Reunião de 25 relatos curtos publicados semanalmente no Jornal do Brasil, em 1967, Felicidade Clandestina é considerado o livro mais autobiográfico de Clarice Lispector, reforçado pelo foco narrativo na primeira pessoa do singular. São crônicas independentes, mas há uma espécie de costura invisível entre elas que garante unidade e a ideia de um narrador constante.
O aluno que apenas lê o texto sem interpretá-lo subjetivamente pode ter problemas, já que o texto de Clarice não é objetivo e sua busca está no significado existencial do ser humano. A UFPR costuma testar os conhecimentos do vestibulando quanto ao contexto histórico da obra. Neste caso, o aluno deve estudar os traços do Modernismo e saber dimensionar Clarice Lispector na terceira geração, marcada pela reflexão, inovação estilística e o uso de metalinguagem.
NarradorGênero
Contos
Narrativa em primeira pessoa do singular, recurso que por vezes mescla a noção de personagem e autor. Em alguns contos é possível identificar personagens como alter-egos de Clarice, como a menina do conto-título de Felicidade Clandestina.
Personagens principais
Ainda que distintos em cada crônica, trazem características semelhantes. São tipos comuns, irrelevantes aos olhos da sociedade, em cenas corriqueiras do cotidiano. Entretanto, a autora valoriza seu momento interior e cristaliza seu processo de epifania – revelação, descoberta diante de um acontecimento mínimo, mas capaz de transformar a perspectiva dos personagens. Apesar de minuciosamente descritos, sua descrição não é objetiva. Em Clarice, a descrição física é apenas um atalho para a descrição psicológica. Os personagens do livro não têm nome, o que gera maior identificação e provoca a catarse do leitor, que é capaz de sentir emoções de vivências que não são suas.
Personagens principais
Ainda que distintos em cada crônica, trazem características semelhantes. São tipos comuns, irrelevantes aos olhos da sociedade, em cenas corriqueiras do cotidiano. Entretanto, a autora valoriza seu momento interior e cristaliza seu processo de epifania – revelação, descoberta diante de um acontecimento mínimo, mas capaz de transformar a perspectiva dos personagens. Apesar de minuciosamente descritos, sua descrição não é objetiva. Em Clarice, a descrição física é apenas um atalho para a descrição psicológica. Os personagens do livro não têm nome, o que gera maior identificação e provoca a catarse do leitor, que é capaz de sentir emoções de vivências que não são suas.
Tempo
Assim como o conteúdo analítico dos contos, o tempo também não é objetivo. O fluxo de consciência em Clarice Lispector torna embaçada a noção de tempo. No conto-título, sabe-se que o tempo é a infância, embora ao final a autora evidencie o processo de amadurecimento da protagonista. De forma geral, há uma percepção temporal alterada, já que a ação do conto pode ter se passado em poucos dias, mas tem-se a impressão de que o suplício da menina durou uma eternidade.
Assim como o conteúdo analítico dos contos, o tempo também não é objetivo. O fluxo de consciência em Clarice Lispector torna embaçada a noção de tempo. No conto-título, sabe-se que o tempo é a infância, embora ao final a autora evidencie o processo de amadurecimento da protagonista. De forma geral, há uma percepção temporal alterada, já que a ação do conto pode ter se passado em poucos dias, mas tem-se a impressão de que o suplício da menina durou uma eternidade.
Espaço
A construção espacial é simples, retratando o cotidiano infantil de uma menina comum em Recife. Mas Stella Bello lembra: “Felicidade clandestina é uma obra metafísica, que rompe com os limites de espaço-tempo por meio do fluxo da consciência, característica que a autora explorou de várias formas, sempre mantendo uma estética própria.”
Fonte: Stella Bello, Especialista em Literatura Brasileira e professora da disciplina no curso Dynâmico.
A construção espacial é simples, retratando o cotidiano infantil de uma menina comum em Recife. Mas Stella Bello lembra: “Felicidade clandestina é uma obra metafísica, que rompe com os limites de espaço-tempo por meio do fluxo da consciência, característica que a autora explorou de várias formas, sempre mantendo uma estética própria.”
Fonte: Stella Bello, Especialista em Literatura Brasileira e professora da disciplina no curso Dynâmico.
LIVROS UFPR 2011/2012 | 3:24
Felicidade Clandestina – Clarice Lispector
Reunião de 25 relatos curtos publicados semanalmente no Jornal do Brasil, em 1967, Felicidade Clandestina é considerado o livro mais autobiográfico de Clarice Lispector. Assista à análise do professor Fábio Bettes.
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