A cirurgia durou cerca de duas horas e foi comandada pelo médico Gilberto Almodin. As irmãs que partiparam do transplante passam bem, segundo a família.
Terminou com sucesso o primeiro transplante de ovário do Brasil, que ocorreu na manhã deste sábado (28), em Maringá. O procedimento durou cerca de duas horas no Hospital São Marcos e foi conduzido pelo médico e pesquisador Carlos Gilberto Almodin. Ele é conhecido por ter viabilizado a primeira gestação de mulher com menopausa do país.
Segundo Marcelo Batista, marido de Mariana Gerep de Morais, que recebeu o ovário da irmã gêmea, Elisa Gerep de Morais, a cirurgia foi tranquila. Ele disse que, por volta do meio-dia, as irmãs já haviam almoçado e caminhavam pelo quarto do hospital.
A reportagem tentou contato com o médicoCarlos Gilbeto Almodin, mas não obteve retorno.“Toda família está muito feliz. Isso [o transplante] é a esperança de uma vida nova para todos nós”, afirmou à Gazeta Maringá.
Transplante
O trabalho é resultado de uma pesquisa iniciada em 1999 para restaurar a fertilidade em mulheres com menopausa precoce decorrente de falência ovariana (seja de origem genética ou causada por tratamento quimio e/ou radioterápico). Em princípio, a técnica desenvolvida foi feita experimentalmente em ovelhas e os resultados foram apresentados em Seattle, nos Estados Unidos, em outubro de 2002.
Apesar da técnica já ter sido aplicada em vários países com sucesso, a equipe de Almodin (que também é formada pelos médicos Rafael Radaelli e Paula Almodin) nunca conseguiu fazer o transplante no Brasil por não ter acesso às pacientes.
Apesar de jovem, Mariana Gerep de Morais teve falência ovariana precoce e entrou em menopausa perdendo toda atividade hormonal e a fertilidade. Para viver normalmente, ela teria de fazer reposição hormonal e não poderia conceber filhos. Com a nova técnica, Mariana receberá parte de um dos ovários de Elisa, podendo recuperar a função hormonal e engravidar naturalmente.
Em comunicado repassado para a imprensa, Almodin explicou que apesar de ter sido aplicada com sucesso em vários países, como Bélgica, França e Estados Unidos, a técnica ainda é considerada experimental e não se pode prever com exatidão os resultados. “A maior preocupação seria de não ter como mensurar por quanto tempo o transplante funcionará”, informou em nota. O objetivo da equipe médica era transplantar parte do ovário doado e congelar outra parte para uso futuro.
Técnica premiada
A técnica ganhou o prêmio The Best Video Award – Basic Science Category no American Society for Reproductive Medicine Meeting e publicada posteriormente nos Estados Unidos e naInglaterra. Em 2004, a equipe de Almodin obteve a autorização do Ministério da Saúde para a realização do procedimento em humanos.
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