipologias das casas, o que apenas exigiria projetos melhores. “É mais fácil repetir esse tipo de projeto carimbo em todo o terreno. A qualidade do ambiente construído é monótona e as pessoas não têm identidade, aí começam a mexer nas fachadas para ficar diferente”, analisa. Na opinião da professora, não é porque existe uma limitação orçamentária que a qualidade da obra tem de ser ruim. “O dinheiro é importante, mas é preciso criatividade e bons projetos”, resume.
Em Prestação
O Minha Casa, Minha Vida passou por reformulações, como a atualização das faixas de renda para obtenção de financiamento e o ajuste dos valores de aquisição das unidades habitacionais. A área do imóvel foi ampliada e houve melhorias no acabamento, como a instalação de aquecedores solares para diminuir os gastos com eletricidade. Uma mudança importante tem relação com o financiamento do imóvel para famílias com renda mensal de até R$ 1,6 mil. Há subvenção econômica nas prestações por 120 meses. A intenção da medida é evitar a venda antecipada do bem. Além disso, a mulher chefe de família tem prioridade de atendimento e pode firmar contratos independentemente da anuência do cônjuge, exceto nos contratos de FGTS.
Interatividade
Você está esperando um imóvel do programa Minha Casa, Minha Vida?
Para o ministério, o ritmo das obras da faixa 1 é normal. A pasta argumenta que a maior parte das unidades foi contratada em 2012, o que justificaria o menor índice de conclusão. Além disso, a relação entre unidades contratadas e concluídas nas faixas 2 e 3 (para famílias com renda entre R$ 1,6 mil e R$ 5 mil) seria melhor porque os beneficiários realizam financiamentos pelo FGTS e adquirem imóveis em fases mais adiantadas.
Em relação às obras da primeira fase do programa, iniciado em 2009, foram contratadas 1.005.128 obras em todo o país até dezembro de 2010. Os índices de conclusão são de 81,2% para as faixas 2 e 3 e 61,6% para a faixa 1. As razões para a demora nas obras são problemas com mão de obra e materiais de construção, além de um longo período de chuvas que atrasou o cronograma.
Ritmo lento
No Paraná, os índices de conclusão nos dois pacotes são superiores à média nacional, mas a diferença entre as faixas persiste. Na faixa 1, na primeira fase, o índice de conclusão de casas no estado é de 78,7% contra 91,7% para as faixas 2 e 3. O mesmo se repete na segunda fase do programa, em que 782 unidades, o equivalente a 6,7% da faixa 1, foram concluídas. Para as faixas 2 e 3, 52% das unidades contratadas foram finalizadas.
Para José Matias-Pereira, professor de Administração Pública da Universidade de Brasília (UnB), a análise dos dados mostra que os indicadores do programa são apenas medianos. Ele explica que na primeira fase, para ter um nível de excelência, o ideal seria que os índices ultrapassassem 90%. “Não está bom, mas de alguma forma há algo de concreto”, diz.
Em relação à segunda fase, o professor avalia que há inconsistências. Para Matias-Pereira, um programa dessa dimensão exige um planejamento muito bem elaborado, levando em conta a experiência adquirida com a Minha Casa, Minha Vida da primeira fase. É preciso criar as condições necessárias para garantir um andamento mais rápido. “Esses programas exigem, acima de tudo, uma estrutura de gestão muito bem aparelhada. Há a vontade política do governante. Ele aloca recursos, mas não tem uma estrutura capaz de oferecer essa qualidade”, avalia.
No Guarituba, moradores estão na fase do “muro”
As primeiras casas do Conjunto Madre Teresa de Calcutá, no bairro Guarituba, em Piraquara, na Região Metropolitana de Curitiba, foram entregues para 212 famílias, em maio deste ano. O conjunto habitacional terá 846 casas no total e é uma das obras de habitação que mais se prolongaram no Paraná: desde 2005, há esforços por parte de município e governo estadual para obter a liberação do terreno.
O empreendimento foi incluído no Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC 1 e, como não foi concluído no período entre 2007 e 2010, acabou transferido para a fase 2 do programa e incluído no eixo Minha Casa, Minha Vida. Apenas o governo federal está investindo R$ 104,5 milhões no empreendimento. Os primeiros moradores vieram do Jardim Holandês e viviam em situação de risco e vulnerabilidade social.
O auxiliar de serviços gerais Elias Coito Carneiro, 30 anos, conta que a vida de sua família melhorou com a mudança. Apesar da casa pequena – são dois quartos, cozinha e banheiro –, Carneiro diz que está feliz com o espaço. A única modificação que está fazendo no imóvel é a construção de um muro. Os filhos, de 5 e 7 anos, podem frequentar uma escola que fica próxima ao conjunto e há fácil acesso à rede de ônibus na região. “O único problema é o pó. Se limpamos a casa de manhã, de tarde já está tudo sujo de novo”, conta.
Em outra das ruelas do conjunto, o pintor Ivair Ferreira, 47, também construía uma muro para a casa onde sua ex-mulher, Aparecida de Paula Ferreira, de 45, vive junto com o filho do casal, Fábio Junior Ferreira, 26. O muro de Ivair já estava pronto. “É para ninguém se confundir e entrar na minha casa por engano”, brinca o pintor, já que todas as construções são iguais. A família esperava a mudança do Jardim Holandês há três anos, mas sente saudade do antigo lar: na ocupação eles tinham um terreno e moradia maiores.
Segundo Mounir Chao­­wiche, presidente da Com­­panhia de Habitação Popular do Paraná (Cohapar), o processo burocrático entre a con­­tratação da empresa e o início das obras é lento. No caso do Guarituba, as obras começaram a ser aceleradas apenas no ano passado, mas os projetos da Cohapar levam, em média, 12 meses para conclusão. A previsão é que a segunda etapa de entrega de casa no empreendimento ocorra em setembro.

