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quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Escolas dão aula de como ensinar com qualidade


Christian Rizzi / Gazeta do Povo / Das 51 escolas municipais de Foz do Iguaçu, a pior tem 65% dos alunos com nível adequado de aprendizadoDas 51 escolas municipais de Foz do Iguaçu, a pior tem 65% dos alunos com nível adequado de aprendizado
EDUCAÇÃO

Escolas dão aula de como ensinar com qualidade

Medidas adotadas na rede municipal de Foz do Iguaçu são exemplos a serem replicados em colégios de todo o país.
O que há em comum entre escolas que, mesmo atendendo alunos pobres, conseguem fazer com que todos tenham acesso a um ensino de qualidade? Para responder a essa pergunta, a Fundação Lemann acompanhou de perto seis colégios públicos — no Rio de Janeiro (RJ), em Sobral (CE), Pedra Branca (CE), Palmas (TO), Acreúna (GO) e Foz do Iguaçu (PR) — que hoje têm pelo menos 70% dos alunos no nível adequado em Matemática e Português e apenas 5% de conceito insuficiente no primeiro ciclo do ensino fundamental.
“Focamos em experiências que podem ser replicadas em outros lugares. Quando a gente fala em melhorar, por exemplo, a formação inicial e o plano de carreira, isso demanda esforços diversos. Essas escolas, no entanto, investem no que está mais à mão, mais fácil de alcançar”, explica Ernesto Faria, coordenador de projetos da fundação.
Boas práticas
Confira quais práticas são comuns a todas as escolas pesquisadas:
Definem metas: em todas as escolas de Pedra Branca (CE), Sobral (CE) e Foz do Iguaçu (PR), as secretarias de Educação criaram um plano para recuperar o ensino. A meta é: todos os alunos aprendendo o conteúdo esperado para sua série na idade certa. As escolas visitadas no Rio de Janeiro, em Goiás e em Tocantins também são acompanhadas pelas secretarias de Educação.
Acompanham de perto o aprendizado dos alunos: promovem análise das avaliações oficiais e fazem avaliações internas.
Políticas pedagógicas baseadas em dados: informações são usadas para planejar e oferecer formação continuada aos professores e reforço escolar para os alunos.
Fazem com que o ambiente seja agradável: monitoram conflitos e buscam soluções. Criam um local seguro e limpo, propício ao aprendizado.
Comunicação: trabalham para que todos comprem a ideia proposta – secretaria de Educação, direção, professores, alunos e pais.
Respeito ao professor: a experiência deles é agregada ao planejamento pedagógico.
Buscam apoio dentro da escola: identificam os profissionais que podem multiplicar as ideias e fazer com que todo o grupo se dedique e aceite as mudanças.
Buscam apoio fora da escola: criam parcerias com os pais e a comunidade e têm o apoio das prefeituras.
Entre as ações que podem ser replicadas, quatro são comuns a todas as escolas visitadas. Em Pedra Branca, Sobral e Foz do Iguaçu, a pesquisa constatou que as secretarias de Educação trabalharam para identificar os pontos fracos em relação ao aprendizado, passaram a acompanhar os resultados das avaliações e, a partir daí, desenvolveram um plano para recuperar o ensino. Tudo com metas claras e com foco bastante específico: fazer com que todos os alunos aprendam o conteúdo esperado para sua série na idade certa.
Para estimular que as metas fossem cumpridas, as redes passaram a dar bônus aos professores que garantem o aprendizado de seus alunos. Em algumas secretarias, se a escola vai bem no Índice de Desenvolvimento de Educação Básica, todos recebem bônus. Em Foz, os profissionais das unidades que conquistam desempenho maior ou igual à meta do Ideb recebem o 14.º salário. Para cumprir as metas, as escolas passaram a ter que acompanhar de perto o aprendizado dos alunos.
Outras ações
Algumas escolas estabeleceram avaliações oficiais, que ajudam a identificar os estudantes que precisam de reforço escolar. Em Foz do Iguaçu, a equipe da Secretaria de Educação percorre as escolas e analisa os cadernos dos alunos do 4.º e 5.º anos, além de observar a aula dada. “Percebemos que o modelo não se limita a relatar para a secretaria o que foi visto, mas se preocupa em mostrar como é possível melhorar. Foz tem 51 escolas municipais e a pior tem 65% dos alunos no nível adequado de aprendizado”, afirma Faria.
Nas seis escolas, os estudantes que têm desempenho acima da média são estimulados e recebem treinamento para participar, por exemplo, de olimpíadas de conhecimento. Outro ponto comum entre elas é que nenhuma medida é tomada com base na intuição. As escolas pesquisadas conseguiram ainda criar um ambiente agradável, que deixa os alunos à vontade para aprender. As unidades são seguras, limpas e têm prédios preservados.

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