Pesquisa
Excesso de açúcar prejudica o cérebro
A glicose, embora seja um combustível
essencial para o raciocínio, pode gerar um efeito deletério quando
presente em grande quantidade nas células
Vai
fazer prova, prestar concurso, participar de um trabalho que exige
grande concentração? Evite os doces antes e durante as tarefas, ao menos
os industrializados, como chocolates, refrigerantes e outras guloseimas
ricas em açúcar refinado. Em compensação, pode caprichar no salmão, no
óleo de linhaça e nas nozes no almoço ou no jantar.
Uma pesquisa realizada na Universidade da Califórnia (Ucla) e divulgada no último dia 15 na publicação americana Journal of Psicologhy mostra que ingerir grandes quantidades de açúcar pode dificultar a comunicação entre os neurônios e deixar o cérebro lento. Por outro lado, o ômega 3 presente em peixes e em algumas sementes pode minimizar os “estragos”.
Evite: alimentos que contenham glicose em excesso e que sejam absorvidos de forma muito rápida pelo organismo, gerando um pico muito alto de açúcar no sangue. Portanto, evite ingerir muito chocolate, balas, tortas, doces e refrigerantes, que contêm muito açúcar refinado. Prefira frutas, pois, além de terem menos frutose (que depois é transformada em glicose), são ricas em fibras, que tornam a absorção do açúcar mais lenta.
Consuma: alimentos ricos em ômega 3, como peixes de águas frias (salmão, atum, sardinha), e em sementes como nozes, lichia e linhaça. São três os tipos de ômega 3 – o DHA (ácido docosaexaenóico) e o EPA (ácido eicosapentaenóico) são de origem animal, presente em peixes. Já o ALA (ácido alfalinolênico), de origem vegetal, é encontrado nas sementes.
Ausência ou deficiência: sem glicose, o cérebro simplesmente morre. Caso haja deficiência, a pessoa pode perder a consciência, entrar em coma, ter tremores, alucinações, estresse e fome.
Excesso: provoca secreção exagerada do neurotransmissor glutamato, que provoca estresse oxidativo dos neurônios, dificultando as sinapses e até mesmo matando as células.
Fonte: Hudson Famelli, Eda Scur e Renato Puppi Munhoz.
O estudo, feito com camundongos, mostrou a relação entre a
ingestão de alta dose de açúcar e o comprometimento das sinapses,
ligações entre as células cerebrais que possibilitam o raciocínio. Os
animais, divididos em dois grupos, foram alimentados durante seis
semanas com xarope de milho com alta concentração de frutose (seis vezes
mais doce do que a cana-de-açúcar) e apenas um dos grupos recebeu ômega
3.
Os resultados mostram que a glicose (a frutose transforma-se em glicose no fígado, antes de cair na corrente sanguínea e chegar ao cérebro), embora seja um combustível essencial para o cérebro, pode gerar um efeito deletério quando presente em excesso nas células. Após as seis semanas, os pesquisadores puseram os ratos em um labirinto para que realizassem uma atividade que haviam aprendido antes de ingerirem frutose em excesso: encontrar a saída.
Os animais alimentados apenas com açúcar não conseguiram. Mostraram-se desorientados, sem coordenação e não acharam a saída. Já os que ingeriram DHA, um tipo de ácido graxo do ômega 3, também apresentaram dificuldades em realizar a tarefa, mas acabaram encontrando a única saída existente, embora tenham demorado mais do que a primeira vez.
Radicais livres
Tal “apagão” começa a ser desvendado pela ciência e o que já se sabe é que, se a glicose é importante para manter o motor do cérebro funcionando, uma overdose da substância não fará com que tenhamos um supercérebro. Pelo contrário: ela pode estimular a secreção acelerada do neurotransmissor glutamato, que aumenta o estresse oxidativo cerebral, gerando radicais livres que “atacam” os neurônios.
“Esses radicais livres causam pequenos danos funcionais no cérebro e até microlesões estruturais, o que faz com que o raciocínio e o funcionamento cerebral de modo geral fiquem comprometidos”, explica o chefe do Setor de Neurologia do Hospital Cajuru e professor de Medicina da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Renato Puppi Munhoz.
O médico afirma que o metabolismo desacelera e até mesmo o oxigênio – outro combustível importante para manter as células vivas e em amplo funcionamento – fica com seu suplemento comprometido, já que a glicose interfere negativamente na vascularização e impede que o órgão seja plenamente irrigado. “Isso é notado em pessoas que têm diabete, por exemplo”, diz Munhoz.
Ômega 3 “compensa” malefícios
A pesquisa feita na Universidade da Califórnia é uma comprovação de que a glicose em excesso pode fazer mal, algo que já é observado em pacientes com diabete ou aqueles que, mesmo sem ter a doença, têm o índice glicêmico elevado – acima de 270 dl/mg, o nível já é considerado alto. Além disso, o estudo também mostra que o ômega 3, conhecido por promover o rejuvenescimento celular, realmente faz bem à saúde.
“Há uma hipótese de que o ômega 3 ajude na reconstituição das membranas celulares. Isso porque ele é uma espécie de lipídio [gordura], e uma parte da membrana externa é feita de lipídio”, explica o neurologista do Hospital Vita Hudson Famelli. Ou seja, o ômega 3 presente em peixes de águas frias, como o salmão e a sardinha, é o principal fornecedor do material que forma as membranas, por onde a corrente elétrica do cérebro se propaga.
