O trânsito de Vênus
Semelhante a um eclipse e visível em boa parte do mundo, o fenômeno ajuda cientistas na pesquisa de planetas extrassolares.
As próximas terça e quarta-feira serão dias grandes para a astronomia. É quando ocorre o trânsito de Vênus, visível em boa parte do mundo, mas não no Brasil – a não ser pelo extremo oeste do país. Depois deste, o próximo será só em 2117.
Em séculos anteriores, o fenômeno já ajudou na medição do tamanho da Terra e da distância entre o globo terrestre e o Sol. Com a era espacial, radares passaram a fazer o serviço que antes era realizado mais à base de cálculos e observação. Porém, rapidamente, os cientistas descobriram outra utilidade para o fenômeno astronômico.
2117
é ano do próximo trânsito de Vênus, depois do fenômeno que ocorre nos próximos dias 5 e 6. O Brasil poderá ver todo o evento em 2125.
A passagem de Vênus entre o Sol e a Terra ganha o nome de “trânsito” porque não chega a ser um eclipse solar, embora seja semelhante. Pelo tamanho e pela posição dos planetas – além de Vênus, há também o trânsito de Mercúrio –, eles não chegam a tapar o Sol.
“Vênus produz uma pequeníssima diminuição na luz solar observada, como um ruído. Assim podemos observar as características da atmosfera do planeta que transita”, explica o astrônomo Dietmar William Foryta, professor do departamento de Física da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Tudo que se sabe em relação a Vênus pode então ser usado para entender melhor planetas que existem fora do Sistema Solar, os chamados planetas extrassolares, que orbitam outras estrelas. “A observação de fenômenos astronômicos raros despertam o interesse pela Astronomia e ciência em geral. Vários questionamentos sobre o Universo são imediatamente despertados quando um leigo vislumbra um fenômeno astronômico incomum”, diz o professor de Física Rogério Toniolo, da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR).
A Agência Espacial Americana (Nasa, na sigla em inglês) fará uma transmissão ao vivo do trânsito de Vênus em sua página na internet, a começar às 18h30 de terça-feira. Mais tarde, vídeos do fenômeno devem aparecer no YouTube.
Para José Luís Manoel da Silva, diretor do Observatório Astronômico e Planetário do Colégio Estadual do Paraná, ver o fenômeno “é como apertar a mão de um craque de futebol”.
O trânsito de Vênus será do Leste para Oeste e terá a duração de 6 horas e 40 minutos, de acordo com cálculo feito pela Nasa.
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