sábado, 25 de agosto de 2012

Aprenda a fazer auto massagem.


Felipe Rosa / Gazeta do Povo /
SAÚDE & BEM-ESTAR

Aprenda a fazer auto massagem.

É possível diminuir o cansaço físico e aliviar as tensões emocionais do dia a dia com as próprias mãos, por meio da automassagem. Por meio da estimulação tátil é liberada endorfina, o que ativa a circulação sanguínea e oxigena o corpo, além de eliminar as impurezas e diminuir as dores musculares.
As professoras Izolete Bajerski e Cibele Savi Stelmach, professoras do Curso Técnico em Massoterapia do Instituto Federal do Paraná (IFPR) indicam as técnicas da massagem Ayurvédica, segundo elas, não apenas uma das mais antigas, mas também uma das mais completas técnicas naturais para restabelecimento do equilíbrio do corpo. “Trata-se de uma massagem profundamente relaxante, que atua no campo físico, emocional, psíquico e energético, tendo a função de purificação e manutenção da saúde corporal”, explicam.
As massoterapeutas ainda explicam que os estímulos agem no sistema linfático, circulatório e energético, nutrem o organismo, rejuvenescem, revigoram e revitalizam. “As manobras e pressões em determinados pontos do corpo liberam a energia vital bloqueada e estagnada”, dizem.
Elas explicam que este tipo de automassagem deve ser feita por movimentos circulares e de deslizamento contínuos ao longo do corpo, pedem que seja realizada pelo menos uma vez por semana e que ela pode ser aplicada inclusive na hora do banho, quando os movimentos são facilitados pela presença do sabonete e do xampu.
Para realizar o passo a passo da automassagem, é necessário seguir as seguintes indicações:
- os movimentos, tanto os circulares quanto os de deslizamento, devem ser repetidos três vezes;
- os movimentos circulares devem ser feitos sempre no sentido horário;
- os movimentos de deslizamento devem ser sempre na direção das extremidades (pés e mãos).

