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sexta-feira, 14 de setembro de 2012

PR terá sistema próprio de avaliação educacional a partir deste ano


Ensino

Sexta-feira, 14/09/2012
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EDUCAÇÃO BÁSICA

PR terá sistema próprio de avaliação educacional a partir deste ano

Em novembro, estudantes farão provas de Português e Matemática. Exame será aplicado para alunos do 9º ano do ensino fundamental e 3º ano do médio.
Assim como já ocorre em São Paulo, Minas Gerais e outros estados, o Paraná contará com a sua própria avaliação de desempenho educacional. A Secretaria de Estado da Educação (Seed) vai aplicar, no dia 22 de novembro deste ano, uma prova em todas as escolas estaduais. Além de medir a aprendizagem dos alunos, o sistema será composto por questionários sobre práticas pedagógicas e de gestão, que devem ser respondidos por professores e diretores, respectivamente.
O Sistema de Avaliação da Educação Básica do Paraná (Saep), financiado pelo Banco Mundial, funcionará de modo semelhante à Prova Brasil – realizada em âmbito nacional –, mas pretende ser mais específico. Construído a partir das diretrizes educacionais do estado, o exame, segundo a Seed, não será usado, a princípio, para definir políticas de intervenção nas escolas com baixos rendimentos. “Não queremos interferir no planejamento, ou naquilo que a escola já tem de autônomo, mas queremos oferecer subsídios à prática docente”, diz Fernanda Scaciota, diretora de Políticas e Programas Educacionais.
Análise
Especialistas lamentam falta de inovação
Apesar do consenso sobre os benefícios que um diagnóstico da aprendizagem na educação básica pode trazer, analistas que tiveram contato com o projeto do Saep criticam aspectos do sistema, como o custo que trará aos cofres públicos, e alertam para os riscos do mau uso de seus resultados.
Para o doutor em Políticas Educacionais Ângelo Ricardo de Souza, membro do Núcleo de Pesquisa em Políticas Educacionais da Universidade Federal do Paraná (UFPR), a prova poderia ir além do que se propõe. “Pensei que a Seed iria incluir outras disciplinas e conteúdos, ou que faria o exame por amostragem, usando outros instrumentos além da prova”, lamenta.
Segundo Souza, o Saep fará o mesmo que o Ministério da Educação já faz com a Prova Brasil e o Saeb. Para ele, se os resultados dessas duas provas nacionais fossem mais estudados, o novo exame esta­dual seria dispensável, evitando os custos de impressão e distribuição dos mais de 600 mil cadernos de questões.
Já a coordenadora do curso de Pedagogia das Faculdades Integradas do Brasil (UniBrasil), Paulla Helena de Carvalho, vê o risco de que o exame seja utilizado para promover apenas uma preparação à Prova Brasil e ao Enem, com o objetivo de que as escolas do estado alcancem melhores colocações em rankings nacionais.
Outro ponto levantado pelos entrevistados é a confusão que pode ocorrer quando as notas dos exames nacionais e estaduais, aplicados às mesmas séries, forem comparadas. “Se uma escola tira 3,8 no exame nacional, mas fica com 6,8 na nota estadual, em quem um pai de aluno deve acreditar?”, questiona o consultor em educação Renato Casagrande.
O especialista afirma ser favorável a exames de medição de desempenho, mas considera que já existem informações suficientes sobre a situação da educação no estado.
Exemplos
Existem hoje três iniciativas nacionais para medir a aprendizagem. Na década de 90, o governo criou o Saeb, que avalia apenas uma mostra dos estudantes do 5º e do 9º ano do ensino fundamental e do 3º ano do médio, de escolas públicas e privadas.Em 2005, surgiu a Prova Brasil, aplicada a todos os alunos de 5º e 9º anos da rede pública. Já o Enem é voluntário e direciona-se ao último ano do ensino médio.
Boa ideia?
A criação de um exame próprio para avaliar os estudantes das escolas estaduais do Paraná é uma boa ideia?
As cartas selecionadas serão publicadas na Coluna do Leitor.
