Atendimento de emergência em Curitiba e RMC volta a operar perto do limite. No Hospital do Trabalhador, a UTI está lotada e não recebe casos gravíssimos. Já os casos considerados graves, segundo a direção, ainda recebeem atendimento.
Desde a noite de quarta-feira (11), o pronto-socorro do Hospital Evangélico de Curitiba está fechado. A paralisação causa impactos em outras unidades de saúde, provocando a sobrecarga do atendimento à população em casos de urgência e emergência, que volta a operar próximo do limite da infraestrutura na capital e na região metropolitana.
O Hospital de Clínicas (HC) continua com o atendimento afetado por conta da greve dos servidores técnico-administrativos, ampliando o impacto no sistema de urgência e emergência da Grande Curitiba. Segundo o assessor especial de gestão da prefeitura de Curitiba, Matheos Chomatas, juntos, HC e Evangélico somam 1,1 mil leitos: o mesmo potencial clínico da cidade de Maringá, no Noroeste do estado. “Apesar de o sistema ser robusto, ele já sofre com as paralisações. Ainda temos opções, mas é evidente que isso angustiante”, disse.
As paralisações sobrecarregam outras duas unidades que se destacam pelo atendimento de urgência e emergência. A Secretaria de Saúde do Paraná, gestora do Hospital do Trabalhador (HT), informou que o pronto-socorro está aberto, mas opera próximo da capacidade máxima. Os médicos avaliam caso a caso e, em geral, casos gravíssimos não estão sendo atendidos, por conta da falta de vagas na Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
O Hospital Cajuru também sente os reflexos da paralisação dos servidores do Evangélico. De acordo com a assessoria de imprensa, o pronto-socorro da unidade funciona perto do limite, mas ainda está conseguindo atender todos os pacientes de urgência e emergência que chegam ao hospital. Por volta das 16 horas, 25 pessoas eram atendidas no PS do Cajuru.
Segundo Chomatas, as pessoas vítimas de situações que demandem atendimento de urgência ou emergência são encaminhadas a outros hospitais da capital ou da região metropolitana, conforme o diagnóstico dos paramédicos. Casos de alta complexidade, por exemplo, são destinados agora à Santa Casa e ao Hospital da Cruz Vermelha, ambos em Curitiba, ou ao Angelina Caron, Hospital Nossa Senhora do Roccio e Hospital Parolin, na região metropolitana.
Para o assessor da prefeitura, o período mais crítico deve ocorrer entre as 17h30 às 20h30 e durante a madrugada, quando tendem a aumentar os casos de acidentes de trânsito e de vítimas graves. Segundo Chomatas, a situação só deve ser normalizada com a volta dos servidores do Evangélico ao trabalho.
A paralisação
A paralisação dos servidores do Hospital Evangélico começou na quarta-feira (11), por causa de um atraso no pagamento do salário e dos vales dos funcionários. Segundo a assessoria de imprensa do hospital, a previsão é de que os valores sejam pagos ainda nesta semana, assim que o Evangélico receber os repasses da prefeitura.
Chomatas, por sua vez, diz que a prefeitura depositou a verba nas contas da fundação que administra o Evangélico na segunda-feira (9), mas que o dinheiro pode não ter sido disponibilizado ao hospital ainda por causa dos trâmites de compensação bancária. “É importante dizer que a prefeitura recebeu o dinheiro do Ministério da Saúdena sexta-feira (6) e teria cinco dias úteis para fazer o repasse. O repasse já foi feito, mas ainda não caiu nas contas da fundação”, afirmou.
Recorrente
A situação enfrentada pela Secretaria de Saúde de Curitiba, gestora do atendimento pelo SUS na região, não é nova. No último dia 28, a capital e região metropolitana já enfrentou situação limite nos atendimentos de urgência e emergência após protesto de funcionários do Hospital Evangélico.
A deficiência de infraestrutura, porém, é histórica. O sistema de atendimento de urgência e emergência de Curitiba funciona no limite e só deve ter um aumento expressivo de capacidade em 2015, quando a prefeitura pretende colocar em funcionamento um hospital na região norte da capital, segundo matéria da Gazeta do Povo em junho.
A nova unidade terá 250 leitos, um pronto-socorro amplo capacitado para atender acidente vascular cerebral (AVC), enfarte e ortopedia, casos que ainda têm uma demanda reprimida no estado. Hoje, o atendimento hospitalar de urgência e emergência de Curitiba feito pelo Sistema Único de Saúde (SUS) é concentrado em três unidades: Cajuru, Evangélico e Trabalhador, esse último, responsável por cerca de 60% dos casos de trauma. Além deles, o Hospital de Clínicas também recebe casos de urgência.
Juntos, os três hospitais recebem pacientes da capital e da região metropolitana e é comum, nos dias mais sobrecarregados, as ambulâncias terem de esperar pela abertura de uma vaga ou serem conduzidas de uma unidade para outra. O hospital a ser instalado na região norte aumentará em pouco mais de 30% a capacidade dessa rede, que tem hoje 805 leitos.
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