Ministério da Saúde e Facebook fecham parceria para incentivar doação de órgãos


Reprodução / Facebook /
REDE SOCIAL

Ministério da Saúde e Facebook fecham parceria para incentivar doação de órgãos

Uma ferramenta, já disponível no perfil do usuário da rede social, possibilita que ele manifeste o desejo de ser doador.
Uma parceria entre o Ministério da Saúde e a rede social Facebook quer ampliar o número de transplantes feitos no Brasil. Uma ferramenta, já disponível no perfil do usuário da rede social, possibilita que ele manifeste o desejo de ser doador de órgãos. Ainda assim, a doação só poderá acontecer após autorização da família.
Como fazer:
1. Entre em seu perfil no Facebook
2. Clique em Atualizar Status
3. Escolha a opção Evento Cotidiano
4. Em seguida, clique na opção Saúde e Bem-Estar

  • O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, destacou que a estratégia consiste em usar as redes sociais para aumentar o diálogo com a população brasileira. Ele lembrou que, atualmente, quase 80 milhões de brasileiros têm acesso a internet e quase 40 milhões usam o Facebook.
  • O vice-presidente do Facebook para a América Latina, Alexandre Hohagen, explicou que a nova ferramenta permite aos usuários declararem a intenção de serem doadores de órgãos em apenas alguns minutos e compartilhar a informação com os amigos e membros da família que também têm perfil na rede social.

Estrutura de saúde cresceu, mas filas ainda são problema


Jonathan Campos/ Gazeta do Povo / Centro de Urgência Médica: demanda das cidades da região metropolitana é um dos fatores para a demora no atendimentoCentro de Urgência Médica: demanda das cidades da região metropolitana é um dos fatores para a demora no atendimento
GARGALO

Estrutura de saúde cresceu, mas filas ainda são problema

Nos últimos 12 anos, a capital ganhou oito centros de urgências médicas e dois hospitais. Mesmo assim, curitibanos ainda enfrentam demora no atendimento.
A saúde é, segundo os eleitores de Curitiba ouvidos pelo instituto Ibope, a área da gestão pública em que a cidade apresenta os maiores problemas: 46% apontam esse como o serviço público mais deficitário da cidade. De acordo com entidades médicas e outras fontes ouvidas que acompanham de perto o sistema municipal, dois setores são um gargalo: a urgência/emergência e os atendimentos com médicos especialistas.
As urgências são justamente a maior reclamação dos usuários dos sistema público de saúde de Curitiba. Levantamento feito pela ouvidoria do SUS, realizado no ano passado, mostra que entre os que usam as Unidades Básicas de Saúde da capital paranaense, 19,5% consideram o atendimento de urgência e emergência da cidade ruim ou muito ruim.