Mesmo quem ingere alimentos que contenham grande concentração desse tipo de ácido graxo, no entanto, não está liberado para exagerar naqueles ricos em glicose, como os que possuem açúcar refinado, pois a ingestão de um não compensa a do outro. A longo prazo, o hábito pode levar à obesidade, que também contribui para a “lentidão” cerebral. “O tecido adiposo libera adipocitocinas, substâncias inflamatórias que também são capazes de gerar os mesmos radicais livres e promover o envelhecimento e a morte das células”, explica a nutricionista Eda Scur.
Uma pesquisa realizada na Universidade da Califórnia (Ucla) e divulgada no último dia 15 na publicação americana Journal of Psicologhy mostra que ingerir grandes quantidades de açúcar pode dificultar a comunicação entre os neurônios e deixar o cérebro lento. Por outro lado, o ômega 3 presente em peixes e em algumas sementes pode minimizar os “estragos”.
O que comer
Para manter o raciocínio ágil, a nutricionista Eda Scur dá as seguintes dicas de alimentação:Evite: alimentos que contenham glicose em excesso e que sejam absorvidos de forma muito rápida pelo organismo, gerando um pico muito alto de açúcar no sangue. Portanto, evite ingerir muito chocolate, balas, tortas, doces e refrigerantes, que contêm muito açúcar refinado. Prefira frutas, pois, além de terem menos frutose (que depois é transformada em glicose), são ricas em fibras, que tornam a absorção do açúcar mais lenta.
Consuma: alimentos ricos em ômega 3, como peixes de águas frias (salmão, atum, sardinha), e em sementes como nozes, lichia e linhaça. São três os tipos de ômega 3 – o DHA (ácido docosaexaenóico) e o EPA (ácido eicosapentaenóico) são de origem animal, presente em peixes. Já o ALA (ácido alfalinolênico), de origem vegetal, é encontrado nas sementes.
Equilíbrio
A glicose é o único combustível do cérebro – devido à barreira hematoencefálica, que permite apenas a passagem desse monossacarídeo. Nesse caso, todo o carboidrato que ingerimos precisa se transformar em glicose antes de chegar ao cérebro.Ausência ou deficiência: sem glicose, o cérebro simplesmente morre. Caso haja deficiência, a pessoa pode perder a consciência, entrar em coma, ter tremores, alucinações, estresse e fome.
Excesso: provoca secreção exagerada do neurotransmissor glutamato, que provoca estresse oxidativo dos neurônios, dificultando as sinapses e até mesmo matando as células.
Fonte: Hudson Famelli, Eda Scur e Renato Puppi Munhoz.
Os resultados mostram que a glicose (a frutose transforma-se em glicose no fígado, antes de cair na corrente sanguínea e chegar ao cérebro), embora seja um combustível essencial para o cérebro, pode gerar um efeito deletério quando presente em excesso nas células. Após as seis semanas, os pesquisadores puseram os ratos em um labirinto para que realizassem uma atividade que haviam aprendido antes de ingerirem frutose em excesso: encontrar a saída.
Os animais alimentados apenas com açúcar não conseguiram. Mostraram-se desorientados, sem coordenação e não acharam a saída. Já os que ingeriram DHA, um tipo de ácido graxo do ômega 3, também apresentaram dificuldades em realizar a tarefa, mas acabaram encontrando a única saída existente, embora tenham demorado mais do que a primeira vez.
Radicais livres
Tal “apagão” começa a ser desvendado pela ciência e o que já se sabe é que, se a glicose é importante para manter o motor do cérebro funcionando, uma overdose da substância não fará com que tenhamos um supercérebro. Pelo contrário: ela pode estimular a secreção acelerada do neurotransmissor glutamato, que aumenta o estresse oxidativo cerebral, gerando radicais livres que “atacam” os neurônios.
“Esses radicais livres causam pequenos danos funcionais no cérebro e até microlesões estruturais, o que faz com que o raciocínio e o funcionamento cerebral de modo geral fiquem comprometidos”, explica o chefe do Setor de Neurologia do Hospital Cajuru e professor de Medicina da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Renato Puppi Munhoz.
O médico afirma que o metabolismo desacelera e até mesmo o oxigênio – outro combustível importante para manter as células vivas e em amplo funcionamento – fica com seu suplemento comprometido, já que a glicose interfere negativamente na vascularização e impede que o órgão seja plenamente irrigado. “Isso é notado em pessoas que têm diabete, por exemplo”, diz Munhoz.
Ômega 3 “compensa” malefícios
A pesquisa feita na Universidade da Califórnia é uma comprovação de que a glicose em excesso pode fazer mal, algo que já é observado em pacientes com diabete ou aqueles que, mesmo sem ter a doença, têm o índice glicêmico elevado – acima de 270 dl/mg, o nível já é considerado alto. Além disso, o estudo também mostra que o ômega 3, conhecido por promover o rejuvenescimento celular, realmente faz bem à saúde.
“Há uma hipótese de que o ômega 3 ajude na reconstituição das membranas celulares. Isso porque ele é uma espécie de lipídio [gordura], e uma parte da membrana externa é feita de lipídio”, explica o neurologista do Hospital Vita Hudson Famelli. Ou seja, o ômega 3 presente em peixes de águas frias, como o salmão e a sardinha, é o principal fornecedor do material que forma as membranas, por onde a corrente elétrica do cérebro se propaga.
Mesmo quem ingere alimentos que contenham grande concentração desse tipo de ácido graxo, no entanto, não está liberado para exagerar naqueles ricos em glicose, como os que possuem açúcar refinado, pois a ingestão de um não compensa a do outro. A longo prazo, o hábito pode levar à obesidade, que também contribui para a “lentidão” cerebral. “O tecido adiposo libera adipocitocinas, substâncias inflamatórias que também são capazes de gerar os mesmos radicais livres e promover o envelhecimento e a morte das células”, explica a nutricionista Eda Scur.
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