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quinta-feira, 7 de setembro de 2017

A Importância da Família no Processo de Ensino-Aprendizagem

Faculdade Unyleya
Metodologia do Ensino de Língua Portuguesa
Anderson Luiz Ferreira da Silva







A Importância da Família no Processo de
Ensino-Aprendizagem











Almirante Tamandaré
2016

Faculdade Unyleya
Metodologia do Ensino de Língua Portuguesa
Anderson Luiz Ferreira da Silva







A Importância da Família no Processo de
 Ensino-Aprendizagem


Trabalho de Conclusão de Curso à
Faculdade Unyleia como parte integrante
do conjunto de tarefas avaliativas da disciplina
Metodologia do Ensino de Língua Portuguesa.
Karla Alessandra Spinola Costa da Silva


Almirante Tamandaré
2016
Anderson Luiz Ferreira da Silva


A Importância da Família no Processo de
Ensino-Aprendizagem

Monografia apresentada à Universidade
Unyleia como exigência parcial à obtenção do                                                                                  título de Especialista em Metodologia
do  Ensino de Língua Portuguesa.
Karla Alessandra Spinola Costa da Silva


Aprovado pelos membros da banca examinadora em ___/___/___, com menção ___ (_____________)

Banca Examinadora
__________________________
__________________________


Almirante Tamandaré
2016

Dedicatória




















Dedico este trabalho a todos aqueles que contribuíram de forma direta ou indireta para conclusão do mesmo e em especial à minha Família, Esposa Angela Maria Ferreira da Silva e meus filhos Adryelle, André e Andressa.

Agradecimento



Agradeço a todos meus familiares, colegas de trabalho e a Faculdade Unyleya por me auxiliarem na elaboração deste Trabalho que poderá contribuir muito para o crescimento de qualidade nas Escolas num modo geral.

















Epígrafe





















"O analfabeto do século XXI não será aquele que não sabe ler e escrever, mas aquele que não consegue aprender, desaprender e aprender novamente".
                                                                          Alvin Tofler



                                             Resumo



A pesquisa objetivou investigar a importância e a influencia da família no desempenho escolar dos filhos. Tendo em vista que é durante o processo de alfabetização que a relação escola e família se destacam. Uma vez que os fatores relativos à vida extraescolar dos alunos impactam no aprendizado a organização escolar precisa ser cuidadosamente planejada, organizada e implementada para informar aos pais sobre a vida escolar de seus filhos.
Pudemos constatar que quando os pais participam da educação de seus filhos eles aprendem mais e melhor, com o apoio da família se sentem motivados, seguros, estimulados com vontade de aprender. Com o estabelecimento dos vínculos de parceria entre os educadores e os pais o aprendizado se torna mais significativo e eficiente.



Palavras chaves: aprendizagem, famílias, educador, escola.
















Resume



The search aimed investigate the importance and influence of family school performance of children. Given that and during in the process of literacy that relationship between school and home stands out. The factors related to life outside school impact on student learning and school organization needs to be carefully planned, organized and implemented to inform parents about the school life of their children .I found that when parents participate in their children`s education they learn more and better, with the support of then feel motivated, stimulated insurance willing to learn .And along with the teacher learning becomes more efficient and significant.




Keywords: learning, family, teacher, school.






Introdução……………..........................................................................................9
Tema....................................................................................................................11
Problema.............................................................................................................11
Justificativa..........................................................................................................12
Objetivos......................................................................................................... ...13
Revisão da Literatura......................................................................................... 14
Metodologia........................................................................................................16
Fundamentação Teórica.....................................................................................17
Cap. 1. A participação da Família na Educação Escolar.....................................17
1.1.        Escola Sem Conflito – Parceria com os Pais...................................19
1.2.        Família – Responsável pelos Limites...............................................21
1.2.1.   Família – A difícil arte de Educar............................................22
1.3.        Direitos e Deveres...........................................................................23
Cap. 2. Escola – Instituição Necessária para a Transformação......................... 25
         2.1. A Relação Família e Escola ................................................................28
         2.2. A Relação entre a Família e a Trajetória Escolar das Crianças............31
Cap. 3. Refletindo Sobre a Família e sua Historicidade........................................37
         3.1. Família Imaginada e Família Real – Localizando o Conflito.................41
Cap. 4. Família e Escola ......................................................................................44
         4.1. As Novas Formações Familiares e sua Importância no Desenvolvimento
                Da Criança.............................................................................................50
Conclusão .............................................................................................................59
Referencial Bibliográfico.........................................................................................60









INTRODUÇÃO

A participação dos pais na aprendizagem escolar é necessária? É, um exemplo é que, antes a família era cúmplice da escola; hoje, é promotora de seus erros e falhas. Quem é o maior prejudicado? O aluno.
Hoje, se não houver maturidade e visão pedagógica por parte da escola, as reuniões com pais viram arenas, onde a escola fica na defensiva e os pais fazem sua catarse de erros pedagógicos e parentais do passado. Quem é o maior prejudicado? O aluno. Escola e Família esquecem que essa vida é uma passagem e que nosso papel só se enriquece se temos como objetivo compartilhar, dividir e contribuir para que outros vivam melhor, principalmente aqueles com quem convivemos e amamos.
Sempre se acredita que o mais forte e amadurecido abrirá a porta da liberdade e da conscientização. Acredita-se que a Escola pode dar o primeiro passo, pela própria base de formação da qual é portadora. Sabemos que os pais exercem extrema influência, mais do que eles próprios imaginam.
Educar demanda uma grande responsabilidade. "A educação começa no berço", dizem. Na verdade, a educação começa ainda no útero.
Sabe-se através de pesquisas recentes que a criança ouve "ruídos" do mundo externo e sabe distinguir a voz do pai e da mãe. Sendo assim, no berço, começa a aprender as relações interpessoais.
Por vários motivos (falta de tempo por ambos terem que trabalhar), os pais colocam seus filhos cada vez mais cedo na escola e delegam seu papel de primeiro educador à escola. No livro do Paulo Freire "Professora sim, Tia não", Paulo Freire tenta resgatar o verdadeiro papel da escola. Ser Professor (a) é muito mais do que ser babá ou substituto dos pais. Educar é muito mais que ensinar boas maneiras, ler e escrever. É criar consciência crítica e formar um cidadão em cada um de seus alunos.
Nos dias de hoje as Escolas enfrentam uma situação comum, nas mais diversas instituições de Ensino, que é o distanciamento das famílias no acompanhamento de seus filhos no desenvolvimento escolar do Ensino Básico. Quase sempre as reuniões convocadas pelas Escolas têm um número de pais muito baixo das expectativas esperadas, e isso interfere no desempenho dos alunos em sala de aula. Aparentemente não é o que os pais acham, eles imaginam que a Escola consegue se virar sozinha, com sua equipe pedagógica e professores, talvez eles nem tenham consciência do quão importante é sua presença na Escola.
O vínculo que a família adquire com a Escola é muito importante, pois a Escola se torna um prolongamento da sua casa e assim seus filhos terão uma visão diferenciada e terá um maior respeito pela instituição e comunidade escolar, melhorando o relacionamento e assim consequentemente uma melhor qualidade e desempenho Escolar. Família: conjunto de parentes por consanguinidade ou por afinidade; descendência, linhagem, estirpe; conjunto de pessoas da mesma seita, fé, sistema, profissão, etc. Esse é o significado de família o qual o dicionário Aurélio nos mostra. É notório que no ambiente familiar as pessoas também se unam por amor, situação financeira e pela sobrevivência. A família sempre nos foi apresentada como instância formadora e socializadora da criança. Battagliaapud (NOBRE 1987) conceitua a família dizendo que a família pode também ser Considerada como:
Um sistema aberto em permanente interação com seu meio ambiente interno e/ou externo, organizado de maneira estável, não rígida, em função de suas necessidades básicas e de um modo peculiar e compartilhado de ler e ordenar a realidade, construindo uma história e tecendo um conjunto de códigos (normas de convivências, regras ou acordos relacionais, crenças ou mitos familiares) que lhe dão singularidade. NOBRE, (1987, p.118-119).
Esclarecer a importância da Família no Processo de Ensino-Aprendizagem. É deixar claro que hoje as famílias estão com novas formações e isso não deve interferir negativamente na participação da vida escolar dos filhos. Uma Escola que têm participação efetiva dos pais é mais alegre, cuidada, bonita, e o mais importante de tudo tem um melhor desempenho dos alunos no que se refere à qualidade e conhecimento.
 Assim, alertar a família da sua importância e influência no Processo de Ensino-Aprendizagem; Mostrar às Famílias o quão importante é sua participação no Processo de Ensino-Aprendizagem; Comprovar a importância da participação familiar no Processo de Ensino-Aprendizagem.
Nos dias atuais percebemos que a escola reclama da ausência da família para acompanhar a criança no seu desenvolvimento escolar da falta de limites dos pais aos filhos, da dificuldade de transmitir uma boa educação. E não há presente maior para os pais do que assistir ao desdobramento da personalidade dos filhos ver sua beleza brilhar no mundo e saber que sua contribuição é essencial.
Tema:

A Importância da Família no Processo de Ensino-Aprendizagem


Problema:

Como se dá a participação da Família no Processo de Ensino-Aprendizagem?


























Justificativa

Nos dias de hoje as Escolas enfrentam uma situação comum, nas mais diversas instituições de Ensino, que é o distanciamento das famílias no acompanhamento de seus filhos no desenvolvimento escolar do Ensino Básico. Quase sempre as reuniões convocadas pelas Escolas têm um número de pais muito baixo das expectativas esperadas, e isso interfere no desempenho dos alunos em sala de aula. Aparentemente não é o que os pais acham, eles imaginam que a Escola consegue se virar sozinha, com sua equipe pedagógica e professores, talvez eles nem tenham consciência do quão importante é sua presença na Escola.
O vínculo que a família adquire com a Escola é muito importante, pois a Escola se torna um prolongamento da sua casa e assim seus filhos terão uma visão diferenciada e terá um maior respeito pela instituição e comunidade escolar, melhorando o relacionamento e assim consequentemente uma melhor qualidade e desempenho Escolar. Família: conjunto de parentes por consanguinidade ou por afinidade; descendência, linhagem, estirpe; conjunto de pessoas da mesma seita, fé, sistema, profissão, etc. Esse é o significado de família o qual o dicionário Aurélio nos mostra. É notório que no ambiente familiar, as pessoas também se unam, por amor, situação financeira e pela sobrevivência. A família sempre nos foi apresentada como instância formadora e socializadora da criança. Battagliaapud (NOBRE 1987) conceitua a família dizendo que a família pode também ser Considerada como:
Um sistema aberto em permanente interação com seu meio  ambiente interno e/ou externo, organizado de maneira estável, não rígida, em função de suas necessidades básicas e de um modo peculiar e compartilhado de ler e ordenar a realidade, construindo uma história e tecendo um conjunto de códigos (normas de convivências, regras ou acordos relacionais, crenças ou mitos familiares) que lhe dão singularidade. NOBRE, (1987, p.118-119).

É importante deixar claro que hoje as famílias estão com novas formações e isso não deve interferir negativamente na participação da vida escolar dos filhos. Uma Escola que têm participação efetiva dos pais é mais alegre, cuidada, bonita, e o mais importante de tudo tem um melhor desempenho dos alunos no que se refere à qualidade e conhecimento.                                                                                             

OBJETIVOS:

Objetivo geral:

Esclarecer a importância da Família no Processo de Ensino-Aprendizagem.

Objetivos específicos:

- Alertar a família da sua importância e influência no Processo de Ensino-      Aprendizagem;
- Mostrar às Famílias o quão importante é sua participação no Processo de Ensino-Aprendizagem;
- Comprovar a importância da participação familiar no Processo de Ensino-Aprendizagem.




















REVISÃO DE LITERATURA

A presente pesquisa tem como objetivo colaborar com a discussão e reflexão sobre a interação da família com a escola, sem ter a pretensão de esgotar o assunto. Abordam questões com o significado do conceito de família, sua função social e os modelos nos quais se nos apresentam diferentes momentos da história. Mudanças ocorridas no âmbito, socioeconômico e político, nos últimos 20 anos, têm um rebatimento importante sobre a família brasileira.
Na década de 90, temos a aprovação de leis nacionais e elaboração de diretrizes do ministério da Educação, cujos conteúdos evidenciam a importância da participação da família na escola e o significado de participação. Será possível planejar e executar o processo de educação escolar independente da questão familiar? Como trazer a família para participar do processo ensino-aprendizagem na escola? O que fazer quando a família não colabora? E quando a escola não colabora? Essas questões merecem um tratamento cuidadoso, que leves em conta aspectos sócias, culturais e legais, que não serão aqui abordados, sem que possamos aprofundá-las. Ao longo da história brasileira a família veio passando por transformações importantes que se relacionam com o contexto sócio-econômico-político do país. No âmbito legal, a Constituição Brasileira de 1988, aborda a questão da família nos artigos 5º, 7º, 201, 208 e 226 a 230. Trazendo algumas inovações (artigo 226) como um novo conceito de família: união estável entre o homem e a mulher (§ 3º) e a comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes (§4º).
E ainda reconhecem Nos últimos vinte anos, várias mudanças ocorridas no plano sócio-político-econômicos relacionados ao processo de globalização da economia capitalista vêm interferindo na dinâmica e estrutura familiar e possibilitando mudanças em seu padrão tradicional de organização. Trata-se, pois, de um processo contraditório que, ao mesmo tempo em que abala o sentimento de segurança das pessoas, com a falta dou diminuição da solidariedade familiar, proporciona também a possibilidade de emancipação de segmentos tradicionalmente aprisionados no espaço restritivo de muitas sociedades conjugais opressoras.
Com ele, também, os papéis sociais atribuídos diferenciadamente ao homem e a mulher tendem a desaparecer não só no lar, mas também no trabalho, na rua, no lazer e em outras esferas da atividade humana. PEREIRA (1995).                                        
Segundo KALOUSTIAN (1988), a família é o lugar indispensável para a garantia da sobrevivência e da proteção integral dos filhos e demais membros, independentemente do arranjo familiar ou da forma como vêm se estruturando. É a família que propicia os aportes afetivos e, sobretudo materiais necessários ao desenvolvimento e bem-estar dos seus componentes.
GOKHALE (1980) acrescenta que a família não é somente o berço da cultura e a base da sociedade futura, mas é também o centro da vida social. A educação, bem sucedida da criança na família é que vai servir de apoio à sua criatividade e ao seu comportamento produtivo quando for adulto. Evidenciado, no nosso tipo de organização social, o papel crucial da família quanto à proteção, afetividade e educação, onde buscar fundamentação para a relação educação escola/família? O dever da família com o processo da escolaridade e a importância da sua presença no contexto escolar é publicamente reconhecido na legislação nacional e nas diretrizes do Ministério da Educação aprovadas no decorrer dos anos 90, tais como:
Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8069/90), nos artigos 4º e 55;
Política Nacional de Educação Especial, que adota como umas de suas diretrizes gerais: adotar mecanismos que oportunizem a participação efetiva da família no desenvolvimento global do aluno. Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei 9394/96), artigo 1º, 2º, 6º e 12;
Plano Nacional de Educação Aprovado pela (Lei nº 10172/2007), que define como uma de suas diretrizes a implantação de conselhos escolares e outras formas de participação da comunidade escolar (composta também pela família) e local na melhoria do funcionamento das instituições de educação e no enriquecimento das oportunidades educativas e dos recursos pedagógicos.
Esta é uma relação permeada pelos mais diversos fatores: o sofrimento dos pais por afastarem seus filhos de si mesmos; os desejos de que a escola lhes ofereça o melhor, em todos os aspectos; a necessidade da garantia dos melhores cuidados, os ciúmes que sentem os pais ao dividirem os filhos com os professores, o medo do fracasso escolar, as projeções dos próprios fracassos compensados através dos filhos.




METODOLOGIA

Nos dias atuais percebemos que a escola reclama da ausência da família para acompanhar a criança no seu desenvolvimento escolar da falta de limites dos pais aos filhos, da dificuldade de transmitir uma boa educação. E não há presente maior para os pais do que assistir ao desdobramento da personalidade dos filhos ver sua beleza brilhar no mundo e saber que sua contribuição é essencial.
Para explicar essa preocupação dos professores com a ausência da família na escola selecionam-se meios de investigar a influência dos pais na educação dos filhos através de bibliografias sobre o assunto, com a finalidade de descobrir o que tanto aflige os professores com essa ausência vem acarretando no âmbito escolar.
Estas leituras se valem de diversos autores que abordam o tema com a intenção de fundamentar a pesquisa.
Aplicar-se-á trechos das obras lidas para professores do Ensino Fundamental e do médio e para alguns alunos e ou pais dos alunos. É importante enfatizar que as leituras contribuirão com uma importante fonte de coleta de dados. Após as leituras poder-se-á reunir o grupo (Comunidade escolar) para uma mesa de debates a diretoria e coordenadora onde será explicado o objetivo do trabalho e solicitação da contribuição das famílias no Processo Ensino Aprendizado para que as Escolas cheguem a excelência educacional. A intenção da tese é focalizar a influência dos pais na aprendizagem escolar.













FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

CAPÍTULO 1

A PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA NA EDUCAÇÃO ESCOLAR

A parceria entre familiares e as instituições de ensino seja a educação formal ou a técnica, é concretizada quando ambos estão unidos em um único objetivo, formar cidadãos conscientes da sociedade em que habitam, com valores éticos e morais e com uma perspectiva de um futuro promissor. A família pode participar de várias maneiras na vida educacional do estudante.
Segundo Freitas, Maimoni & Siqueira, (1994) e de Maimoni & Miranda, (1999), elas podem: acompanhar tarefas e trabalhos escolares, verificar se o filho fez as atividades solicitadas pelo professor, estabelecer horário de estudo, informar-se sobre matérias e provas, entre outras. Há vários modelos de famílias, não existe somente um tipo de família na sociedade brasileira, mas existem singularidades entre elas.
É possível afirmar que cada família possui sua identidade e estão em constante evolução, constituídas com o intuito básico de prover a subsistência de seus integrantes. Por meio do desenvolvimento tecnológico, não somente máquinas foram modificadas, a sociedade também passa por transformações no estilo de vida e as relações que estabelecemos com nossos semelhantes. O mundo virtual que é a nova maneira de interação e relacionamento entre as pessoas, em que em questão de segundos há o processo de comunicação com outros indivíduos que estão a milhares de quilômetros de distância, ocupando o tempo que antes poderia ser utilizado com uma conversa ou atividades que poderiam interagir e unir os membros da família.
Segundo Ackerman (1986, p. 17), “o momento histórico em que nos encontramos, tem alterado a configuração da vida familiar e tem abalado os padrões estabelecidos de Indivíduo, Família e Sociedade. [...] Seres humanos e relações humanas foram lançados em um estado de turbulência, enquanto a máquina cresce muito, à frente da sabedoria do homem sobre si mesmo. A redução do espaço e a intimidade forçada entre as pessoas vivendo em culturas em conflito exigem um novo entendimento, uma nova visão das relações do homem com o homem e do homem com a sociedade”. A saída da mãe para o mercado de trabalho, que é a figura central na educação de seus filhos, é um dos fatores que tem abalado a relação entre mãe e filho, as relações de amor, confiança, segurança, relacionamento social são construídas no decorrer do cotidiano, em um determinado tempo histórico e um delimitado espaço físico. A nova mãe da sociedade, que trabalha e possui grandes responsabilidades, muitas vezes não dispõe do tempo necessário para estabelecer uma relação com seu filho e educá-lo. Em relação às perspectivas da família com relação à escola com seus filhos encontram-se várias ideias de que a instituição escolar “eduque” o filho naquilo que a família não se julga capaz e que ele seja preparado para obter êxito profissional e financeiro. A família não é o único canal pelo qual se pode tratar a questão da socialização, mas é, sem dúvida, um âmbito privilegiado, uma vez que este tende a ser o primeiro grupo responsável pela tarefa socializadora. A família constitui uma das mediações entre o homem e a sociedade. Sob este prisma, a família não só interioriza aspectos ideológicos dominantes na sociedade, como projeta, ainda, em outros grupos os modelos de relação criados e recriados dentro do próprio grupo. (CARVALHO, 2006).
A formação dos professores quanto aos valores éticos e o desenvolvimento da moralidade como também padrões de comportamento muitas vezes é apontada pela família como responsabilidade apenas da escola, segundo Di Santo (2006), em seu artigo Família e Escola: uma relação de ajuda relata que atualmente, a família tem passado para a escola a responsabilidade de instruir e educar seus filhos inserindo-os na sociedade. Logo, deve haver um estreitamento das relações entre família e escola em busca de uma qualificação com mais qualidade, evitando uma confusa transferência de responsabilidades entre ambas as partes para alcançar um bom desenvolvimento saudável dos educandos. O primeiro passa para a interação positiva entre a escola e a comunidade é, sem dúvida, o conhecimento da própria comunidade por parte da escola. Para um considerável afunilamento desta relação, seria necessária toda a comunidade escolar, não somente educadores ou gestores, analisar instrumentos que facilitassem o intercâmbio entre as partes, favorecendo uma relação de confiança e respeito para com os envolvidos. Uma das funções da escola é buscar uma aproximação com as famílias de seus alunos, pois enquanto instituição pode promover atividades como: interação e apoio com diversos profissionais como psicólogos, fazer visitas aos familiares, reuniões de pais e mestre com maior frequência, bem como a realização de trabalhos técnicos com a participação dos familiares para que estes possam conhecer os conteúdos que seus filhos estão desenvolvendo nas diversas atividades curriculares, proporcionando ligação entre escola família - professores. O papel a ser exercido pela escola e pelos pais, em se tratando de uma sociedade que passa por mudanças constantes, é a busca de novas formas e caminhos para alcançar êxito na formação de valores, pois muitos dos valores considerados essenciais pela humanidade estão sendo abalados, por isso a importância de um lugar em que os filhos e estudantes possam se sentir seguros e confiantes no seu próprio potencial e a escola pode ser este ambiente quando estiver bem estruturado e apoiado pela família. Em entrevista concedida a Marcia Pimentel e falando sobre o papel da família na aprendizagem da criança, a pesquisadora Cynthia Paes de Carvalho, que foi professora do ensino básico durante 15 anos, fala que o papel da família não pode ser, definitivamente, o mesmo de escola. ‘Ensinar os conteúdos das matérias é papel e obrigação dos professores, que não podem pressupor que os responsáveis tenham tempo para ensinar, ou conheçam os assuntos que estão sendo dados em sala de aula’.

 1.1 ESCOLA SEM CONFLITO – PARCERIA COM OS PAIS

Durante cerca de dois séculos, família e escola viveram umas verdadeiras luas de mel. O que a escola pensava era o que os pais pensavam. O que a escola determinava ou afirmava, fosse a termos de tarefas, atribuições e até mesmo de sansões, era endossado e confirmado pela família. Dessa forma, crianças e jovens sentiam, nas figuras de autoridade que as cercavam e orientavam coesão e homogeneidade. Com isso, o poder educacional dessas duas instituições se alicerçava e alimentava-se mutuamente. Especialmente com isso, as novas gerações adquiriram seus valores e seus saberes (intelectuais e morais) sem maiores problemas. De repente, o que se observa? Que já não existe essa harmonia, esse clima de confiança. Os pais parecem estar todo o tempo, com um pé atrás, supervisionando o que a escola faz, desconfiando de professores, diretores e equipes pedagógicas. É como se de repente tivesse perdido o encantamento, essa relação de confiança tão benéfica para nossos filhos. Por sua vez, a escola se sente também atemorizada, insegura, com sua autoestima abalada. O mais comum é esses pais adotarem duas atitudes. A primeira, de desconfiança: parte deles parece ter perdido totalmente a fé no trabalho docente. Vivem indo à escola questionando, reclamando, ameaçando por qualquer motivo, acreditando sempre que a escola errou ou não agiu adequadamente com seus filhos: ora é o professor tal que passou muito trabalho, deixando as crianças assoberbadas; ora é fulano que não passa tarefas suficientes, sobrando às crianças tempo excessivo para a rua, para o playground, para a TV, internet e etc., assim segue a sucessão de reclamações. O segundo grupo de pais é aquele que, depois de matricular os filhos, aprece considerar sua missão terminada e daí em diante entrega à escola toda e qualquer problemática relacionada à educação. De uma maneira geral, esses são pais ausentes, que não comparecem a reuniões quando convidados ou que, quando chamados para entrevistas ou reflexões conjuntas, nunca podem ir. Ambas as atitudes em nada contribuem para o crescimento intelectual e afetivo de nossas crianças. No entanto, são formas de agir que ocorrem com bastante frequência, criando uma amargura crescente por parte dos docentes ao perceberem que não são mais vistos com o mesmo grau de confiabilidade e como os parceiros ideais de outrora. Por sua vez, os pais também se sentem a cada dia mais inseguros quanto ao que esperar e como agir em relação a escola dos filhos, agregando mais um fator dentre os inúmeros que incrementam a tensão diária dos pais modernos. Em seu livro Escola Sem Conflito, Tânia Zagury cita que dependendo da forma que os pais agem eles podem colaborar ou derrubar os objetivos da escola. Em sã consciência, nenhum pai saudável age visando a ser um empecilho ao bom resultado escolar. Ocorre que às vezes, inconscientemente, pensando estar agindo da melhor forma, pode-se, de fato, estar causando problemas ao filho. As formas mais comuns são: superproteção dos pais; acreditar no filho sem que antes ouça alguém da escola; interferir nos problemas normais da vida e convivência do aluno com a escola sem deixar que o aluno lute por seus direitos; os pais ficam muito mobilizados emocionalmente quando seus filhos contam algo. É bem verdade que todos nós desejamos um mundo melhor para nossos filhos, mas precisamos começar dando, nós próprios, o exemplo. Isso só se faz na pratica, exercendo a cidadania, regulando nossa vida e nossas atitudes perante as regras que exigimos que os outros utilizem. Ações como essas, ajudarão aos filhos a pensarem que faça o que fizer, podem errar á vontade e sem se responsabilizar por nada, que papai e mamãe aparecerão para tirá-los da encrenca. Já está provado que essa visão distorcida da realidade pode ser o caminho para a marginalização.


1.2 FAMÍLIA – RESPONSÁVEL PELOS LIMITES

A chegada do século XXI era o almejo da humanidade. Não sabíamos que chegaríamos a ele, mas ele chegou a nós. As crianças que viveram as décadas anteriores são os homens do nosso presente, e questionamos suas posições entre a educação, saúde, a fé, a solidariedade e a família, sendo o papel desta última o grande questionamento na sociedade atual. Como tem sido a estruturação familiar hoje em dia? Qual o papel da família na formação do individuo? Que educação de base as crianças deste século estão tendo em casa, onde muitas famílias acreditam estar à salvação ou o remédio para sanar a dor dessas crianças abandonadas pelo limite? Hoje, o excesso de razão tem feito com que os pais não tenham a convicção da correção. Psicólogos desse novo século trazem em suas teorias o trauma da correção, afirmando que ela, em muitos casos, pode impedir o desenvolvimento da independência da criança, tornando-a insegura. Os pais passam a questionar sobre o momento certo para tal correção acontecer e se perdem no mundo de regras.
Quem transforma, hoje, as crianças em verdadeiros vencedores? Quem são os heróis e exemplos dessas crianças, que clamam por socorro? Quando essas crianças, na escola, batem em um colega ou cometem pequenas infrações, será que elas não estão gritando para serem vistas ou ouvidas e esperam que alguém diga: “Basta”? Infelizmente chegamos a um momento em que deixamos a educação ser fanada por passeios em shoppings, no Google, Face book e outros sites que substituem os pais, sites estes que tem sido o livro de ética entre as crianças e os adolescentes do mundo atual. Surge então a pergunta: “o que os pais têm a dizer”? Peca-se quando se permite que os meios de comunicação dialoguem mais com os filhos do que os próprios pais, pois, na maioria do tempo, estes estão simultaneamente presentes e ausentes. Será que o limite e a repreensão agora não evitarão problemas maiores no futuro? Estuda-se tanto para criar estratégias educativas relacionadas ao limite da criança, porém, no exato momento de colocá-las em prática não se consegue. Houve décadas na nossa história que foram de suma importância: as décadas de 1960 e 1970 até meados dos anos 1980. Mas essas décadas foram responsáveis pelo dilaceramento da família. No auge das transformações sociais, quando a principal regra era quebrar as regras impostas pela ditadura militar, a família foi dilacerada. Ganharam-se algumas coisas, mas se 8 perderam os filhos. Os filhos daquela época são os pais e avós de hoje. Houve uma mudança de comportamento e uma inversão de respeito e valores. Tudo o que era uma regra familiar, como pedir a benção ou informar para onde se está indo aos pais, transformou-se em algo retrógrado. O não que era para ser dito ao autoritarismo da ditadura passou a ser dito aos pais.
 A mudança na moda, a aceitação dos excluídos, a nivelação social, os hippies, o topless, as drogas, tudo isso transformou a atitude e o comportamento dos filhos. Infelizmente não entenderam que a liberdade pela qual lutavam era a liberdade do respeito ao outro. O não é tão importante na imposição do limite como o dar de mamar, que cria a defesa imunológica. O não de hoje com certeza fará um adulto forte no futuro. Aprender a receber um não ensinará a criança que a vida nem sempre lhe dirá um sim, evitando frustrações. Aprender a receber um não é aprender a dizê-lo também. A criança que aprende a receber um não também o dirá às drogas, ao álcool, ao sexo prematuro; dirá não aos pequenos furtos, à desonestidade, à falta de respeito, à mentira. Dirá não a tudo que tentar substituir os pais.

