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quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

A Copa sai dos gramados e invade a sala de aula


Walter Alves/Gazeta do Povo / Futebol será ponto de partida para discutir outros assuntos em sala de aulaFutebol será ponto de partida para discutir outros assuntos em sala de aula
CONTEÚDO

A Copa sai dos gramados e invade a sala de aula

Cartilha da Seed orienta escolas a usarem o Mundial de futebol como tema interdisciplinar, mas assunto deve ser trabalhado com cautela.
A partir de 2013, as escolas da rede estadual estão orientadas a trabalhar em todas as séries dos ensinos fundamental e médio assuntos voltados à Copa do Mundo de 2014. Para isso, a Secretaria de Estado da Educação (Seed) elaborou uma cartilha, que será distribuída nos colégios, com sugestões de exercícios que podem ser usados por professores de todas as disciplinas, desde Educação Física até aquelas mais distantes do tema, como Ensino Religioso e Química.
A ideia é que a Copa funcione como um tema transversal, que são aqueles que permeiam várias disciplinas ao mesmo tempo e fazem parte da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) desde 1997. Os mais comuns – e que já são discutidos em grande parte das disciplinas – são os relacionados à ética, ao meio ambiente, à orientação sexual e à pluralidade cultural, mas a proposta é que a escola traga para dentro da sala de aula todo tema importante que esteja em discussão na sociedade.
Exercícios
Entre as sugestões apresentadas em novembro pela Secretaria de Estado da Educação, durante o anúncio da cartilha sobre a Copa do Mundo, estão atividades para todas as disciplinas. Em Geografia, por exemplo, uma das dicas é “identificar as relações de poder que envolvem a disputa entre os países para sediar grandes eventos esportivos”. Em Química, a sugestão é trabalhar a composição da bola de futebol, relacionando a evolução do objeto com o “avanço da síntese de polímeros”. Nem Ensino Religioso escapou. A dica é “identificar as relações do esporte com o Sagrado nas diversas tradições religiosas”.
Outro caso
Cartilha usa o futebol para discutir cidadania
Além da rede pública, outras escolas também aproveitarão a Copa do Mundo para discutirem com seus alunos assuntos que envolvam cidadania. No Colégio Expoente, por exemplo, o Mundial será o tema da vez de um projeto que, a cada dois anos, elege um tópico para ser tratado em todas as turmas. A proposta é que cada docente explore aspectos que normalmente não teriam espaço na grade curricular e que também são relevantes para a formação do aluno. Para 2013 e 2014, o tema escolhido é “Limites, Respeito e Superação” para trabalhar os limites territoriais de cada nação, seus hábitos e culturas, assim como os focos de violência que ocorrem nos estádios e histórias de superação proporcionadas pelo esporte. Assim como a Seed, o Expoente elabora uma apostila para guiar o professor com ideias de trabalhos, questões e discussões. Esse material é usado por cerca de 300 colégios do país inteiro conveniados com a escola. “Cada um aborda o assunto dentro do seu olhar, levando em conta o programa da disciplina e o projeto pedagógico da escola”, diz a gerente do Centro de Excelência em Educação do Expoente, Sandra Pioli.
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O que você acha dessa orientação da secretaria? Como a Copa do Mundo pode ser usada nas escolas?

De acordo com o técnico pedagógico de Educação Física do Departamento de Educação Básica da Seed e responsável pela cartilha, Aluízio da Rosa, não é obrigatório que o docente aborde o tema dentro da sua disciplina. Trata-se apenas de uma sugestão. “O conteúdo que faz parte do programa não deixará de ser cumprido, mas o docente poderá aproveitar as ideias de abordagem e exercícios que damos para trabalhar com os alunos quando achar conveniente”, diz.
Cuidado
Embora a ideia de trabalhar a Copa como tema transversal seja positiva, educadores alertam para um cuidado: é necessário tratar o assunto de forma crítica e não apenas enaltecer o futebol. A professora do setor de Educação da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Luciane Paiva explica que é comum que o tema encante professores e alunos, mas o papel da escola de formar pessoas com capacidade de análise não pode ficar de lado. “É fundamental que sejam tratados em sala os custos financeiros e sociais de uma Copa do Mundo no Brasil, ver o que isso representa para o país e dar ao aluno capacidade de avaliar o que é divulgado a respeito na mídia.”
A educadora aponta outro cuidado a ser tomado pelas escolas: não se pode reforçar a veneração de ídolos, de figuras que acabam por serem copiadas pelas crianças e jovens sem que eles parem para refletir.
Vantagens
Precauções à parte, trazer para a sala de aula um assunto que é discutido na­­­­cionalmente e que movimenta paixões no mundo inteiro é uma forma de conectar o conteúdo curricular à realidade e incentivar o aluno a se interessar por assuntos que, dados normalmente, parecem chatos e difíceis.
O material da Seed traz, por exemplo, um exercício de Matemática que envolve o cálculo de volume de sólidos geométricos – que à primeira vista assusta os alunos –, usando uma bola de futebol.

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