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terça-feira, 26 de junho de 2012

Separados, mas sempre amigos


Daniel Caron/ Gazeta do Povo / Kylvio Kern e Eliane Reboli: separados há 32 anos, amigos para sempreKylvio Kern e Eliane Reboli: separados há 32 anos, amigos para sempre
COMPORTAMENTO

Separados, mas sempre amigos

O fim de um casamento é um momento de dor. Passada a mágoa, é possível manter um bom relacionamento com o antigo parceiro?
Nem todas as histórias de amor terminam em “felizes para sempre”. Quando algo dá errado, a separação é a opção da maioria dos casais. É uma hora difícil, que envolve várias decisões, inclusive se você vai manter a amizade ou não.
A nutricionista Eliane Reboli não teve dúvidas. Ela ficou quatro anos casada e tem um ótimo relacionamento com o ex-marido, o despachante Kylvio Kern. “Dá para ser amiga, deve ser amiga. Se não for é porque você é uma pessoa rancorosa, que guarda mágoa e vive do passado. Não pode guardar mágoas, nem do ex nem de ninguém”, afirma.
Rancor é algo que não existe no vocabulário de Eliane. Ela tem 63 anos e está separada há 32. São três décadas de amizade. O ex-casal passa as férias junto e convive normalmente, inclusive com os novos parceiros dos dois.
“Ele vem na minha casa com a atual”, conta a nutricionista. “Ninguém é dono de ninguém”. Nesse caso, a amizade dos dois se fortaleceu porque eles têm uma filha. Kylviane, de 36 anos, acredita que o bom relacionamento dos pais fez com que ela tivesse uma infância sem traumas. “Acho triste quando os pais ficam brigando, eu sempre passei as festas junto com os dois. Nunca tive este problema de ter que me dividir”, diz ela.
A psicóloga Josete Túlio, que é mediadora de conflitos familiares no Instituto de Mediação e Arbitragem (IMA), acredita que na hora de discutir a divisão de bens após a separação, é importante manter o olhar voltado para o futuro de todos os envolvidos – principalmente dos filhos. “O casamento acaba, mas os papéis e vínculos de pais devem ser resguardados.”
Para Josete, o relacionamento pós-separação depende de vários fatores: maturidade, capacidade de diálogo e desejo de investir na continuidade. Nem sempre acaba em amizade. “É claro que depende muito do que motivou a separação, se foi uma traição pode trazer um prejuízo maior, principalmente para o cônjuge traído”, diz a psicóloga.
“Nem pintado de ouro”
Esquecer o passado e construir uma nova relação não é tarefa fácil. Para alguns, parece impossível. Rita* terminou um casamento há cinco meses e não quer nenhum tipo de contato com o ex. Foram dois anos de relacionamento e, desde o rompimento, os dois se viram apenas uma vez. “Como é que eu vou manter contato com alguém com quem eu não quero mais nada? Não dá”, diz ela.
Rita, que é advogada, mudou de cidade e tenta reconstruir a vida longe do ex. Para ela, o ideal é cortar relações, mesmo que o rompimento abrupto cause sofrimento. “Senti falta no começo, mas eu prefiro me afastar, não encontrar, não ver, do que ficar alimentando uma ilusão.” Ela não acredita em amizade verdadeira depois do casamento. “Se você fica amiga do ex ou é porque você tem interesse nele ainda ou ele tem interesse em você.”
A psicóloga Daniela Bertoncello, que é terapeuta familiar, acredita que é preciso impor limites para o novo relacionamento. “Este relacionamento que já foi muito íntimo precisará encontrar uma nova fronteira para existir”, afirma.
O advogado João Demétrio é amigo das ex-namoradas mas, apesar disso, admite que são raras as vezes em que a amizade é possível. “Eu acredito em amizade entre homem e mulher, afinal, as pessoas são civilizadas e continuam se conhecendo. Mas é difícil, tem muita carga emocional.”
A dica é avaliar os pontos positivos e negativos dessa nova amizade. Josete Túlio complementa: “Se os problemas do casal puderem ser superados, todos ganham com essa escolha”.
*O verdadeiro nome da entrevistada foi preservado a pedido dela.

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