  • Entrevista
“ O sistema de compensação tem de começar a funcionar”
Gilson Carvalho, médico pediatra e consultor do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde.
Por que existe uma insatisfação geral da população com serviços de saúde?
Esta constatação ocorre tanto nos municípios das capitais, como nos municípios de médio e grande porte. As pessoas querem que os serviços de saúde sejam cada dia melhores. Não por capricho, exigência desmedida, mas por busca de satisfação de suas necessidades básicas. A construção do direito à saúde ainda é nova no Brasil. Saímos da condição de indigentes para cidadãos portadores de direitos só a partir de 1988, e o SUS só foi regulamentado em dezembro de 1990.
As prefeituras das metrópoles dizem que parte do problema no atendimento ocorre porque a capital atende à demanda das regiões metropolitanas. Mas o governo federal repassa dinheiro para esse atendimento. Essa justificativa das prefeituras faz sentido?
Historicamente esses serviços prestados pelas capitais e municípios de grande e médio porte a municípios do interior estão inclusos em seus tetos. Entretanto, esses serviços cresceram em quantidade oferecida a outros e a remuneração por eles cada vez foi menor, defasada de seu valor real. O sistema de compensação tem de começar a funcionar de maneira efetiva. Capitais e cidades grandes têm sua produção baseada no uso de toda a população própria quando sabidamente é onde está a maior população beneficiária de planos e seguros. É uma questão mais complexa. Parte da maior renda das cidades grandes e capitais é devida à movimentação financeira e recolhimento de impostos de uso e consumo das populações vizinhas do interior.
O problema é causado por falta de dinheiro ou de gestão?
Os problemas da saúde pública brasileira passam por duas grandes causas: insuficiência, começando pela principal delas que é o do financeiro capaz de gerar e manter outras insuficiências, como de instalações, equipamentos, pessoal e salários. E também existe ineficiência no uso dos poucos recursos. Essa ineficiência pode ser contada a partir da não adoção radical do modelo SUS de fazer saúde, o que inclui três grandes campos de atuação: a promoção, a proteção e a recuperação.
A estrutura de saúde da capital paranaense cresceu de 2000 para cá – eram, no início da década passada, 104 unidades de saúde que faziam 5 milhões de atendimento em um ano. Hoje há mais 33 unidades, sendo oito de urgências médicas e dois hospitais, mas há filas e demora no atendimento nos Centros Municipais de Urgências Médicas (CMUMs). A grande demanda, que inclui moradores da região metropolitana, ajuda a explicar esse quadro.
“O que observamos é o estrangulamento do atendimento de urgência e emergência, com dificuldades no ciclo completo de atendimento, que inclui ambulâncias do Siate, parte clínica, o acolhimento nos hospitais e disponibilidade de leitos hospitalares. Há um problema no sistema de retaguarda de atendimento de urgência/emergência. As unidades 24 horas estão sobrecarregadas, com filas de espera e com dificuldade de manutenção de recursos humanos”, avalia o médico João Carlos Baracho, presidente da Associação Médica do Paraná.
A crítica à área de recursos humanos se refere à contratação de médicos. O serviço público não consegue pagar um salário compatível com o mercado e em função disso a prefeitura tem dificuldade para contratar esses profissionais, principalmente para as especialidades. Para consultas com especialistas, como cardiologistas e ortopedistas, os pacientes chegam a esperar três meses pelo atendimento.
Municipalização
Os serviços de saúde foram municipalizados a partir da Constituição de 1988 e o seu acesso é universal, ou seja, o sistema municipal precisa atender todos que o procuram. De acordo com João Rogério Sanson, professor de Economia da Saúde da Universidade Federal de Santa Catarina, a população esperava receber serviços de alta qualidade e gratuito, o que inclui rapidez no serviço.
“O cidadão não quer filas, não quer ver pacientes em corredores esperando leitos. Comparam nossos serviços com os prestados por outros países e querem ter o direito de ter a mesma qualidade”, diz. Ele lembra que as grandes cidades sofrem mais nesse atendimento em função da grande demanda, que incluía toda a sua população e mais as das cidades menos estruturadas ao redor.
Ns avaliação de Sanson, para contornar esse problema falta dinheiro, mas também uma melhor gestão. “Ter transparência nas informações, modernizar as informação de gerenciamento e gestão é importante para dar um bom atendimento. Se você tem todo o atendimento mapeado, é possível fazer diagnóstico e planejamento, com metas de eficiência que devem ser divulgadas para toda a população e uma avaliação periódica, também divulgada”, comenta.

Troca da Prova Brasil por Enem custará R$ 17 mi a mais.


A substituição da Prova Brasil pelo Exame Nacional do Ensino Médio para calcular o Índice de Desenvolvimento da Educação (Ideb), como planeja o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, pode custar pelo menos mais R$ 17 milhões por ano.

