Igrejas antigas contam a história do nosso litoral.
Conhecer as igrejas históricas do Litoral do Paraná é uma boa pedida para quem se interessa pela cultura do estado. Os primeiros povoamentos de europeus na região datam de meados de 1500. Dada a forte religiosidade da época, os vilarejos eram formados geralmente ao redor das igrejas, que serviam como “ponto de encontro” para os moradores do local.
Tal característca garante que cada templo seja marcado fortemente pelas condições sociais, econômicas e políticas da época e do local onde foram erguidos. “As igrejas são como assinaturas de um período”, explica Marcelo Polinari, historiador da Coordenação do Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural do estado. A maioria das igrejas mais antigas da costa paranaense foi tombada pelo órgão e hoje são fiscalizadas para que suas características originais não se percam.
Nesses locais, tradição e modernidade convivem lado a lado e o turismo religioso é forte. O padre José Miguel de Oliveira, da Igreja Nossa Senhora do Santíssimo Rosário, em Paranaguá, conhece bem a história do local e sempre conta as curiosidades aos turistas ou fiéis interessados. Um fato interessante é que essa igreja foi construída com elementos típicos do Litoral: as paredes foram formadas por cascas de ostras queimadas, óleo de peixe, areia do rio e barro vermelho.
Com planejamento, é possível visitar a maioria das igrejas em apenas um dia. Confira.
Igreja da Nossa Senhora do Pilar – Antonina
A igreja foi inaugurada em 1715 e tombada pelo Patrimônio Cultural em 1999. Segundo consta, três irmãs celebravam novenas a Nossa Senhora do Pilar todos os anos. Os cultos reuniam cerca de 60 moradores da região na época. Em 1923, o templo, em condições precárias, chegou a ser fechado. Em 1952, foram substituídas as esquadrias e de madeira por vitrôs, as paredes perderam os afrescos e o telhado ficou mais alto.
Serviço:
Endereço: Praça Cel. Macedo s/nº
Missas: Domingo às 8h30 e 19h; 4ª às 15h; 5ª às 6h30 e 18h. Para visitação, todos os dias das 9h às 18h.
Igreja da Irmandade de São Benedito – Paranaguá
Foto: Walter Alves/Gazeta do Povo
É a primeira igreja do Sul do Brasil construída por escravos devotos de São Benedito, o santo negro. Lá ocorriam missas, casamentos e batizados dos escravos, que não podiam frequentar as igrejas da elite da época. É uma edificação de estilo colonial brasileiro, cuja construção começou em 1784, no mesmo local onde antes ficava a Igreja das Mercês – erguida no começo do século 17.
Serviço:
Endereço: Rua Cons. Sinimbu, s/nº
A igreja fica aberta à visitação todos os dias, das 8h às 18h, mas não estão sendo realizadas missas.
Igreja de Porto de Cima – morretes
Foto: Walter Alves/Gazeta do Povo
A igreja foi construída em 1779 às margens do Rio Nhundiaquara. O local era ligado à mineração e ao transporte pelo rio entre o litoral e o interior, além de abrigar engenhos de erva-mate. A capela foi ampliada em 1840 para atender à população crescente. Mas, com a chegada da ferrovia e o deslocamento de engenhos para o interior, a região de Porto de Cima entrou em decadência. Essas duas fases históricas se refletem na fachada. Após reforma, a entrada foi passada para o lado de trás, e é bem mais simples do que a porta antiga, que reflete os tempos áureos do local. Passa por restauração.
Serviço:
Endereço: Praça de Porto de Cima.
Missas: No barracão anexado, no segundo domingo de cada mês e todos os sábados, às 19h30.
Igreja de São Benedito – Morretes
Foto: Walter Alves/Gazeta do Povo
A irmandade de São Benedito foi fundada em Morretes em 1760 e reunia “pretos, escravos e pessoas livres, que por suas devoções quiserem pertencer a ela sem distinção de sexo ou idade”, segundo o seu estatuto. Quase todos os documentos mais antigos sobre a igreja se perderam em uma enchente nos anos 60. A igreja tem uma nave, torre e capela-mor.