1.2.1 FAMÍLIA – A DIFÍCIL ARTE DE EDUCAR

Longe de se tratar de um simples problema, passível de solução natural, a educação dos filhos é um desafio cujas bases são culturais. Os pais precisam admitir que também são humanos e seus recursos emocionais, limitados. Dificuldades e crises familiares são inevitáveis. Por acreditarem que os filhos encontrarão o próprio rumo, alguns pais abrem mão de sua autoridade. Temem o rótulo de “careta”, e acham que as crianças não podem ser tolhidas nas suas reações para se tornarem adultos livres, sem traumas. Adultos que, quando crianças não tiveram limites, mostram-se indecisos, inseguros, incapazes de persistir e lidam muito mal com perdas e frustrações. Aprendem a manipular e mentir, como forma de obter aquilo que desejam. Apresentam dificuldade em assumir responsabilidades, em manter o que prometem. Pais ásperos cobram com agressividade comportamentos que fogem da sua expectativa, mostram baixa manifestação de afeto, são incapazes de reconhecimento e elogio. Seus filhos acabam por apresentar baixa estima, sentem-se culpados, buscam esconder o medo dos desafios, ora mostrando conduta obediente e passiva, ora rebelando-se e mostrando explosões emocionais sem motivo aparente. nove Pais e filhos têm todo o direito de expressar irritação, medo e raiva. Nem por isso podem bater atirar ou quebrar objetos quando estão furiosos. Se os filhos vêm os pais discutindo, mas resolvendo os problemas, podem aprender importante lição. As pequenas insatisfações podem ajudar a lidar com outras, maiores, que a vida certamente trará. Os filhos precisam aprender que podem ter raiva, mas não precisam odiar nem fazer comentários maldosos. Um irmão pode sentir raiva do outro, mas os adultos não podem permitir que se agridam fisicamente, briguem de forma violenta. Sentimentos e desejos são legítimos e aceitáveis, mas muitos comportamentos não podem ser tolerados nem estimulados. Essas crianças aprendem a se acalmar, concentrar-se no problema, recuperar-se das frustrações. Na educação dos filhos, o grande desafio é aprender a focar os problemas, sem agredir a personalidade do filho, equilibrando atividade e firmeza. Comportamentos indesejados devem ser desestimulados, mas as emoções não podem se sufocadas, reprimindo a ação sem censurar os sentimentos. Se no passado os sentimentos eram vistos como prova de fragilidade emocional, hoje não se pode negar que homens e mulheres, independentemente do sexo, idade ou situação socioeconômica experimentam raiva, medo e afeto. Os pais não fogem desta regra, e nem sempre sabem lidar de forma afetiva com as emoções. Equilibrar afeto e limite parece ser o maior dos desafios. O comportamento e postura dos pais quanto ao afeto e limite trazem consequências muito importantes na educação e formação do caráter dos filhos.


1.3 DIREITOS E DEVERES

O art. 226, da Constituição da República Federativa do Brasil (1988) diz que: “a família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado”. O art. 19, da Lei 8.069/90 dos Direitos Fundamentais, diz que “toda criança ou adolescente tem direito de ser criado e educado no seio de sua família e excepcionalmente, em família substituta, assegurada a convivência familiar e comunitária, em ambiente livre da presença de pessoas dependentes de entorpecentes”. Conforme se pode perceber na legislação, a família é o que há de mais importante na vida da pessoa e, por essa razão, todos os esforços devem ser feitos para proteger a família. Já O Estatuto da Criança e do Adolescente, muito sabiamente, consagra em seu artigo 19 que toda criança ou adolescente tem direito a ser criado e educado no seio da sua família. E digo que é sábia essa norma porque penso que os pais são os principais educadores de seus filhos. E isso é assim porque existe uma relação natural entre paternidade e educação. A paternidade consiste em transmitir a vida a um novo ser. A educação é ajudar a cada filho a crescer como pessoa, o que implica em proporcionar-lhes meios para adquirir e desenvolver as virtudes, tais como a sinceridade, a generosidade, a obediência, honestidade, lealdade, amizade, bondade, solidariedade, dentre muitas outras. Em tempos em que a família está se transformando e grande parte das mulheres não tem mais tempo de acompanhar integralmente os passos de seus filhos, qual seria realmente o papel da família em relação a escola?
Para Içami Tiba O estudo é essencial; portanto, os filhos têm obrigação de estudar. Caso não o façam, terão sempre que arcar com as consequências de sua indisciplina, que deverão ser previamente estabelecidas pelos pais. Só poderão brincar depois de estudar, por exemplo. No que é essencial, os pais deverão dedicar mais tempo para acompanhar de perto se o combinado está sendo levado em consideração. Os filhos precisam entender que tem a responsabilidade de estudar e que os pais os estão ajudando a cumprir um dever que faz parte da brincadeira da vida. Hoje, os grandes responsáveis pela educação dos jovens – na família e na escola – não estão sabendo cumprir bem seu papel. É a falência da autoridade dos pais em casa, do professor em sala de aula, do orientador na escola. Dentro da família, os pais são os maiores responsáveis pelos seus filhos e sempre respondem por seus herdeiros, pelo menos até atingirem a maioridade. Todavia, no período anterior à maioridade, os filhos já passam por diversas experiências e responsabilidades, principalmente no período escolar. Neste período, a participação constante dos pais e o acompanhamento intensivo do ensino de seu filho são imprescindíveis para que a educação atinja os objetivos. A família e a escola têm um papel muito importante no desenvolvimento mental, psicomotor, social e afetivo do ser humano. Se a criança recebe uma boa educação obviamente será bem sucedida e vai servir de apoio à sua criatividade e ao seu comportamento produtivo quando adulto, nesse contexto a família é a influência mais poderosa para o desenvolvimento da personalidade e do caráter do cidadão. Cabe aos pais perante a instituição escolar seguir algumas funções para que venha favorecer o aprendizado de seu filho, se de fato querem que seus filhos se tornem um bom estudante e futuramente um cidadão produtivo: - Prestar a colaboração que lhes for exigida por parte dos professores para tornar mais coerente e eficaz a atuação escolar, tanto no campo acadêmico estrito como no mais amplo das atitudes e dos hábitos de comportamento que pretende fomentar como parte do projeto educacional da escola. - Manter contatos periódicos com os professores para ter conhecimento constante do processo educativo realizado na escola. - Manifestar interesse pelas atividades que os filhos realizam na escola, como expressão de sua preocupação pela atuação da instituição e de seu apoio a ela. Dando a devida importância à escola e essa “assistência”, os pais não estarão contribuindo apenas para um bom desempenho do professor em seu trabalho, como também demonstrarão aos filhos, que têm interesse na vida escolar e que dão valor no conhecimento e novas habilidades que desenvolve. Esses fatores trarão muitos benefícios a todas as pessoas envolvidas no sistema escolar. A participação da família, dos pais pode ser ainda maior, pois existem Conselhos de classe, Associação de Pais e Mestres e muitos outros projetos, eventos, festas e atividades em que os pais podem estar inseridos. Os pais precisam dar o suporte necessário para que a escola possa fazer a sua parte e deixar a sociedade, de uma maneira geral, satisfeita com os resultados obtidos com essa parceria.


CAPÍTULO 2

ESCOLA – INSTITUIÇÃO NECESSÁRIA PARA TRANSFORMAÇÃO

Mais do que as famílias a escola tem buscado dialogar, aproximar, criar vínculos das pessoas entre si e delas com a escola. Os encontros nos finais de semana acabam incorporando um tom de informalidade que ajuda as pessoas a redefinirem no trabalho cotidiano os papéis rigidamente definidos pela burocracia do sistema. Pode-se dizer que, até o fim da Segunda Guerra, predominou no cenário brasileiro e mundial um modelo de escola de tendência aristocrática caracterizado pela dificuldade de acesso e de trajeto em seu interior. Portanto um modelo fechado e, em muitos aspectos, semelhante aos hospícios e presídios, principais modelos totais de enquadramento das pessoas a um modelo de sociedade. No início dos anos 50, a escola de educação básica foi sacudida por demandas antes não presentes com tão grande intensidade, a escola passa a ser democratizada. A escola até então reservada a uma elite, tem de abrir a todos os interessados porque o acesso à escola passou a ser o primeiro indicador de uma sociedade democrática. 17 Muitos autores se mostram preocupados e aborda a questão da gestão democrática como solução para todos os problemas do atual sistema de ensino. Acredita-se que a escola é um caminho, mas não o fim, que de nada adianta saber o que fazer, sem saber, o como fazer. A participação da comunidade escolar deve ser ativa nas ações, mas não podemos transformar os meios em objetivos. Todos desejam uma escola mais democrática e participativa que prepare os alunos para a cidadania e isso pode ser construído pelos que dirigem a escola e por toda a comunidade escolar.
Libâneo, 2000, p. 7-13 afirma que: [...] Os educadores são unânimes em reconhecer o impacto das atuais transformações econômicas, políticas, sociais e culturais na educação e no ensino, levando a uma reavaliação do papel da escola e dos professores. Entretanto, por mais que a escola básica seja afetada nas suas funções, na sua estrutura organizacional, nos seus conteúdos e métodos, ela mantém-se como instituição necessária à democratização da sociedade [...] Percebemos que a escola e seus responsáveis estão interessados na formação cultural e científica para a vida pessoal, profissional e cidadã, possibilitando uma relação autônoma, crítica e construtiva com a cultura em suas varias manifestações, como o fortalecimento da sociedade civil, das entidades, das organizações e movimentos sociais.
Libâneo (2000 pág. 9) Diz que: “Não dizemos mais que a escola é a mola das transformações sociais. Não é, sozinha. As tarefas de construção de uma democracia econômica e política pertencem a várias esferas de atuação da sociedade, e a escola é apenas uma delas. Mas a escola tem um papel insubstituível quando se trata de preparação das novas gerações para enfrentamento das exigências postas pela sociedade moderna ou pós-industrial, como dizem outros. Por sua vez, o fortalecimento das lutas sociais, a conquista da cidadania, dependem de ampliar, cada vez mais, o número de pessoas que possam participar das decisões primordiais que dizem respeito aos seus interesses. A escola tem, pois, o compromisso de reduzir a distância entre a ciência cada vez mais complexa e a cultura de base produzida no cotidiano, e a provida pela escolarização. Junto a isso tem, também, o compromisso de ajudar os alunos a tornarem-se sujeitos pensantes, capazes de construir elementos categorias de compreensão e apropriação crítica da realidade. Diante de tais exigências a escola mais do que nunca deverá está preparada para fazer a diferença buscando uma educação que valorize o conhecimento do aluno, fortalecendo uma melhor relação entre o processo ensino aprendizagem em que diretores, equipe pedagógica, professores, funcionários, alunos e pais devem estar envolvidos, oferecendo serviços de qualidade. Os objetivos da instituição podem ser esses, mas será necessário explicitar que essa escola não busca alcançar prioritariamente objetivos cognitivos. Embora essas formas de ver a organização escolar possuam méritos, quando acentuam ora os aspectos técnicos e gerenciais, ora os participativos, ora os sociais e culturais, elas tendem a confundir objetivos e meios democráticos e participativos, são meios, não fins. Na educação, a escola sempre teve um papel fundamental, e hoje, além da função de ensinar para a cidadania e para o trabalho, tem também que passar os valores fundamentais para a vida do indivíduo, sendo que esse papel também deveria ser de comprometimento familiar. Com o tempo, foram sendo atribuídas mais funções às escolas, Atualmente, as práticas educativas podem ser definidas como o conjunto de atividades sociais por meio das quais os grupos humanos ajudam seus membros a assimilar a experiência organizada culturalmente e a se transformar em agentes de criação cultural. Desempenham um papel fundamental na definição dos caminhos do desenvolvimento individual, promovendo-o, orientando-o e dando-lhe conteúdo. O desenvolvimento escolar recebe grande influência da sociedade, mas nem sempre participa e dá suporte à educação, o que torna muito difícil a qualidade da educação. É relevante que a sociedade dê subsídios à escola e que esta tenha o total apoio e participação da família do educando. As transformações que estão ocorrendo dentro dos valores da família e da sociedade fazem com que a escola perca o controle sobre a maneira adequada que se deve educar, sendo que muitos fatores estão influenciando na educação, e fazendo com que o trabalho da escola torne-se mais complexo ainda e a sociedade passando-lhe atribuições que antes eram de competência familiar. Com todas essas mudanças, fica difícil chegar num acordo da função escolar. Ensinar educando ou educar ensinando? Diante desses fatos a escola vem sofrendo cada vez mais influências e cobranças da sociedade, a qual nem sempre auxilia para o bom desenvolvimento escolar da criança.