A primeira alteração a ser feita, caso se concretize a ideia do ministro, que pretende com a mudança "turbinar" o Ideb, é tornar o Enem obrigatório, o que significaria incluir entre os avaliados mais 300 mil concluintes do ensino médio. A conta, feita com base no custo por aluno da prova deste ano, pode ser maior se o Instituto Nacional de Estatísticas e Pesquisas Educacionais (Inep), que prepara o estudo pedido por Mercadante, concluir que será necessário também ampliar a estrutura de aplicação da prova.
Este ano, com o Enem feito em 1.680 municípios, o custo foi de aproximadamente R$ 57 por candidato. A perspectiva do Ministério da Educação é trabalhar com o mesmo valor. Os 300 mil concluintes que não farão a prova e terão que ser incluídos, no entanto, podem estar em cidades mais distantes e locais de mais difícil acesso, o que poderia obrigar o ministério a ter que ampliar o número de cidades onde a prova é realizada e, consequentemente, toda a estrutura de distribuição e pessoal e o gasto necessário.
O custo, no entanto, não é uma grande preocupação no MEC. Com um dos maiores orçamentos da Esplanada, o ministério já irá gastar este ano R$ 332,6 milhões para que 5,79 milhões de candidatos possam fazer o Enem - número que inclui estudantes de outras séries e que já concluíram o ensino médio.
Os R$ 17 milhões a mais, avaliam integrantes da Pasta, não são considerados um grande problema. Há outros, mais complicados, que podem até mesmo impedir que a proposta de Mercadante se torne realidade.
A ideia saiu da cabeça do ministro. A proposta logo entusiasmou o resto da equipe porque poderia ampliar a quantidade de alunos avaliados. Hoje, a Prova Brasil é a única do Ideb que é por amostra, e não censitária como os testes do 5º e do 9º ano. Em 60 dias, o Inep precisa entregar um estudo que deverá dizer se é viável usar o Enem como parte da Prova Brasil.

Casal oficializa o primeiro casamento civil entre mulheres em Curitiba


Walter Alves/ Gazeta do Povo / Cerimônia de casamento foi realizada na sexta-feira (24) na capital paranaense.Cerimônia de casamento foi realizada na sexta-feira (24) na capital paranaense.
CERIMÔNIA

Casal oficializa o primeiro casamento civil entre mulheres em Curitiba

Verônica e Maísa já viviam juntas há 10 anos e decidiram converter a união para matrimônio, oficializado nesta sexta-feira.
“Foi emocionante. São todas as sensações do mundo ao mesmo tempo”. Esta foi a definição deVerônica Mees para o casamento com Maísa Manzi, realizado nesta sexta-feira (24). Juntas, elas protagonizaram o primeiro casamento civil entre mulheres de Curitiba.
Pela manhã, a união estável foi convertida para matrimônio no Tabelionato e Registro Civil Santa Quitéria. À noite um pastor vindo de Maringá a pedido das noivas conduziu a cerimônia religiosa, iniciada às 20h30. Em seguida, por volta das 20h50, a festa particular para cerca de 100 convidados seguiu noite adentro em um restaurante em Santa Felicidade.
Walter Alves/ Gazeta do Povo
Walter Alves/ Gazeta do Povo / Verônica e Maísa durante a cerimônia celebrada por um pastor de MaringáAmpliar imagem
Verônica e Maísa durante a cerimônia celebrada por um pastor de Maringá
Trâmites
O casal, que convive há dez anos, decidiu tentar o casamento civil quando uma amiga informou que havia um cartório na cidade que fazia a conversão. “Entramos com o pedido, entregamos todos os documentos para habilitação do casamento. Ninguém sabia se iria dar certo, porque, dependendo do entendimento do juiz que analisasse o caso, poderia dar uma negativa. Mas, graças a Deus, autorizaram”, afirma.
De acordo com informações do cartório, antes de marcar a data, foi preciso que o processo passasse pelo Ministério Público (MP) para emissão de parecer.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Sancionada lei que troca dívidas de faculdades por bolsas do ProUni.



A presidenta Dilma Rosuseff sancionou ontem lei que permitirá às instituições de ensino superior (IES) particulares converter até 90% das dívidas tributárias federais em bolsas de estudo do Programa Universidade para Todos (ProUni). As regras, publicadas no Diário Oficial da União, instituem o Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento das Instituições de Ensino Superior (Proies), com o objetivo de “assegurar condições para a continuidade das atividades de entidades mantenedoras” para que não haja diminuição do número de matrículas e sejam recuperados os créditos tributários da União. Poderão fazer parte do programa instituições que estejam em “grave situação econômico-financeira”. Encaixam-se nesta condição aquelas que até 31 de maio apresentavam dívida tributária vencida que alcançasse pelo menos menos R$ 1.500 por aluno matriculado.

