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terça-feira, 5 de março de 2013

Ensino de inglês patina nas escolas


Antônio More/ Gazeta do Povo / Após 11 anos de aulas de inglês sem qualquer aprendizado, Bruna Hech decidiu estudar o idioma em uma escola especializadaApós 11 anos de aulas de inglês sem qualquer aprendizado, Bruna Hech decidiu estudar o idioma em uma escola especializada
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Ensino de inglês patina nas escolas

Embora seja disciplina obrigatória, o ensino de língua estrangeira na maioria das escolas regulares não é de qualidade. Falta carga horária e qualificação dos professores.
A estudante universitária Bruna Hech, 20 anos, resolveu se matricular em uma escola de inglês assim que entrou no ensino superior, em 2011. Embora tenha estudado a língua estrangeira na escola desde o 1.º ano do ensino fundamental, ou seja, por 11 anos, não aprendeu nada e precisou começar do nível básico. Só hoje, com quase dois anos de curso, ela se sente preparada para fazer um estágio no exterior, que é um dos seus grandes sonhos.
Essa necessidade de recorrer a uma escola especializada em língua estrangeira mesmo depois de anos e anos de aula no colégio regular é algo comum na educação brasileira. As causas vão desde a baixa carga horária da disciplina na escola até a falta de qualificação dos professores.
Em casa
Pais também podem incentivar o interesse dos filhos pelo idioma
Embora o ensino do inglês seja a função de um professor capacitado e dependa muito do conteúdo e dos recursos usados em aula, os pais também podem contribuir com pequenas ações que motivam os filhos e podem fazer com que meninos e meninas se interessem mais pelas aulas.
Uma boa estratégia é incentivar que a criança busque jogos on-line em inglês, assim como músicas e vídeos. Mas isso não deve ser aleatório. “Aprender inglês depende muito da exposição, de quanto a pessoa tem contato com ele. Sem contar, claro, com a habilidade nata de se entender fácil com outra língua”, diz o diretor educacional da unidade Batel da Escola Phil Young’s, Tomás Martins.
Cultura
Outra forma de atrair a criançada para uma língua estrangeira é despertar o interesse pela cultura do país. Essa é uma estratégia forte das escolas especializadas e é, segundo a coordenadora do curso de Letras da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), Miriam Retorta, justamente o que falta na rede pública. “Essa é a função essencial de uma escola. O inglês – ou qualquer outra língua – tem de estar ligado à transmissão de valores, inclusive morais”, afirma. (AS)
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Como o ensino de línguas estrangeiras poderia ser aprimorado nas escolas brasileiras?
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O Ministério da Educação (MEC) exige o ensino de pelo menos uma língua estrangeira a partir do 6.º ano do fundamental, mas não estabelece carga horária mínima. Isso fica a cargo das secretarias estaduais de Educação. No Paraná, são obrigatórias, nos ensinos médio e fundamental, duas aulas semanais de cerca de 50 minutos cada uma.
Porém, o que professores de Inglês apontam é que para um aprendizado efetivo são necessárias pelo menos quatro horas semanais – o dobro da exigência feita às escolas paranaenses. Além disso, para que o professor consiga interagir com todos os alunos e estimular o aprendizado de uma nova língua, o ideal seria que as turmas tivessem no máximo 20 pessoas, o que não ocorre na maioria das escolas brasileiras, que chegam a ter até 40 estudantes em uma mesma sala.
Outro problema é que, na escola regular, o conhecimento dos alunos de uma turma não é nivelado, ou seja, em um mesmo ambiente estão crianças que em uma escola especializada não estariam juntas. Isso faz com que os mais adiantados percam o interesse e os atrasados não consigam acompanhar.
“As escolas que alcançam um bom resultado são as que separam os estudantes por nível de conhecimento da língua, não por série”, diz o professor de Literatura Inglesa da Universidade Tuiu­­ti do Paraná (UTP) Paulo Ro­­berto Telissari.
Formação
A contratação de professores com pouca capacitação também influencia o baixo rendimento do aprendizado de inglês nas escolas regulares. A formação defasada de profissionais – problema que afeta vários cursos de Licenciatura e Pedagogia – leva para a sala de aula profissionais que não conseguem usar técnicas efetivas de ensino de uma nova língua.
Sem contar que, segundo a coordenadora do curso de Letras na Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), Miriam Retorta, os melhores professores – que são minoria – migram para a rede privada, seja por causa dos salários mais atrativos ou pela melhor condição de trabalho, com sala e material adequados.
Nem tudo está perdido
Mesmo que o quadro geral das escolas reflita um ensino falho da língua inglesa, alguns colégios conseguem fugir do padrão e fazer com que os estudantes concluam o ensino médio com pelo menos o nível intermediário de conhecimento.
No Colégio Bom Jesus, por exemplo, o inglês começa a ser dado na pré-escola. Quando o aluno chega ao ensino médio, as regras mudam um pouco. Além de haver aumento na carga horária semanal para três horas, a conversação é levada mais a sério. “O professor só fala em inglês com os alunos. A prática é grande”, diz a professora de inglês do colégio Nina Weissheimer.
Nina conta que, ao terminar os estudos no colégio, o jovem está apto a fazer testes de certificação internacional, como o de Cambridge. “Alguns procuram mesmo uma escola especializada, mas não é necessário se ele levar a sério o que aprende em sala. Com esse conhecimento do ensino regular, ele está apto para o mercado de trabalho.”
Qualificação
No ensino médio da Uni­­ver­­sidade Federal Tecnológica do Paraná (UTFPR), as aulas de inglês também dão conta de proporcionar aos alunos um bom nível de conhecimento. Segundo a coordenadora do curso de Letras da UTFPR, Miriam Retorta, isso se dá por causa da qualificação dos docentes.
Miriam acredita que esse é o primeiro passo para que o ensino regular dê certo. “Os pais precisam aprender a cobrar bons professores também para língua estrangeira. O problema é que não há valorização dessa área do conhecimento. A preocupação fica em torno de matemática e português. O inglês fica em último plano”, lamenta.

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