2.1 A RELAÇÃO FAMÍLIA E ESCOLA

Atualmente, a relação família escola tem sido alvo de discussões de teóricos da educação e, também, dos diversos segmentos da sociedade, que apostam nessa relação, como um dos fatores que deverão garantir o sucesso dos alunos em suas trajetórias escolares. Geralmente, os professores reconhecem que a participação da família no acompanhamento dos seus filhos/tutelados em suas vidas escolares é extremamente importante para o bom desempenho dos alunos. Não obstante, quase sempre, essa expectativa em relação à família transforma-se em acusação, delegando aos pais/responsáveis total responsabilidade pelo mau desempenho do discente na escola. Complica-se tal situação quando os alunos são oriundos de famílias de classes populares – entre as quais se encontram os maiores percentuais de vítimas do chamado fracasso escolares – visto que, em sua maioria, não se enquadram no modelo de família considerado parâmetro pelos professores: o nuclear, composto de mãe, pai e filho ou filhos residentes num mesmo domicílio, o que, na demografia, denomina-se de grupo doméstico. Sem considerar a dinâmica das famílias de classes populares – como se constituem, organizam-se, como vivem com os parcos recursos econômicos provenientes de uma má e desigual distribuição de renda – os profissionais da educação acreditam, de modo geral, que existem, entre outras questões, duas fortes razões que levam os alunos a um mau rendimento escolar: a primeira, é porque as famílias encontram-se “desestruturadas”; e a segunda, deve-se ao fato de seus genitores/responsáveis não se envolverem, de forma comprometida com a vida escolar de seus filhos. É frequente ouvir de professores (as): “Os pais não se interessam pela vida escolar de seus filhos, por isso, não os acompanham nas atividades escolares, não comparecem às reuniões e nem procuram saber como estão no processo de aprendizagem na escola”. Não se pode refletir sobre esta problemática, de forma reducionista. É preciso saber, também, o que os pais/mães de famílias e/ou responsáveis pelas crianças têm a dizer sobre sua aparente falta de compromisso com o acompanhamento dos respectivos filhos na escola.
 Assim, algumas questões devem ser consideradas para o melhor entendimento dessa relação conflituosa: Quais os motivos que levam os pais/mães ou responsáveis a não atenderem às solicitações da escola? Que cuidados os pais/mães ou responsáveis tomam em relação à educação dos seus filhos no cotidiano e, mais especificamente, nas suas vidas escolares? Eles concordam com o que as professoras e professores afirmam sobre o rendimento escolar de seus filhos ou tutelados? Teriam os pais/ mães ou responsáveis condições efetivas de orientar as atividades de seus filhos? Em suas condições materiais de existência, teriam os pais/mães ou responsáveis tempo para acompanhá-los nas atividades escolares e comparecer às reuniões da escola? A análise minuciosa das dificuldades de aprendizagem dos alunos, em suas múltiplas dimensões, irá demonstrar que a situação de aprendizagem escolar é complexa e não se esgota peremptoriamente com a acusação de que os pais/responsáveis não cumprem o seu papel. É preciso considerar, portanto, os diversos elementos que poderão ajudar na explicação de tal fenômeno. Mesmo atentando para a situação num contexto mais abrangente, é preciso ter consciência de que todas as análises apenas se aproximarão da complexidade da realidade de forma parcial, não exaurindo, portanto, as possibilidades de ampliação e compreensão da relação que se estabelece entre a família e a escola. A compreensão dessa relação deve considerar onde se processa a dinâmica dessa relação. Por isso requer uma análise a partir das diversas tipologias familiares encontradas na rede pública de ensino, através da qual pode ser verificada uma grande incidência de alunos das classes populares que são, segundo os professores e professoras, desassistidos pelas famílias, em relação ao processo educacional que vivenciam na escola. São diversas as tipologias familiares encontradas nas redes municipal e estadual de ensino. Dentre essas tipologias, podemos citar algumas: nucleares (pai, mãe, filho ou filhos), reconstituídas (casais separados que contraem novas núpcias, muitas vezes juntando filhos do casal anterior e gerando outros), monoparentais (chefiadas por mulheres ou homens), casais gays que vêm reivindicando o direito de constituir uma família do tipo nuclear (pai e pai ou mãe e mãe), com filhos adotivos ou naturais, entre outras. Essa multiplicidade de tipologias familiares vem sendo diluída, pelo menos no que se refere às intenções da escola, num único modelo – a família nuclear.
Entendemos que as soluções para os problemas devidos ao encontro escola e família poderão ocorrer quando as problemáticas vivenciadas por essas duas instituições forem devidamente elucidadas ou, pelo menos, compreendidas. Pretendemos, portanto, no presente trabalho, cujo título é: Escola e família: um encontro de relações conflituosas, refletir sobre a origem dos conflitos existentes entre a escola e a família e que influência têm os conceitos que os professores constroem sobre família, na relação entre essas duas instituições. A problemática em foco tem nos inquietado em nossa trajetória de professor e, principalmente, nos últimos cinco anos, nos quais temos nos dedicado ao trabalho realizado num Curso de Licenciatura em Ensino Fundamental, da Universidade Estadual de Feira de Santana, que atende a professoras e professores da rede pública de ensino (estadual e municipal), cujas práticas docentes se realizam nas séries iniciais do ensino fundamental. A convivência estabelecida desde o ano 2000, com professoras(es) em formação e ao mesmo tempo em exercício no magistério, tem nos enriquecido, possibilitando-nos uma aproximação razoável das questões vivenciadas por essas(es) professoras(es) do ensino fundamental, das séries iniciais, que, no geral, têm atribuído as responsabilidades do insucesso escolar, entre outros motivos, às famílias dos seus alunos. O presente texto, conforme já afirmamos, é resultante de um projeto, de nossa autoria desenvolvida em parceria com outros colegas docentes ligados à Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) e à Universidade do Estado da Bahia (UNEB), intitulado: Transformações das Famílias e Processo de Socialização: a dinâmica das relações educativas nas famílias recompostas. No momento em que a educação brasileira tem tomado novos rumos, sobretudo, a partir da busca de aprofundamento da relação entre família e escola, acredita-se que a reflexão aqui proposta poderá contribuir, significativamente, na indicação de pistas e caminhos para a construção de uma educação mais eficaz, na qual, tanto a família quanto a escola deverão ter uma maior clareza de seus papéis, em relação à formação de cidadãos mais atuantes e mais capazes de transformar a realidade na qual estão inseridos. Através da leitura dos vários autores que vêm pesquisando sobre temas que tratam da relação entre escola e família: D’Ávila (1998), Cunha (2000), Marini (2000) entre outros, percebe-se que existem muitas lacunas a serem preenchidas nesse campo de investigação, entre as quais, detectamos a ausência de trabalhos que se preocupem com a forma como os professores estabelecem relações com as famílias de seus alunos, a partir dos conceitos que constroem ou carregam no seu imaginário, sobre o que é família. Assim, com a finalidade de contribuir com elementos que ajudem no preenchimento dessas lacunas, buscaremos refletir sobre a seguinte questão: Qual a origem dos conflitos existentes entre a escola e a família e que influência têm os conceitos que os professores constroem sobre família, na relação entre essas duas instituições.

2.2 A RELAÇÃO EXISTENTE ENTRE A FAMÍLIA E A TRAJETÓRIA ESCOLAR DAS CRIANÇAS

Neste capítulo, abordaremos a importância da família em acompanhar o desenvolvimento escolar da criança e como o docente pode ajudar nesta relação. Como vimos anteriormente, as formações familiares mudaram com o passar do tempo e nos dias atuais não é mais considerado família somente aquele modelo nuclear com pai, mãe e filhos. Também observamos que a importância referente à participação da família no âmbito escolar, se constitui como um fator primordial para o sucesso da criança e a efetivação da escola em ensinar os conhecimentos produzidos historicamente pela humanidade. Assim, se os familiares demonstram se importar com o bom rendimento escolar dos seus filhos, se fazendo presente e auxiliando no processo de aquisição de conhecimentos, a trajetória escolar poderá ter novo significado. A importância dos pais na vida escolar dos filhos É importante destacar que quando nos referimos ao termo “pais”, estamos falando de todos os responsáveis pelas crianças, seja pais naturais e biológicos ou pais adotivos, assim como, todos aqueles responsáveis que se enquadram nas novas formações familiares que se apresentam no contexto da sociedade em que vivemos e que foram abordados no capítulo anterior. Assim sendo, observamos que as escolas e instituições educacionais, por sua vez, também necessitam estar “abertas” a estas novas formações familiares para que a relação escola família se estabeleça, ou seja, uma boa relação, onde o respeito e o não preconceito estejam sempre presentes, para que os estudantes e futuros cidadãos sejam acompanhados e orientados na sua formação. Haja vista que, uma relação entre duas instituições tão importantes como a escolar e a familiar não pode ser estabelecida na forma de autoritarismo em que somente uma das partes está sempre certa e/ou fechada para qualquer diálogo.
Segundo a autora Zagury (2002), em sua obra “Escola sem conflito: parceria com os pais”, as relações entre pais e escola sofreram e sofrem transformações com o passar dos tempos. Portanto, de acordo com a autora: Durante cerca de dois séculos, a família e a escola viveram uma verdadeira lua de mel. O que a escola pensava era o que os pais pensavam. O que a escola determinava ou afirmava, fosse em termos de tarefas, atribuições e até mesmo de sanções, era endossado e confirmado pela família. (ZAGURY, 2002, p.11).
Assim, mesmo que houvesse desigualdade nas relações de poder entre professores, diretores e alunos, devido ao sistema “bancário” de ensino em que os educadores sempre eram o centro do saber e os alunos depósitos de conhecimento, os pais sempre endossavam as atitudes provenientes dos professores e da escola em geral, sem questionamentos. Com a entrada da mulher no mercado de trabalho, a delegação da educação dos filhos a terceiros e a perda de autoridade do adulto perante a criança (KRAMER, 2000), a relação entre escola e família sofreu abalos. Por não dar conta de toda a demanda advinda de uma educação que seria responsabilidade dos pais, muitas vezes a escola culpabiliza a família pelo fracasso, insucesso e indisciplina do aluno. Por outro lado, por cobrar da escola maior comprometimento na educação, pais culpabilizam escolas, professores e diretores pelos acontecimentos indesejados com seus filhos. Assim, mesmo com objetivos comuns, nos dias atuais a relação família escola tem enfrentado diversos confrontos e até a perda da confiança que outrora existiu em relação ao seu trabalho e importância. Isso ocorre principalmente, por vários motivos distintos, ou seja, em relação à família, podemos identificar dois extremos: um é aquela família que discorda de tudo, pois desconfia de professores e profissionais da educação em quase tudo e outro aspecto é aquela família totalmente ausente, a qual atribui à escola de forma integral a responsabilidade da educação dos filhos. Com relação à escola o assoberbamento de funções e atribuições, muitas vezes em variadas instituições de ensino que muitos professores têm nos dias de hoje, além de uma formação docente precária, que deixa muito a desejar em diversas áreas do conhecimento, colabora para que os pais, hoje mais letrados, passem a desconfiar da escola e do ensino que a mesma oferece. (ZAGURY, 2002).
Além de muitos outros fatores que podem contribuir para prejudicar a relação família/escola, os quais não vamos citá-los, pois o nosso objetivo não é nos deter nas causas do confronto e sim discutir a importância desta relação na vida das nossas crianças e como enfrentar sem preconceitos mútuos qualquer dos problemas que possa inviabilizar esta relação. Já que, Se as duas maiores agências educacionais encontram-se em campos opostos, dicotomizados, o perigo de novas gerações ficarem no meio de uma disputa sem o menor sentido é real. E mais: é sério. Urge, portanto, [...] que nossos filhos lucrem com esta visão esclarecida e tranquila, que é como deve ser o olhar dos pais sobre a escola: um olhar que desvele uma parceria necessária. (ZAGURY, 2002, p.16). Sendo que, “[...] educação é a permissão para o que se pode e o que não se pode fazer” (MARTINS, 2007, p.79). Assim, como determinar estas regras e quem determina as mesmas, se baseia na discussão sobre quais conceitos culturais, psicológicos e familiares estão sendo colocados numa sociedade em que segundo o pediatra José Martins Filho, a criança está cada vez mais terceirizada. Já que, vivemos numa sociedade que tende a perpetuar muito mais o ter do que o ser e onde em muitos casos a mulher é o chefe da família e mesmo que ela queira, a necessidade de manter as provisões necessárias para a própria subsistência, a coloca o dia todo longe de seus filhos, que se pertencem a classe média ou alta, muitas vezes são sobrecarregados de atividades como: ir à escola de inglês, tênis, judô, futebol, e outras tantas atividades que os ocupem o dia todo. E se pertencem a classes economicamente desfavorecidas, o problema pode se agravar, pois em muitos casos, as crianças ficam em total abandono ou nas ruas, entregues a própria sorte. Assim, ocorre também “[...] a terceirização da educação, conferida às escolas que, por sua vez, não querem essa função e nem sempre estão preparadas para exercê-la”. (MARTINS, 2007, p.92). Numa sociedade que não podemos dizer se é patriarcal ou matriarcal e que o que prevalece é uma ausência de definição de papéis, de quem vai assumir o que em relação à família ou aos filhos, e que, segundo o psicanalista e professor Raymundo de Lima ( MARTINS, 2007), é culpa da sociedade capitalista que vivemos hoje, quando afirma que: “A sociedade capitalista corroeu, por um lado, a autoridade do pai e por outro lado, sequestrou a mãe para o trabalho, impedindo-a de dar o necessário colo ao filho”. (MARTINS, 2007, p.95). Esta visão da sociedade pode explicar as causas da difícil relação escola família, no entanto, não se pode esperar que a escola seja a única responsável por toda a educação de uma criança, pois toda escola tem como “[...] especificidade, a obrigação de ensinar bem conteúdos específicos de áreas do saber, escolhidos como sendo fundamentais para a instrução de novas gerações”. (SZYMANSKI, 2010, p.99). E que por sua vez, devem ser ministrado com responsabilidade, respeito e confiança, pelos professores. O que é diferente de carinho maternal, acolhimento e acompanhamento, o qual deve ser dado pelas famílias. Seja ela pertencente a qual formação contemporânea for, ou tenha menos ou mais tempo disponível para exercê-la. Sendo que, “[...] não repetiremos suficientemente jamais que sem uma estreita colaboração entre os professores e pais as aprendizagens não se darão facilmente para todos”. (CHARMEUX, 2000, p.114).
Assim, pais e professores são partes complementares do sistema educativo, e desta forma não podem ser divergentes, conflitantes ou então trabalharem de forma isolada. Nesse sentido, os pais interagindo com a escola e com os professores auxiliam seus filhos na elaboração de suas aprendizagens, não fazendo o papel dos professores sendo meros repetidores do trabalho escolar, mas sim colaborando para que a educação escolar possa ter continuidade no espaço familiar. Já a escola necessita ser uma instituição responsável pelo ensino dos conhecimentos, atentando-se para o fato de que a constituição da subjetividade da criança se faz tanto na interação com a família quanto na interação com a escola. Portanto, a relação que une os pais à escola não pode ser de concorrência, mas também não pode ser de dependência, ou seja, o professor não pode substituir os pais, desempenhando o seu papel e em contrapartida os pais não devem assumir o que é de responsabilidade da escola, mas sim auxiliar naquilo que se refere a continuidade da aprendizagem escolar no espaço familiar, já que a função dos pais é essencial e insubstituível, mesmo antes da escola e independente desta. De acordo com Szymanski (2010, p.99) “[...] as famílias têm de dar acolhimento a seus filhos: um ambiente estável, provedor, amoroso”. E também ser um exemplo de superação das dificuldades, no sentido de orientar os filhos para as vivências que terão fora de casa, sem violência, mas sim considerando o diálogo como forma de educação. No entanto, sabemos que muitas famílias não conseguem fazer isso devido a questões pessoais, sociais e até por questões econômicas, pois a miséria é cruel e traz com ela muitos empecilhos para que as famílias possam ter o equilíbrio necessário para apoiar seus filhos. Para isso existem muitos serviços de atenção às famílias carentes, como o CRAS (Centro de Referência em Assistência Social), em muitos municípios e serviços de saúde que em muito podem ajudar as famílias com dificuldades. (SZYMANSKI, 2010). Entretanto, sabemos que muitos pais, principalmente os pertencentes à classe economicamente e culturalmente desfavorecida enfrentam dificuldades para buscar estas instituições que oferecem ajuda em virtude de seu baixo nível de instrução e escolaridade. Assim, os conflitos entre famílias e escolas podem advir das diferenças de classes sociais, valores, crenças, hábitos de interação e comunicação subjacentes aos modelos educativos. Tanto crianças como pais podem comportar-se segundo modelos que não são os da escola. (SZYMANSKI, 2010, p.103).
Porém, as relações familiares dos alunos provenientes das classes socialmente favorecidas também podem apresentar problemas, pois muitas vezes os pais se ausentam de suas responsabilidades, compensando-as pelo excesso de presentes e bens materiais. Nesse sentido, a escola precisa buscar mudar o olhar em relação aos alunos, provenientes de famílias `desestruturadas e ao invés de simplesmente rotulá-los de forma preconceituosa, a mesma deve buscar encontros que resultem em busca de novos caminhos e soluções. (SZYMANSKI, 2010). E o papel dos pais na aquisição da leitura e da escrita como já dissemos anteriormente, é de suma importância que haja a participação da família no contexto escolar dos filhos, de forma complementar ao trabalho realizado na escola. Um trabalho conjunto, em que a participação dos pais é essencial e insubstituível. No entanto, esta participação dos pais no processo de aprendizado de seus filhos, se dá muito antes da criança entrar na escola. Sendo que, o meio que cerca esta criança influenciará diretamente no seu aprendizado na escola, pois no que concerne ao aprendizado da leitura, por exemplo, a criança terá um maior interesse em aprender a ler, se em seu meio familiar a mesma está acostumada a ver seus pais lendo e se estes momentos de leitura estiverem relacionados com lembranças de prazer e situações de vida cotidiana, ou seja, “[...] a maneira através da qual a “coisa escrita” é recebida em casa determina em grande parte o modo pelo qual a criança vai recebê-la. (CHARMEUX, 2000, p.115).
Porém, é a escola que tem a função de ensinar as crianças a ler e a escrever, adensando os conhecimentos que trazem de suas experiências familiares com a leitura. Assim, podemos dizer que a presença de amostras escritas em casa e a variedade de materiais escritos já é o início da ajuda que os pais podem oferecer a seus filhos. A diversidade de situações em que é demonstrada à criança a funcionalidade da escrita, em que os filhos vêm seus pais fazerem uso da escrita em diversas tarefas como: a escrita de uma receita culinária, a leitura de uma receita que será feita conjuntamente com a criança, a leitura das instruções de como utilizar um produto de limpeza ou a validade de um alimento, as placas indicativas de um caminho e até manuais explicativos que acompanham diversas 33 máquinas que adquirimos como eletrodomésticos, são situações constitutivas da aprendizagem das crianças e que favorecem o trabalho do professor em sala de aula. Portanto, nesses momentos tão comuns da vida de qualquer pessoa, se encontram preciosos momentos dos pais demonstrarem as várias funções da escrita e da leitura e com isso despertarem a curiosidade da criança em querer também aprender. Há tempos “[...] os especialistas insistem na necessidade de ler livros às crianças bem cedo” (CHARMEUX, 2000, p.118). Estes momentos de leitura devem estar relacionados com momentos de prazer. Ao ouvir diversas histórias que podem também proporcionar momentos de conversação, troca de confidências, finais alternativos e improvisados, a ponto da criança ter o desejo de ela própria se dar este prazer, aprendendo a ler, é um caminho interessante para que a criança desde cedo perceba a função social da escrita. Um exercício válido que pode ser feito pelos pais é o enriquecimento de um filme com a confrontação do livro que o originou. Esta atividade é uma forma de se demonstrar a criança que uma mesma história pode ser reescrita com mais de uma adaptação e um ponto de vista. Assim, futuramente pode ser que a criança não vá enfrentar dificuldades em reescrever histórias ou falar das diferenças pessoais que cada versão de uma mesma história pode apresentar. “Ter lembranças que associem prazer e cultura na mais tenra idade significa uma possibilidade maior de sucesso escolar”. (CHARMEUX, 2000, p.119). Outra possibilidade está em tornar momentos familiares em momentos de prazer e descoberta relacionados à leitura, indo visitar bibliotecas, livrarias, bancas de jornal e revistas etc. Já que, [...] ensinar as crianças, assim, a alimentar suas opiniões de leituras, e de leituras diferentes, ensiná-las a nunca se contentar com uma única visão dos problemas, uma única abordagem das questões. Trata-se de formar o espírito na busca incansável da informação, na desconfiança em relação às evidências, na busca de opiniões diferentes para formar uma idéia das coisas; de fazer a criança desprezar o que é apressado, dogmático, mais ou menos os lugares-comuns, as afirmações sem provas, os princípios absolutos. [...] Ter “o espírito livre” implica tudo isso. (CHARMEUX, 2000, p.122). O conhecimento e a boa relação com os livros geram inclusive a preservação do mesmo, quando utilizado em comum com outros principalmente, já que se o mesmo lhe dá prazer à tendência é não estragá-lo, respeitando o seu valor e importância. Quanto à ajuda que os pais podem oferecer aos filhos que já frequentam a escola, podemos dizer que interessar-se por ela já é um bom começo. No entanto, interessar não quer dizer vigiar. Já que vigiar está relacionado diretamente com desconfianças e com ameaças.  Ajudar uma criança no trabalho escolar, instruindo, fornecendo pistas e prestando atenção em seus avanços e retrocessos pode se configurar numa boa relação com a escola, com o conhecimento e com aquilo que a professora ensina em sala de aula. Na verdade, a criança tem necessidade de que a tranqüilizemos, de que lhe provemos que ela tem os meios de fazer o que lhe é proposto, de que lhe provemos que ela fez bem o que o professor lhe pediu para fazer, não de que lhe compliquemos a vida já bastante complicada. (CHARMEUX, 2000, p.127). Além disso, quando os pais se aproximam da escola e do professor, acompanhando diariamente os cadernos e as anotações de seus filhos, a parceria com a escola tende a dar certo. Participar de eventos, festas e exposições que a escola elabora também é uma atitude interessante, pois é inteiramente necessário para o equilíbrio e o sucesso da criança que as “[...] duas partes educativas encarregadas de seu futuro trabalhem em colaboração”. (CHARMEUX, 2000, p. 126). De forma que, cada parte responsável pela criança, ou seja, família e escola busquem juntas as soluções necessárias para que a trajetória escolar da criança seja tranquila e enriquecedora. Nesse sentido, é interessante que a escola na parceira com a família mostre a importância da aprendizagem dos conhecimentos do mundo pela criança para que, mesmo os pais que por várias situações de vida não tiveram a oportunidade de estudar, tenham a visão da importância que os estudos podem fazer por seus filhos, até para interromper muitas vezes um círculo vicioso, o qual afasta a criança da escola e perpetua o analfabetismo no nosso país.