Sono e metabolismo em sincronia com o dia a dia


Felipe Rosa / Gazeta do Povo / O estudante de Medicina Felipe Fernandes tem melhor desempenho quando se dedica aos livros e faz plantões à noiteO estudante de Medicina Felipe Fernandes tem melhor desempenho quando se dedica aos livros e faz plantões à noite
RELÓGIO BIOLÓGICO

Sono e metabolismo em sincronia com o dia a dia

Pesquisadores dos EUA deixaram a ciência mais perto da criação de novas drogas para tratar problemas para dormir e desordens do funcionamento do organismo.
Uma boa noite de sono é o desejo de muita gente que mal consegue colocar a cabeça no travesseiro no fim do dia. No Brasil, segundo um levantamento feito por pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), aproximadamente 66% da população apresenta alguma dificuldade para dormir. Contudo, o problema já está na mira de vários cientistas e há chances de que, daqui a não muito tempo, todos esses impedimentos não passem de um sonho. Pesquisadores do Instituto Salk de Estudos Biológicos (EUA) deixaram a ciência mais perto da criação de novas drogas para tratar problemas de sono e desordens do metabolismo.
Em um estudo publicado na revista norte-americana Nature eles revelaram que dois comutadores celulares conhecidos como REV-ERB-α; e REV-ERB-ß, encontrados no núcleo das células de ratos, são essenciais para manter normais os ciclos de sono e alimentação. Durante a pesquisa, ratos que tiveram os comutadores retirados tinham altos níveis de gordura e açúcar no sangue, problemas comuns em pessoas com distúrbios metabólicos.
Declínio cognitivo
Não respeitar o ritmo pessoal aumenta predisposição a doenças
O sistema de temporização e o estilo de vida precisam estar em equilíbrio para que nosso metabolismo não sofra as consequências. Entretanto, nem sempre é possível respeitar os nossos ritmos biológicos, o que pode desorganizá-los. Aí, os problemas são inevitáveis. “Hoje, vários estudos mostram que não respeitar o relógio biológico aumenta a predisposição a uma série de doenças, inclusive certos tipos de câncer”, afirma o coordenador do laboratório de cronobiologia da UFPR, Fernando Mazzilli Louzada.
Desrespeitar o sono é uma agressão ao metabolismo. Estudos apresentados em julho no encontro anual da Associação de Alzheimer, em Vancouver, no Canadá, relacionaram dificuldades em dormir com problemas de deterioração mental. Um deles mostrou que dormir pouco ou demais pode ser comparado com um ganho de dois anos na idade do cérebro. Outro revelou que pessoas com apneia do sono (desordem caracterizada pela interrupção do respiro durante a noite) eram duas vezes mais propensas a desenvolver leves problemas de raciocínio ou demência comparado com pessoas sem problemas para dormir. Um terceiro sugeriu que sonolência durante o dia pode reduzir a capacidade da memória e habilidades de raciocínio, conhecido como declínio cognitivo, em pessoas mais velhas.
A professora do departamento de Fisiologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) Carolina Virgínia Macedo de Azevedo acrescenta que a desorganização dos ritmos causada pela falta de uma boa noite de sono atrapalha o desempenho da pessoa ao longo do dia, causa mal-estar e fadiga, além de que, em situações extremas, pode desencadear doenças como diabete e problemas cardiovasculares.
No entanto, a falta de sono em determinados momentos nem sempre é mau sinal. “As pessoas não são iguais. Umas vão dormir mais cedo, outras, mais tarde. Não ter sono na hora que outros vão dormir pode não ser insônia, mas apenas uma característica própria”, finaliza.
Serviço
Quer saber qual é o seu cronotipo?
No endereço Tempo na Vida você encontra um teste de matutinidade-vespertinidade que vai ajudá-lo a descobrir qual o ritmo do seu corpo.
Participe do chat
