“Com meu cão-guia, vou a todos os lugares. Ele cuida de mim.” Wagner Bitencourt, professor de Filosofia, com seu labrador Johan
Quando os olhos têm quatro patas
Apesar de adorável, cão-guia não deve ser distraído com brincadeiras. Contato pode por em perigo o animal e o deficiente visual.
Ver um deficiente visual acompanhado de um cão-guia não é uma cena comum em Curitiba. E, por mais que o “encontro” seja comovente e leve, muitas vezes, a pessoa a ter o impulso de brincar com o animal, evite tomar essa iniciativa. O motivo? O gesto pode atrapalhar a concentração do cachorro e colocar o deficiente em situação de perigo. O alerta é do instrutor de cão-guia Fabiano Pereira, que acrescenta: “O animal está preocupado em ser os olhos do deficiente e não em brincar”.
Como os cães-guias ainda são em pequeno número no país, a maioria das pessoas não sabe como lidar com esses animais, confirma a jornalista Danieli Haloten, que está com seu segundo cão. “Estava atravessando a rua e uma mulher me parou no meio da via. Ela atrapalhou o meu caminho e do meu cachorro só porque ela queria brincar com ele e nem percebeu o perigo que eu passava”, recorda Danieli. Desde o ano 2000, ela é auxiliada por cachorros treinados. O atual é Higgins, mistura de labrador com golden retriever.
Serviço
Para quem quiser se tornar um adestrador e também para o deficiente visual que quer ter um cão-guia basta se inscrever no site,www.ifc.edu.br.
As peculiaridades de uso de um cão-guia ainda são tão pouco difundidas, que a questão acaba refletindo até na disponibilidade de equipamentos específicos, em especial, a guia. “Eu uso uma que não é tão boa, porque importei da Austrália, em que eles pedem especificações do peso e medida tanto do cão (que ele ainda não tinha na época da compra do acessório) quanto da pessoa, o que faz toda a diferença na minha sensibilidade e na do animal”, explica o professor de filosofia Wagner Bitencourt, que há um mês passou a ter o auxílio do labrador Johan.
Apesar dos contratempos no cotidiano, tanto Bitencourt quanto Danieli têm certeza que ter um cachorro para eles é essencial. “O animal mudou minha vida para melhor. Ele me dá liberdade, comodidade”, salienta a jornalista. Para o professor de Filosofia, o pouco tempo de convívio mudou muita coisa. “Os obstáculos que podem atrapalhar são facilmente desviados. Os telefones públicos são um problema, pois quando passamos a bengala no chão não identificamos que a borda do orelhão está muito próxima do rosto. Com o cão-guia isso pode ser evitado”, justifica.
Iniciativa
Primeiro centro de treinamento em SC
A dificuldade de encontrar no país profissionais especializados em adestramento de animais para deficientes, levou o governo federal a criar no mês passado, através do Instituto Federal Catarinense, o primeiro Centro de Treinamento de Instrutores de Cães-guias da América do Sul, no município de Camboriú. O projeto-piloto servirá como referência para a implantação de outros centros nas demais regiões do Brasil.
De acordo com a coordenadora do projeto, Márcia Santos de Souza, inicialmente serão formados seis instrutores para todas as regiões do país, que irão disseminar a preparação dos animais para que os cães-guias se tornem mais populares. “Além disso, nos próximos dois anos, serão adestrados em Santa Catarina 78 cachorros que serão doados”.
A dificuldade de encontrar animais adestrados para acompanhar deficientes é tão grande, no Brasil, que Danieli Haloten foi buscar nos EUA o seu cão. Ela o recebeu após ter se inscrito em um instituto que faz doação de cães-guias. Wagner Bitencourt, por outro lado, conseguiu seu cão-guia por meio de treinamento de um policial militar aposentado. Benedito Parreira, com 25 anos de experiência em treinamento de cães, se dispôs a fazer o treino de Johan
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