CAPÍTULO 3

 REFLETINDO SOBRE A FAMÍLIA E SUA HISTORICIDADE

A ideia de que tudo quanto existe na sociedade resulta de elementos naturalmente dados está presente no imaginário social, desconsiderando, portanto, a dinâmica histórica, fazendo parecer que as transformações da estrutura social não podem se realizar por via da luta dos sujeitos históricos, e sim através do velho lema “ordem e progresso”, defendido pelo positivismo clássico. Tal posição pode ser considerada, em primeiro lugar, como resultante de uma certa ingenuidade, no caso do senso comum; e em segundo lugar, poderá ser vista como mecanismo ideológico, que tem como intenção deliberada a manutenção do status quo da sociedade, ou seja, interessa a quem está no poder que as pessoas menos avisadas pensem que desde “o início as coisas sempre foram assim” e não poderão mudar.
Neste contexto, as instituições sociais configuram-se, aparentemente, como imutáveis, ingeridas e, portanto, eternas. Entidades que parecem ser inalteráveis no transcorrer do tempo. Assim, a família ocidental, instituição que vem sofrendo profundas transformações e conotações, a depender da formação social e do contexto histórico, parece ter uma única definição. Aquela ligada ao sentido de núcleo: família nuclear formada por pai, mãe e seu respectivo filho ou filhos, residentes num mesmo domicílio. Tal concepção mascara, ignora ou esconde outros arranjos familiares que vêm sendo forjados no decurso da história da humanidade, além de levar a uma tendência à naturalização, como afirma Bruschini (1993, p. 50): A tendência à naturalização da família, tanto no nível do senso comum quanto da própria reflexão científica, que leva à identificação do grupo conjugal como forma básica e elementar de toda família e à percepção do parentesco e da divisão de papéis como fenômenos naturais, criou, durante muito tempo, obstáculos de difícil transposição para sua análise. Felizmente, alguns estudos vêm buscando romper com a concepção de naturalização da família.
Para Ariés (1981), o modelo de família nuclear, como socializador das crianças, só passou a ser constituído a partir do século XVIII, o que rompe com o mito de que a instituição familiar nuclear é algo que sempre existiu na sociedade ocidental. Para explicar a sua afirmação, Ariès (1981, p. 226) lança mão do modelo de família vivido na Inglaterra do século XV, como se pode ver a seguir: A falta de afeição dos ingleses manifesta-se particularmente em sua atitude com relação às suas crianças. Após conservá-las em casa até a idade de sete ou nove anos (em nossos autores antigos, sete anos era a idade em que os meninos deixavam as mulheres para ingressar na escola ou no mundo dos adultos), eles as colocam, tanto os meninos como as meninas, nas casas de outras pessoas, para aí fazerem o serviço pesado, e as crianças aí permanecem por um período de sete a nove anos (portanto, até entre cerca de 13 e 18 anos). Ariès (1981) ressalta, também, que até a metade do século XV, as representações de família e de infância eram ausentes na cotidianidade. A criança era vista como um “adulto em miniatura”, havendo um único mundo, para adultos e para crianças, sendo a aprendizagem processada através da interação direta. No Brasil, pelo menos a partir da colonização portuguesa no Século XVI, a família constitui-se através de um caráter patriarcal e escravocrata, cujas características principais constituíam-se no encontro não tão amistoso das três principais raças (etnias): indígena, negra e branca, com seus costumes e contradições, conforme é esclarecido num trecho do livro Casa Grande e Senzala, de Gilberto Freyre (1933, p. 369): Primeiramente eu estou persuadido, escrevia em 1837 no seu jornal O Carapuceiro o padre-mestre Miguel do Sacramento Lopes Gama, ‘que escravaria que desgraçadamente se introduziu entre nós, é a causa primordial da nossa péssima educação e em verdade quais os nossos primeiros mestres? São sem dúvida a africana, que nos amamentou, que nos pensou, e nos subministrou as primeiras noções, e quantos escravos existiam na casa paterna em a tudo nos inocula essa gente safara, e brutal, que à rusticidade da selvageria une a indolência, o despejo, o servilismo próprio da escravidão.
 Em outra passagem, Freyre (1933, p. 371) continua a descrição da vida cotidiana da família patriarcal: À mesa patriarcal das casas-grandes sentavam-se como se fossem da família numerosos mulatinhos. Crias. Malungos. Moleques de estimação. Alguns saíam de carro com os senhores, acompanhando-os aos passeios como se fossem filhos.[E às vezes o eram mesmo] [...]. Quantas mães pretas, referem as tradições o lugar verdadeiramente de honra que ficavam ocupando no seio das famílias patriarcais. Alforriadas, arredondavam-se quase sempre em pretalhonas enormes. Eis alguns traços da origem da família brasileira, que não se constituíram como únicos, mas, pelo menos como integrantes de um modelo hegemônico, visto que essas raízes impregnaram, e muito, a formação dessa família. Contudo, como qualquer instituição social, a família brasileira foi se modificando com o passar do tempo. Tornando-se uma categoria bastante heterogênea, no que tange a sua composição.
Conforme nos esclarece Bruschini (1993, p.76): As famílias foram conceituadas como unidades de reprodução social, incluindo a reprodução biológica, a produção de valores de uso e consumo -, inseridas em determinado ponto da estrutura social, definido a partir da inserção de seus provedores na produção. Foram definidas também como unidades de relações sociais, no interior das quais os hábitos, valores e padrões de comportamento são transmitidos a seus novos membros, configurando assim unidades de socialização e de reprodução ideológica. São espaços de convivência nos quais se dá a troca de informações entre os membros e onde decisões coletivas a respeito do consumo, do lazer e de outros itens são tomadas. Nesse sentido, são também unidades nas quais os indivíduos maduros se ressocializem a cada momento, revendo e rediscutindo seus valores e comportamentos na dinâmica do cotidiano [...]. É também um grupo social composto de indivíduos diferenciados por sexo e por idade, que se relacionam cotidianamente, gerando uma complexa e dinâmica trama de emoções [...].
Bruschini (1993) chama a atenção sobre o conceito de família, que, segundo ela, não cabe apenas numa forma simplista de definição, por isso opta, como se vê, por buscar formular um conceito das diversas formas de ser da família, com suas complexidades e contradições inerentes à sociedade atual. Até pouco tempo, conceituava-se família utilizando-se como parâmetro o modelo dominante: nuclear e burguês, mas outros conceitos foram surgindo conforme vimos, posto que, numa determinada sociedade os modelos de família não são e nem podem ser homogêneos. A esse respeito, Fonseca (1989) afirma ser a ideologia liberal como um dos elementos responsáveis pelo desenvolvimento da família, que traz em seu seio a imagem de infância despreocupada, como fase privilegiada da vida, durante a qual adultos, por amor materno ou paterno, e não por interesse pessoal, assumem a responsabilidade pelo sustento e educação das crianças.
Macedo (2001, p.37) é da opinião que: Temos uma representação social comum do que é uma família e desta como condição não apenas para a produção mas para a reprodução dos seres humanos – o que implica a formação de uma ideia acerca de um ambiente harmônico, repleto das condições ‘ideais’ ao desenvolvimento de seres saudáveis e equilibrados. No entanto, este é um modelo familiar que pouco tem a ver com a realidade vivenciada pela maior parte da população. Assim, a família de classes populares cria uma dinâmica social peculiar, cujas práticas são bem diferentes da lógica difundida pelo modelo dominante.
Segundo Fonseca (1989), as mães de classes populares, tendo que trabalhar fora para ajudar no sustento da família, raramente tinham a oportunidade de se dedicar inteiramente aos seus filhos. Além disso, havia uma fluidez dos limites da unidade doméstica, com extensa rede de parentesco, instabilidade conjugal e a circulação de crianças em famílias adotivas (visando seu sustento, ao mesmo tempo em que prestava e aprendia serviços domésticos). Com isto, nas primeiras duas décadas do século XX, diferentemente do que acontecia no seio das famílias abastadas, as condições socioeconômicas da população trabalhadora dificultaram a formação de uma família nuclear como unidade doméstica, considerada como principal grupo socializador de crianças. Atualmente, as condições de vida dos grupos populares continuam não facilitando o estabelecimento de uma família nuclear, estável e íntima, tal como está impregnado na mentalidade e no ideal das classes dominantes, e até mesmo no imaginário das classes populares, o que faz com que aquele modelo de família nuclear apresente-se como entidade natural, e que deve ser colocado como o único possível. Tal postura, tão praticada, nega elementos importantes das identidades históricas de diferentes grupos e suas respectivas organizações familiares. Sendo assim, as noções do “eu” e do “outro”, base das relações sociais (a relação família e escola aqui se insere), encontram-se extremamente limitadas pela ideologia dominante. Esse comportamento ampara-se na justificativa de que existe um padrão de superioridade (modelo de família) que se sobrepõe a outros tantos. Dessa maneira, menosprezam-se os padrões advindos de outros grupos, que são considerados como desviantes, como errados e, em alguns casos, até imorais. Atitudes estas preconceituosas e excludentes.
Preconceitos, na perspectiva de Heller (1992), são juízos permanentes, por meio dos quais os indivíduos são rotulados e estereotipados e têm suas características ignoradas, por não estarem de acordo com a idealização, com o estereótipo atribuído àqueles sujeitos. A maior produtora de preconceitos é, sem dúvidas, a classe dominante, que pretende, com isso, manter a coesão de uma estrutura social, da qual ela mesma se beneficia. Além de querer enquadrar as famílias num único padrão hegemônico, as diversas instituições (religiosas, escolares, entre outras) acabam por ignorar outras estruturas surgidas com o advento das profundas transformações da sociedade brasileira. Isso faz com que, no caso da escola, queira-se homogeneizar os comportamentos dos seus alunos, que são oriundos das mais diversas situações. No meio dessa complexidade social que vem sofrendo transformações vertiginosas, configuram-se os vários tipos de famílias, conforme anunciamos anteriormente: nucleares, reconstituídas, mono parentais (chefiadas por mulheres ou homens) e casais gays entre outros modelos emergentes. Essas multiplicidades de tipologias familiares vêm sendo desconsideradas e/ou desprezadas pela escola em favor de um único modelo – a família nuclear.

