Oscar 2012 reflete crise na indústria do cinema em Hollywood
Maior premiação do cinema transpareceu a crise criativa de Hollywood entregando o prêmio máximo a um ilme estrangeiro
Publicado 28/02/2012 às 09:33:00
- Atualizado em 28/02/2012 às 09:44:10
Em cerimônia marcada por homenagens a filmes clássicos e musicais, a 84ª
edição do Oscar, evento organizado pela Academia de Artes e Ciências
Cinematográficas de Hollywood, realizado no domingo, deixou bem claro que
espera a volta do cinema às suas origens. Não foi à toa que a Academia
deu as estatuetas de melhor filme e direção, além de outras três (melhor
ator para Jean Dujardin, melhor figurino e trilha sonora original), ao
filme francês “O Artista”, o primeiro longa de língua não inglesa a levar
o grande prêmio.
De maneira semelhante, “A Invenção de Hugo Cabret”, o primeiro longa
em 3D do diretor Martin Scorsese homenageia as origens do cinema. O
longa indicado em 11 categorias, foi premiado com cinco estatuetas
(edição de som, mixagem de som, efeitos especiais, fotografia e direção
de arte).
O cinema americano está em crise, prova disso é o uso abusivo de
tecnologia de ponta e de filmes em 3D como forma de tentar alavancar a
decrescente bilheteria. O ano de 2011 teve a pior arrecadação desde
1995: foram apenas 10,2 bilhões de dólares. Hollywood pede socorro. E
foi exatamente esta a sensação transmitida pelo Oscar. O ritmo
pessimista continuou com o apresentador oficial deste ano (e de muitos
outros), o ator Billy Crystal, que logo em suas primeiras frases chamou o
tradicionalteatro Kodak de “teatro da bancarrota”. E Crystal não parou
por aí, criticou a crise criativa, a parte comercial, a crise econômica
dos EUA, e por aí vai.
A cerimônia também foi um tanto quanto tediosa, além das tradicionais
sátiras, houve muitas homenagens e faltaram as apresentações musicais
(apenas dois indicados este ano, com uma canção sendo a trilha do filme
“Rio” com Carlinhos Brown e Sergio Mendes, que perdeu para “Os
Muppets”). O que salvou foi uma apresentação do Cirque du Soleil e
justiça seja feita, foram exibidas também cenas de filmes cult, mas a
maioria dos trechos eram de filmes populares e que renderam as maiores
bilheterias.
Quanto às outras premiações, a disputa pelo Oscar foi bem previsível.
Foi o caso do troféu de melhor atriz, que foi para a veterana Meryl
Streep por “A Dama de Ferro”, ao invés de Viola Davis em “Histórias
Cruzadas”, e o de ator coadjuvante para Christopher Plummer, de 82 anos
de idade, por “Toda Forma de Amor”, única atuação que merecia concorrer
ao prêmio. Já a vencedora da estatueta de atriz coadjuvante Octavia
Spencer foi a que mais se emocionou. Nem o Tapete Vermelho impressionou
os homens com trajes bem tradicionais e as estrelas optaram por
vestidos pretos ou em tons claros, com muito branco. Angelina Jolie que
até arrancou alguns suspiros, mas estaria bem mais atraente não fosse a
magreza excessiva. Já quem optou por vestidos de cores fortes ou
dourados, acabou errando no estilo. Fashionistas consideraram
o Oscar bem sem graça. Por fim, que esta edição do Oscar lembre aos
americanos que um dia eles já foram os grandes faróis dessa arte, título
que se esforçam por manter e que muitos desejam que consigam.
Como mostram os números da bilheteria, não é apenas a academia que
espera que Hollywood volte a criar com brilho. O público também espera
por isso!
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