CULTURA
O carnaval no Brasil
O carnaval chegou ao Brasil em meados do século XVII, no início da colonização, com o chamado Entrudo
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O carnaval chegou ao Brasil em meados do século XVII, no início da colonização, com o chamado Entrudo — palavra que vem do latim introitus e que designa as solenidades litúrgicas da Quaresma — por influência dos colonizadores portugueses das Ilhas da Madeira, Açores e Cabo Verde.
O Entrudo, festejado até a Primeira República, nada tinha a ver com o carnaval de hoje, a não ser pelo seu caráter popular. Consistia em algumas brincadeiras de mau gosto, como lançar, sobre os outros foliões, baldes de água, esguichos de bisnagas e limões-de-cheiro – feitos ambos de cera –, pó de cal — que poderia até cegar as pessoas atingidas -, vinagre, groselha ou vinho e até outros líquidos que estragavam, sujavam ou tornavam mal-cheirosas as roupas dos foliões. Essas brincadeiras, apesar da sua estupidez, eram toleradas e até bem vistas pelo imperador Pedro II. A nobreza chegou a aderir, tornando o Entrudo uma festa que acontecia não só nas ruas como na Quinta da Boa Vista e em seus jardins.
Entre 1870 e 1890, o Entrudo foi sendo substituído pelos bailes em clubes e desfiles nas ruas, com fantasias inspiradas em modelos europeus e as alegorias importadas da Itália. Seu desaparecimento foi gradativo, pois nem todos os foliões tinham posses para frequentar os bailes dos clubes, que eram pagos e feitos em teatros. A partir desse momento as festividades começaram a ser divididas em dois tipos distintos de comemoração: uma feita pelas classes mais ricas nos bailes de salão, nas batalhas de flores, nos corsos e desfiles de carros alegóricos; outra feita pelas classes mais pobres, nos maracatus, cordões, blocos, ranchos, frevos, troças, afoxés e, finalmente, em 1928, quando surgiu a Estácio de Sá, a primeira escola de samba, que ganhou esse nome por ser uma escola que ensinava samba.
Para Rosane Figueiredo, falar sobre o carnaval não é uma tarefa difícil, afinal desde 1960 ela participa de desfiles e blocos de rua. “O carnaval de antigamente era para o povo, famílias inteiras participavam dos blocos, ranchos, havia coretos em praticamente todos os bairros com bandinhas tocando as marchinhas e todo mundo, de criança a idosos, podia participar da folia, pois gastava-se pouco dinheiro e havia muita alegria e respeito; e lógico, não existia essa violência, no máximo eram batedores de carteiras”, conta.
Hoje, diversos fatores colaboram para que muita coisa seja diferente de anos atrás, na opinião de Rosane. A violência e o custo alto pela diversão são os principais aspectos, segundo ela, que acredita que o antigo carnaval tinha muito mais vantagens e divertimento. “Eu prefiro o carnaval de antigamente. Embora ainda desfile pela Portela, tenho certeza que a maioria dos portelenses e do povão em geral não podem assistir ao desfile de sua escola de samba, pois não têm como pagar os preços exorbitantes cobrados. Também não podem desfilar, pois o carnaval agora se resume em artistas e personalidades querendo aparecer e o verdadeiro folião fica em casa assistindo pela TV, ou em cima do viaduto vendo de longe sua escola preferida passar”, diz Rosane.
Além dos ingressos, alguns foliões ficam limitados a não participar do carnaval devido ao custo alto das fantasias, que quanto mais bonitas e luxuosas mais caras podem custar.
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