 3.1 FAMÍLIA IMAGINADA E FAMÍLIA REAL – LOCALIZANDO O CONFLITO

Acreditar que o modelo de família nuclear, concebido pela escola, é o único viável interfere, decisivamente, nas relações dos professores com seus alunos e com os familiares destes, uma vez que esta é uma forma de ser e de estar segundo a ideologia dominante, e não corresponde, necessariamente, às realidades vivenciadas pelas diversas tipologias familiares. É preciso buscar compreender que essas famílias são oriundas de diversas categorias sociais, necessariamente articuladas a um contexto histórico específico. Assim, há que se considerar fatores, como, gênero, classe, raça, dando-se destaque para a questão de gênero, considerando essa categoria, na perspectiva de Scott (1990, p. 14), como a que vem responder a uma necessidade de desnaturalizar a desigualdade entre mulheres e homens, revelando sua dimensão de constructo social, conforme esclarece a clássica definição: gênero é um elemento constitutivo de relações sociais fundadas sobre as diferenças percebidas entre os sexos, e [...] é um primeiro modo de dar significado às relações de poder.
Nesse conceito, Scott (1990) ressalta a importância da percepção e representação das diferenças (da linguagem, dos símbolos, das doutrinas, etc.) e da significação do gênero como campo de articulação de poder. É neste sentido que ressaltamos a importância de se considerar as famílias de classes populares, procurando verificar como essas têm sido percebidas pelos professores – se é que há essa procura de percepção, e a partir dos resultados, procurar entender a luta acirrada vivida atualmente entre a escola e a família. Quanto à contenda entre as duas instituições, Cunha (2000, p. 447) afirma que elas encontram-se em profundo conflito: [...] Se perguntarmos aos pais, possivelmente obteremos uma extensa lista de insatisfações quanto à escola que cuida de seus filhos. Se fizermos a interrogação aos professores, é provável que estes apontem inúmeros aspectos em que as famílias deixam a desejar. No momento, vemos intensificado esse confronto por causa dos inúmeros fatos que compõem o lamentável quadro de violência que atinge as instituições e a todos preocupa. Mesmo diante desse conflito vivido entre escola e família, os pais ainda confiam na escola como instituição que não só deverá instruir seus filhos, como também deverá educá-los. Tal atitude pode suscitar a crença de que a família quer se ausentar de suas responsabilidades. Não obstante, o que pode estar acontecendo é que a falta de interlocução entre a escola e os diversos tipos de composições familiares tem dificultado a relação entre as partes. Frente a essa problemática, por que então as famílias continuam confiando a educação de seus filhos às escolas, mantendo-os nestas instituições?
Segundo estudos de Gusmão (1995) e o de D’Ávila (1998), a escolaridade é vista em famílias de classes populares, como fator de melhoria de condições de vida para os descendentes, levando, portanto, ao investimento na sua escolaridade, mesmo quando estes resultados apontam para um caminho do chamado fracasso escolar. Há, portanto, indícios de que as famílias guardam sempre uma esperança de ascensão social mediante a educação formal. Um outro elemento que dificulta a relação família e escola caracteriza-se pelas dificuldades existentes nas relações de gênero entre mães e educadoras. Estes dois lados vivem em constante disputa em relação ao mando da criança. Nesse sentido, a maternagem, o trabalho doméstico e o trabalho assalariado estariam sempre em pauta, entre as atribuições da mãe e as responsabilidades das educadoras, mais do que a própria criança, pois a mãe é que seria avaliada em sua maternagem pelas educadoras, que sentem a necessidade de desqualificar o tipo de educação proveniente da mãe e reafirmam o papel profissional que desempenham. A despeito das acusações provenientes da escola, a respeito da negligência das famílias de classes populares, em relação aos seus filhos.
Marini (2000, p. 4) diz: Fragilizando a lógica da escola, sobre uma das causas do fracasso escolar ser a indiferença das famílias para com os estudos das crianças, aspecto a destacar da investigação, é que as mães, embora não comparecessem às reuniões, não deixavam de acompanhar os estudos de seus filhos. Mesmo encontrando-se na condição de analfabetas, as mães criavam formas próprias de acompanhar seus filhos na escola, como por exemplo, olhar a quantidade diária produzida no caderno e observar a leitura da criança na televisão. A ajuda dos irmãos mais velhos nas atividades escolares das crianças apresentava-se como principal recurso das mães para apoio dos filhos em questão. Estudos têm apontado que, ao contrário do que acusa a escola, os pais/responsáveis pelos alunos têm se ausentado da escola, não por desinteresse, mas, porque se sentem inferiorizados por estarem, muitas vezes, na condição de analfabetos e, também, pela vergonha que experimentam quando são expostos juntamente com seus filhos nas reuniões da escola, além de estarem, quase sempre, envolvidos na luta pela sobrevivência. Mesmo vivenciando essas dificuldades, muitos pais/responsáveis acabam por assumir que o fracasso escolar dos filhos passa pela “ignorância” deles, em relação ao mundo das letras. É aquela antiga justificativa que “fulano não tem cabeça, não aprende, não tem jeito, é como o pai/mãe”. Atributos forjados, na maioria das vezes, pela inabilidade da escola em lidar com seus alunos e suas famílias, oriundos de diversas camadas da sociedade, entre as quais, as classes de baixa renda. Esta atitude, segundo Brandão (1995), é oriunda de uma ideologia que forma o discurso do sujeito ao mesmo tempo em que o faz acreditar que o seu discurso é próprio de si mesmo.

