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quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Deficientes pedem atenção para falta de acessibilidade


Hugo Harada/ Gazeta do Povo / O paratleta Moisés Batista conta que teve dificuldade para ir até a urna na eleição passadaO paratleta Moisés Batista conta que teve dificuldade para ir até a urna na eleição passada
INCLUSÃO SOCIAL

Deficientes pedem atenção para falta de acessibilidade

Eleitores portadores de deficiência afirmam que candidatos prestam pouca atenção a problemas de mobilidade existentes em Curitiba.

O primeiro empecilho para o exercício da cidadania dos deficientes físicos de Curitiba está no próprio momento da eleição. Para chegar ao local em que está a urna e poderem votar, muitas vezes os cadeirantes e pessoas com outras dificuldades de mobilidade precisam de ajuda, ou nem mesmo conseguem votar. Ao se deparar com a urna, porém, enfrentam um segundo problema: encontrar candidatos com propostas sérias para resolver os problemas de mobilidade e acessibilidade. O tema ainda não é tratado com a devida importância, dizem os próprios portadores de deficiência.
Propostas
Veja o que os candidatos propõem para a área em Curitiba:
O candidato do PDT, Gustavo Fruet, defende a autonomia de portadores de deficiência, priorizando a segurança e o acesso a ruas, calçadas, transporte coletivo e equipamentos urbanos. Fruet pretende investir na educação especializada e capacitação de profissionais para garantir um atendimento qualificado em escolas comuns e especiais. Para o setor de transportes, o candidato falou em ampliação do atendimento do Sistema Integrado de Transporte Especial (Sites) e no aumento de linhas diretas para que os alunos com deficiência passem o menor tempo possível no trânsito. Em seu plano de governo, há a previsão de construir um ginásio paraolímpico.
Entre as propostas previstas pelo candidato à reeleição, Luciano Ducci (PSB), estão a criação do Centro Municipal de Atendimento Especializado para Transtornos de Conduta e Autismo na nova escola da Vila Torres; construção de dois Centros Municipais de Atendimento Especializado no Cajuru e no Bairro Novo; construção de duas Escolas Especiais, no Tatuquara e na CIC e criação de um segundo terminal do Sistema Integrado de Transporte do Ensino Especial (SITES), na Região Sul.
Para o candidato Ratinho Júnior (PSC), é preciso ajustar as calçadas, terminais e espaços públicos ou privados aos padrões legais a fim de garatir a acessibilidade dos portadores de deficiência. Ratinho falou em capacitação dos profissionais para atender essa faixa da população. O candidato também apresentou como proposta a necessidade de adequar as escolas aos padrões legalmente estabelecidos quanto ao atendimento aos deficientes e implementar políticas que propiciam sua formação profissional e acesso ao mundo do trabalho, lazer, esporte e cultura.
Entre as propostas de Bruno Meirinho (PSol) estão a oficialização da Língua Brasileira de Sinais (Libras), permitindo a regulamentação da atuação profissional de intérprete e disponibilização de atendimento público nos equipamentos municipais. Pretende investir na acessibilidade física dos ambientes escolares e capacitação de professores. Meirinho defende a educação especial integral a criação de escolas municipais bilíngues. Outra proposta é a desprivatização do Sites.
Na mesma linha, a candidata Alzimara quer implementar ações de conscientização em escolas, hospitais e sindicatos, por exemplo. Ela defende a ampliação da acessibilidade em escolas e equipamentos públicos, com a construção de rampas ou elevadores específicos. Outras propostas são a garantia de ingressos gratuitos em espetáculos culturais e esportivos e fortalecimento do Conselho Municipal dos Portadores de Necessidades Especiais.
O candidato do PRTB, Carlos Moraes, defende a criação de um gabinete exclusivo para reivindicações de deficientes físicos. “Vamos criar, dentro da Universidade Digital do Professor de Curitiba, salas especiais para formar portadores de qualquer tipo de deficiência que tenham capacidade de aprender ou desenvolver algo”, afirma. Moraes também pretende implantar atendimento de saúde a domicílio com profissionais especializados.
Avanilson apresenta como propostas a criação de centros de referência social nos bairros que integrem portadores de necessidades especiais, capacitação de professores, sinalização de escolas e adaptação arquitetônica de espaços públicos e privados no auxílio da acessibilidade.
O candidato Rafael Greca (PMDB) não respondeu a questão.
Moisés Batista, 35 anos, tem paralisia congênita. Há 16 anos trabalha na Associação de Deficientes Físicos do Paraná. O curitibano, que é paratleta e presidente do Clube Esportivo dos Deficientes, diz que há algum tempo enfrenta dificuldades de locomoção na capital, principalmente pela falta de calçadas adaptadas e de serviços que tenham acessibilidade. Nas últimas eleições, Moisés teve problemas para chegar até o local onde vota, mas não deixou de usufruir o direito à participação política. Agora, espera um pouco mais de atenção com o portador de qualquer tipo de deficiência.
No Brasil, 45,6 milhões de pessoas possuem algum tipo de deficiência e em Curitiba, o número chega a 464.595 mil portadores deficiência permanente, segundo o Censo de 2010 do IBGE. No entanto, ainda existe carência de políticas públicas voltadas para esse segmento da população.
De acordo com a presidente do Instituto Efort, Maria Regina Cazzaniga Maciel, qualquer cidade precisa ampliar a sinalização sonora nos sinais, para garantir segurança aos deficientes, além de discutir a questão da acessibilidade nas ruas – como rampas que permitam a cadeirantes descer das calçadas. Segundo a presidente, em Curitiba a facilidade no acesso a espaços públicos acontece no Centro, mas não nos bairros.
“Os gestores devem pensar em sinal dos ônibus em braile nos pontos, para pessoas cegas, por exemplo. Eliminar as barreiras arquitetônicas, estabelecer mais linhas que os deficientes possam usar e que sejam adaptáveis também são ações simples e necessárias”, explica. Ela diz que, em geral, essas políticas públicas se tornam secundárias, pois os gestores priorizam áreas que consideram mais emergenciais e que atendem um maior número de pessoas.
Apesar de alguns estabelecimentos públicos ou comerciais oferecerem acessibilidade estrutural ou de vagas de emprego reservadas para essas pessoas, com base na Lei de Cotas, ainda é pequeno o número de projetos na área. O trabalho de inclusão social fica restrito às organizações e associações sem fins lucrativos existentes.
Willian Lobo trabalha na Associação de Pais e Amigos do Deficiente Visual (Apadevi), em Ponta Grossa, e explica a importância de trabalhar com infraestrutura adaptada para portadores de deficiência. “A acessibilidade é respeitada porque é uma obrigação, mas deveria haver uma consulta às pessoas interessadas. O lazer e a segurança também são importantes para essas pessoas. Se o local que escolhem para passar o dia não possui as condições mínimas, poderá haver riscos até para a integridade física, isso sem falar na parte emocional”, diz.
Para Moisés, algumas dificuldades de portadores de necessidades podem ser tema das discussões políticas, por ser um momento de planejamento do futuro da cidade. “As pessoas costumam dizer que para nos representarem precisaríamos eleger alguém com alguma deficiência. Claro que isso é importante, mas, independentemente do candidato, ele precisa dar atenção às pessoas com dificuldades”, afirma o paratleta.

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Quais seriam as ações mais importantes a ser tomadas para aumentar a acessibilidade?

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