A Gazeta do Povo promove amanhã, às 15 horas, um chat com o coordenador do laboratório de cronobiologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Fernando Mazzilli Louzada. Participe!
Acesse www.gazetadopovo.com.br/saude e tire suas dúvidas a respeito do funcionamento do relógio biológico.
Cada pessoa deve se adaptar ao próprio sistema de temporização
O sistema de temporização também é responsável por determinar a produção hormonal e decidir quando é necessário aumentar ou diminuir a dose de hormônios na corrente sanguínea. De acordo com o professor da Universidade de São Paulo (USP) e membro do Grupo Multidisciplinar de Desenvolvimento e Ritmos Biológicos da instituição, Luiz Silveira Menna Barreto, em todas as glândulas, a produção e a liberação de hormônios podem ser avaliadas do ponto de vista da presença de ritmos biológicos e, embora todos os hormônios tenham ligação com tais ritmos, os exemplos mais conhecidos são a produção noturna de melatonina pela glândula pineal, de cortisol pelas glândulas suprarrenais e do hormônio do crescimento pela hipófise.
O cortisol, responsável por nos manter mais alertas, começa a ser produzido nas primeiras horas da manhã. Ao longo da tarde, sua produção cai e durante a noite reduz mais ainda, explica o chefe do serviço de endocrinologia do Hospital das Clínicas da UFPR, César Boguszewski. “A relação entre a produção e o sistema de temporização é que ela segue o ritmo circadiano, ou seja, a produção se dá ao longo do dia em quantidades diferentes, mas sempre se repetindo”, esclarece.
Embora alguns estudos revelem ainda que, por causa do relógio biológico seja possível adequar determinadas atividades ao longo do dia (como não assistir a uma aula logo depois do almoço, pois é quando ficamos mais suscetíveis ao sono), para Barreto, generalizações como essas são quase sempre equivocadas, já que nem uma pessoa é igual a outra. “Uma recomendação para fazer exercícios físicos pela manhã pode ser muito benéfica para uma pessoa e intolerável para outra. Essas recomendações de hora para isso ou hora para aquilo só cabem nas cabeças que entendem a humanidade como um exército que deve marchar junto, o que é lamentável tanto do ponto de vista social como biológico”, argumenta. (AM)
Com a descoberta, os estudiosos passaram a acreditar ser possível criar uma substância capaz de orientar o REV-ERB-α; e o REV-ERB-ß para tratar problemas de sono e metabolismo. Além disso, o achado evidencia mais uma relevante ligação entre o metabolismo do ser humano e o relógio biológico, cientificamente chamado de sistema de temporização, e que tem um papel central para o nosso bem-estar.
Ao sistema de temporização estão ligadas funções de controle da temperatura corporal, o funcionamento digestivo e a vontade que temos de comer e de dormir, por exemplo. “O sistema de temporização, que designa uma rede de osciladores localizada no sistema nervoso e em outros órgãos do nosso corpo, é responsável pela regulação de praticamente todas as funções do organismo”, explica o professor da USP e membro do Grupo Multidisciplinar de Desenvolvimento e Ritmos Biológicos da instituição, Luiz Silveira Menna Barreto.
O coordenador do labora­­tório de cronobiologia da UFPR, Fer­nan­do Maz­­zilli Louzada, acrescenta que o popular relógio biológico ajuda o corpo a se adaptar ao cotidiano. “Na espécie humana ficamos em repouso à noite. Amanhece e despertamos. Para isso serve o relógio biológico, para que possamos ficar sincronizados com o passar do dia.”
No entanto, o sistema – que varia de indivíduo para indivíduo – não trabalha sozinho. Barreto explica que, para conseguir cumprir todas as suas obrigações e fazer com que o nosso metabolismo funcione corretamente, o sistema se baseia no ritmo circadiano: um mecanismo particular de cada pessoa que tem a duração aproximada de 24 horas e é resultante da interação entre o sistema de temporização com alguns sinais cíclicos do ambiente, como compromissos sociais, oferta de alimento, o dia e a noite.
