Páginas

Quem sou eu

Minha foto
Professor de Língua Portuguesa na Rede Estadual de Ensino - Governo do Paraná

segunda-feira, 6 de março de 2017

Crônica

A destruição de um lar


(...) E depois de tudo, já tinha me acostumado, só não imaginava que terminaria assim.
Aquele dia ela estava tão despreocupada, pois aquilo fazia parte do nosso cotidiano, precisávamos conviver com isso. Ela não o denunciava, pois o amava muito.
Quando desliguei o chuveiro, estava um silêncio – ainda não havia começado o massacre - Pensei alto.
Depois de ter saído do banheiro vejo meu pai com uma moça, jovem, aparentava ter uns 27 anos, roupa curta e uma rasteirinha. Sinto uma lágrima correr dos meus olhos. Pensei que a pornografia que ele via, se restringisse na tv, mas trazer para dentro de casa, como assim?!
Minha mãe aos gritos falou que não ia admitir aquilo dentro de sua casa. Meu pai, ”com um semblante que não suporto olhar” disse: - Se fico a noite fora com ela você também reclama!
Começou a pancadaria... A moça espantada saiu de fininho pela porta da sala, como se nunca tivesse entrado.
Corri para o quarto me vestir, pois ainda estava de toalha na cabeça e roupão. Quando saio do quarto, com a expectativa de ver minha mãe chorando na cozinha, não a encontro. Neste instante ouço o choro do meu pai vindo do quarto deles, abro a porta bem devagar, vejo minha mãe no colo dele, ela estava com os olhos roxos, o nariz e boca sangrando e lentamente a vejo fechar os olhos, pálida e sem vida. Não, não era o que eu estava pensando, a única coisa que passava na minha cabeça.  Não!!! Ele não fez isso! Não poderia ter chegado a este ponto!!
Infelizmente tudo foi real, o que me espantou foi que ele olhava para mim e dizia que a amava.
Sem ter o que fazer, fui até seu corpo, abracei carinhosamente, constatei que era real, aconteceu. Acariciei seu rosto e lembrei-me de tudo que fizemos juntas, de todas às vezes que punha para dormir me embalava em seu colo. E daí me pergunto: Por quê?... As lágrimas escorriam, lembrei-me de todos os beijos na testa... e só restaram as lembranças e um longo adeus!

Júlia Col. Est. Ambrósio Bini 

Nenhum comentário: