Apesar de ações de conscientização realizadas pela Infraero, número de relatos dos pilotos continua crescendo. Até maio deste ano 49 casos foram reportados. Em todo o Brasil, a cidade lidera o números de reclamações.
A gerente de navegação aérea em Londrina, Claudia Cristine Pedrazani Venâncio, disse que aInfraero já tomou várias providências com relação ao problema, no entanto, o número de casos continua crescendo. Entre as ações realizadas, estão palestras junto ao Sindicato da Habitação e Condomínios (Secovi) de Londrina explicando os perigos da utilização do raio laser na direção das aeronaves. “O assunto foi divulgado em reuniões de condomínios dos prédios”, contou.
Representantes da Infraero também fizeram visitas ao Camelódromo de Londrina, onde o produto é comercializado para explicar sobre o uso correto dele. “Também entramos em contato com os moradores da Gleba Palhano e distribuímos panfletos de orientação no aeroporto”, afirmou Claudia.
O aumento de reclamaçoes por parte dos pilotos não ocorreu apenas em Londrina. De acordo com o Cenipa, nos primeiros cinco meses deste ano, o número dobrou com relação ao mesmo período de 2011. Foram 670 casos contra 250 registrados no ano passado.
Segundo Claudia, apesar de ser crime o ato de apontar laser para aviões, é difícil identificar os autores e prendê-los em flagrante. Ela lembra apenas de um caso em Londrina, em que os controladores de voo conseguiram identificar de onde partiu o laser. A polícia chegou a tempo de apreender alguns adolescentes na praça que fica na região do terminal aéreo.
Ainda de acordo com a gerente de navegação aérea, além do risco à vida dos passageiros, a “brincadeira” do raio laser gera uma série de transtornos para pilotos e controladores de voos. “Para pousar, o piloto precisa enxergar a pista. Já teve casos de o piloto não enxergar, perder a aproximação e ter que arremeter a aeronave”, contou. Além de assustar os passageiros, o procedimento acaba atrasando o voo e gerando uma sobrecarga de trabalho aos controladores, responsável por sequenciar o pouso e decolagem das aeronaves.
Luz provoca perda momentânea da visão
Reportagem publicada em 24 de junho de 2011 no JL, mostrou as principais consequências do ato de apontar o feixe de raio laser em direção aos olhos dos pilotos. Quando o feixe de luz atinge o painel de acrílico provoca um grande reflexo dentro da cabine. O oftalmologista Marcelo Rosa Gameiro explicou que esse tipo de incidente não provoca danos graves para os olhos dos pilotos. Segundo ele, o “clarão” provoca a perda momentânea da visão. “A pupila fecha e a visão fica comprometida. Como o raio atinge, na maioria das vezes, apenas um olho, o piloto perde noção de profundidade, o que é muito importante para a aterrissagem perfeita”, disse.
O tempo para a visão voltar ao normal é de aproximadamente 20 segundos. Contudo, para um piloto de avião esse é um período muito grande. Como o período de aproximação no aeroporto é de aproximadamente um minuto e meio, a perda temporária da visão corresponde a 30% deste tempo.
Artigo científico publicado na revista Conexão Sipaer (volume 2, número 2, de março/abril 2011) – especializada em segurança de voo – informou que ao ter a visão ofuscada pela luz, o piloto pode desviar da rota de aproximação. “Luzes indesejadas na cabine de pilotagem durante um procedimento afetam a consciência situacional dos tripulantes, particularmente durante a noite, quando instintivamente os pilotos tentarão identificar de onde provêm as emissões luminosas, expondo-se a riscos imensuráveis.”
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