Serviço:
Endereço: Largo Marechal Floriano, s/nº Temporariamente fechada.
Igreja da Terceira Ordem de São Francisco das Chagas – Paranaguá
Foto: Walter Alves/Gazeta do Povo
A igreja foi inaugurada em 1794 e passou por obras de conservação no século 19. De estilo barroco e alvenaria em pedra, a igreja foi tombada em 1967. Um incêndio em 1961 quase fez o prédio ser demolido. O incidente deixou o templo em ruínas, e ele foi reformado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Serviço:
Endereço: Rua XV de Novembro, esquina com Presciliano Correa.
Missas: 2ª a 5ª ao meio-dia; primeira sexta-feira do mês às 18h; sábado às 17h e domingo às 11h e 17h. Aberta a visitação das 8h às 18h.
Igreja Nossa Senhora do Rosário – Paranaguá
Foto: Walter Alves/Gazeta do Povo
Trata-se de uma das edificações mais antigas do Paraná, datada do século 18. O primeiro marco de construção é de 1578, mas a igreja passou por tantas reformas que a construção atual é completamente diferente da original, consagrada a Nossa Senhora do Rosário de Paranaguá. A igreja é em estilo colonial português.
Serviço:
Endereço: R. Professor Cleto, esquina com R. Sinimbu. Centro Histórico.
Missas: 2ª a sábado, às 18h30; domingo às 7h, 10h, 18h e 19h30; 4ª às 7h e 18h30.
Igreja Nossa Senhora do Bom Sucesso – Guaratuba
Foto: Walter Alves/Gazeta do Povo
O povoamento em Guaratuba teve início em 1656. Na época em que se tornou Vila, em 1771, a Igreja já existia. Apesar disso, não se sabe o ano certo da sua construção. As pedras utilizadas na construção foram trazidas da Ilha do Mel, na época da construção da Fortaleza de Nossa Senhora dos Prazeres.
Serviço:
Endereço: Av. 29 Abril, 51
Missas: até o fechamento desta edição não foram determinados as datas e horários das missas.
Igreja de São Sebastião de Porto de Cima
O dia do santo padroeiro da Igreja de São Sebastião de Porto de Cima, em Morretes, é comemorado em 20 de janeiro. Nos últimos dois anos, as celebrações tiveram que ser feitas em locais improvisados, porque a igreja está sendo restaurada. Segundo Paulo Cezar de Souza, presidente da diretoria formada e elegida por membros da comunidade, que cuida de assuntos relacionados à Igreja, a promessa é que o trabalho teria sido terminado no fim de 2012. Porém, a obra está parada há alguns meses e só deve ser retomada depois dos festejos. “Há oito anos me prometem que a igreja estaria pronta. Não dá pra esperar tanto tempo. Os bancos, por exemplo, a comunidade se organizou e conseguiu comprar.”, afirma.
Nesses dois anos de restauro, todas as atividades da igreja têm que ser feitas em um barracão improvisado, ao lado do templo. É sempre trabalhoso, porque os bancos têm que ser dispostos e guardados em todas as ocasiões e o espaço não comporta muita gente.
Há 10 anos nesta função, Paulo explica que todo o trabalho é feito de forma voluntária pelos moradores da região, motivados pelo apreço que têm pela igreja. “O barracão que utilizamos agora vai ter que ser derrubado por causa do restauro da igreja. Queremos juntar dinheiro para construir um salão para os nossos eventos, porque assim que essa obra terminar, vamos ficar sem espaço”.
Festa
A festa de São Sebastião de Porto de Cima começa com novenas a partir de 11 de janeiro. No dia 19, haverá um baile. No dia seguinte, a programação conta com missa, procissão, almoço com churrasco e costela, bingo e matinê dançante. Turistas são bem vindos a conhecer a festa da comunidade.
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