Professores se uniram nesta quinta-feira à paralisação realizada em todo o país. O principal pedido dos professores no Paraná é o reajuste salarial de 22,22%O secretário de Educação do Paraná e vice-governador Flávio Arns se comprometeu nesta quinta-feira (15) a apresentar propostas às reivindicações apresentadas pelos professores na paralisação de hoje. O anúncio foi feito em uma reunião com representantes do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná (APP-Sindicato) depois de uma passeata que reuniu 6 mil pessoas em Curitiba.
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Confira alguns depoimentos dos professores que participaram da passeata
“Quando ninguém reclama, todos acham que o salário dos professores está bom. Temos de mostrar que estamos insatisfeitos, brigar por nossos direitos. O retorno que temos com nossas crianças é maravilhoso. É maravilhoso ver que alunos nossos cresceram e se tornaram governadores, advogados, jornalistas. Mas temos contas a pagar!”
Giselia Deraldo dos Santos, 47 anos, professora da Educação Infantil.
“O governo sempre vem com a contraproposta semi-pronta. Mas eles tem de entender a nossa realidade, sentir na pele o que é um professor, para então entenderem a questão. Não estou muito confiante com essa reunião com o Flávio Arns, porque com político, não dá para esperar nada de imediato, vamos conseguir somente com a luta!”
Jussara Bernardo Gimenez, 38 anos, professora de Arte.
“Esperamos que o governo cumpra as suas promessas. A escola tem de ser de qualidade, temos de ter salário decente e tempo para preparar as aulas. A manifestação dos professores está correndo bem, mas precisamos de mais adesão, mais força, todos temos de lutar.”
Angelina Duarte, 39 anos, professora de História do Ensino Fundamental.
Os docentes paranaenses se uniram nesta quinta à paralisação nacional que ocorre, de acordo com a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), em 25 estados do país. Os professores pedem aos governos estaduais o cumprimento do piso salarial nacional fixado em R$ 1.451 pelo Ministério da Educação (MEC) para profissionais com ensino médio e jornada de 40 horas. Segundo a CNTE, apenas 9 estados pagam o piso estipulado pelo MEC.
No Paraná, professores com curso superior recebem R$ 1.748,06 para uma jornada de 40 horas. O piso oficial para quem tem apenas ensino médio seria de R$ 1.233,62, mas como não há concurso no Estado para esse plano de carreira há mais de 20 anos, nenhum professor recebe mais esse salário. Mesmo assim, a APP quer que o governo adote o reajuste de 22,22% aplicado ao piso nacional, que o levou de R$ 1.451 em fevereiro, aos R$ 1.748,06 pagos hoje no Estado.
Os professores reivindicam também que um terço do tempo de trabalho possa ser utilizado na preparação e pesquisa para a elaboração das aulas. Outro pedido é para que haja melhorias no atendimento de saúde dos profissionais. Mudanças no plano de cargos e salários dos professores da rede estadual e o pedido para que 10% do Produto Interno Bruto (PIB) sejam investidos em educação também fazem parte da pauta de reivindicações.
Repercussão
De cima do caminhão de som, a presidente APP-Sindicato, Marlei Fernandes de Carvalho, informou da decisão do governo aos professores que estavam em frente ao Palácio Iguaçu, no Centro Cívico. No dia 31, será a vez dos professores discutirem o que for apresentado pelo governo. “Vamos discutir e decidir juntos. Encerramos aqui hoje felizes e contentes, somos lutadores. Vamos sair daqui com um ‘viva’, saímos fortalecidos”, declarou.
Após a reunião, Flávio Arns afirmou que o governo precisa estudar a melhor forma de atender as reivindicações dos professores, não só em relação ao reajuste salarial, mas também sobre outras questões, como o plano de saúde dos professores e a hora-atividade. “Entendemos que o atendimento à saúde do professor tem de ser de qualidade. Alcançar o previsto em lei para a hora-atividade também é importante. O professor deve ter horário livre para corrigir provas, fazer cursos, conversar com alunos e pais. No Paraná já temos no mínimo 20% de horas para os professores fora de sala, a lei diz que tem de ser um terço, 33%, então estamos discutindo como aplicar”, disse.
Arns também acredita que a convocação de 2.047 professores, além dos 9,5 mil que foram chamados há cerca de um mês, irá ajudar a resolver esse problema. “Também vamos avaliar o orçamento e considerar uma solução progressiva para atender as necessidades. Queremos estar ao lado dos professores, e vamos discutir como valorizar esta carreira. Eles compreendem o processo sabem que isso tem de ir sendo conquistado”, ponderou.
Manifestantes
Acampada em frente ao Palácio Iguaçu desde ontem, a professora de Geografia Irene Grockotzki, 50 anos, não gostou do rumo que a manifestação tomou. “A gente tinha de continuar com essa mobilização, tínhamos de acampar aqui, mas não temos o respaldo desse sindicato. Não fiquei satisfeita com o resultado dessa reunião. O governo já sabe o que a gente quer, e esperar mais ainda é perda de tempo”, reclamou, ao lado dos sete cartazes que produziu para a manifestação. Um deles criticava o ensino integral, dizendo que o turno integral desafia a lei da Física. “Temos alunos de dois turnos ocupando o mesmo espaço, tem gente tendo aula em cantina, em corredor, sem falar que nem cancha coberta nós temos no Jardim Karla, em Pinhais”, acrescentou.
Já a professora aposentada e integrante do APP-Sindicato – Curitiba Norte, Maria Adelaide Mazza Correia, pensa que o momento é de paciência. “Nossas questões estão sendo trabalhadas e temos de ter jogo de cintura, pois assim estamos avançando”, disse.
Números
Aproximadamente 1,3 milhão de alunos da rede estadual de ensino do Paraná ficaram sem aulas nesta quinta-feira (15) por causa da paralisação dos professores. A suspensão das atividades nas escolas do Paraná ocorre somente nesta quinta, diferentemente de outros estados em que a paralisação começou na quarta-feira (14) e estenderá até a sexta-feira (16).
Na sexta-feira (16) haverá aula normal nas escolas estaduais e será feita a avaliação do movimento desta quinta-feira. Os professores ainda realizarão debates sobre as reivindicações da categoria com os estudantes.
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