Montreal no verão: os canadenses aproveitam muito o sol
Chegar a Montreal é passar uma fronteira num mesmo território, sem precisar mostrar o passaporte. Montreal é cosmopolita, mas faz questão de deixar claro sua forte influência francesa. Nem por isso despreza o que a colonização inglesa e a cultura norte-americana têm a oferecer. O resultado é um mix do melhor dos dois mundos: há shoppings, museus, galerias de arte, festivais de música e teatro e uma infinidade de atividades que atendem aos diferentes perfis de turistas.
Montreal tem esse nome por causa do Monte Royal, uma colina que se abre para o rio São Lourenço e que hoje é o maior parque da cidade. Moradores e visitantes aproveitam a vista para a baía e suas pistas de corrida. No inverno, a neve permite esportes como caminhadas com raquetes e esqui.
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Catedral de Notre Dame, em Montreal
Mas é verão no Canadá e todos estão ávidos pelo sol. Mesmo que a temperatura marque 13 graus acompanhados por um ventinho gelado, vestidos e regatas com chinelos e bermudas estão nas ruas. Hora de cruzar a cidade de bicicleta e aproveitar a infinidade de eventos.
A cidade estava movimentada com a realização do Grand Prix e os protestos estudantis, que discutem os reajustes nas mensalidades das universidades.
A cidade tem jovens do mundo todo, que frequentam as quatro universidades (duas francesas e duas inglesas). A moçada nas ruas garante um astral descontraído, como o que acontece em Mile End, bairro universitário cheio de lojinhas descontraidas, cafés e casas compartilhadas. Na cidade velha, a região do porto também concentra atrações imperdíveis como a Catedral de Notre Dame. A riqueza de detalhes no altar mor e iluminação dos vitrais em seus três domos são de arrepiar.
O verão é a estação dos festivais. O primeiro é o de música francesa, o FrancoFolies, que fecha ruas centrais epara o trafego e coloca restaurantes e comerciantes nas ruas para atendimento dos pedestres. Tudo é motivo pra sair de casa. Até a Fórmula 1 foi motivo para um festival no Quartier des Spectacles, região que concentra os recintos artísticos da cidade.
Arte, aliás, esta em toda parte. Até no meio da rua: uma obra de Fernando Botero ornamentava a fachada de um hotel na cidade velha. E não era reprodução. A peça é de coleção particular e estava na rua para deleite dos transeuntes.
Saímos de Toronto ainda bem impactados pelo episódio do tiroteio no Eaton Centre. Inevitável acompanhar o noticiário sobre a busca pelo suspeito e a situação das vítimas. O assunto está na capa dos jornais há quatro dias e os canadenses são enfáticos em afirmar que tudo é muito surpreendente. A polícia diz que tudo não passou de um acerto de contas, já que tanto o rapaz que morreu como o outro, ferido durante o tiroteio, têm envolvimento com gangues.
Whatever... deixemos isso um pouco de lado, já que a missão aqui é outra. Seguimos para a região de Muskoka, ainda na província de Ontário. O lugar é um santuário ecológico, cheio de parques e lagos, uma espécie de litoral dos canadenses. Casa de veraneio, traillers, hotéis-fazenda e pequenos vilarejos ao melhor estilo Twin Peaks compõem o cenário.
Ali os canadenses passam as férias, tanto no inverno quanto no verão. A área é dedicada aosesportes outdoor, como canoagem, cavalgadas, pescaria, escaladas e acampamentos.
Depois de receber instruções de uma simpática guia de 10 anos de idade de como conduzir um cavalo, fiz um passeio pelos domínios de um dos hotéis mais antigos da região. O Deerhurst Resort foi fundado em 1896, fica a 15 minutos de Huntsville, tem acomodações para casais e famílias de até seis pessoas e oferece uma infinidade de atividades ao ar livre, no inverno e no verão.
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Deerhurst Resort é um dos hotéis mais antigos da região, fundado em 1896
Depois, hora de testar os músculos. O parque deAlgonquin fica a uma hora de viagem de carro de Huntsville. Tem um completo centro de visitantes, onde é possível conhecer mais da vida selvagem de ursos, veados, alces e castores, que têm ali seu habitat natural. A experiência, porém, fica mais completa com a prática de canoagem em um dos incontáveis lagos da região. A minha foi no Opeongo Lake. Em um canoa, com remos em punho, percorremos o lago observando os diques dos castores, aves e até um bambi.
O caminho até Ottawa, capital do país, é feito entre campos e fazendas. O cenário dos traillers e lagos muda para típicas cidades do interior, como Renewen, com 8 mil habitantes, a 80 quilômetros da capital. As três da tarde, a lanchonete fast food está lotada de velhinhos.
A região de Ottawa é o início da parte francesa do Canadá. A forte influência da colonização está presente nas legendas dos museus, por exemplo: de um lado da ponte, o primeiro idioma é o inglês. Em Gatineau, do outro lado, é o francês. A cidade alia construções históricas e modernas, e ainda tem um clima de boêmia encantador.
É do alto da torre do relógio do Parlamento Hill, edifício oficial do governo federal, onde funcionários públicos e políticos dividem os corredores e gramados com visitantes e escolares, que é possível contemplar a bela vista de Ottawa e Gatineau. Do lado de lá, na já na província de Quebec, há o Museu da Civilização. O prédio imponente conta a história da colonização do Canadá em instalações que primam pela cenografia. A área dos totens dos aborígines é imperdível. Por US$ 5, um water táxi leva o visitante pelo lago até o outro lado, em 15 minutos.
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Museu da Civilização em Quebec, Canadá
Do lado de cá, Ottawa oferece muito lazer. A área do BayWard Market merece uma inspeção minuciosa de suas lojas, boutiques, restaurantes, pubs, barracas de frutas, temperos e outras delícias. Alerta gastança no ar: dá para fazer um bom estrago nas economias.
A cidade escolhida para ser a capital do país tem um clima muito diferente de Toronto. Mais gente desocupada nas calçadas, mas também mais artistas de rua, adolescentes barulhentos e mais efervescência cultural. Há uma boa oferta de galerias de arte e lojas de design de móveis e objetos. E a porta de entrada para o pedaço canadense mais francês na América do Norte.
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