Pichações e sujeira são reflexo da falta de segurança na região central de Curitiba, sobretudo do consumo de drogas.
“Existem câmeras, mas não há monitoramento. Então as pessoas não se sentem mais seguras. De dois anos para cá o turismo diminuiu muito”, diz Claudiney Belgamo, 52 anos, proprietário da galeria de arte Antichità. Para ele, todos os outros problemas nascem da falta de segurança. “Não há controle, então o pessoal vem fumar crack, vem pichar”, relata. A droga assusta porque o usuário assalta para conseguir dinheiro para comprá-la.
Ônibus lotado na hora do rush exige paciência
A aula na universidade começa só às 8 horas, mas a estudante de Publicidade Lilian Santos, 19 anos, precisa pegar o ônibus às 7 da manhã. Ela usa o Ligeirão, e ele realmente faz o trajeto rapidamente, conta. “O problema é esperar um ônibus em que eu consiga entrar. Saio do Xaxim às 7 horas, chego às 7h20 ao Hauer e tenho de esperar passar dois ou três Ligeirões até eu conseguir entrar.”
Gustavo Costa Queiroz, 36 anos, é analista de sistemas e trabalha num prédio no calçadão da XV. Ele prefere fazer hora extra no trabalho à noite para evitar o transporte público na hora do rush. “É melhor entrar no serviço mais tarde e sair mais tarde, porque a estação central fica muito lotada.”
Para a aposentada Elza Maria Mendes, 63 anos, Curitiba vive um caos de trânsito – muitos veículos para pouco espaço. “Deve ter alguma maneira de fazer com que as pessoas usem mais o ônibus. Mas não sou eu quem vou dizer como fazer. Deve ter cabeças pensantes planejando o futuro da cidade, não é?”
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Segundo Belgamo, os prédios públicos são pichados e não há nenhuma providência. “Como é que a prefeitura exige do proprietário de imóvel tombado que mantenha sempre limpa a fachada, bem conservada? Se não fizer isso, a pessoa é multada. Como o governo fica meses sem limpar as pichações? Os deveres deveriam ser iguais.”
De janeiro a junho de 2012, a Guarda Municipal contabilizou uma média de 81 ocorrências de pichação por mês, 36% acima do registrado em 2011. A grande maioria ocorreu na região central.
A reportagem encontrou um grupo de turistas de Ponta Grossa lamentando a sujeira do Belvedere do Alto São Francisco. As pichações estão lá há meses – em 27 de junho, a Gazeta do Povo já havia mostrado a situação, e os rabiscos só aumentaram desde então. Para o grupo, que estava em Curitiba para uma atividade da disciplina de Artes da Universidade Aberta para a Terceira Idade, o descaso com o patrimônio público é muito grande. “A gente sempre considera Curitiba como cidade de primeiro mundo, mas isso que está aí é de terceiro mundo”, acrescentam.
Sem praça
A sujeira também domina as praças centrais de Curitiba. Na João Cândido há um tapete de bitucas de cigarros e cacos de vidro. De acordo com Nicole Lima, 33 anos, moradora do São Francisco, a situação se repete em outras praças da região. Por isso ela prefere ir até a Praça 29 de Março, nas Mercês, para a filha Elis, de 2 anos, brincar com mais segurança.
“O parquinho do Passeio Público até que é limpo, mas há muitos bêbados por lá”, diz Nicole. Ela pretende se mudar em breve, pois acha o São Francisco muito perigoso. “Há pessoas fumando crack a qualquer hora do dia. A polícia não faz nada. De vez em quando faz blitz no bar O Torto, mas quem vai ao Torto são pessoas de bem. A polícia vai atrás das pessoas erradas”, observa Nicole, professora de Fotografia na Universidade Positivo.
Calçadão
Em direção ao calçadão da Rua XV, a sujeira também incomoda, assim como os batedores de carteira e assaltantes. “Precisamos de mais policiamento, principalmente perto dos bancos”, diz Elza Maria Mendes, 63 anos, aposentada. “No domingo é pior; parece até que a polícia tira folga”, conta Marco Antonio Benatto, 22 anos, analista de sistemas.
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