CAPÍTULO 4


 FAMÍLIA E ESCOLA

 A família: Uma breve abordagem A família corresponde a uma sociedade que existe há muito tempo, para ser mais claro, desde a pré-história. Durante esse período os homens já eram considerados os líderes da família. Por serem mais fortes e serem o símbolo de proteção entre as mulheres, os homens sempre tomavam as decisões e ficavam com os trabalhos mais pesados. Neste período não existia o conceito de família e sim de bando, nome que antes eram dados às pessoas que faziam parte de um mesmo grupo. Durante esse período os homens viam que era necessário fazer algo que os mantivessem vivos, foi assim que homens e mulheres se uniram para que esse propósito pudesse ser mantido. O homem é um animal, e precisa de cuidados para manter-se vivo. É frágil e com o passar do tempo desenvolveu um sistema complexo de comunicação ao mesmo tempo em que se deu o desenvolvimento psíquico. Movido pelas necessidades básicas de sobrevivência e segurança, foi criando meios de organização e de defesa para sobreviver na natureza. À medida que ia se organizando, ia criando também um jeito todo especial de articulação e hierarquia entre os membros daquela sociedade.
(MIGUEL, BRAGA, 1111.p. 03) A família entre esses povos não tinha esta estrutura que existe hoje, antes todo o bando faziam parte de uma mesma família, ou seja, existiam vários povos e cada povo era considerado uma instituição familiar, assim como está representada nos dias atuais. Com a chegada da Família Real no Brasil, a família passou a ter papel importante na educação e no desenvolvimento do país. O modelo dos colonizadores europeus se impôs como modelo social de família, Freitas (2011, p. 18). Para o referido autor, a família pode ser definida como uma célula social. Por meio de seus valores constroem-se pessoas, e através da educação ocorre o desenvolvimento social e cultural. De acordo com Bock A família do ponto de vista do indivíduo e da cultura é um grupo tão importante que, na sua ausência, dizemos que a criança ou o adolescente precisa de uma família substituta ou devem ser abrigados em uma instituição que cumpra suas funções materna e paterna, isto é, as funções de cuidados para a posterior participação na coletividade. Bock (2004, p. 249).
Segundo Torete (2005) ocorreram consideráveis mudanças na maneira de educar a partir do século XVII, inicia-se a partir daí a preocupação com a preservação das crianças. Nesse período as famílias são instigadas a criar trabalhadores, a mulher se torna "rainha do lar", cuidando das crianças. Com o advento da revolução industrial a família passa por transformações profundas. Com a mudança do eixo de produção do campo para a cidade ocorre um grande processo migratório. Nesse contexto, a relação entre pais e filhos passa a ocorrer tendo a mãe como principal figura familiar na tarefa de educar, visto que, o pai passa a se ausentar por muito tempo na busca do sustento de sua família. Compreendemos que esse contexto favorece o surgimento dos mais variados problemas tanto relacionados ao processo educativo e a formação de valores no âmbito familiar, quanto no desenvolvimento da criança na escola. Todos esses fatores se configuram como entraves para a interação e inserção do indivíduo no meio social. A escola: Uma breve abordagem De acordo com Freitas (2011), a escola foi criada para conduzir a aprendizagem das crianças.
Em 1549 as primeiras escolas foram criadas pelos jesuítas. No período de dois séculos os jesuítas criaram e mantiveram todo o ensino desenvolvido em nosso país. A escola, assim como a família tem passado por muitas modificações, contudo, as mudanças no meio familiar acontecem muito mais rapidamente, e nesse contexto a escola precisa buscar meios para acompanhar, aceitar e lidar com tais mudanças. No nosso entendimento uma das maneiras reside na efetiva construção da relação e consequentemente parceria família e escola, intermediando o diálogo e aproximando as duas instituições. No século passado a instituição escolar se colocava como detentora do saber e de métodos pedagógicos, e o desenvolvimento do trabalho no seu interior era feito de maneira alheia aos pais e à comunidade. Na atualidade a nossa sociedade se depara com diversos aspectos conflituosos, que muita das vezes desvia o olhar dos nossos filhos para outros horizontes, nesse mundo encontram-se drogas, prostituição e muitos outros desvios de personalidade que são regidos pelo simples fato da família não acompanhar seus filhos em todos os momentos. Estes desvios, como denominado anteriormente, ocorrem por diversos aspectos, entre eles: a falta de tempo dos pais desculpa esta mencionada dão como um implicado para eles não se manterem presentes no crescimento dos filhos. O apoio é de extrema importância para que os filhos saibam qual o melhor caminho a ser seguido, sendo que compete aos pais apresentar caminhos e horizontes seguros que proporcionem para o futuro de sua prole um lugar na sociedade repleto de positividade, conquistas e sucesso. No entanto, esse contexto torna-se possível somente se tutores realmente se interessarem pela vida do filho, pois a educação que eles começam a receber parte da convivência com os pais e demais familiares que coexistem diariamente com eles. Depois disso é que os filhos vão aperfeiçoar esses saberes com a ajuda de um sujeito que possa a contribuir com a formação de novos conhecimentos para a construção de sua personalidade. Torna-se importante mencionar aqui o significado da palavra família e o que ela pode nos proporcionar.
Segundo Kaloustion (1988); A família é o lugar indispensável para a garantia da sobrevivência e da proteção integral dos filhos e demais membros, independentemente do arranjo familiar ou da forma como vêm se estruturando. É a família que propicia os aportes afetivos e, sobretudo materiais necessários ao desenvolvimento e bem estar dos seus componentes.
Gokhale (1980) afirma que: “A família não é somente o berço da cultura é à base da sociedade futura, mas é também o centro da vida social”.
De acordo com Gentille (2006, p. 35) A família é o primeiro grupo com o qual a pessoa convive em seus membros são exemplos para a sua vida. Este tipo de temática tem sido pouco estudado em muitos países, assim a sua importância fica meio que despercebida aos olhos da sociedade em geral, que acusa outros aspectos por encontrar alguns jovens à mercê de tanta imprudência. Neste caso, na maior parte das vezes, essa temática é vista pela sociedade devido à clientela de alunos aos quais as escolas públicas recebem. Por serem na maior parte das vezes vindas de uma sociedade que pertencem a uma classe de baixo nível econômico são interpretadas, em alguns casos, como sujeitos de pouca confiança e que só irão prejudicar as pessoas que se encontram em um mesmo meio. Todos esses fatores incitam a construção de preconceito, noviço e equivocado, que tendem em transformar irredutivelmente a vida das vítimas dessa falta de informação. Diante dessa problemática, a família deve ser vista como suporte de apoio no decorrer do processo de aprendizagem dos seus filhos e como mediadora que liga o sujeito à sociedade. E isso ocorre devido à confiança que as crianças encontram nos seus pais, já que são eles que iniciam os primeiros saberes delas. Ao longo do seu crescimento, os educandos vão se moldando às coisas que são encontradas na sociedade, tais como as leis, direitos e deveres de cada um, o que é certo e o que é errado, entre outros. Dessa forma é que se vê a grande importância que a família representa na vida de cada pessoa. A partir disso, pode-se mencionar que essa parceria da família deveria ser encontrada em vários contextos, mas, principalmente no contexto da sala de aula, pois se um determinado aluno se depara com o apoio dos pais e conseguem enxergar o interesse destas na sua educação, nota-se que este discente vai ter um melhor desempenho educacional. Esse interesse também é despertado na resolução das atividades destinada para casa pelos os professores, que vão aproximando consecutivamente os pais aos filhos. Quando estes alunos passam a frequentar uma instituição de ensino, eis que vão aprimorar os saberes que já tem consigo e construir outros que serão pertinentes para a sua participação em meio à sociedade em que vive.
Nacife (2001) afirma que: inserir a família na escola é uma forma de socializar o ensino e isso ajuda as crianças a reorganizar o conhecimento delas. Elas ficam mais interessadas, mais atentas e atribuem muito mais valor à escola. Com isso, estas pessoas (quem?) facilitarão a consecução de umas aprendizagens globais e, sobretudo, a aquisição de um maior grau de autonomia intelectual e física dos educandos. Esse interesse de ter a família na escola surgiu da necessidade e benefícios na qual os professores encontraram no decorrer do dia a dia nas salas de aula. Esse percentual é constatado devido aos benefícios que esta iniciativa causa na aprendizagem dos educandos, tornando-os mais seguros no que fazem e melhores no que desempenham mediante ao processo de ensino aprendizagem. A escola concebe-se como uma instituição em que diversas pessoas se inserem nesse âmbito e que abrange várias pessoas de diferentes raças, personalidades, condições financeiras e culturas diferenciadas. Ela é fundamental para o desenvolvimento social de todo e qualquer individuo.
Desta forma (DESSEN & POLONIA, 2007) afirma que: “A escola é uma instituição fundamental na vida de todo individuo, pois é nesse âmbito que aprendemos a nos relacionar com o outro, a cumprir regras e desenvolver atividades”. Elementos para favorecer a relação família e escola Para que uma família tenha uma base de suporte que envolva uma boa relação entre seus membros torna-se necessário que determinados aspectos sejam seguidos por todos os membros desta. A família pode ajudar de várias maneiras os seus filhos na escola, uma dessas maneiras é com relação ao dever (tarefa de casa), na qual os pais têm por finalidade observar nesse momento quais os saberes que seus filhos obtiveram e assim fica a par da evolução do filho com relação à intelectualidade adquirida no contexto da sala de aula; outro fator é com relação ao currículo que é construído com base no sucesso escolar.
Conforme CARVALHO (2000 p. 64): por ser considerada natural expressão do amor e do dever dos pais, o apoio da família ao sucesso escolar ainda permanece mais implícito do que explícito na pesquisa e política educacional, bem como na prática escolar. Igualmente implícitas permanecem as relações de classes e, sobretudo, de gênero, que compõem os modelos de família que conduzem ao sucesso ou fracasso escolar. Comungando dessa perspectiva, as autoras Castro e Regattieri propõe uma interação entre pessoa e ambiente em que vive (escola), afirmando que: “A escola não é somente um espaço de transmissão da cultura e de socialização. É também um espaço de construção de identidade”. Dessa forma a escola é uma chave para novos começos tanto no que diz respeito à intelectualidade quanto ao social de um modo em que promova uma nova perspectiva moral de vida. Muitas famílias veem a responsabilidade para com seus filhos na parte educativa em apenas matriculá-los em uma instituição de ensino somente, mas sabe-se que isto não é o bastante e muito menos a única coisa a ser feita. É dever de todos os pais matricularem e cuidarem da educação dos seus filhos sempre; é com essa atitude que tudo se inicia. Os filhos vendo esta atitude conseguem ver a preocupação e o amor que os seus pais demonstram a eles. Este ato não é apenas um dever, corresponde a direito de toda e qualquer criança, cabe aos pais por isto em prática. A relação família e escola e suas implicações no cotidiano da escola Nos dia de hoje percebemos que a sociedade moderna tem passado por constantes transformações, acontecimentos esses que têm envolvido diversos fatores tais como: política, tecnologia, economia dentre outras. E a escola é vista como uma instituição cuja função é promover aprendizagem aos alunos e fazer destes cidadãos verdadeiros agentes atuantes na e para a sociedade, mas esse papel não fica único e exclusivamente sob responsabilidade da escola, cabe aos pais exercerem esta função da mesma maneira.
Gentille (2006, p. 35) afirma que: A família é o primeiro grupo com o qual a pessoa convive e seus membros são exemplos para a sua vida. No que diz respeito á Educação, se essas pessoas demonstrarem curiosidade em relação ao que acontece em sala de aula e reforçarem a importância do que está sendo aprendido, estarão dando uma enorme contribuição para o sucesso da aprendizagem. Pode parecer simples, e é. Tanto que é exatamente o que tem sido pedido aos responsáveis pelos estudantes de todos os níveis de ensino. Deste modo, tanto a família como a escola tendem dar suporte na aprendizagem e desenvolvimento cognitivo dos seus filhos. Isso fica explicito quando Gokhale apud Gomes e Leite (1980, p. 03) acrescenta: a família não é somente o berço da cultura e a base da sociedade futura, mas é também o centro da vida social. A educação, bem sucedida da criança na família é que vai servir de apoio a sua criatividade e ao seu comportamento produtivo quando for adulto. A família e escola devem promover uma parceria, já que ambas tem o mesmo interesse: educar os sujeitos que nela estão presentes. Essa união é que vai fazer a diferença enquanto o aluno se adéqua às novas transformações que estão sendo adquiridas neste meio.
(FURLANETO, MENESES E PEREIRA, 2007. p.64). De um modo cada vez mais significativo, a escola (lugar de lazer) passa a assumir a responsabilidade, cada vez maior, de ser, na sociedade, o campo específico da Educação intencional, formal e sistemática. A responsabilidade da escola compreende de tamanho valor e proporções, muitos pais atribuem a ela a responsabilidade de “criar” os filhos. Eis um fato que não pode ser considerado porque, primeiramente, a educação dos filhos começa em casa junto dos pais, é no seu lar e com seus responsáveis que esta deve aprender os principais saberes, só depois é que surge a escola, que vai aprimorar o que essa criança já sabe e aprender ou construir o que ainda não pode desenvolver. Assim sendo, Carvalho (2004. p.47) em seu pensamento afirma que: A educação tem um papel fundamental na produção e reprodução cultural e social e começa no lar/família, lugar da reprodução física e psíquica cotidiana – cuidado do corpo, higiene, alimentação, descanso, afeto, que constituem as condições básicas de toda a vida social e produtiva. Carvalho Mielnik, (1974.p.27), ressalta que: Desde que nasce a criança está praticamente observando o meio ambiente para começar cedo a sua aprendizagem, suas tentativas, erros e acertos. Nesse trabalho, árduo e contínuo, a criança é auxiliada e estimulada pelos pais, que visam facilitar seu desenvolvimento. A família é, pois o meio social que inicia a educação do indivíduo. A aprendizagem da criança começa desde os primeiros dias de vida desta. Assim que nasce ela já observa tudo a sua volta e sempre está sujeita a responder aos estímulos que estão a sua volta. Durante este período tudo que esta a volta da criança é motivacional como, por exemplo: as vozes, a visão, distinção de determinados objetos e formas, noções de tamanhos e distância entre muitas outras coisas. Esse aprendizado inicia-se por parte dos pais, em seguida a criança aprende com o ambiente e demais pessoas que estão presentes na vida e criação dela. Depois o aprendizado vem por responsabilidade da escola, que vai preparar a criança intelectualmente na aquisição de conhecimentos que irão torná-la sujeitos ativos e críticos na sociedade.


