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quinta-feira, 20 de junho de 2013

Pais não acompanham a rotina escolar dos filhos

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Pais não acompanham a rotina escolar dos filhos

Quase 70% dos brasileiros não supervisionam os deveres de casa das crianças e mais de 40% não sabe o que elas fazem no tempo livre.
A cada dez pais brasileiros que possuem filhos entre 13 e 15 anos, sete não estão informados sobre os deveres de casa do adolescente, e não sabem se eles entregam ou não a tarefa exigida pelos professores. Além disso, 40% deles não sabem o que as crianças fazem durante o tempo livre, e 25% desconhece que o filho havia faltado às aulas. Os dados são da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (Pense), coletados ao longo do ano de 2012 e divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que ouviu 109 mil estudantes matriculados no 9.º ano do ensino fundamental de 2,8 mil escolas do país.
Consequências
Falta de diálogo e desinteresse gera noção de falsa realidade
A falta de diálogo e o desinteresse dos pais pelas atividades dos filhos gera uma noção falsa da realidade, contribuindo para um ciclo vicioso, de acordo Dulce Bais, enfermeira e professora da Universidade Federal do Paraná (UFPR) na área de Educação para a Saúde. “Os pais não conversam com os filhos, não dialogam e o adolescente passa a agir escondido. Como ele não fala no assunto e esconde o que faz, os pais acham que está tudo bem. Cria-se um acordo silencioso entre as partes”.
Em relação ao álcool, o ideal é que os pais evitem beber na frente dos filhos ou oferecer a eles um gole da bebida. Mas que, assim que tenham idade para consumi-la, é preciso ensiná-los a beber de forma dosada. “No Sul, beber vinho é tradição de família. Então, é possível introduzir a bebida aos 15, 16 anos, mas junto com comida, numa ocasião específica”, opina professora de psiquiatria da Faculdade de Medicina da Unesp Florence Kerr Corrêa.
27,1% dos estudantes do 9º ano do ensino fundamental, entre 13 e 15 anos de idade, também informaram na pesquisa realizada pelo IBGE que já dirigiram um veículo motorizado – o que é proibido por lei. 19,3% desses jovens afirmaram ter andado de motocicleta sem usar capacete, outra irregularidade.
A pesquisa também apontou que os jovens estão cada vez mais expostos a fatores de risco, como o uso de drogas ilícitas (maconha e crack foram as citadas), cigarro e álcool (66% já experimentaram bebida alcóolica, e 21% já ficaram embriagados). Quanto ao uso de drogas, 7,3% já experimentaram alguma substância. Destes, 19% usaram maconha e 3% usaram crack. O cigarro foi experimentado por 19,6% dos alunos. Os dados revelaram também que 28,7% dos entrevistados já tiveram relações sexuais e, destes, 25% afirmaram que não usaram preservativo na última vez em que fizeram sexo.
Para o gerente de Esta­­tísticas Vitais e Estimativas Populacionais do IBGE, Marco Ratzsch de Andreazzi, a pouca participação dos pais na vida dos filhos está intimamente relacionada ao comportamento arriscados que eles assumem fora da escola. “São fatores de risco na adolescência já bem conhecidos, com os quais a própria ONU trabalha, e leva-se em conta se eles moram com pais, se estes sabem o que seus filhos fazem no tempo livre, se há tranquilidade para que o filho conte sobre seus problemas. Tudo isso mostra que há, sim, uma relação. Agora, com os números do IBGE, cabe à sociedade explorá-los e discuti-los de forma aprofundada”.
30% das meninas já tentou emagrecer
Folhapress
A pesquisa sobre saúde escolar divulgada ontem pelo IBGE também constatou que cerca de um terço (31,1%) das meninas tentavam emagrecer. Dentre elas, 6,4% das entrevistadas afirmaram ter induzido o próprio vômito ou tomado laxantes para obter esse objetivo. Ainda no que tange o peso, 16% delas tentavam engordar. Já entre os meninos, um percentual menor (21%) tinha como objetivo perder peso, num resultado um pouco superior aos 19,6% que desejavam ganhar peso. “É importante notar que 19,1% das alunas do 9º ano do ensino fundamental se achavam gordas ou muito gordas e, no entanto, uma proporção maior (31,1%) relatou que tentava perder peso”, ressalta o instituto.
Considerando as escolas da rede pública e privada, observou-se que existe uma diferença de mais de 12 pontos percentuais entre os alunos das escolas particulares que tentaram perder peso (36,4%) e aqueles que frequentavam escola pública e tomavam essa atitude (24,2 %), segundo o IBGE. Os dados mostram ainda que a ingestão de medicamentos, fórmulas ou outro produto com a intenção de ganhar peso ou massa muscular sem acompanhamento médico atingia 6,2% dos estudantes.
“Chamou a atenção o fato de que 8,4% do meninos declararam ter tomado essa atitude, enquanto que a metade desse porcentual (4,2%) é de meninas que declararam tê-lo feito, nos 30 dias que precederam a pesquisa”, ressalta o IBGE. O dado sinaliza o uso de anabolizantes por jovens, ainda na adolescência.

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