Governo estadual, no entanto, reforçou a posição do Ministério da Agricultura e negou que o bicho tenha desenvolvido a doença e morrido em razão dela.
A declaração de Ortigara foi dada durante um encontro estadual de cooperativas, autoridades sanitárias do estado e representantes do setor agropecuário, que ocorre em Curitiba.
Doença foi descoberta em 1920
A Doença de Creutzfeldt-Jakob (conhecida como vaca louca) ataca o sistema nervoso central e geralmente é caracterizada por demência rapidamente progressiva, associada a contrações musculares involuntárias. Foi inicialmente descrita na Alemanha, em 1920, e desde então a incidência aproximada de um caso para cada 1 milhão de pessoas tem sido registrada, segundo dados do Ministério da Saúde.
Em 1996, o governo inglês declarou a possível existência de conexão entre a EEB e o desenvolvimento de uma nova forma da DCJ. Desde o registro dos primeiros casos dessa variante, de 1994 a 2000, foram identificados 91 casos prováveis ou confirmados, dos quais 87 são procedentes do Reino Unido, três da França e um da Irlanda. Em nenhum país das Américas, incluindo o Brasil, houve registro de casos humanos da doença.
Apesar de afastar a possibilidade de haver a doença no estado, Ortigara confirmou que o agente patogênico que causa a doença - o príon (proteína neurodegenerativa causadora da patologia) - foi encontrado em amostras coletadas de um animal no Paraná em 2010. A causa da morte do bovino, no entanto, teria sido a raiva, segundo ele, e não a presença do príon.
“A identificação desse tipo de lesões é uma coisa normal, que aconteceu recentemente na Europa e nos Estados Unidos”, minimizou o secretário. Ele falou com os jornalistas apenas depois de ligar para o diretor-presidente da Agência de Defesa Agropecuária (Adapar), Inácio Afonso Kroetz, que está em Brasília, noMinistério da Agricultura, acompanhando a divulgação de informações sobre o caso.
Com relação a uma possível influência no mercado, Ortigara reforçou o posicionamento de ausência da doença no Paraná. “O Estado não tem nenhum problema classificado como anormal no rebanho. É um fato lamentável, mas não expõe a risco o rebanho do estado. Isso não deve interferir nas exportações de carne bovina brasileira”, disse.
Sobre a demora no anúncio do resultado das análises, que começaram a ser feitas há mais de dois anos, o secretário atribuiu a responsabilidade ao governo federal. “Estamos acompanhando o caso desde dezembro de 2010, fizemos todos os exames necessários, a coleta de amostras como determina o protocolo, e encaminhamos para análise. Infelizmente, isso demorou muito na esfera do Ministério da Agricultura, por isso foi divulgado só agora.”
Repercussão
Gerente técnico e econômico da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), Flávio Turra avalia que a consequência da notícia vai depender da reação dos países importadores. "O Paraná não importa ou exporta praticamente nada [no mercado de carne bovina]. Mas, se a carne do Mato Grosso não puder ser exportada e ficar no mercado interno, o país pode ter uma queda acentuada nos preços do produto", avaliou.
Conforme informações do jornal Folha de São Paulo, publicadas nesta sexta-feira (7), exames foram feitos no Reino Unido para confirmar a ocorrência da doença. Segundo a publicação, a carne brasileira pode sofrer restrições em alguns mercados, fato que pode ser minimizado pela incidência isolada do caso e de ter ocorrido há dois anos.
A Organização Mundial para a Saúde Animal (OIE) considera o país, segundo o jornal, como local com risco “insignificante” para a doença da vaca louca. Outros países da América Latina, como Argentina e Chile, estão no mesmo patamar do Brasil nesta classificação.
Nota oficial
Leia abaixo, na íntegra, a nota oficial divulgada pelo Ministério da Agricultura, às 8h52 desta sexta-feira, a respeito do caso.
"Em relação às matérias veiculadas em alguns veículos de comunicação, no dia de hoje, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento esclarece que:
Com relação à morte de uma fêmea bovina ocorrida no estado do Paraná, em 2010:
1) Trata-se de um caso antigo, de 2010, ocorrido no Paraná;
2) O que foi detectado é que o animal possuía o agente causador da EEB, porém, não manifestou a doença e nem morreu por esta causa;
3) O episódio não reflete risco algum à saúde pública ou à sanidade animal, considerando o que o animal não morreu em função da referida doença;
4) A OIE (Organização Mundial de Saúde Animal), em comunicação oficial mantém a classificação do Brasil como país de risco insignificante para EEB;
5) O Brasil não tem EEB."
Nenhum comentário:
Postar um comentário