4.1 AS NOVAS FORMAÇÕES FAMILIARES E A SUA IMPORTÂNCIA NO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA

Como vimos no capítulo anterior, as formações familiares desde os primórdios são diferentes na sua constituição, dependendo principalmente da cultura e da sociedade na qual está inserida. No entanto, na maioria das culturas, a constituição denominada de “nuclear”, ou seja, constituída de pai, mãe e filhos, foi e ainda é predominante em muitas culturas, principalmente nas ocidentais. Também, podemos observar que dentro da formação familiar nuclear, encontramos o regime patriarcal, em que o pai assume a direção desta família, ou então, o regime matriarcal, onde as responsabilidades são atribuídas à mãe. Entretanto, como diversos aspectos dentro de uma sociedade, a constituição familiar, evolui e se transforma com o passar do tempo criando novas formas de se constituir. Como veremos no tópico a seguir.  As formações familiares da atualidade No Brasil, as regras estabelecidas que regem as uniões matrimoniais, estão contidas no Código Civil Brasileiro. Regras estas, que envolvem temas referentes aos papéis atribuídos ao marido e a mulher na sociedade conjugal, como: sistema de filiação, adoção, herança, parentesco, regime no qual o casamento está baseado, ou seja, comunhão parcial ou universal de bens e até separação de bens. Além das proibições, como o casamento entre parentes ou quando os cônjuges forem menores de idade, e neste caso só sendo permitido o enlace com a autorização e a emancipação dos pais ou responsáveis. Assim, em nossa sociedade, a qual foi alicerçada desde a sua colonização pelos preceitos dogmáticos de origem católica, a família modelo e almejada, está relacionada a formação nuclear, onde cabia a esta família diversas funções, entre as quais, ser fonte de estabilidade econômica, base religiosa, moral, profissional e principalmente educacional. No entanto, este ideal familiar e as leis contidas no Código Civil Brasileiro, não garantem que na sociedade brasileira haja uma harmonia constante, idealizada e permanente. No geral, o que vemos hoje na nossa sociedade é o contrário, pois principalmente nos tópicos onde a lei e as normas de Direito atingem a família, as mudanças vão se ajustando à medida que os costumes se modificam. (PRADO, 1988) Com o advento do divórcio, surgem também novos consensos em relação aos deveres e direitos dos pais em relação aos filhos e novas formações familiares surgiram e estão cada vez mais diversificadas. No entanto, estas novas formações não querem dizer que por serem diferentes as famílias são desestruturadas, pensar assim pode ser um grande engano, principalmente nos espaços escolares em que a diversidade aparece com maior frequência. Nas novas configurações familiares, o objetivo principal é sempre o mesmo, ou seja, criar um espaço de amor e apoio ao desenvolvimento das crianças ali inseridas. Lembrando que a diversidade, em muitos aspectos pode ser algo positivo. Portanto, “desde que a criança saiba qual o lugar dela dentro desse novo núcleo familiar e sinta – se segura para solicitar o que precisa e o mais importante tenha a sua individualidade respeitada” (PIRES, 2009, p.12), a formação familiar específica e tradicional, deixa de ser o mais importante. Hoje, encontramos casais que após o divórcio do primeiro casamento, se desmembram em novas famílias, ou seja, quando um casal que se divorcia tem filhos, e os pais com o passar do tempo formam novas famílias com pessoas, também divorciadas e com filhos e destas novas uniões nascem mais filhos. Então temos os filhos do primeiro casamento, que passarão a conviver com os filhos do novo companheiro ou companheira do pai ou mãe e também os novos filhos que virão destas novas uniões. O mais importante nestes casos, como já dissemos acima, é que embora o número de filhos possa aumentar com as novas relações, cada um seja respeitado e encontre o seu espaço dentro desta nova família, onde o bom senso deve ser um fator que garanta o bom relacionamento entre todos. (PIRES, 2009). Nesse sentido: Filhos adotivos, gerados por inseminação artificial ou criados por casais homossexuais não modificam o principal objetivo da família: ser um espaço que proporciona a convivência, o amor e a segurança entre seus integrantes. (PIRES, 2009, p.14). Assim, de acordo com a citação acima, nos dias atuais, encontramos na nossa sociedade formações familiares diferenciadas da constituição nuclear. São formações que embora percorram caminhos diferentes do tradicional matrimônio, apresentam os mesmos objetivos, ou seja, constituir uma família cercada de afeto, união e respeito, em que seus integrantes, principalmente as crianças devam se sentir protegidas e amadas. A instituição família é tão importante na nossa sociedade, que a mesma é foco de atenção da Constituição Federativa do Brasil.
Observamos que hoje não é mais considerada família apenas o grupo formado por pai, mãe e filhos, mas sim qualquer grupo de pessoas que se juntam e se agregam por afinidades e afeto. E que, no caso da presença de crianças e adolescentes, o mais importante é ver que seus direitos são respeitados e existem amor e proteção nesta fase tão importante da vida. Também observamos que é cada vez maior o número de famílias em que a responsabilidade de direção da família está centrada na figura da mulher, mãe ou avó. No entanto, embora o pai possa não fazer parte da convivência familiar, diariamente, é garantido por lei a divisão da responsabilidade na criação dos filhos, tanto na Constituição Federativa do Brasil, como no Estatuto da Criança e do Adolescente. E mesmo que na maioria dos livros didáticos utilizados nas escolas, a formação nuclear de família seja a mais comum em suas ilustrações, cabe ao professor respeitar e dialogar com os seus alunos a respeito da importância familiar na vida de todos, independentes da sua formação e respeitadas as diversidades de famílias que encontramos na atualidade. Assim, é importante ser valorizado junto à criança a importância de nos sentirmos parte de um grupo social, onde encontramos apoio, carinho, amor e proteção.
Segundo Knobel, “a família é um dos grupos primários e naturais de nossa sociedade, nos quais o ser humano vive e consegue se desenvolver”. (KNOBEL, 1996, p. 19).
Assim, a importância da família na vida de todo ser humano, está atrelada automaticamente ao bom desenvolvimento e ao indivíduo que no futuro irá também constituir uma família alicerçado na sua própria experiência de vida. Nesse sentido: Na interação familiar, que é prévia e social (porém determinada pelo meio ambiente), que configura – se bem precocemente a personalidade, determinando – se aí as características sociais, éticas, morais e cívicas dos integrantes da comunidade adulta. (KNOBEL, 1996, p.19). Enfim, a família e as relações estabelecidas dentro da mesma, em muito influenciará na vida adulta de um indivíduo. E a presença desta família no desenvolvimento de uma criança é de suma importância. A qual pode fazer muita diferença desde a mais tenra idade, principalmente no período escolar. Assunto este, que abordaremos no tópico a seguir. A importância da família no desenvolvimento da criança A maioria das pessoas reconhece a importância da família no que diz respeito aos cuidados primários que se deve ter com uma criança, ou seja, alimentação, higienização, proteção, vacinação, afeto, entre outros cuidados que um filho necessita para a sua própria subsistência humana. E para que a vida de uma criança fosse preservada no decorrer do movimento histórico da sociedade brasileira, foram criados mecanismos que viessem a garantir que esses direitos fossem respeitados. Como no Artigo 227 da Constituição Federal do Brasil, promulgada em 1988 e mais recentemente no Estatuto da Criança e do Adolescente, no Capítulo III, Seção I, no seu Artigo 19, quando afirma que: Toda criança ou adolescente tem direito a ser criado e educado no seio da família e, excepcionalmente, em família substituta, assegurada a convivência familiar e comunitária, em ambiente livre da presença de pessoas dependentes de substâncias entorpecentes. (BRASIL, 1990, p.26). Apesar das leis existirem e de inúmeras formas de divulgação das mesmas, infelizmente ainda hoje encontramos, quase que diariamente nos noticiários, relatos de descasos e violências praticadas contra crianças, principalmente pelos responsáveis diretos das mesmas. Ainda que, haja diversos programas voltados para a divulgação de informações que contribuam com o bem estar das crianças, como projetos desenvolvidos pelas Políticas Públicas, através dos diferentes poderes, variadas Organizações Não Governamentais, diferentes Instituições Religiosas e Mídias em geral, a incidência de casos de violências contra a criança, acontece em todas as classes sociais, nos mais diversificados ambientes e nas diferentes formações familiares. Entretanto, não são só de necessidades básicas como a alimentação, ou a falta dela, que um indivíduo vai precisar para se desenvolver. Ou ainda, que vão determinar que tipo de adulto, este mesmo indivíduo vai se transformar. Sendo que, se buscarmos uma definição científica do que é ser criança, podemos dizer que, [...] pode-se definir a criança como a unidade genética, histórica e social da humanidade, que possui um particular e especial sistema bio psico dinâmico individualizante, que responde a um processo evolutivo de determinada base biológica, historicamente determinada e não poucas vezes circunstancial.
(KNOBEL, 1996, p.80). Assim, devemos entender que nesta fase de vida, é de suma importância que os pais ou responsáveis, reflitam na complexidade que a infância representa, pois atitudes impensadas hoje, podem se refletir na fase da infância ou nos anos vindouros, de forma comprometedora e negativa. São muitos os fatores que estão relacionados à formação e desenvolvimento de um indivíduo e da sociedade que este mesmo indivíduo vai viver e formar. Lembrando que, uma sociedade evolui de acordo com a evolução das pessoas que a constituem. Fatos ocorridos durante a infância de um sujeito e o meio ambiente que o cerca, influencia e muitas vezes até determina as características e alguns comportamentos que o mesmo vai apresentar na sua vida adulta. Inclusive condicionando-o a fazer escolhas que poderão definir toda a sua vida e os aspectos que a envolve como sua escolha profissional, sua companheira, entre tantas outras circunstâncias, presentes na vida de qualquer um.
(WEIL, 2000). Como podemos observar na citação a seguir, quando o autor postula que, Os fracassos na vida social e na vida íntima do adulto têm muitas vezes origem em erros de educação, pais excessivamente rígidos podem levar os filhos à timidez e à eterna rebeldia, pais que brigam entre si, em presença da criança, podem gerar instabilidade e incapacidade para um matrimônio feliz. (WEIL, 2000, p.158). Assim sendo, não basta um pai ou uma mãe se preocupar com a alimentação, saúde e outros aspectos materiais, se não oferecerem um ambiente de respeito mútuo e atitudes éticas no seu cotidiano. No capítulo anterior, quando abordamos a historicidade do surgimento da infância, segundo o autor francês Philippe Ariès observou que a criança, durante o seu desenvolvimento, aprende e imita os adultos que a cercam, principalmente as pessoas mais próximas que constituem a célula familiar, sejam qual for a sua constituição. Portanto, os responsáveis pelo desenvolvimento de uma criança devem se preocupar com suas atitudes e ações, pois podem criar problemas futuros. Por este motivo, “o bem estar e o aprimoramento das relações entre pais e filhos são assuntos constantes de psicólogos, sociólogos, psicanalistas, enfim, de especialistas” (PRIORE, 2004, p.07), os quais se preocupam em buscar soluções para diversos problemas enfrentados na relação familiar, veiculando estudos que podem apresentar novos caminhos, inclusive propondo uma nova ética para a infância. Recentes pesquisas de Psicanálise e de Psicologia Social colocaram em destaque o fato de a conduta dos filhos na escola e em casa ser, em grande parte, uma reação ao comportamento dos pais para com os filhos. (WEIL, 2000, p.45).
Assim, o que determina o futuro de uma pessoa não é a inteligência apenas, como muitos pensavam. Já que uma pessoa pode ter sido o primeiro aluno da classe, no entanto, ter fracassado na vida, por agir com insubordinação, por exemplo. Ter êxito na vida, portanto, não depende só da inteligência, mas das condições sociais que foram e são constitutivas da personalidade de cada um. É desde muito pequena que as crianças apresentam grande capacidade de compreender os fatos e acontecimentos ao seu redor, e também tem uma grande capacidade “de ir construindo o mundo de segurança e bem-estar em que irá firmar-se sua vida futura e sabe que só poderá fazê-lo através dos adultos que o rodeiam”. (KNOBEL, 1996, p.77). Assim, se os pais não forem atentos e ainda apresentarem atitudes depreciativas, menosprezando a capacidade de seus filhos em compreender os sentimentos que o cercam, pode contribuir para que apareçam confusões e conflitos, que muitas vezes vão resultar em neuroses, enfermidades ou transtornos de conduta no decorrer do desenvolvimento destas crianças.
(KNOBEL, 1996). Entretanto, isso não quer dizer que pais, professores e demais profissionais que atuam com populações infantis e juvenis devem atender todas as vontades das crianças, a qualquer custo, com medo de causar algum trauma ou problema futuro. Lembrando que antigamente, os nossos avós e até os nossos pais, acreditavam que criança não tinha que querer, bastava um olhar e éramos reprimidos não havendo a possibilidade de questionar algo. Com as mudanças que ocorreram nas relações humanas e na educação, no século XX, os pais foram aprendendo a respeitar as crianças. Com isso, muita coisa mudou, sem dúvida melhorou a vida da criança, e “[...] o relacionamento entre pais e filhos ganhou mais autenticidade, menos autoritarismo. O poder absoluto dos pais sobre os filhos foi substituído por uma relação mais democrática. E o entendimento cresceu.” (ZAGURY, 2002, p.14). Entretanto, ocorreram muitos enganos e distorções em relação a este novo modelo de relacionamento familiar. Muitos pais apresentam sérias dificuldades para pôr em prática essa nova forma de educar, e esta insegurança de alguns pais em saber a hora certa de dizer sim ou não, deixa em muitos casos os filhos aflitos, inseguros e sem limites preestabelecidos, parece até que dizer um não ao filho virou um crime, um ato de autoritarismo, um modo antigo de educar. Muitos livros falam do que não se deve fazer, entretanto poucas publicações realmente indicam e oferecem uma diretriz para ajudar os pais neste caminho, sendo que, muitos pais apresentam boas intenções e se preocupam em estabelecer uma forma de se relacionar com filhos, que seja no mínimo diferente daquela na qual, o mesmo, foi educado. No entanto, se não for estabelecido um limite, ficará difícil para que seu filho respeite o seu semelhante. “É necessário que a criança interiorize a ideia de que poderá fazer muitas, milhares, a maioria das coisas que deseja, mas nem tudo e nem sempre”.
(ZAGURY, 2002, p. 17). Assim, o diálogo e o equilíbrio se fazem necessários para que as crianças aprendam com os adultos que a cercam. A partir do surgimento da noção de infância, sabemos que uma criança, durante a infância, constrói-se social e historicamente. Dependendo da organização que uma sociedade tiver, a criança nela inserida terá papéis que variam e se diferenciam de outras sociedades. (KRAMER, 2000). Portanto, sabemos que a ideia de infância muda conforme a sociedade e o tempo histórico em que a criança está inserida. Na sociedade capitalista, o que se visa é o lucro e para que o lucro seja maior, menos se paga para os operários, fazendo surgir diferentes classes sociais, onde o poder de dominação está centrado nas mãos daqueles que possuem maior capital surgindo, portanto, uma sociedade desigual, onde a criança desempenha seu papel de diferentes formas. Diante desse novo cenário, pensadores acreditam e denunciam o desaparecimento da infância em algumas comunidades, “[...] uma vez que a violência contra as crianças e entre 26 elas se tornou constante. Imagens de pobreza de crianças e trabalho infantil retratam uma situação em que o reino encantado da infância teria chegado ao fim”. (KRAMER, 2000, p.17). Na atualidade, o acesso a mídia e a internet é comum, principalmente pelo fato de que em muitos casos passaram a ser substituto das brincadeiras, que eram características da infância. Nesse sentido, Kramer (2000) assinala que essa mudança teria terminado por expulsar as crianças da infância, para aproximá-las da vida adulta. [...] a indisponibilidade do adulto que parece impregnar a vida contemporânea, marcada pelo individualismo e pela mercantilização das relações. Com a perda da capacidade do diálogo na modernidade, as pessoas só conversam sobre o preço das coisas, sem diálogo, sem a narrativa, ficam impossibilitadas de dar ou de ouvir um conselho [...]. (KRAMER, 2000, p.21).
Enfim, com as mudanças na sociedade capitalista, o ter passou a ser mais importante que o ser. E em virtude deste pensamento, a mulher que antes ficava no lar com a responsabilidade, quase que total, de educar os filhos nos valores, condutas e práticas, também passou a trabalhar fora e como substitutivo da ausência de ambos os pais, estes procuram reparar a ausência comprando coisas ou não impondo limites aos filhos. Só que, os pequenos só vão aprender valores e demais condutas se iniciadas pelo adulto. E se sozinhas “[...] as crianças enfrentam situações além de seu nível de compreensão, convivem com problemas além do que seu conhecimento e experiência permitem entender”. (KRAMER, 2000, p.21).
Assim, se faz necessário que as crianças possam ser entendidas nas suas necessidades, ou seja, brincar e também aprender, acompanhados por adultos. Nesse sentido, os pais e professores não podem perder a autoridade, que hoje já é vista como um dos mais graves problemas sociais do cenário contemporâneo. (KRAMER, 2000). E quando dizemos autoridade, não estamos falando em autoritarismo. O que dizemos é que é necessário restabelecer o diálogo entre os adultos e as crianças em que o sentido de solidariedade e os laços de caráter afetivo, ético e social devem ser tratados com respeito e equilíbrio. Muitas vezes vemos na sociedade contemporânea, em nome dos direitos da criança como sujeito, e da infância como construção social, a abdicação de muitos adultos, pais e professores, de seus papéis. Assim, usam destes conceitos para não estabelecerem regras, não expressarem o seu ponto de vista, não se posicionarem frente a algumas atitudes da criança e também do adolescente. (KRAMER, 2000). Nesse sentido, os pais agem ora controlando e regulando as ações dos mesmos, ora não intervindos e ora liberando e deixando as crianças e jovens sem sanções após uma transgressão, sem respostas a muitas perguntas e sem o apoio e a confiança, para que ocorram relatos da vida cotidiana dos mesmos. Assim, “[...] as crianças são negligenciadas e vão ficando também perdidas e confusas. Muitos adultos parecem indiferentes e não mais as iniciam. A indiferença ocupa o lugar das diferenças”. (KRAMER, 2000, p.21). Lembrando que muitos pais hoje, enquanto adultos, também agem desta forma confusa e sem autoridade, pois na sua própria infância e juventude não tiveram também suas perguntas e dúvidas respondidas. E também em virtude de muitas vezes se verem partes de uma comunidade onde, não há nenhuma garantia de terem respeitados seus direitos e onde a desigualdade e injustiças sociais, são fatores que favorecem a difícil tarefa de educar uma criança e transformá-la num cidadão solidário, que respeite as diferenças e lute pelas desigualdades.
Portanto, Ao considerarmos os paradoxos dos tempos em que vivemos e os valores de solidariedade e generosidade que queremos transmitir, num contexto de intenso e visível individualismo, cinismo, pragmatismo, e conformismo, são necessárias condições concretas de trabalho com qualidade e ação coletiva que viabilizem formas de enfrentar os desafios e mudar o futuro. (KRAMER, 2000, p.23). No próximo capítulo abordaremos a relação existente entre a família e o âmbito escolar da criança, destacando como o professor pode contribuir na aproximação da família ao universo escolar de seus filhos.
Por mais que se tenta resolver “problemas” entre as relações existentes de Família, Alunos e Escola sempre vão acontecer algo que ultrapassará todas as alternativas já concebidas e trabalhadas no contexto escolar, ficando claro o árduo trabalho da Gestão e o famoso jargão entrará em cena: “nada melhor que o jogo de cintura para contornar as mais diversas situações no convívio Escola/Família/Estudante.”



























CONCLUSÃO

Ao término desse artigo podemos constatar o quanto foi envolvente a pesquisa. A escolha do tema deu-se em função de conviver com muitas crianças que não têm o acompanhamento familiar na escola e podemos afirmar que é preciso buscar o envolvimento da família na aprendizagem dos seus filhos, valorizar e orientar os pais no sentido de incentivar as boas relações com a escola e com todos que fazem parte desse contexto, incentivando os pais a comparecerem nas reuniões pedagógicas não só para cobrar notas e sim para avaliar como o filho está se saindo no ano letivo e se tiver alguma dificuldade orientar esses pais como fazer para ajudá-lo.
Desse modo observamos no final da pesquisa que a separação dos pais é um dos maiores motivos da ausência da família na escola, tornando–se um dos grandes desafios do professor se aproximar desse aluno de uma forma afetiva, não deixando que ele abandone a escola. Por outro lado quando há participação ativa, esse aluno que antes era ruim passa a ser bom, seu interesse aumenta cada vez mais, pois ele se sentir, acolhido e protegido por essa família.
A escola está diante de um grande desafio necessita da real interação da família para o benefício do desempenho escolar de suas crianças e só assim poderá fazer uma educação de qualidade e que possa promover o bem estar de todos.















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