Movimentos pretendem realizar uma marcha até a comando da PM nesta quinta-feira
08 de março de 2012 | 3h 13
Pedro da Rocha e Ricardo Valota, do estadão.com.br
SÃO PAULO - Cerca de 200 mulheres ligadas a vários movimentos de luta
por moradia popular invadiram, à 0h15 desta quinta-feira, 8, um prédio
de 10 andares abandonado, na Praça João Mendes próximo à Rua Quintino
Bocaiuva, no centro da capital paulista.
Por volta das 20 horas de quarta-feira, 7, três grupos se reuniram e
formaram um bloco único com o objetivo de entrar no imóvel, particular,
uma ação que pretende, neste Dia Internacional da Mulher, chamar a
atenção das autoridades municipais e estaduais para vários coisas, entre
elas a necessidade de se construir moradias para pessoas que não tem
imóvel nem condições de pagar aluguel.
Policiais militares chegaram em frente ao prédio minutos antes da
invasão e, segundo a liderança do movimento, tentaram dialogar com o
objetivo de evitar a invasão, mas as mulheres não se intimidarem e
entraram no imóvel. Essa ocupação pretende ser temporária e durar
somente esta quinta-feira, quando grupos de sem-teto devem fazer uma
passeata pela capital paulista.
Em nota, a liderança do movimento afirma: "Nós, mulheres dos
movimentos populares e da luta pela reforma urbana, neste dia 08 de
março de 2012, ocupamos o prédio para reivindicar políticas públicas
inclusivas e democráticas, para denunciar a violência nos despejos, a
falta de habitação, a criminalização das lutas e das lutadoras do povo, a
falta de condições mínimas de vida nas cidades e a subtração de
direitos conquistados pela luta popular".
Nesta quinta-feira, o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST)
pretende realizar uma grande manifestação no centro de São Paulo. As
famílias de várias ocupações organizadas pelo MTST na Região
Metropolitana de São Paulo se reunirão às 9 horas em frente à estação da
Luz.
De lá a marcha acessa a Avenida Tiradentes, passando pela sede das
Rondas Ostensivas Tobias Aguiar (ROTA), da PM, encerrando o ato na sede
do Comando Geral da PM de São Paulo. O objetivo do MTST, segundo os
manifestantes, é denunciar os estupros praticados por policiais da Rota
durante o despejo do Pinheirinho, em São José dos Campos, e exigir
punição aos policiais. "O segundo objetivo é deixar claro à Polícia
Militar e ao Estado que não aceitaremos um novo massacre, tal como
ocorreu em São José", acrescenta o movimento.
Já em relação às mulheres, esse grupo de 200 que ocupou o prédio deve
aumentar para duas mil pessoas. Elas querem realizar um panelaço à
tarde e fazer uma passeata com manifestação em frente ao Tribunal de
Justiça e, na sequencia, na sede da Companhia de Desenvolvimento
Habitacional e Urbano (CDHU).
Numa "carta aberta" escrita pelo movimento feminino sem teto, as
líderes afirmam que "somente em São Paulo, mais de 2 milhões de pessoas
moram em favelas, mais 2,5 milhões sobrevivem em loteamentos
irregulares, mais de 600 mil pessoas moram em cortiços, cerca de 18 mil
pessoas 'moram' nas ruas em condições de profunda degradação social. Na
cidade de São Paulo existem cerca de 450 mil domicílios vazios, prédios
abandonados e terrenos ocioso e cerca de 90% do déficit habitacional
esta concentrado na população de baixa renda (de 0 a 3 salários
mínimos)".
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