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quarta-feira, 28 de março de 2012

A incapacidade de ser humano


Divulgação / O cenário apocalíptico de Ah, a Humanidade!... foi inspirado na tragédia da usina nuclear de Fukushima, no JapãoO cenário apocalíptico de Ah, a Humanidade!... foi inspirado na tragédia da usina nuclear de Fukushima, no Japão
FESTIVAL DE TEATRO

Peças de Will Eno, reunidas em livro, são encenadas pela Pausa Companhia sob direção de Murilo Hauser.

A montanha de entulho que lota o palco do Sesc da Esquina conduz o espectador de Ah, a Humanidade! e Outras Exclamações ao clima que perpassa a obra do dramaturgo norte-americano Will Eno, repleta de incompletude, fracasso e solidão. Fracasso de propósito, num eterno retorno ao sentimento nutrido pelo escritor quando era criança e foi levado pelo pai a uma peça em que um mecanismo deu errado em cena.
“Tentar reproduzir aquele momento foi o que o levou para a arte, e é também o que me emociona e impulsiona a fazer teatro”, contou à Gazeta do Povo o ator Leandro Daniel Colombo, que integra o elenco da peça, ao lado de Erica Migon, Renata Hardy, Gabriel Gorosito e Pablito Kucarz.
Amor ao longo do tempo
Considerada por muitos a obra máxima do escritor húngaro Sándor Márai (1900-1989), De Verdade conta a história de um amor ao longo de quatro décadas. Os altos e baixos de uma relação vivida a três – a esposa Ilonka, o marido Peter e Judit, paixão adolescente de Peter – agora chegam ao teatro sob a direção de Marcio Abreu, fundador e integrante da Companhia Brasileira de Teatro, sediada em Curitiba.
Retrato dos Anos 40
A obra de Nelson Rodrigues foi marcada pelo retrato mordaz da sociedade carioca dos anos 40, 50 e 60. Crítico das instituições, centrava fogo no casamento e sua idiossincrasia. Rodrigues relatava em suas peças e romances casos de adultérios e crimes movidos pelo ciúme.
Novela para ver no teatro
Sem dúvida, essa é uma peça para quem gosta muito de assumir seu lugar na plateia e passar horas dentro do teatro. O Idiota, Uma Novela Teatral, é composta por seis horas e meia em com dois intervalos.
Show com Leo Fressato
O músico e compositor Leo Fressato sobe nesta quarta (28) ao palco do TUC – Teatro Universitário de Curitiba, para o show de abertura do Coletivo de Pequenos Conteúdos, mostra do Fringe que reúne uma dezena de espetáculos de pequena e média duração com sessões durante todo o festival.
Todos se mostram bastante tocados pelas cinco pequenas peças reunidas na coletânea de mesmo nome e publicada por Eno em 2007. Um dos textos já havia encantado a Pausa Companhia (de Renata e Gabriel) em 2004 (“Senhoras e Senhores da Chuva”). Depois de lerem a peça, eles pensaram em convidar Murilo Hauser, também fã de Eno e já experiente nesse universo – ele montou junto com a Sutil Cia., de Erica, Felipe Hirsch e Guilherme Weber, dois espetáculos do autor (Thom Pain – Lady Grey e Temporada de Gripe).
Esta é a primeira montagem solo de Hauser. No espetáculo, o diretor “contraria” as indicações de Eno por um “cenário limpo”.
Na sua versão o palco se inspira na tragédia da usina nuclear de Fukushima, no Japão, atingida por um tsunami em março de 2011. Ali se desenrolam as cinco tramas: um homem e uma mu­­lher gravam seus vídeos para uma agência de namoro, mas quanto mais tentam parecer pessoas bacanas, mais se afundam em suas angústias; a porta-voz de uma companhia aérea tenta confortar as famílias das vítimas de um acidente, mas foge totalmente do protocolo ao dizer o que não deve; um treinador esportivo tenta explicar o péssimo ano do time; uma dupla de fotógrafos tenta recriar uma imagem a partir da imaginação; e um casal tenta entender o fim do relacionamento. Todos tentam.
Enquanto narram, os personagens “imaginam muitas coisas, e essa sobreposição combinada ao cenário promove a sensação de sufocamento”, explica Hauser. Toda a confusão “tira os personagens ainda mais da zona de conforto”.
O público também acaba ga­­nhando um papel no espetáculo. A cada uma das cenas, representa ora os familiares das vítimas, ora os modelos para a foto de guerra, e assim vai.
O próprio grupo traduziu o texto, sob a coordenação de Murilo, de forma a manter as sutilezas da linguagem inventiva de Eno – um veículo para seu humor fino.

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