Segundo a professora do departamento de fisiolo­­gia da Uni­­ver­­si­dade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) Caro­lina Virgínia Ma­­cedo de Azevedo, o sistema de temporização é ligado ao sistema nervoso e, por isso, é sensível à luz. Além disso, dependendo do horário que recebemos luz, ela pode regular nossos ritmos biológicos (que são as variações no nosso comportamento que se repetem regularmente ao longo do tempo reguladas pelo sistema de temporização) de maneiras diferentes. “Se recebemos luz durante a tarde e a noite, atrasamos nosso ritmo. Se, ao contrário, recebemos durante a madrugada, adiantamos o ritmo”, afirma.
“Ideal seria se o dia começasse ao meio dia”
Você acorda cedo pela manhã depois de longas horas de sono e já está disposto. Toma um banho, prepara o café, lê o jornal e sai empolgado para o trabalho, onde sabe que uma série de reuniões e desafios o esperam. No elevador, encontra seu vizinho, que não parece nem um pouco entusiasmado para enfrentar o dia. E não está mesmo. Durante a noite, ele ficou estudando até altas horas – pois sabe que é neste horário que consegue se concentrar melhor – e tudo o que queria era continuar na cama para descansar.
A pequena história acima pode até ser inventada, mas coincide com a vida de muita gente. Algumas pessoas têm mais capacidade para realizar tarefas depois que o sol aparece, outras preferem produzir sob o desvelo da lua, como é o caso do estudante de Medicina Felipe Fernandes Martins.
“Eu sou uma pessoa que funciona melhor à noite. Quando não estou em aula, durante as férias, feriados, prefiro dormir de manhã e fazer minhas coisas à noite. Agora que estamos em greve e estou fazendo plantões voluntários, percebo também que meus plantões à noite rendem mais que os de durante o dia”, revela.
Essas preferências por levantar cedo ou ir dormir mais tarde têm uma justificativa: elas dependem do cronotipo, uma espécie de identificação das pes­­soas que permite classificá-las em matutinas, intermediárias e vespertinas, como define o professor da Universidade de São Paulo (USP) e membro do Grupo Multidisciplinar de Desenvolvimento e Ritmos Biológicos da instituição, Luiz Silveira Menna Barreto. As matutinas são aquelas que preferem acordar e dormir cedo. As vespertinas, por sua vez, são as que se encaixam no perfil de Felipe, com preferências para ficar acordado até mais tarde e prolongar as horas de sono durante a manhã. De acordo com um artigo publicado pelo grupo, os indivíduos vespertinos têm o ciclo vigília/sono mais irregular e com baixa eficiência. Além disso, eles ainda são mais propensos a tirar aquele cochilo ao longo dia, pois são mais privados de sono.
Já os indivíduos considerados intermediários representam a grande maioria da população, revela o artigo e, para eles, é mais fácil se ajustar aos horários impostos que para os matutinos e os vespertinos.
Segundo a professora do departamento de Fisiologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) Carolina Virgínia Macedo de Azevedo, o fato de vivermos em uma sociedade que é muito matutina acaba prejudicando aqueles que gostariam de ficar na cama até mais tarde. “Os horários sociais privilegiam os matutinos e isso acaba sendo ruim para aqueles que vão dormir tarde da noite. Seria interessante que o vespertino tivesse a disponibilidade de dormir até mais tarde, para manter o período de sono adequado e não ter nenhum problema no futuro.”
Felipe concorda. Para ele, ainda que o dia após uma longa noite de estudos não seja tão prejudicial, ele precisa de, pelo menos, algumas horinhas de sono. “Eu não fico tão cansado, mas preciso dormir. Ideal seria mesmo se meu dia começasse ao meio dia”, diz.