Escolas superam dificuldades para atender assentados
EDUCAÇÃOEscolas de assentamentos do PR se destacam no Ideb
Três colégios para filhos de assentados tiram média superior à dos próprios municípios onde estão localizados.
Em Querência do Norte (Noroeste do estado), a Escola Municipal Chico Mendes, no assentamento Pontal do Tigre, atingiu a maior nota do Ideb de toda a cidade no fim da primeira etapa do ensino fundamental (5.º ano). Segundo a educadora Osmara de Souza, os 6,2 obtidos pela escola são reflexo de diversos dribles nas dificuldades que apareceram ao longo do ano. “A infraestrutura daqui não é favorável. Além disso, o acesso até a escola é complicado”, afirma. Ao todo, 12 educadores trabalham na instituição, que tem 256 estudantes em 12 turmas. A média do município foi de 4,9.
Diferencial
Turmas com poucos alunos são o segredo em Rio Bonito do Iguaçu
Outra escola que superou a média municipal está no assentamento rural Ireno Alves dos Santos, em Rio Bonito do Iguaçu. A Escola Vanderlei das Neves obteve nota 5,6 contra os 5,2 da rede municipal.
O segredo da instituição é manter uma média de poucos alunos por turma. “O projeto pedagógico que a escola segue é o mesmo das demais. A diferença é que lá são poucos alunos por turma. A média é de 18 estudantes para cada uma das nove turmas”, afirma a secretária municipal de Educação, Elenice Viola.
Corpo docente
Outro ponto considerado fundamental para o melhor desempenho da escola é o fato de os professores estarem há três anos lecionando na instituição. “Isso cria um vínculo maior com o aluno e com a família dele, e reflete no aprendizado”, salienta. (DA)
80 alunos
serão formados nos dois cursos de nível superior (Agroecologia e Pedagogia do Campo) e em um curso técnico (Agroecologia) promovidos pelo Incra no Paraná neste ano. Os cursos fazem parte do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera) e são promovidos pelo Incra.
Dê sua opinião
O que precisa melhorar em termos de infraestrutura nas escolas de assentamentos?
Escreva para leitor@gazetadopovo.com.br
As cartas selecionadas serão publicadas na Coluna do Leitor.
O método de ensino é baseado nos ensinamentos de Paulo Freire. Anualmente é realizada uma pesquisa com os moradores do assentamento, que debatem o tema a ser discutido em sala de aula. “A gente trabalha assuntos que a comunidade julga importantes e vamos detalhando em diversos subtemas”, explica. Paralelamente, são trabalhados assuntos voltados ao trabalho no campo. Outro ponto que Osmara destaca é a formação continuada para os professores do campo.
Improviso
Outra escola que superou a média do município no Ideb fica no assentamento 8 de Abril, em Jardim Alegre (Região Central). Com nota 5,0 (apenas 1 décimo acima da média municipal), a Escola José Clarimundo Filho ainda não tem estrutura própria. Segundo a secretária de Educação, Simone Moreira Colombo, a escola funciona em um barracão adaptado pela prefeitura. Os 267 alunos e 17 professores encaram essa realidade desde 2001. “Mesmo não sendo o ideal, o espaço está dando conta de ofertar um ensino de qualidade”, diz Simone.
O projeto pedagógico de Jardim Alegre opta por proporcionar uma ligação entre a história cultural dos alunos e as disciplinas. “Isso ajuda eles a entender melhor os assuntos e a valorizar o papel deles no meio rural”, afirma.
Assentados têm a chance de frequentar curso superior
O Instituto Nacional de Reforma Agrária (Incra) realiza no Paraná um curso técnico e dois em nível superior para os assentados. Neste ano, o Incra investiu R$ 1,5 milhão nos três cursos que estão em andamento. Juntos, eles devem formar 80 estudantes. Os cursos fazem parte do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera).
O curso técnico em Agroecologia funciona em parceria com o Instituto Federal do Paraná (IFPR), no município de São Miguel do Iguaçu, e formará 21 alunos. O superior de Agroecologia, também em parceria com o IFPR, acontece na Lapa e deve formar 24 alunos. Já o de Pedagogia do Campo, em parceria com a Universidade do Oeste do Paraná (Unioeste), irá formar 45 alunos.
Segundo o superintendente estadual do Incra no Paraná, Nilton Bezerra Guedes, o objetivo é capacitar os jovens para que eles possam se dedicar e aperfeiçoar o trabalho nos assentamentos. “Esses estudantes serão os difusores de conhecimento para os demais moradores. Queremos dar condições para melhorar a qualidade de vida de todas essas famílias”, afirma. (DA)
Nenhum comentário:
Postar um comentário