De acordo com Fernanda, cada escola receberá material de orientação para interpretar os resultados e, dessa forma, cada professor poderá aperfeiçoar por conta própria sua prática docente conforme a necessidade revelada pelos números.
Semelhanças
Apesar da preocupação da Seed em afastar o estereótipo intervencionista do Saep, na prática as provas serão muito parecidas com outros exames estaduais e com o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). A formulação do Saep também seguirá a Teoria de Resposta ao Item (TRI), método pelo qual a nota não é calculada apenas com base no número de acertos do aluno e as questões apresentam pontuações diferentes de acordo com o grau de dificuldade de cada uma.
Assim como na Prova Brasil, os estudantes serão avaliados somente em duas áreas do conhecimento. Serão 52 questões: 26 de Língua Portuguesa e 26 de Matemática. As primeiras séries a serem avaliadas serão o 9.º ano do ensino fundamental (antiga 8.ª série) e o 3.º ano do ensino médio. O exame também será aplicado a outras séries, ainda não definidas, no início do ano que vem. A partir de 2013 o Saep deve ser realizado duas vezes ao ano.
A divulgação dos resultados do primeiro exame está prevista para o dia 27 de fevereiro de 2013. As notas por escola e município estarão disponíveis a toda a população na internet, e as escolas poderão acessar os resultados por aluno. Participarão do exame 2.024 escolas, totalizando cerca de 600 mil alunos ao fim das duas primeiras aplicações.
Já o questionário direcionado aos professores e diretores servirá para colher informações sobre o corpo docente da rede estadual. Serão solicitados dados sobre acesso à informática, nível socioeconômico, métodos usados em sala de aula e detalhes sobre a gestão escolar. A consulta deve chegar a todos os diretores das escolas avaliadas, a pouco mais de 9,3 mil professores de Língua Portuguesa e a 8,8 mil professores de Matemática.
Demora dos resultados do Ideb justificaria outro sistema
De acordo com a Seed, o Paraná é um dos poucos estados brasileiros que ainda não apresenta um sistema de avaliação próprio. O Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (Saresp), por exemplo, existe desde 1996 e está em sua 15.ª edição. Exames semelhantes também são adotados por municípios muito populosos, como é o caso da Prova Rio, aplicada a todas as escolas municipais da capital carioca.
Entre as justificativas para a adoção de um sistema local está a demora na divulgação dos dados, já que o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb – composto pelos resultados da Prova Brasil e pelos índices de aprovação dos alunos) é divulgado pelo MEC a cada dois anos. “É fundamental ter uma avaliação mais ágil. Dois anos é tempo demais para receber informações sobre o aprendizado de uma criança”, diz Claudia Costin, secretária municipal de Educação do Rio de Janeiro.
Além disso, as provas nacionais tenderiam a ser mais abrangentes e, por isso, nem sempre incluiriam tópicos das diretrizes curriculares de cada estado. A possibilidade de filtragens mais específicas também é um atrativo para as secretarias de educação que adotam exames próprios. No caso do Saep, além da nota por aluno pretende-se obter resultados por escolas, turmas e municípios.
Expansão
Por se tratar da primeira edição, o Saep de 2012 alcançará apenas as escolas estaduais, mas a experiência paulista permite que se cogite uma expansão futura. O Saresp é oferecido a todas as redes municipais que se interessem em participar. As despesas são pagas pelo governo do estado. Escolas particulares também podem aderir, desde que paguem os custos de impressão e distribuição das provas.
Outro aspecto que não está incluído na proposta do Saep, mas é comum em outras avaliações locais, é a vinculação de bons desempenhos a prêmios. No Rio de Janeiro, todos os funcionários das escolas que alcançam a meta estabelecida ganham um salário a mais. Se a escola estiver localizada em uma área considerada violenta, o prêmio é de um salário e meio a mais.

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