COMUNIDADE
Jonathan Campos/Gazeta do Povo
Primeiro contato de Herbin com os moradores de rua foi no Passeio Público, no Centro de CuritibaCulto, lanche e prosa dão novo futuro a moradores de rua
Herbin Benavides orienta pessoas em situação de mendicância e drogadição. Começou sozinho, mas agora tem a companhia de 45 voluntários.
Segundo o pastor, cerca de 90% dos participantes são moradores de rua. Muitos têm família e outros vêm de outras cidades. Cerca de 80% deles são usuários de drogas ou alcoolistas. “O propósito do trabalho é mostrar o amor de Deus, que Jesus se importa com eles e pode operar milagres na vida de cada um desses ‘meninos’. Quero fazê-los se sentirem importantes e verem que podem voltar a ser parte da sociedade. Eles não são lixo, são pessoas que merecem respeito, atenção, amor e carinho.”
Dê sua opinião:
Qual a importância de iniciativas desse tipo? Você conhece outras ações parecidas com essa?
Serviço
Para participar, basta ir até um dos encontros, que acontecem todos os domingos, às 10h, ao lado do bicicletário do Passeio Público. Para mais informações, o e-mail é: ponte.ajuda@gmail.com
“Esse trabalho ganhou meu coração. Agora, cada um desses ‘meninos’ faz parte da minha família. Quero poder tirá-los da rua, dar dignidade a cada um deles, oferecer amor e cuidado e mostrar a eles uma esperança.”
“São pelo menos seis pessoas reabilitadas e três que estão devidamente empregadas. O mais valioso para nós é vê-las recuperadas.”
Herbin Benavides, cineasta e pastor voluntário na Primeira Igreja Batista de Curitiba (PIB).
Natural do Chile e morando em Curitiba há cinco anos, o pastor teve essa ideia em 2009, quando levava sua filha para o Colégio Estadual do Paraná e via os moradores de rua que ficavam no Passeio Público. “Deus tocou meu coração e fui vendo a necessidade de me aproximar daquelas pessoas que eu via sujas, catando comida do lixo e vivendo sem perspectiva naquele local.”
Bastaram algumas semanas para ele decidir “ir a campo”, encher uma mochila com sucos e sanduíches e ter contato com a realidade das pessoas que via no Passeio Público. “No começo, eram quatro ou cinco meninos, mas fui me aproximando, mostrando que tinha boas intenções e logo o grupo foi se formando. Nessa época, eu nem falava português, então só conseguia me comunicar no idioma do amor e do abraço, mas isso não impediu que nos comunicássemos perfeitamente.”
Hoje, as reuniões contam com meia hora de culto, momentos de testemunho e um lanche, formado por leite com achocolatado, café, suco e dois sanduíches para cada morador em situação de rua. Em média, são 120 participantes por fim de semana.
Natal
Com o crescimento no número de participantes, em 2011, Benavides diz que decidiu colocar em prática um projeto ainda mais ousado: realizar uma confraternização de Natal e mostrar ao grupo o verdadeiro sentido desta data. “Muitas pessoas ajudaram, contamos com voluntários que também abraçaram a nossa causa e conseguimos fazer um churrasco para 50 pessoas, com carne, pão e mais cem panetones para serem distribuídos entre eles.”
Segundo Benavides, neste dia, ele se sentiu ainda mais confiante para continuar o trabalho. “Sempre brinco que foi o milagre da ‘multiplicação do churrasco’. Neste dia, fizemos kits para 50 pessoas, que era o número que sempre aparecia todos os domingos. Porém, logo contamos 88 pessoas no culto. No final, meu filho comentou que todos comeram, repetiram, alguns serviram um terceiro prato e ainda sobraram 11 bifes”, relembra, orgulhoso.
Resultados
Reinserções animam líder a ampliar trabalho social
Reinserções animam líder a ampliar trabalho social
Sete pessoas estão internadas em reabilitação graças aos encontros coordenados por Herbin Benavides nas manhãs de domingo no Passeio Público. “São pelo menos seis pessoas reabilitadas e três que estão devidamente empregadas. O mais valioso para nós é vê-las recuperadas. Não importa a quantidade dos que conseguiram se reabilitar. Se fosse somente um, eu me sentiria plenamente gratificado por saber que nosso trabalho mudou uma vida para melhor.”
O sonho do pastor agora é ter um prédio equipado para ser um centro de triagem para os participantes dos encontros que queiram tentar a reabilitação. “É um processo trabalhoso, porque precisamos prepará-los, fazer exames médicos e realizar a libertação espiritual para que eles comecem a reabilitação. Seria importante que empresários nos ajudassem a viabilizar isso e ampliassem o nosso trabalho.”
Voluntários
Empolgado com os bons resultados, o pastor diz que o trabalho não tem data para acabar e que qualquer ajuda é bem-vinda para ampliá-lo. Hoje, o grupo conta com 45 voluntários de várias igrejas. “Contamos com a ajuda de qualquer pessoa que quiser fazer parte da nossa equipe e dar dignidade para esses moradores de rua.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário