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quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Cultive o Natal o Ano todo!!!


A magia do Natal de dezembro a dezembro

Esperança, união e solidariedade podem estar presentes no dia a dia, não só em dezembro. Conheça histórias inspiradoras e siga o exemplo de quem vive esse espírito nos 365 dias do ano.
“Ninguém é imune ao espírito natalino”, escreveu Moacyr Scliar em uma de suas crônicas. De fato, é impossível não se deixar levar pela magia desta época. Em dezembro, pode reparar, as pessoas ficam mais abertas ao outro, dão um jeitinho de aproximar a família, dedicam-se a estar mais próximos dos filhos e sentem prazer em ajudar o próximo. Mas por que elas apenas se permitem viver isso uma vez ao ano?
Esta pergunta também incomodava o empresário Fabrizzio Zanette. Ainda na década de 1990, sua mãe, ele e colegas do curso de Engenharia Elétrica passaram a adotar as cartinhas da campanha Natal dos Correios. Então, veio a ideia: e se ajudássemos a quem precisa o ano todo? “Primeiro, pensamos em abrir uma instituição, mas descobrimos que já havia mais de 200 em Curitiba, algumas com dificuldades para se manter. Foi aí que surgiu a Vivamigos”, conta. Quatro instituições, entre casas lares e centros sociais, são atendidas hoje pela ONG, que promove bazares de arrecadação, gincanas culturais, almoços mensais e outras atividades em benefício de 220 crianças. No último dia 15, Zanette testemunhou o sorriso de pelo menos 300 delas na festa de Natal que ajudou a promover. Mas ele sabe que, para fazer sentido, o trabalho deve continuar o ano inteiro.
“É preciso ter o coração lírico para viver o espírito do Natal, e este espírito só é acessível às crianças”, acredita o frei Clodovis Boff, da Ordem dos Servos de Maria. Ele lembra que o dia 25 de dezembro é a celebração do nascimento de Cristo, portanto, é tempo de “despertar a criança que fomos e que permanece em nós”. Mas Boff admite ser difícil manter a alma singela e pueril 365 dias ao ano. “O ser humano é ambicioso e saturado, mas é importante que ele viva o Natal em toda sua intensidade, e que este sentimento se difunda nos meses restantes”. Aos reticentes, ele recorda a frase que leu num muro em Roma, onde leciona Teologia: “Está triste? Experimente amar.” A felicidade, para ele, está em gestos de bondade e amor ao próximo.
Segundo Rodrigo Alva­­renga, professor de Filosofia da PUCPR, o problema não está em falar de bondade e solidariedade apenas nesta época do ano, mas em desistir de tentar ser melhor e de escolher qual mundo poderíamos ter, por medo de parecer hipócrita. Ele também condena o sentido consumista que hoje se sobrepõe ao espírito do Natal. “Há tempos deixamos de querer ser melhores, a exemplo de Cristo, para sermos maiores e mais ricos, a exemplo dos Césares”, critica.
Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo
Ceia semanal
Para os Madalosso, mesa farta e família reunida não é exclusividade da ceia de Natal. Depois que sua mãe partiu, há 15 anos, dona Flora (ao centro, com gola rendada) assumiu o costume de receber os parentes para almoçar em sua casa. Como domingo é o dia de maior movimento no restaurante, o tradicional almoço acontece às quartas-feiras. O cardápio remete à infância na casa materna: frango ensopado, polenta mole, macarrão caseiro e salada de radiche. Aos domingos, Flora ainda recebe a turma para um caprichado café da tarde. Entre filhos, noras, netos, irmãos e sobrinhos, são 40 pessoas! “A vida da gente é o que acontece no dia a dia. Tem famílias que se reúnem no Natal e depois ficam meses sem se ver. Para nós, a união é um hábito e a família é o fundamento de tudo, está em primeiro lugar”, enfatiza. Aos 72 anos, ela ainda faz a diferença na vida de outras famílias além da sua. Toda sexta-feira, Flora oferece o jantar do hospital neuropsiquiátrico San Julian, e 100% da venda de seu livro, Entre Quatro Panelas, é revertida para pessoas de baixa renda.
Hugo Harada/Gazeta do Povo

Joana e Marcelo Mendes não abrem mão do tempo que dedicam ao pequeno Antônio
Bem menor em tamanho do que a família Madalosso, o casal Joana e Marcelo Mendes também faz questão de dar bons exemplos e estar próximo de seu filho, Antônio, 4 anos. De manhã, Joana o auxilia nas tarefas escolares e brincam juntos. À tarde, ela trabalha e o pequeno vai à escola. Mas é à noite que o trio se reúne, invariavelmente, para jantar, brincar e ler histórias. “Acho que o Antônio é uma criança amorosa porque dedicamos este tempo a ele. Vejo muitos pais distantes, com filhos que se isolam, enquanto o nosso sente prazer na companhia da família”, diz. Para ela, pais ausentes têm o hábito de compensar com presentes, quando deveriam procurar se fazer mais presentes. “É preciso ter punho firme para educar, mas também muito amor e atenção”, defende.
Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo
Amigos nada secretos
Se você só tem tempo de cultivar amizades no amigo secreto da empresa, é hora de conhecer a história de Juliana Costa, coordenadora de eventos da Editora Positivo. Aos 38 anos – comemorados com nada menos que 60 amigos –, ela admite que seu maior desafio hoje é manter as amizades, já que viaja 15 dias por mês. “Às vezes fico anos sem ver um amigo, mas, quando nos reencontramos, parece que foi ontem”, diz. Tal cumplicidade começou quando ela tinha 15 anos e passou por várias cirurgias ortopédicas, devido a um problema congênito. Os amigos, então, faziam escala para levá-la à fisioterapia, dar banho e subir a escadaria do colégio com ela no colo. “Sempre fui muito dependente e grata aos meus amigos. Tudo o que tenho e sou, eu devo a eles”.
Para retribuir o carinho, ela converteu a casa em um verdadeiro albergue: quando viaja, deixa a chave em um esconderijo e quem vem de outras cidades fica hospedado lá. “Às vezes tem até comida na geladeira quando volto”, conta. Como seus pais formaram outras famílias, Juliana tem oito irmãos espalhados por outras cidades, o que torna difícil reunir todo mundo. “Os amigos acabam suprindo em parte este amor no restante do ano”, confessa.
Ritual
A psicóloga e membro do Instituto Junguiano do Paraná, Maria de Lourdes Bairão Sanchez, define o Natal como um rito de passagem que envolve as pessoas em torno da ideia de fim (do ano) e renascimento (representado pela figura de Jesus Cristo). “Nossa sociedade tem cada vez menos rituais, e o Natal é um dos poucos que ainda preservamos”, cita. Para ela, rituais são importantes porque nos permitem sair do moto-contínuo da rotina para compartilharmos mais. “Isso faz bem à psique, porque não se vive sozinho. É a interação que faz o humano continuar humano, e no Natal exercemos nossa humanidade da forma mais plena. Porém, é fundamental manter uma vida afetiva no dia a dia, e não só nas festas de fim de ano”, conclui.

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