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terça-feira, 17 de julho de 2012

MENOPAUSA- Reposição de cálcio em discussão


Jonathan Campos/ Gazeta do Povo /
MENOPAUSA

Reposição de cálcio em discussão

Como a perda óssea varia de uma mulher para outra, cada pessoa deve passar por uma avaliação individual para definir se a suplementação do mineral tem mais benefícios do que riscos.
Após anos receitando suplementos de cálcio a mulheres que já passaram da menopausa para evitar fraturas, médicos agora se veem diante de controvérsias a respeito do consumo irrestrito dessa substância. A incerteza veio à tona neste ano quando uma força-tarefa do governo federal norte-americano recomendou que essas mulheres não tomem doses de cálcio e de vitamina D diariamente, por não haver comprovação dos benefícios.
O certo é que apenas tomar cálcio não é garantia de prevenção contra fraturas, já que outros fatores também auxiliam, como cuidados para evitar quedas e atividades físicas frequentes. Baseado nesses fatores, os especialistas norte-americanos afirmam que a ingestão de cálcio por si só não consegue diminuir a incidência de fraturas.
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Chega de salto alto
O salto alto não faz mais parte da vida da professora aposentada Marisa Ramalho Ghenov (foto), 64 anos. Essa é apenas uma das medidas que ela tomou depois que parou de ingerir hormônios na pós-menopausa e se viu com problemas ósseos há cerca de cinco anos. Desde então Marisa passou a seguir recomendações para prevenir quedas, como acender a luz ao sair da cama à noite e tirar tapetes que provocam escorregões. “Eu tinha muito medo de fazer exercícios físicos e cair”, conta. A suplementação de cálcio também ajudou. Dois comprimidos diários não a fizeram se despreocupar com a prevenção, por outro lado mostraram fazer a diferença nos exames. A alimentação mudou pouco, mas Marisa ingere sempre que possível leite e derivados. “A osteoporose não se cura, mas, no meu caso, já apresentou uma melhora significativa nos exames.”
Riscos
A ingestão diária de cálcio por quem precisa de suplementação varia, geralmente, entre 500 e 1.500 mg, dependendo da idade da pessoa e da ocorrência de problemas ósseos. Mas altas doses do mineral também podem trazer efeitos indesejados.
• Cálculo renal: como a excreção do cálcio é feita pelos rins, pessoas propensas a terem as chamadas “pedras” nesses órgãos devem cuidar com as quantidades do mineral.
• Problemas gastrointestinais: gastrite e intestino preso são reações adversas comuns da alta dosagem de cálcio.
• Risco de enfarte: a relação da ingestão excessiva de cálcio com enfartes ainda não foi comprovada, já que ao mesmo tempo muitos estudos mostram que os riscos aumentam, outros desmistificam essa possibilidade.
Fonte: André Vianna, endocrinologista do Hospital Nossa Senhora das Graças, e Mark Deeke, ortopedista do Hospital Marcelino Champagnat.
Mas o endocrinologista do Hospital Nossa Senhora das Graças André Vianna explica que já é comprovado que o consumo de cálcio é benefício, sim, ao menos em uma situação: no caso de mulheres que têm problemas ósseos e que já passaram pela menopausa. “O que é controverso é a necessidade de suplementação para mulheres que ainda não apresentaram osteopenia [perda óssea] ou osteoporose”, diz.
Esses dois problemas podem surgir, porque no período pós-menopausa, especialmente nos primeiros anos, a mulher tem perda óssea pela falta de estrogênio circulando no sangue, segundo o professor de ginecologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e membro da Comissão Científica da Sociedade Brasileira do Climatério, Jaime Kulak Junior.
Como a perda óssea varia de uma mulher para outra, cada pessoa deve passar por uma avaliação individual com o médico para definir se a suplementação de cálcio tem mais benefícios do que riscos, explica o ortopedista do Hospital Marcelino Champagnat Mark Deeke. A preocupação maior é com mulheres que sofrem com problemas ósseos, já que, nesses casos, após a ocorrência de um trauma, há aumento de morbidade. “Para as mulheres que estão perdendo cálcio e fazem parte do grupo de risco, são magras e sedentárias, provavelmente a relação custo benefício do cálcio apontará para a suplementação”, diz Deeke. Ele destaca também que a ingestão tem de ser a mais natural possível, o que facilita a absorção, mas nem sempre a dieta consegue abranger todas as necessidades. Nesses casos, os comprimidos entram em cena.
Além disso, os médicos afirmam que somente a ingestão do cálcio não é suficiente para fixá-lo nos ossos. A vitamina D (leia mais ao lado), a exposição ao sol e a atividade física, principalmente o reforço muscular isométrico – contração muscular sem movimento –, são peças chave para que o cálcio se mantenha e melhore a qualidade da massa óssea.
Recuperação
A regeneração óssea é importante para a melhora das fraturas. Ter osteoporose não aumenta o tempo de recuperação, mas altera a qualidade do novo osso que é formado. “A velocidade é a mesma para quem tem e quem não tem osteoporose, a diferença é que o osso formado não será tão resistente, podendo quebrar no mesmo lugar novamente”, diz Deeke.
Agravantes
A fixação do cálcio nos ossos sofre com outros fatores que competem com essa absorção, fazendo com que a substância seja eliminada do organismo. Entre eles está o tabagismo, remédios para pressão alta, diuréticos, cortisona e, especialmente, o sedentarismo.
Vitamina D
Somente a ingestão de cálcio não é suficiente para aumentar a massa óssea. É necessário que haja vitamina D circulante no sangue, já que a absorção do mineral é diretamente proporcional à quantidade da vitamina no organismo. Entretanto, ela não é facilmente encontrada na alimentação. Apenas leite, ovos e alguns peixes, como o salmão, a possuem. Além disso, para que seja absorvida pelo organismo, é preciso que a pessoa tome sol. Quando a necessidade dela aumenta, o paciente pode precisar de suplementação.

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