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terça-feira, 17 de julho de 2012

Testes combinados ajudam a medir eficácia do professor


Divulgação /
METODOLOGIA

Testes combinados ajudam a medir eficácia do professor

Thomas Kane, diretor do Centro de Pesquisas em Políticas Educacionais de Harvard e vice-diretor da área de Educação da Fundação Bill & Melinda Gates.
A análise do desempenho dos alunos em testes deve ser uma das ferramentas usadas para avaliar a eficácia dos professores, mesmo que fatores externos à sala de aula influenciem os resultados dos estudantes. Essa é a opinião do diretor do Centro de Pesquisas em Políticas Educacionais de Harvard e vice-diretor da área de Educação da Fundação Bill & Melinda Gates, Thomas Kane. Mas, ele ressalta que não basta olhar as conquistas dos alunos nos exames para saber sobre a eficiência dos profissionais de educação.
Coordenado por Kane, o projeto Medições de um Ensino Eficiente, financiado pela Fundação Gates, analisa o trabalho de 3 mil professores nos Estados Unidos usando também a observação da atuação deles em sala de aula e pesquisas com alunos. O relatório final do projeto ficará pronto em 2013, mas a pesquisa já revelou que perguntar aos estudantes sobre seus professores e colocar observadores dentro de sala de aula são ferramentas úteis para saber mais sobre como os docentes podem melhorar. Confira alguns trechos da entrevista de Kane, que esteve recentemente em São Paulo para ministrar uma palestra:
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Que tipos de testes deveriam ser feitos no Brasil para avaliar o desempenho de professores? O modelo usado nos EUA poderia ser aplicado aqui?
Quão difícil é avaliar um professor?
Ensinar, assim como aprender, é muito complexo. E, como consequência disso, o ensino precisa ser medido de múltiplas maneiras. No projeto Medições de um Ensino Eficiente, nós medimos a eficiência dos professores de várias formas. Olhamos para as melhorias apresentadas pelos alunos, pedimos para os estudantes nos dizerem o que pensam dos professores, observamos o ensino em sala e aplicamos testes que avaliam o conhecimento dos professores sobre o conteúdo. Só quando você combina essas diferentes abordagens é que consegue saber, de forma precisa e justa, o trabalho que os professores estão fazendo.
Mas há uma forma de avaliar que seja mais importante que as outras?
Não sei se existe uma ferramenta mais importante. O fundamental é saber se essas ferramentas vão ajudar a identificar os professores que farão com que os alunos aprendam melhor no ano que vem e nos próximos anos.
É preciso avaliar os alunos no início do ano e no final do ano e não apenas no final do ano?
Sim. O que você quer é focar no crescimento das conquistas alcançadas pelos alunos e não apenas no que eles alcançaram no final do ano. As realizações deles vão depender de como eles estavam quando começaram o ano.
Alguns críticos dizem que estudantes têm experiências diferentes fora da sala de aula e que os resultados deles em exames não refletem diretamente o trabalho do professor...
Isso é verdade. Há fatores fora da sala de aula que afetam os resultados dos alunos. Por isso, é importante medir mais do que apenas as conquistas dos alunos. No entanto, vimos que o professor, individualmente, tem sim um grande impacto nessas conquistas.
O senhor acredita que os professores tendem a treinar os alunos apenas a passar nos testes e a responder perguntas de múltipla escolha?
Isso é um perigo real. E, por isso, é importante avaliar os professores por meio de outras ferramentas. É importante ter a observação da sala de aula e saber o que os alunos pensam dos professores. Aprendemos que, se você perguntar aos alunos questões como “Quando você devolve seu dever de casa, você recebe um retorno útil do professor que vai ajudar você a melhorar?” ou “Você acha que o professor usa bem o tempo na aula?”, os alunos podem ajudar a identificar os professores com quem eles estão aprendendo mais.
Pagar bônus a professores para estimulá-los a melhorar é uma boa medida?
Se você achar que as melhorias dos alunos se devem ao esforço do professor, você tem de dar incentivos financeiros com base nos resultados de testes e em outros fatores. Mas, se você acredita que as diferenças são causadas pelo talento e pelas habilidades, é preciso identificar de maneira mais cuidadosa quem são os professores mais eficientes, logo no início da carreira deles. Nos Estados Unidos, eu acredito que o problema não é o esforço. Para mim, os professores fazem o melhor trabalho que sabem fazer, mas não têm as habilidades que precisam para fazer com que os alunos aprendam. Nesse caso, os incentivos financeiros não vão fazer diferença nos resultados.
Professores com resultados ruins deveriam ser demitidos?
Acho que deveríamos ter cuidado para que apenas os professores mais eficientes fossem efetivados após o período de estágio probatório.
Avaliar professores é algo muito caro?
Medir as melhorias de aprendizagem apresentadas pelos alunos e fazer pesquisas com estudantes não é tão dispendioso. A parte que custa mais dinheiro é ter um adulto para observar o trabalho do professor em sala de aula. Fazer uma avaliação bem feita dos professores custa dinheiro, mas é uma das melhores maneiras de gastá-lo.

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