O cenário apocalíptico de Ah, a Humanidade!... foi inspirado na tragédia da usina nuclear de Fukushima, no Japão
FESTIVAL DE TEATROPeças de Will Eno, reunidas em livro, são encenadas pela Pausa Companhia sob direção de Murilo Hauser.
A montanha de entulho que lota o palco do Sesc da Esquina conduz o espectador de Ah, a Humanidade! e Outras Exclamações ao clima que perpassa a obra do dramaturgo norte-americano Will Eno, repleta de incompletude, fracasso e solidão. Fracasso de propósito, num eterno retorno ao sentimento nutrido pelo escritor quando era criança e foi levado pelo pai a uma peça em que um mecanismo deu errado em cena.
“Tentar reproduzir aquele momento foi o que o levou para a arte, e é também o que me emociona e impulsiona a fazer teatro”, contou à Gazeta do Povo o ator Leandro Daniel Colombo, que integra o elenco da peça, ao lado de Erica Migon, Renata Hardy, Gabriel Gorosito e Pablito Kucarz.
Amor ao longo do tempo
Considerada por muitos a obra máxima do escritor húngaro Sándor Márai (1900-1989), De Verdade conta a história de um amor ao longo de quatro décadas. Os altos e baixos de uma relação vivida a três – a esposa Ilonka, o marido Peter e Judit, paixão adolescente de Peter – agora chegam ao teatro sob a direção de Marcio Abreu, fundador e integrante da Companhia Brasileira de Teatro, sediada em Curitiba.
Retrato dos Anos 40
A obra de Nelson Rodrigues foi marcada pelo retrato mordaz da sociedade carioca dos anos 40, 50 e 60. Crítico das instituições, centrava fogo no casamento e sua idiossincrasia. Rodrigues relatava em suas peças e romances casos de adultérios e crimes movidos pelo ciúme.
Novela para ver no teatro
Sem dúvida, essa é uma peça para quem gosta muito de assumir seu lugar na plateia e passar horas dentro do teatro. O Idiota, Uma Novela Teatral, é composta por seis horas e meia em com dois intervalos.
Show com Leo Fressato
O músico e compositor Leo Fressato sobe nesta quarta (28) ao palco do TUC – Teatro Universitário de Curitiba, para o show de abertura do Coletivo de Pequenos Conteúdos, mostra do Fringe que reúne uma dezena de espetáculos de pequena e média duração com sessões durante todo o festival.
Todos se mostram bastante tocados pelas cinco pequenas peças reunidas na coletânea de mesmo nome e publicada por Eno em 2007. Um dos textos já havia encantado a Pausa Companhia (de Renata e Gabriel) em 2004 (“Senhoras e Senhores da Chuva”). Depois de lerem a peça, eles pensaram em convidar Murilo Hauser, também fã de Eno e já experiente nesse universo – ele montou junto com a Sutil Cia., de Erica, Felipe Hirsch e Guilherme Weber, dois espetáculos do autor (Thom Pain – Lady Grey e Temporada de Gripe).
Esta é a primeira montagem solo de Hauser. No espetáculo, o diretor “contraria” as indicações de Eno por um “cenário limpo”.
Na sua versão o palco se inspira na tragédia da usina nuclear de Fukushima, no Japão, atingida por um tsunami em março de 2011. Ali se desenrolam as cinco tramas: um homem e uma mulher gravam seus vídeos para uma agência de namoro, mas quanto mais tentam parecer pessoas bacanas, mais se afundam em suas angústias; a porta-voz de uma companhia aérea tenta confortar as famílias das vítimas de um acidente, mas foge totalmente do protocolo ao dizer o que não deve; um treinador esportivo tenta explicar o péssimo ano do time; uma dupla de fotógrafos tenta recriar uma imagem a partir da imaginação; e um casal tenta entender o fim do relacionamento. Todos tentam.
Enquanto narram, os personagens “imaginam muitas coisas, e essa sobreposição combinada ao cenário promove a sensação de sufocamento”, explica Hauser. Toda a confusão “tira os personagens ainda mais da zona de conforto”.
O público também acaba ganhando um papel no espetáculo. A cada uma das cenas, representa ora os familiares das vítimas, ora os modelos para a foto de guerra, e assim vai.
O próprio grupo traduziu o texto, sob a coordenação de Murilo, de forma a manter as sutilezas da linguagem inventiva de Eno – um veículo para seu humor fino.
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