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quinta-feira, 19 de julho de 2012

Sganzerla celebrado


Divulgação / O cantor Ney Matogrosso foi escolhido por Helena Ignez para reviver o Bandido da Luz Vermelha, agora encarcerado em uma prisão de segurança máxima.O cantor Ney Matogrosso foi escolhido por Helena Ignez para reviver o Bandido da Luz Vermelha, agora encarcerado em uma prisão de segurança máxima.
MOSTRA

Sganzerla celebrado

Filme inédito em Curitiba, Luz nas Trevas, protagonizado por Ney Matogrosso, traz o célebre personagem Bandido da Luz Vermelha 44 anos depois.
Programação
Confira todos os filmes que serão exibidos no Paço da Liberdade, de amanhã até o dia 28 de julho:
• Amanhã, às 18h30
Luz nas Trevas, de Helena Ignez e Ícaro Martins. Continuação do filme O Bandido da Luz Vermelha, traz Ney Matogrosso como protagonista. Sessão seguida de debate com Helena Ignez.
• Sábado, às 15h
Documentário, de Rogério Sganzerla (curta-metragem). Dois jovens escolhem um filme para assistir na capital paulista.
O Bandido da Luz Vermelha, de Rogério Sganzerla. O marginal João Acácio coloca população em polvorosa por conta de seus crimes sofisticados.
• Domingo, às 15h
Quadrinhos no Brasil, de Rogério Sganzerla e Álvaro de Moya (curta-metragem). Documentário que conta a evolução das histórias em quadrinhos no Brasil.
Sem Essa, Aranha, de Rogério Sganzerla, com montagem de Julio Bressane. Aranha se diz o último capitalista do país enquanto frequenta bares e inferninhos. Comédia sobre a fome com o comediante Jorge Loredo (o Zé Bonitinho) no elenco.
• Terça-feira (24), às 18h30
Viagem e Descrição do Rio Guanabara por Ocasião da França Antártica, de Rogério Sganzerla. Curta-metragem baseado na obra de Jean Léry, sobre a ocupação francesa no Rio de Janeiro.
O Abismo, de Rogério Sganzerla. Tributo a Jimi Hendrix e ao poder de Mu, divindade fenícia celebrada pelo personagem Zé Bonitinho.
• Quinta-feira (26), às 18h30
A Miss e o Dinossauro – Bastidores da Belair, de Helena Ignez (curta-metragem). Uma câmera super-8 filma a festa de despedida da produtora Belair, em 1970, durante a ditadura militar.
Signo do Caos, de Rogério Sganzerla. Uma carga cinematográfica é analisada pela censura do governo, que é destruída por ser considerada realista demais.
• Sábado (28), às 15h
Tudo É Brasil, de Rogério Sganzerla. Semi-documentário que traz à tona a história secreta do filme It’s All True, dirigido e rodado no Brasil por Orson Welles, em 1942.
Serviço
Mostra Rogério Sganzerla
Sesc Paço da Liberdade – Sala Cine Pensamento (Praça Generoso Marques, 189 – Centro), (41) 3234-4200. De 20 a 28 de julho, às 15 horas e às 18h30. 56 vagas por sessão. Entrada gratuita. É necessário retirar o bilhete de acesso no Serviço de Atendimento ao Consumidor do Paço, liberado com uma hora de antecedência.
Do final dos anos 1960 até a metade da década de 1970, tomou forma no Brasil um novo movimento cinematográfico, intitulado Cinema Marginal, período em que os cineastas tinham como protagonistas, das suas produções com parcos recursos, personagens que estavam sempre à margem da sociedade, sem emprego ou expectativas. Ozualdo Candeias, Júlio Bressane e José Mojica Marins foram alguns dos diretores que se destacaram naquele momento. Mas foi o filme O Bandido da Luz Vermelha (1968), de Rogério Sganzerla, o marco do movimento. Amanhã, o Sesc Paço da Liberdade inicia uma mostra em homenagem ao cineasta, com a exibição do longa-metragem Luz nas Trevas.
O filme, até então inédito em Curitiba (estreou em algumas capitais em maio), é uma continuação do longa O Bandido da Luz Vermelha, e é codirigido (junto com Ícaro Martins) pela viúva do cineasta, Helena Ignez, que estará presente no dia da estreia para um debate com o público. O roteiro original deixado por Sganzerla (morto em 2004) retrata a história de Jorge Bronze, filho do famoso Bandido da Luz Vermelha, que é vivido pelo cantor Ney Matogrosso. “Eu precisava do Luz como um personagem forte, e ninguém melhor que o Ney para viver isso, que, além de cantor, criou uma persona em torno dele. Ele conseguiu segurar a transformação pela qual o personagem passou. Conseguimos manter a lógica, sendo fiel ao anarquismo característico do Luz”, disse a diretora, em entrevista por telefone para a Gazeta do Povo de sua empresa em São Paulo, a Mercúrio Produções.
Ao mesmo tempo em que o longa-metragem relata a trajetória do filho, também traz o Bandido da Luz Vermelha encarcerado em um presídio de segurança máxima, mostrando como ele lida com o fato de ser um dos criminosos mais famosos do Brasil. Para Helena, o projeto tem um caráter pessoal: ela viveu Janete Jane no filme de 1968, personagem por quem Luz Vermelha se apaixona – na época, ela era considerada a “musa do cinema novo” (atuou em filmes como O Assalto ao Trem Pagador, de Roberto Farias, e O Padre e a Moça, de Joaquim Pedro de Andrade). Em Luz nas Trevas, é a filha de Helena e Sganzerla, Djin Sganzerla, que vive a paixão de Jorge Bronze. “Não modifiquei o roteiro, mas fiz um filme feminino, e não de Rogério”, ressaltou.
Roteiro
Para adaptar e transformar as mais de 500 páginas deixadas por Sganzerla, Helena trabalhou por mais de um ano. “Tinha uma quantidade enorme de material que precisava ser selecionado. Foi uma experiência prazerosa, mas trabalhosa.” Com orçamento de R$ 2,6 milhões, o filme foi todo rodado em São Paulo, em mais de 50 locações, durante seis semanas. “Foi uma produção pequena, mas de luxo. O Ney se surpreendeu quando entrou na locação da prisão”, contou Helena. Até agora, o longa é considerado, segundo a diretora, um “blockbuster dos filmes experimentais” – fez cerca de 10 mil espectadores.

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