26 de
fevereiro de 2012 | 8h 32
AE - Agência
Estado
Às voltas com a superlotação
carcerária, que se agravou nos últimos anos e reavivou o fantasma de rebeliões,
o governo federal está recorrendo a fórmulas inusitadas para conter o aumento
do déficit de vagas. Uma das medidas, adotada em portaria do Ministério da
Justiça neste mês, prevê ampliação da oferta de cursos de qualificação
profissional de detentos, que ganham um dia de remição a cada 12 horas de aula.
A ideia é transformar presos sem
qualificação em pedreiros para o aquecido mercado da construção civil,
panificadores, costureiras, cabeleireiras e profissionais de telemarketing. Com
isso, eles saem mais cedo da prisão, têm maior chance de inserção no mercado e
menor risco de reincidência, explica o diretor do Departamento Penitenciário
Nacional (Depen), Augusto Rossini. "Não basta construir presídios. É
preciso ressocializar e em muitos casos socializar os que nunca tiveram chance
de inclusão."
Para fazer deslanchar o programa, o
governo reservou no orçamento deste ano R$ 4 milhões, três vezes mais que os R$
600 mil gastos em 2011 com ensino profissionalizante de detentos. Estão no
cardápio cursos de elevada procura no mercado, envolvendo atividades em que não
há o costume de pedir atestado de antecedentes do profissional, como o setor da
construção civil. O Depen está levantando outros projetos de alta
empregabilidade, de iniciativa dos Estados, para replicá-los nos demais.
Pioneirismo. Um desses projetos
chama a atenção pelo ineditismo: um serviço de call center, criado há dois anos
no presídio feminino de Cariacica, no Espírito Santo, em parceria com Instituto
Sem Fronteiras. A procura foi tão grande que o serviço teve de ser reavaliado
para absorver o dobro de detentas do previsto.
Rossini garante que foram adotadas todas as
cautelas para evitar o uso indevido do sistema de telefonia no presídio. Para
trabalhar no call center, as detentas participam de um curso técnico em
telemarketing de 240 horas/ aula. Para garantir a segurança, o projeto conta
com monitores e um moderno sistema de reconhecimento de voz. As informações são
do jornal O Estado de S. Paulo.
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